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02 fevereiro 2011

Tempestividade

O Banco Panamericano vai publicar seu balanço do 3º trimestre no dia 29 de dezembro, disse nesta terça-feira (21/12) a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho.

A divulgação do balanço foi suspensa após a descoberta de "inconsistências contábeis" na carteira de crédito do Panamericano pelo Banco Central. O banco teve de ser socorrido pelo controlador, o Grupo Silvio Santos, com um empréstimo de R$ 2,5 bilhões, obtidos com o Fundo Garantidor de Créditos.

Maria Fernanda, que preside o conselho de administração do Panamericano, disse que ainda não sabe como "o empréstimo será contabilizado, mas que será de maneira transparente".

Brasil Econômico

P.S. Até esta data (2 de fevereiro) o balanço não tinha sido publicado.

Eis o que diz a Estrutura Conceitual sobre o assunto:

Quando há demora indevida na divulgação de uma informação, é possível que ela perca a relevância. A Administração da entidade necessita ponderar os méritos relativos entre a tempestividade da divulgação e a confiabilidade da informação fornecida. Para fornecer uma informação na época oportuna pode ser necessário divulgá-la antes que todos os aspectos de uma transação ou evento sejam conhecidos, prejudicando assim a sua confiabilidade. Por outro lado, se para divulgar a informação a entidade aguardar até que todos os aspectos se tornem conhecidos, a informação pode ser altamente confiável, porém de pouca utilidade para os usuários que tenham tido necessidade de tomar decisões nesse ínterim. Para atingir o adequado equilíbrio entre a relevância e a confiabilidade, o princípio básico consiste em identificar qual a melhor forma para satisfazer as necessidades do processo de decisão econômica dos usuários.

Panamericano

As repercussões da venda do Panamericano para o BTG Pactual por R$450 milhões continuam.

As ações preferenciais do banco aumentaram 20% (Panamericano sobe mais de 20% e supera preço da OPA, Valor Econômico, Beatriz Cutait)

Sabemos que a Caixa continuará com a participação adquirida no final de 2009 (37% do capital social) e o BTG terá 51% das ordinárias e 22% das preferenciais. Aos minoritários será ofertado um preço de 4,89 reais por ação, o mesmo valor pago ao controlador. Entretanto, a valorização indicaria que os minoritários provavelmente não irão vender suas ações. O principal motivo é o fato dos novos gestores serem do ramo.

"A leitura é de que o mercado está uma dando indicação de que a adesão à OPA pode não ocorrer. Aparentemente, os minoritários querem ficar na empresa", pontuou o analista da Ágora Corretora Aloisio Villeth Lemos. "Uma combinação de informações levou o mercado a ser mais otimista na precificação imediata da empresa, mesmo que os minoritários continuem sem o balanço." Mas não existe a pretensão de cancelar o registro de companhia aberta.

O balanço do terceiro trimestre, prometido anteriormente para o final de 2010, ainda não foi divulgado. Existe a promessa para os próximos dias. Esta questão foi objeto de reclamação da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) (Anefac critica falta de transparência no caso PanAmericano, Vanessa Dezem, Valor). A Anefac criticou o trabalho das auditorias:

O caso colocou luz sobre a capacidade de as auditorias em captarem fraudes. Vertamatti afirma que tem caído a qualidade dos trabalhos das auditorias no Brasil, diante da pressão sobre os custos dos serviços, que têm sido remunerados de forma insuficiente.

"Hoje a auditoria está muito mais voltada para cumprir procedimentos, do que fazer a função de auditar propriamente", acrescentou um executivo do setor, que preferiu não se identificar.

Outra conseqüência é a classificação de risco do banco. Moody´s informou que irá manter sua nota de rebaixamento, mesmo com o anúncio. O banco tem o rating D para solidez financeira (Rating do PanAmericano continua em revisão, diz Moody s, Paula Cleto | Valor)

Economistas influentes

A revista The Economist fez uma pesquisa para saber qual era o economista mais influente (Economics' most influential people, 1 fev 2011) na última década. Com sete votos, Ben Bernanke, presidente do Banco Central dos Estados Unidos e estudioso de crises econômicas. Keynes recebeu quatro votos. A seguir Jeff Sachs, Hyman Minsky e Paul Krugman com três e Adam Smith, Robert Lucas, Joseph Sitglitz, Friedrich Hayek e Alan Greenspan com dois votos. Outros 26 receberam um voto.

A questão seguinte era: qual economista teve a idéia mais importante no mundo após a crise? Com quatro votos, Raghuram Rajan. Robert Shiller e Kenneth Rogoff receberam três votos.

Contabilidade Pública

Uma reportagem do DCI (Nova Regra de Contabilidade cria Desafio ao Governo Dilma) sobre a contabilidade pública comenta a questão da implantação do regime de competência.

Faltam menos de um ano para adaptação e pouca coisa foi feita. O texto ouviu duas pessoas: um auditor e diretor da Crowe Horwath e o presidente do CRC-SP.

As novas normas serão encabeçadas pelo Sistema CFC/CRCs (formado pelo Conselho Federal de Contabilidade e pelos Conselhos regionais de Contabilidade) e pela Secretaria de Tesouro Nacional, obedecendo ao disposto na Portaria do Ministério da Fazenda número 184, de 25 de agosto de 2008.

Dois aspectos são considerados pelo texto: os novos governantes ainda não entenderam as implicações das normas e não existe pessoal suficiente para fazer o processo acontecer. O texto comete alguns erros, como chamar as normas de IFRS ou acreditar que somente pela adoção haverá mais transparência. Particularmente acredito não a relação entre regime de competência de transparência não é tão simples assim. (Ou seja, adotar competência não significa mais transparência. Pode ocorre o contrário, mas isto seria um tema para uma postagem específica)

01 fevereiro 2011

Rir é o melhor remédio



Comercial de barra de chocolate

Teste 421

Entre os doutores que atuam na pós-graduação em Contabilidade a maioria concluiram seu doutorado em Contabilidade (USP, principalmente). Três outras áreas também são relevantes na sua contribuição para os cursos de pós-graduação na área contábil: administração, economia e engenharia de produção. Você saberia colocar em ordem de docentes que atuam na pós-graduação de contabilidade estas três áreas?

Resposta do Anterior: JK Rowling, Harry Potter e a Pedra Filosofal. Rio de Janeiro: Rocco, p.89, 2000. (Na primeira versão da postagem coloquei "a autora". Por exclusão seria JK Rowling.

Por que existem empresas?

Uma análise da história econômica mostra que o predomínio das empresas é algo recente. Quando Pacioli ensinou as partidas dobradas existiam ainda poucas empresas da forma como conhecemos hoje.

No século passado tentou-se uma alternativa, através do planejamento central, realizado pelos burocratas. O fracasso do império russo mostrou a dificuldade de encontrar uma opção para que possamos viver num mundo sem "Google, Vale ou Bradesco". As pessoas consomem os produtos das empresas e uma grande parcela trabalha para elas.

A pergunta desta postagem é muito importante para a teoria econômica e também para a contabilidade. A principal resposta foi dada em 1932, por um jovem economista de 21 anos (e que celebrou cem anos em 29 de dezembro de 2010): Ronald Coase. A palestra que Coase pronunciou naquele ano não teve muita repercussão. Posteriormente ele escreveu um artigo, também sem grande impacto. Somente em 1991 Coase foi reconhecido com o prêmio Nobel de Economia.

A resposta de Coase para a pergunta é muito simples e pode parecer um tanto quanto óbvia:

Os custos de realizar certas transações no mercado podem ser altos. Estes custos, denominados custos de transação, podem ser reduzidos por meio de um contrato de longo prazo realizado pela empresa.


Para ler mais:
Why do firms exist? The Economist, 16 dec 2010.