Em maio de 2010 a empresa contrata a KPMG, em lugar da Deloitte, e começa a fazer uma mudança na direção da empresa, demitindo alguns executivos. Em outubro, a notícia de que existiam problemas contábeis na empresa chega ao mercado, com estimativas de 180 milhões de euros.
Agora, nos principais jornais econômicos do Brasil, a questão da contabilidade do supermercado é novamente notícia. O valor do rombo foi aumentado para 1,2 bilhão, com a conclusão das auditorias realizadas pela KPMG.
Em nota, o Carrefour diz que as perdas, que serão incorporadas como despesas não recorrentes em 2010, envolvem itens como ajustes de depreciação e provisões ligadas a litígios trabalhistas.
A Folha apurou que a maquiagem no balanço da rede varejista decorre de uma prática considerada comum no varejo brasileiro no passado, mas que não combina com as regras de governança.
Trata-se de descontar, das despesas, bonificações negociadas com a indústria na compra de produtos. Mas nem sempre os descontos se materializam, e o balanço registra como despesa um valor inferior ao gasto.
A mesma prática teria provocado a saída do presidente do Walmart Brasil, Hector Nuñez, também neste ano. (Fonte: aqui)
A responsabilidade da administração foi afirmada ontem:
"O que aconteceu no Brasil foi claramente um mau funcionamento", afirmou o executivo-chefe do Carrefour, Lars Olofsson, durante teleconferência com analistas e investidores, segundo a agência Dow Jones. "Estamos determinados a fazer o que for preciso para chegarmos ao fundo do que eu classifiquei como má administração." Segundo ele, os valores resultaram de problemas acumulados ao longo dos últimos cinco anos. (Fonte: aqui )
O resultado foi a queda das ações. Mas o mercado não sabia dos problemas do Carrefour? Provavelmente sabia, mas a revisão da estimativa inicial pode ter confundido mais os analistas:
"Isso de novo piora a confiança do mercado sobre a ação, depois da comunicação ruim desde meados de outubro. O grupo perdeu sua credibilidade em termos de estimativas e em termos de controles internos", disseram analistas do Exane BNP Paribas em nota.
Ou ainda:
"Este último alerta de lucro reforça o ceticismo sobre as metas financeiras de longo prazo do Carrefour, especialmente uma vez que em um ambiente cada vez mais competitivo na França torna mais difícil para a empresa reter os benefícios de suas iniciativas de corte de custo", disse o analista Chris Hogbin, do Bernstein. (Fonte: aqui)