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03 fevereiro 2011

Panamericano: ganhadores e perdedores

Quem foram os ganhadores e os perdedores da operação de resgate do Panamericano?

Silvio Santos saiu como grande ganhador. O rombo inicial recebeu como garantia a sua fortuna pessoal. Isto significava que num primeiro momento ele corria o risco de perder todo seu esforço de construir sua fortuna. Entretanto, o aumento do rombo, constatado algumas semanas depois, não contou com um aumento nas garantias, já que ele não as tinha. Ao final da operação, Sílvio manteve o SBT e Jequiti e perdeu um banco. O rombo, de R$4 bilhões, foi vendido por R$400 milhões. Bom negócio para ele.

O Banco que adquiriu também fez bom negócio. A reação do mercado, que aumentou a cotação das ações, mostrou que existia uma possibilidade de ganho imediato. Além disto, o BTG Pactual deve ter saído com garantias de recursos adicionais para manter a instituição financeira durante certo tempo.

Perdedores foram o Fundo Garantidor, que teve que entregar bilhões de recursos para cobrir o rombo. Quem garante o fundo garantidor são os outros bancos. Eles também perderam, pois para evitar um problema sistêmico tiveram que entregar recursos para uma instituição financeira com gestão de baixa qualidade.

A Caixa Econômica também perdeu na operação. Aparentemente a Caixa entrou no Panamericano com o respaldo de duas empresas de auditoria. Entretanto, a expansão do banco estatal para setores populares de financiamento mostrou inadequada. Escolheram o banco errado e tiveram o desgaste de negociar uma saída para que o Panamericano não quebrasse.

O Risco Moral não foi comentado. Mas a solução encontrada certamente afeta este risco.

Panamericano: o rombo que não é rombo

Os profissionais que assumiram a gestão do Panamericano a partir de novembro não têm dúvidas: o rombo de R$ 4 bilhões no banco foi provocado por má gestão e incompetência. A maior parte do buraco adicional de R$ 1,5 bilhão, descoberto em janeiro, é explicada por erros técnicos, não por fraudes contábeis. [1]

Cerca de R$ 400 milhões decorrem de contabilização equivocada das chamadas provisões para perdas de devedores duvidosos (conhecidas como PDD, no jargão do setor bancário). Outros R$ 370 milhões são fruto de erro na contabilização de uma operação chamada de hedge cambial. Quando fazem transações no exterior (como emissões), os bancos são obrigados a proteger esse patrimônio em dólar aqui dentro. Vão ao mercado futuro e compram ou vendem moeda estrangeira. A gestão anterior calculou que essa operação gerava um lucro de R$ 170 milhões. Com a valorização recente do real, havia na verdade um prejuízo de R$ 200 milhões.

Todos esses dados devem ser finalmente conhecidos pelo mercado na próxima sexta-feira [2], quando o Panamericano deve divulgar, de uma só vez, os balanços relativos ao terceiro e ao quarto trimestres de 2010. (Estado de São Paulo
)

[1] Outro nome para "barbeiragem contábil"
[2] Veja postagem anterior sobre a tempestividade da informação

Panamericano

O texto abaixo é muito claro: o grande ganhador da operação do Panamericano foi Silvio Santos. O texto explora bem a questão da matemática financeira da operação:

Imagine que você tem uma dívida de R$ 2.000 no cartão de crédito que ficará congelada por 17 anos, pois a operadora abre mão dos juros. Isso não existe. Em qualquer financiamento de carro ou imóvel, o consumidor sempre acaba pagando pelo menos o dobro do valor inicial. Mas, segundo as primeiras informações, a venda do banco PanAmericano, de Silvio Santos, para o BTG Pactual contou com uma matemática financeira incomum. A dívida estimada em R$ 3,8 bilhões ficou congelada, com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) - criado pelos bancos com um percentual das aplicações dos poupadores, para cobrir perdas de correntistas em caso de quebra de instituições financeiras - abrindo mão de juros ou da simples correção pela inflação.

Na operação, o BTG pagará R$ 450 milhões, corrigidos anualmente a 110% do CDI, o que em 17 anos cobriria os R$ 3,8 bilhões, de acordo com o que se divulgou. Só faltou dizer que, em 17 anos, em nenhum outro lugar os R$ 3,8 bilhões serão R$ 3,8 bilhões. Nos cálculos menos conservadores, o valor atualizado seria de quase R$ 25 bilhões.

Na opinião do economista Miguel de Oliveira, da Anefac (associação de executivos de finanças), a explicação para esse tipo de operação atípica é que os bancos calcularam que perderiam ainda mais caso o PanAmericano quebrasse e preferiram abrir mão da receita.

- Os grandes contribuintes são os grandes bancos e eles provavelmente tinham dinheiro investido em carteiras no PanAmericano. Se o PanAmericano quebrasse, eles perderiam esse dinheiro - afirma.

Outra hipótese, afirma o próprio Oliveira, é que os grandes bancos tenham ficado com medo dos efeitos que uma quebra de confiança poderia gerar entre os pequenos e médios bancos.

- Eles podem ter pensado no prejuízo que teriam com a quebra do PanAmericano, as dificuldades dos pequenos e médios bancos para captar caso houvesse uma desconfiança em relação a eles - considera.

Em uma simulação de matemática financeira, se o valor de R$ 3,8 bilhões fosse apenas corrigido pelo IPCA, índice oficial de inflação, no centro da meta de 4,5% ao ano, em 2028 a atual dívida mais que dobraria.

- Se atualizássemos o valor da dívida pelo centro da meta oficial, para manter o mesmo poder aquisitivo, seriam necessários cerca de R$ 8 bilhões - afirma José Dutra Vieira Sobrinho, professor de Matemática Financeira. - É claro que é preciso saber quais são as condições dadas de pagamento, mas alguém está assumindo o prejuízo e esse alguém é a sociedade.

Se considerarmos uma inflação mais robusta, dois pontos percentuais acima, mas ainda dentro da meta (6,5% ao ano), o valor da dívida saltaria para R$ 11,08 bilhões, praticamente três vezes o valor da dívida atual. Mesmo em um exercício em que o governo doma com folga a inflação, com um IPCA médio em 2,5% ao ano, o valor da dívida também seria elevado para ao menos R$ 5,8 bilhões.

Supondo que os R$ 3,8 bilhões fossem não apenas corrigidos, mas também aplicados em um investimento conservador, como renda fixa ou um título do Tesouro Nacional, com rendimento médio mensal de 0,8% com juros sacados apenas ao fim dos 17 anos, a dívida resultaria em um rendimento de quase R$ 20 bilhões, pelos cálculos de Oliveira, já descontado o valor do Imposto de Renda.

- A operação ainda está muito nebulosa, mas, mesmo por um investimento conservador, está claro que a dívida renderia mais - diz Oliveira.

Se o valor da dívida do PanAmericano fosse aplicado na poupança, o professor de finanças do Ibmec Gilberto Braga calcula que somaria R$ 15,768 bilhões em 17 anos. Já um investimento pouco mais agressivo, com rendimento de 1% ao mês, traria aos cofres do FGC um valor líquido de R$ 24,589 bilhões. (A matemática financeira peculiar que congelou a dívida do PanAmericano
Clarice Spitz - O Globo)

IFRS na América Latina

Representantes de órgãos que emitem pronunciamentos contábeis do Brasil, Argentina, México, Chile e Venezuela se reunirão na sexta-feira, em Brasília, para começar a costurar um trabalho conjunto das entidades [1]. (...)

O objetivo é trocar experiências [2] sobre o processo de convergência para um padrão único e global de contabilidade, tendo como base o modelo internacional IFRS, e organizar as demandas da região [3], sempre que houver consultas públicas do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) sobre novas regras a serem emitidas. (...)

A expectativa do presidente do Iasb, que deixa o cargo em julho deste ano, é que dentro de três anos 150 países estejam usando o modelo internacional de contabilidade. "Há cerca de 200 países no mundo. Os outros 50 passarão a ter problemas para explicar porque usam seu próprio modelo, especialmente [4] se a Securities and Exchange Commission (SEC), dos EUA, decidir por usar o IFRS ", afirma Tweedie. (...)

América Latina quer voz conjunta sobre normas contábeis - Valoronline (02/02/2011)

[1] A idéia se juntar os esforços para fortalecer as demandas da região. Mas o pressuposto de que as demandas são comuns é questionável. Será que os interesses brasileiros são os mesmos da Venezuela. Esperamos que não.
[2] Como o Brasil está na frente dos países citados - talvez exceto o Chile - a troca de experiências não irá trazer ganhos para nossos contadores.
[3] É interessante que nos últimos dias apareceram indicações que o processo de sugestões teria mais resultado através de uma centralização das sugestões.
[4] Observem a dependência do sucesso da convergência depende, efetivamente, dos Estados Unidos.

02 fevereiro 2011

Rir é o melhor remédio

Procurei algo bem engraçado para postar neste item hoje. Eis o que encontrei:

Sarney diz que presidir o Senado será um sacrifício pessoal

Reeleito para presidir o Senado pela quarta vez, José Sarney (PMDB-AP) disse que não desejava o encargo, mas assumiu a missão como um "sacrifício pessoal".

"Não há nenhum órgão no Brasil que tenha hoje a transparência do Senado Federal", disse Sarney. O pemedebista, no entanto, não mencionou as denúncias que vieram à tona em 2009, de que a mesa diretora da Casa teria editado mais de mil atos administrativos secretos.

(...)Ao deixar o Senado, Sarney ainda disse que os 70 votos recebidos são uma prova da confiança dos senadores no seu trabalho. "Eu me emocionei como nunca na minha vida. Estou assumindo este mandato com o gosto da despedida, pois é sem dúvida meu último mandato, disse.

"Vamos prosseguir na preservação dos valores éticos e morais. Vamos prosseguir na votação das reformas", acrescentou o presidente do Congresso.


Muito engraçado, não?

Teste 422

Este conhecido desenhista é muito famoso no mundo dos quadrinhos. Com 84 anos, o fisco francês está exigindo dele 203 mil euros de impostos. O fisco decidiu considerar como ilustrador, e não co-autor, de 24 álbuns, de forma retroativa. Seu nome é:

Albert Uberzo
Frank Miller
John Romita Jr.

Resposta do Anterior: Administração, com 47 docentes; Economia, com 33 docentes; e Engenharia de Produção, com 25 docentes. Fonte: COSTA, Abimael. Rankings dos programas de pós-graduação stricto sensu em ciências contábeis. Dissertação de mestrado: Brasília, 2011.

Por que se faz tanta pesquisa com o mercado acionário?

Sejamos honestos. A maioria das pessoas que conhecemos não sabe para que serve o mercado de ações. E a imagem que temos, de um bando de pessoas gritando, de maneira desesperada, não ajuda muito. É bem possível que o leitor seja investidor neste mercado, quando ele compra cotas de fundos de investimento, mas é provável que não queira saber muitos detalhes sobre o que ocorre lá.

Entretanto, os pesquisadores parecem que adoram estudar o mercado acionário. Qual a razão disto?

A principal explicação para a existência de inúmeras pesquisas com informações do mercado acionário diz respeito ao termo “mercado”. A comercialização de ações das empresas ocorre num local mais próximo de um “mercado ideal”. Com a vantagem de que as transações são registradas pela bolsa de valores e ficamos sabendo dos resultados.

Assim, se queremos saber como as pessoas reagem às notícias ruins da economia, procuramos verificar como o mercado acionário reagiu quando ocorreu a crise financeira. Se pretender estudar o efeito de uma aquisição de uma empresa, basta comparar os preços das ações antes e depois que a notícia circulou. Caso queira saber se o risco aumentou ou não, verificou se as negociações ocorridas mostram um “nervosismo” das pessoas que estão comprando e vendendo ações.

Para o pesquisador, usar o mercado acionário é a maneira mais fácil de responder muitas perguntas.