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28 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


Sobre a paranóia de segurança nos aeroportos, este cartoon é de 1972

Venderam as suas ações

A diretoria do Banco Panamericano vendeu quase R$ 1 milhão em ações do banco entre setembro e outubro, período em que o Banco Central (BC) já investigava um rombo bilionário na instituição. As informações constam de documentos enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O caso só veio à tona em 9 de novembro.

Todas as oscilações estão sendo investigadas pela autarquia, que apura irregularidades no caso, incluindo o uso de informação privilegiada por parte de investidores, o que é crime contra o mercado de capitais. Em setembro, os diretores venderam o equivalente a R$ 241 mil e, em outubro, R$ 725,9 mil.

O Banco Central pediu explicações ao Panamericano em 8 de setembro. Em 14 do mesmo mês, recebeu correspondência da instituição do Grupo Silvio Santos solicitando prazo adicional para prestar esclarecimentos. No dia 22 de setembro, houve reconhecimento formal sobre as divergências contábeis.

As ações preferenciais do Panamericano também registraram um pico de vendas no dia 17 de setembro - depois de o BC ter pedido os esclarecimentos ao banco. No dia 17 de setembro, foram negociados R$ 20,6 milhões do papel, valor muito acima da média do mês e do ano.

Em todo o mês de setembro, com exceção do dia 17, o máximo transacionado foi de R$ 3,32 milhões (27/9). A ação só ultrapassou neste ano os R$ 10 milhões de volume negociado em casos isolados. O histórico mostra que, em grande parte das vezes, o volume ficou abaixo de R$ 1 milhão/dia.

A BES Securities foi responsável pela maior parte do volume de negócios do dia 17, uma sexta-feira, com R$ 17,6 milhões vendidos. Logo depois vem a corretora Gradual, com R$ 1,5 milhão em vendas. O papel fechou em queda de 1,09% no dia, cotado a R$ 8,10. Ontem, o papel fechou a R$ 4,75.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta semana que já tinha informações sobre um problema no sistema financeiro desde julho. Mas, segundo ele, o BC demorou para, num cruzamento de dados, descobrir que o rombo de R$ 2,5 bilhões estava concentrado num só banco, o Panamericano, do empresário Silvio Santos.

De julho até 17 de setembro, o volume transacionado com o papel preferencial da instituição não ultrapassou a casa dos R$ 6 milhões por dia. Houve novo pico de negociação a partir de 4 de novembro, cinco dias antes de o caso vir à tona. Naquele dia, foram transacionados R$ 19,2 milhões. No dia 9, houve outro repique, desta vês de R$ 48,7 milhões, embora o fato relevante sobre o caso tenha sido divulgado depois do fechamento do mercado.


Ex-diretores venderam ações do Panamericano - Por Sabrina Valle - Estado de S Paulo 27 nov 2010

Dados falsos

O banco Fator diz que só há uma explicação para o fato de não ter encontrado o rombo de R$ 2,5 bilhões no PanAmericano ao analisar a situação da instituição para a Caixa Econômica Federal: os dados fornecidos pelos executivos estavam fraudados. ”Se as notícias estão certas, nós recebemos documentos falsos do PanAmericano”, afirma Venilton Tadini, diretor do banco.

Por conta do impacto que esse caso teve na imagem do Fator, o banco cogita processar os executivos do PanAmericano que forneceram as informações para a análise, segundo Tadini.

O Fator fez a análise do PanAmericano antes de a Caixa investir R$ 740 milhões no banco, em dezembro do ano passado. A fraude nos números do PanAmericano foi descoberta entre julho e agosto deste ano, de acordo com a fiscalização do Banco Central.

Para o banco de Silvio Santos não quebrar, o Fundo Garantidor de Crédito, entidade que recebe recursos dos depósitos bancários, emprestou R$ 2,5 bilhões ao apresentador.

A principal fraude, segundo o BC, era que o PanAmericano vendia carteiras de créditos para outros bancos e não dava baixa nesse ativo, ou seja, não o retirava do balanço. Com essa manipulação contábil, o banco parecia ter mais recursos do que tinha de fato.

Carteira de Fumaça

O Fator trabalhou na avaliação com consultores da KPMG e advogados do escritório Bocater, Camargo, Costa e Silva. Foram 90 dias de trabalho, por uma equipe que tinha entre 30 e 40 pessoas, dependendo da fase.

O grupo recebeu uma base de dados que não tinha os nomes dos clientes, para não violar o sigilo bancário. Cada cliente era representado por um código. Sem o nome dos clientes do PanAmericano, não daria para notar a fraude, diz Tadini.

“Não é meu dever avaliar se uma carteira de 1 bilhão é fumaça. Não estou lá para questionar a fidelidade dos documentos”, afirma. Na avaliação do Fator, os dados das carteiras de crédito coincidiam com os números do balanço financeiro.

A norma número 18 do Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), que regula os serviços para venda de participação societária, diz: “A responsabilidade primária pela fidedignidade das demonstrações contábeis e de quaisquer outras informações produzidas pela empresa recai sobre seus administradores”.

As primeiras avaliações indicam que as fraudes começaram em 2006. As análises do Fator foram feitas no ano passado -a data-base era 30 de março de 2009. Na avaliação feita para a Caixa, o Fator diz ter encontrado pequenos problemas nas áreas tributárias e trabalhista, que denotavam uma certa desorganização na administração, mas não na carteira de crédito.

O Fator é um dos maiores avaliadores de bancos do país. Já atuou na privatização do Banespa, do Banestado (do Paraná), na Nossa Caixa e do Bandep (Banco do Estado de Pernambuco). Dos cerca de R$ 108 bilhões que o governo obteve no processo de privatização do governo FHC, o banco avaliou empresas que valiam R$ 16 bilhões.

Nesse processo, o Fator descobriu um rombo de R$ 4 bilhões no Banespa e outro de R$ 250 milhões no Banestado. “Temos tradição em pegar esse tipo de coisa”, afirma o diretor.


Fator acusa PanAmericano de fornecer dados falsos 27 nov, 2010 - Mario Cesar Carvalho, Folha de S. Paulo

Remuneração

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou regulamentação sobre a política de remuneração de administradores do sistema financeiro. De acordo com o voto aprovado nesta quinta-feira, a nova regra diz respeito às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC) exceto cooperativas de crédito, sociedades de crédito ao microempreendedor e empresa de pequeno porte, além de administradoras de consórcio.

Segundo o BC, o objetivo da criação das novas regras é "alinhar as políticas de remuneração com os riscos assumidos pelas instituições financeiras". Além disso, a equipe econômica pretende "desestimular comportamentos capazes de elevar a exposição ao risco das instituições financeiras a níveis superiores aos considerados prudentes a curto, médio e longo prazos".

Há, ainda, mudança na regra para remuneração dos administradores das áreas de controle interno e de gestão de riscos, que será "segregada do desempenho das áreas de negócios por eles controladas". "Políticas inadequadas de remuneração têm sido apontadas como causas que contribuíram para a última crise financeira. No âmbito do G-20, o Brasil assumiu compromisso de implementar boas práticas para gestão deste tipo de risco", cita o voto aprovado pelo CMN.

O texto foi mantido em audiência pública por 90 dias. No período, o BC "recebeu comentários e sugestões de aperfeiçoamento do texto da norma de órgãos do governo federal, de integrantes do parlamento, de entidades representativas de segmentos do mercado financeiro, de instituições financeiras individualmente e do público em geral". "As contribuições recebidas ajudaram a tornar as disposições normativas mais consistentes e adequadas à realidade brasileira", cita o voto
.


CMN aprova regras para bônus de executivos financeiros Qui, 25 Nov 2010

27 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


"Na Suécia, eles tem a mesma palavra para "casamento" e "veneno".

Retirado do sítio Learningsomethingeveryday

Quem é o vilão?

Bernie, um velhinho inofensivo de 71 anos, cumpre pena de 150 anos numa prisão da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Seu crime? Durante duas décadas, enganou investidores dentro e fora de seu país, pagando retornos irreais em seus fundos de investimentos, naquele que ficou conhecido como o maior esquema de pirâmide financeira do mundo.

O dinheiro de quem aplicava pagava os resgates de quem saía, até que um dia veio a crise de 2008 e o esquema afundou para sempre, deixando um buraco estimado em US$ 50 bilhões. Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, entrou para a história como o maior vilão de Wall Street de todos os tempos.

Porém, na penitenciária federal – onde mais? – é tratado como herói pelos companheiros fora-da-lei. Afinal, quem é o gênio que consegue enganar todo mundo sozinho durante tanto tempo?

O problema está na premissa. Madoff não agiu sozinho, nem poderia. Seja na contabilidade fraudulenta dos fundos, seja na auditoria incompetente de sua empresa ou na fiscalização inepta das autoridades americanas, o fato é que ele teve ajuda (consciente ou não) de outros para fazer o que fez.

Ele pode ter sido o arquiteto e principal executor do esquema Ponzi, mas a culpa transcende as portas fechadas de seu antigo escritório. Há quem diga que os verdadeiros vilões foram os banqueiros de investimento que distribuíam os fundos de Madoff aos seus clientes, vendendo o peixe podre para as vítimas sem fazer perguntas incômodas ao pescador. Na semana passada, o banco suíço UBS foi acusado nos Estados Unidos de participar ativamente da megafraude.

O representante de algumas vítimas, Irving Picard, abriu um processo em Nova York no qual pede indenização de US$ 2 bilhões ao UBS, reunindo 23 acusações de fraude financeira e má administração.

Segundo Picard, o banco “emprestou uma aura de legitimidade” para a distribuição dos fundos do gestor picareta. “O esquema de Madoff não poderia ter sido realizado se o UBS não tivesse concordado em fazer vista grossa, além de fingir que estava verdadeiramente garantindo a existência de ativos e transações quando, na verdade, nunca garantiu”, disse David Sheehan, advogado de Picard.

O embate nos tribunais levanta uma velha questão do mundo financeiro global: até quando o direito à proteção individual do sigilo bancário – espécie de vaca sagrada na Suíça – vai encobertar ações criminosas coletivas?

As responsabilidades de todas as peças desse quebra-cabeça surreal devem ser apuradas e atribuídas, doa a quem doer. Como nos quadrinhos sombrios de Batman versus Coringa, não tem bonzinho nessa história.

Até mesmo os próprios investidores lesados têm sua parcela de culpa, pois se contentavam em receber rendimentos mensais estáveis mesmo em épocas de crise, quando os mercados estavam em baixa, sem questionar a consistência da gestão de Madoff.

Se o dinheiro é bom e não falha, que importa a origem dos ganhos? O próprio bandido despreza suas vítimas, descrevendo seus crimes como “tirar o dinheiro de pessoas ricas, gananciosas e que queriam mais”.

A lição é desconfiar sempre das grandes barbadas. Vale o ditado: se um negócio é bom demais para ser verdade, talvez seja isso mesmo. Melhor investigar a fundo e, na dúvida, pular fora.


Quem é o vilão? - do IstoÉ Dinheiro - Milton Gamez

Felipão como CEO


Se Luiz Felipe Scolari trabalhasse na iniciativa privada, é bem provável que começasse a ler os jornais de domingo pelos classificados de emprego e não pelos cadernos de esportes.

Contratado a peso de ouro em junho para resolver os problemas do Palmeiras, Felipão deixou de fazer o que se espera de um alto executivo bem remunerado: não entregou resultados e não cumpriu as metas da “firma”.

O mercado da bola estima que Scolari receba R$ 750 mil por mês, valor que faz dele o profissional mais bem pago em seu setor no Brasil. Mano Menezes, técnico da Seleção Brasileira, não ganha mais que R$ 300 mil da CBF.

A remuneração do treinador palmeirense está no mesmo patamar da de altos executivos do Banco do Brasil, por exemplo. A diferença é que o BB é o maior banco do país e está entre os 20 maiores do mundo.

Já o Palmeiras... A dívida líquida do clube passou de R$ 59 milhões, em 2007, para R$ 117 milhões, no ano passado, segundo levantamento da consultoria Crowe Horwath RCS. Com a derrota para o Goiás na quarta-feira 24, o clube esgotou mais do que a paciência de sua torcida. Deixou escapar a chance de título e um prêmio de quase R$ 6 milhões.

Além de não alcançar as metas, Felipão cometeu o erro crasso de desvalorizar sua equipe. Mais de uma vez, o gerente Scolari declarou diante de câmeras de tevê que o elenco palmeirense estava abaixo do esperado e chegou a dizer que dinheiro não é tudo na vida – quando questionado se o mau desempenho da equipe estava diretamente atrelado ao fato de os salários sofrerem constantes atrasos.

O ano termina para o Palmeiras como começou e o presidente da “empresa”, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, caminha para o fim de sua gestão, em janeiro, com números pífios para mostrar.

As apostas caras, como Kleber e Valdívia, que teriam custado R$ 25 milhões, não trouxeram dividendos. Se desse expediente na iniciativa privada, Belluzzo estaria com Felipão na fila do seguro-desemprego.


Felipão teria vida longa como CEO? - Por Eliane Sobral - Isto é Dinheiro