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10 fevereiro 2011

Discurso do Futuro presidente do Iasb

A seguir, as palavras mais usadas no discurso do futuro presidente do Iasb:

Wordle: Hans hoogervorst addresses

A figura mostra a importância da palavra transparência. Destaco também a palavra estabilidade.

Discurso do Futuro presidente do Iasb II

O futuro presidente do Iasb, Hans Hoogervorst, falou em Bruxelas sobre objetivos das demonstrações contábeis para o European Commission Conference on the Financial Reporting and Auditing. O discurso inicia-se com duas questões que, segundo HH, dominou os debates nos últimos três anos: quem é o usuário preferencial?; e as demonstrações devem servir para transparência ou para estabilidade financeira?

Quanto a primeira pergunta, do usuário preferencial, HH afirma que a discussão é se as demonstrações são para os investidores ou devem servir a um público mais amplo, incluindo reguladores. (Aqui, a citação dos reguladores não é gratuita, já que existe uma pressão na Europa para focar as demonstrações para fins regulatórios.) Para HH são os investidores o alvo prioritário:

Escusado dizer que as demonstrações financeiras são mais relevantes para os investidores. Afinal de contas, demonstrações contábeis nasceram da necessidade de dar aos investidores informações adequadas sobre a empresa para o qual está fornecendo o capital.


Mas para HH as informações contábeis devem ser confiáveis. E esta característica seria fundamental para a economia de mercado global, sendo portanto de “interesse público”. HH lembra que na constituição da Fundação IFRS o “interesse público” está presente no parágrafo primeiro.

Com respeito a segunda questão, HH ressalva que os termos transparência e estabilidade aparecem como conflitantes. Afirma HH

Acho que isso é essencialmente uma contradição falsa. Em minha opinião, é evidente que transparência é uma condição necessária de estabilidade.


Para HH, as normas de contabilidade devem ter um papel importante tanto na estabilidade, proporcionando máxima transparência.

Mais genericamente, a transparência não vem sempre espontaneamente para um setor que é tão vulnerável como o do setor financeiro.


HH lembra que Paul Volcker, presidente do banco central dos EUA, escondeu o fato de que o setor financeiro do seu país estava quebrado durante a crise da dívida latino-americana, e que ele conseguiu um tempo para que os bancos pudessem arrumar seus balanços.

Após responder as duas questões, HH comenta sobre a relação entre a independência e responsabilidade no estabelecimento dos padrões de contabilidade. HH comenta sobre a pressão dos grupos de interesses e o fato de que a contabilidade possui grau elevado de subjetividade. Para ele, a contabilidade deve ser sensível aos interesses dos negócios, mas independente dos interesses especiais.

A independência é essencial pré-condição para a confiança do público na definição dos padrões de contabilidade.


Para obter a independência, HH apresenta quatro maneiras de reforçar a aceitação das IFRS: qualidade do trabalho do Iasb; assegurar que o processo de normatização seja transparente e participativo; rápida mudança nas normas, quando for necessário; existência de um sistema de accountability.

A todo o custo devemos evitar a impressão de que a Fundação IFRS é dominada por um pequeno grupo de países.

P/L nos emergentes

O gráfico

mostra o índice P/L dos mercados emergentes. Este índice relaciona o preço da ação pelo lucro por ação. Quando o mercado está valorizado, o preço da ação geralmente está num patamar muito superior ao lucro por ação. Desta forma, quanto maior o índice P/L, mais valorizado estará o mercado.

Pelo gráfico é possível perceber que os mercados mais valorizados são Colômbia e Chile. Rússia e Hungria são mercados menos valorizados. Para o investidor internacional, valores menores de P/L são as oportunidades de investimentos.

Auditoria na folha de pagamento

Segundo ela [ministra do Planejamento, Miriam Belchior], o primeiro foco do ajuste fiscal será na folha de pagamentos, um dos maiores gastos da União [1]. Para tanto, o governo contratará junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV) [2] uma auditoria externa [3] na folha de pagamentos para detectar incorreções.

Para isso, haverá um sistema de alerta que avisará quando ocorrer desvios em relação aos parâmetros estabelecidos para os gastos com a folha. Além disso, um outro sistema investigará indícios de irregularidades, como a acumulação de cargos e aposentadorias. De acordo com Miriam, 13 Estados já cooperam com o sistema, que realizará cruzamentos semestrais das informações.

Folha de salários do governo será auditada pela FGV - Por Eduardo Rodrigues, Adriana Fernandes e Renata Verissimo

[1] Isto inclui o judiciário e o legislativo. Será que irão conseguir?
[2] O governo já definiu quem irá contratar. Ou seja, haverá dispensa de licitação. Como a FGV é forte no governo público.
[3] A FGV fazendo auditoria externa? Faz sentido?

09 fevereiro 2011

Fotografias

É difícil não se apaixonar pelas fotos abaixo






Rir é o melhor remédio


Herói

Por que demora tanto o processo de liquidação de bancos no Brasil?

Volta e meia a imprensa econômica traz notícias sobre a gestão dos liquidantes dos bancos Econômico ou Nacional. Mas espera: o Econômico quebrou em 1994, o Nacional em 1995, São mais de cinco mil dias depois do problema. Afinal, o que explica o longo tempo entre a liquidação e a “última pá de cal”?

Temos algumas hipóteses para explicar isto. Primeiro lugar, a nossa legislação para liquidação é muito ruim para os credores das entidades que quebram. Isto significa que o sistema jurídico não garante, de forma adequada, os direitos de propriedade. Este quesito, por sinal, faz com que nosso país ainda seja analisado de forma negativa no seu risco.

Aliado a isto, o judiciário brasileiro permite que recursos e mais recursos sejam apresentados, na idéia de garantir “ampla defesa aos acusados”. Besteira, obviamente.

Mas os dois aspectos acima não seriam relevantes se não existisse o interesse dos antigos donos. Eles sabem que o sistema jurídico brasileiro não é bom e tentam se aproveitar disto. Notícia recente do Valor Econômico mostrava que uma nova norma do Banco Central, reduzindo o valor dos passivos das instituições em liquidação, poderia fazer com que alguns ex-banqueiros recebessem dinheiro das empresas que quebraram. (Banqueiros podem embolsar garantias, Valor Econômico, 21 jan 2011, Murilo Camarotto e Fernando Travaglini).

Mas existe uma explicação alternativa. O liquidante recebe mensalmente pelo trabalho que está fazendo. Mas esta remuneração induz a incentivos errados. Se um trabalho de liquidação durar um ano, o liquidante irá receber doze vezes o salário mensal. Se ele ficar 180 meses na função, como é o caso dos bancos citados, serão 180 salários que irá receber. Quanto mais tempo durar o processo de liquidação, mas vantajoso será para o liquidante. Para se ter uma idéia, considere com salário mensal de R$15 mil para um liquidante. Trabalhando 180 meses, isto significa que o liquidante embolsou no período 2,7 milhões. Uma quantia bastante razoável.

Isto obviamente não significa que os liquidantes sejam desonestos. Mas como os agentes econômicos reagem aos incentivos, a demora num processo de liquidação é algo esperado.
Uma forma que reduzir este tempo é remunerar o liquidante pela tarefa, não pelo tempo de trabalho.