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30 dezembro 2010

Contabilidade de bancos

Depois de dois fortes e inesperados chacoalhões nos últimos anos - crise global e fraude bilionária no Banco Panamericano -, o sistema financeiro brasileiro tem mais um grande teste pela frente, este com data marcada. Está agendada para o início de 2012 uma mudança de regra contábil pelo Banco Central (BC) que, segundo especialistas, deve afetar negativamente várias instituições, sobretudo as de pequeno e médio portes.

O Estado conversou com várias fontes do setor, inclusive altos executivos de bancos pequenos e médios. Todos afirmam que, se a nova regulamentação entrasse em vigor já, haveria um baque. "O sistema não aguenta", diz uma das fontes. O prazo para a alteração está distante, mas, como se trata de algo espinhoso, será preciso tempo para as instituições se adaptarem - provavelmente o ano de 2011 inteiro.

O problema decorre de uma operação cada vez mais comum no sistema financeiro, chamada cessão de crédito. É quando um banco vende para outro um pacote com milhares ou milhões de empréstimos. Em troca, recebe um valor como pagamento. A principal vantagem de quem adquire as cessões é receber o pacote pronto, sem precisar se esforçar para construí-lo.

Lucro na cabeça. O BC tem uma regra segundo a qual quem cede a carteira pode contabilizar o valor integral da venda como lucro - é o que se chama no setor de "lucro na cabeça". O problema é que, ao longo do tempo, esse lucro não necessariamente se materializa.

Um exemplo prático ajuda a entender a questão: o banco "A" vende para o banco "B" uma carteira de crédito por R$ 100 milhões. Só que essa carteira tem prazo (ou seja, financiamentos dentro dela) de, por suposição, 36, 48, 60 meses, etc.
No entanto, ao longo desses meses/anos todos, pode haver inadimplência, pré-pagamento (quando um cliente não espera a dívida chegar até o fim e a quita antes, algo comum no caso dos empréstimos consignados), etc. Ou seja, o banco "A" não vai embolsar de fato os R$ 100 milhões obtidos na venda e contabilizados em seu balanço como lucro.

O valor exato dependerá de cada caso. No exemplo, pode ser R$ 95 milhões, R$ 85 milhões, R$ 70 milhões, etc. Quanto menos embolsar, maior é o problema potencial para o banco e, por tabela, para o sistema.

Por quê? 1) Porque, à medida que as receitas previstas nos empréstimos originais não se concretizam (de novo, por inadimplência, pré-pagamento ou outros fatores), o banco será obrigado a registrar os prejuízos em seus balanços. Isso é ruim para seus resultados, para seus acionistas e, dependendo da extensão dessas perdas, ruim para seus credores (normalmente outros bancos). 2) Porque o banco normalmente reempresta os R$ 100 milhões originais. Em outras palavras, em parte, a instituição terá concedido créditos em cima de vento, sem base.

O BC reconhece que há uma distorção. Tanto que editou uma resolução, a 3.533. A regulamentação divide as cessões de crédito em dois grupos. No primeiro, a cessão inclui os riscos e benefícios. Em outras palavras, o banco que a vende continua corresponsável por ela até que o último empréstimo seja pago.

O segundo grupo é aquele em que os riscos e benefícios são integralmente transferidos para o banco comprador da cessão. Nesse caso, o cedente não seria impactado por nada relacionado ao pacote de empréstimos. O lucro que contabilizasse na hora da venda seria um lucro real, não um lucro estimado com base nos fluxos futuros de pagamento.
O problema apontado pelo mercado hoje estaria automaticamente resolvido. "O pior pecado é um banco registrar no balanço um lucro que ainda não teve", diz um banqueiro.

Adiada. A 3.533 deveria ter entrado em vigor em janeiro de 2009. Foi adiada por causa da crise global. Passou para janeiro de 2010, mas foi novamente adiada (dessa vez, por causa de mudanças nas regras mundiais de contabilização pela Iasb). Agora, ficou para janeiro de 2012.

O analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, afirma que, quando a 3.533 entrar em vigor, muitas instituições terão de aumentar o capital para manter o ritmo de concessão de empréstimos. "Os bancos vão ter de achar soluções para isso", observa.

O negócio de cessões de crédito movimenta bilhões por ano, principalmente nos segmentos de consignado e veículos. É impossível saber quanto porque essas operações não são contabilizadas pelo sistema. É por isso que a Federação Brasileira de Bancos anunciou recentemente o desenvolvimento de estudos para criar uma central de informações de cessões de crédito.


Regra contábil é novo teste para bancos - Prevista para entrar em vigor no início de 2012, mudança deve afetar negativamente várias instituições, principalmente as pequenas e médias - 19 de dezembro de 2010 - Leandro Modé - O Estado de S.Paulo, via blog do Vladmir Almeida

29 dezembro 2010

Rir é o melhor remédio

Comercial da Alpo (produto da Purina): o melhor amigo

Teste 401

No ano de 1964, no catálogo da Sears, nos Estados Unidos, uma televisão colorida era vendida por 750 dólares. Como ocorreu inflação no período, com este dinheiro corresponde a quantos dólares nos dias de hoje?

mais de mil dólares e menos de dois mil dólares
mais de dois mil dólares e menos de quatro mil dólares
mais de quatro mil dólares

Resposta do anterior: seu contador está sendo acusado de desvio. Fonte: Wall Street Journal

Enron

Durante o escândalo da Enron, Carl Bass e Thomas Bauer, como auditores da Arthur Andersen LLP, perceberam que existia algo de errado com a empresa auditada. Bass e Bauer avisaram seus supervisores da possibilidade de existirem problemas com a contabilidade da empresa de energia do Texas.

Agora, quase dez anos depois da falência da Enron e da Andersen, por conta do escândalo contábil, os registros de CPA de Bass e Bauer estão sendo cassados. A acusação é que ambos são inaptos para exercerem a profissão. A medida está sendo tomada pelo Texas State Board of Public Accountancy, que acredita que eles violaram as normas profissionais no exercício da profissão de auditor.

O caso ainda está em discussão na justiça, mas o diretor-executivo do conselho texano citou que o escândalo da Enron provocou perdas para os acionistas e funcionários.

Por que...?

Ao longo do semestre solicitei aos meus alunos de graduação que fizessem uma pergunta interessante e sugerissem uma resposta. Nos próximos dias irei postar algumas destas perguntas e sua possível resposta. O texto em itálico é de autoria do aluno.

Por que o consumidor na compra de óculos oftalmicos, por exemplo, valoriza mais a marca do óculos à própria lente? Note que a lente é o motivo para ocorrer a compra. (Ana Paula F. de Mello)

Ao observar o comportamento dos consumidores de óculos de grau, podemos levantar um fato curioso. Em geral, gasta-se mais com a armação do que com a própria lente. Isso ocorre ao apego que eles tem com as marcas e grifes que estão em alta. E como a armação é escolhida antes da lente, pois só após a escolha da armação que é possível determinar as lentes que se adaptam ao seu tamanho, só após a escolha de um óculos muito caro sobra pouco dinheiro para uma lente de boa qualidade.

Isto também se verifica mesmo posteriormente várias explicações do técnico em ótica sobre a importância de uma lente com maior amplitude visual. E se o orçamento não comporta aquele óculos com uma boa lente, a melhor opção seria trocar a armação por uma de valor inferior - visto que o motivo da compra é corrigir um problema visual. Em geral, os clientes, principalmente as mulheres, tendem a não trocar a armação e acabam comprando as lentes mais baratas, alegando gostar muito da grife do óculos escolhido.


A resposta talvez também esteja no fato da marca de óculos ser facilmente identificada pelos amigos, o que não ocorre com a lente.

Informação privilegiada


O ex-executivo da HP, Hurd, que saiu da empresa sob a suspeita de assédio sexual e divulgação de informação privilegiada, tenta evitar que uma correspondência de oito páginas seja divulgada. Esta correspondência levou Hurd a sair da empresa, após ser lida pelo conselho. Hurd argumenta que a carta é privada e não deve se tornar pública. O caso está sendo analisado por um juiz do estado de Delaware, que deve decidir sobre o assunto.

O documento deve trazer informações sobre a relação do executivo com Jodie Fisher (foto), que ficou sabendo da intenção da HP em adquirir a EDS antes da notícia chegar ao mercado.

É interessante que mesmo com a acusação, a empresa HP paga uma indenização para Hurd. Ao sair, o executivo foi acusado de mentir no relatório de despesas pessoais.

28 dezembro 2010

Férias

Nos próximos dias estarei de férias. Mas deixei cinco postagens diárias até o dia 4 de janeiro, quando retorno. Bom 2011 para todos.