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28 novembro 2010

Remuneração

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou regulamentação sobre a política de remuneração de administradores do sistema financeiro. De acordo com o voto aprovado nesta quinta-feira, a nova regra diz respeito às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC) exceto cooperativas de crédito, sociedades de crédito ao microempreendedor e empresa de pequeno porte, além de administradoras de consórcio.

Segundo o BC, o objetivo da criação das novas regras é "alinhar as políticas de remuneração com os riscos assumidos pelas instituições financeiras". Além disso, a equipe econômica pretende "desestimular comportamentos capazes de elevar a exposição ao risco das instituições financeiras a níveis superiores aos considerados prudentes a curto, médio e longo prazos".

Há, ainda, mudança na regra para remuneração dos administradores das áreas de controle interno e de gestão de riscos, que será "segregada do desempenho das áreas de negócios por eles controladas". "Políticas inadequadas de remuneração têm sido apontadas como causas que contribuíram para a última crise financeira. No âmbito do G-20, o Brasil assumiu compromisso de implementar boas práticas para gestão deste tipo de risco", cita o voto aprovado pelo CMN.

O texto foi mantido em audiência pública por 90 dias. No período, o BC "recebeu comentários e sugestões de aperfeiçoamento do texto da norma de órgãos do governo federal, de integrantes do parlamento, de entidades representativas de segmentos do mercado financeiro, de instituições financeiras individualmente e do público em geral". "As contribuições recebidas ajudaram a tornar as disposições normativas mais consistentes e adequadas à realidade brasileira", cita o voto
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CMN aprova regras para bônus de executivos financeiros Qui, 25 Nov 2010

27 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


"Na Suécia, eles tem a mesma palavra para "casamento" e "veneno".

Retirado do sítio Learningsomethingeveryday

Quem é o vilão?

Bernie, um velhinho inofensivo de 71 anos, cumpre pena de 150 anos numa prisão da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Seu crime? Durante duas décadas, enganou investidores dentro e fora de seu país, pagando retornos irreais em seus fundos de investimentos, naquele que ficou conhecido como o maior esquema de pirâmide financeira do mundo.

O dinheiro de quem aplicava pagava os resgates de quem saía, até que um dia veio a crise de 2008 e o esquema afundou para sempre, deixando um buraco estimado em US$ 50 bilhões. Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, entrou para a história como o maior vilão de Wall Street de todos os tempos.

Porém, na penitenciária federal – onde mais? – é tratado como herói pelos companheiros fora-da-lei. Afinal, quem é o gênio que consegue enganar todo mundo sozinho durante tanto tempo?

O problema está na premissa. Madoff não agiu sozinho, nem poderia. Seja na contabilidade fraudulenta dos fundos, seja na auditoria incompetente de sua empresa ou na fiscalização inepta das autoridades americanas, o fato é que ele teve ajuda (consciente ou não) de outros para fazer o que fez.

Ele pode ter sido o arquiteto e principal executor do esquema Ponzi, mas a culpa transcende as portas fechadas de seu antigo escritório. Há quem diga que os verdadeiros vilões foram os banqueiros de investimento que distribuíam os fundos de Madoff aos seus clientes, vendendo o peixe podre para as vítimas sem fazer perguntas incômodas ao pescador. Na semana passada, o banco suíço UBS foi acusado nos Estados Unidos de participar ativamente da megafraude.

O representante de algumas vítimas, Irving Picard, abriu um processo em Nova York no qual pede indenização de US$ 2 bilhões ao UBS, reunindo 23 acusações de fraude financeira e má administração.

Segundo Picard, o banco “emprestou uma aura de legitimidade” para a distribuição dos fundos do gestor picareta. “O esquema de Madoff não poderia ter sido realizado se o UBS não tivesse concordado em fazer vista grossa, além de fingir que estava verdadeiramente garantindo a existência de ativos e transações quando, na verdade, nunca garantiu”, disse David Sheehan, advogado de Picard.

O embate nos tribunais levanta uma velha questão do mundo financeiro global: até quando o direito à proteção individual do sigilo bancário – espécie de vaca sagrada na Suíça – vai encobertar ações criminosas coletivas?

As responsabilidades de todas as peças desse quebra-cabeça surreal devem ser apuradas e atribuídas, doa a quem doer. Como nos quadrinhos sombrios de Batman versus Coringa, não tem bonzinho nessa história.

Até mesmo os próprios investidores lesados têm sua parcela de culpa, pois se contentavam em receber rendimentos mensais estáveis mesmo em épocas de crise, quando os mercados estavam em baixa, sem questionar a consistência da gestão de Madoff.

Se o dinheiro é bom e não falha, que importa a origem dos ganhos? O próprio bandido despreza suas vítimas, descrevendo seus crimes como “tirar o dinheiro de pessoas ricas, gananciosas e que queriam mais”.

A lição é desconfiar sempre das grandes barbadas. Vale o ditado: se um negócio é bom demais para ser verdade, talvez seja isso mesmo. Melhor investigar a fundo e, na dúvida, pular fora.


Quem é o vilão? - do IstoÉ Dinheiro - Milton Gamez

Felipão como CEO


Se Luiz Felipe Scolari trabalhasse na iniciativa privada, é bem provável que começasse a ler os jornais de domingo pelos classificados de emprego e não pelos cadernos de esportes.

Contratado a peso de ouro em junho para resolver os problemas do Palmeiras, Felipão deixou de fazer o que se espera de um alto executivo bem remunerado: não entregou resultados e não cumpriu as metas da “firma”.

O mercado da bola estima que Scolari receba R$ 750 mil por mês, valor que faz dele o profissional mais bem pago em seu setor no Brasil. Mano Menezes, técnico da Seleção Brasileira, não ganha mais que R$ 300 mil da CBF.

A remuneração do treinador palmeirense está no mesmo patamar da de altos executivos do Banco do Brasil, por exemplo. A diferença é que o BB é o maior banco do país e está entre os 20 maiores do mundo.

Já o Palmeiras... A dívida líquida do clube passou de R$ 59 milhões, em 2007, para R$ 117 milhões, no ano passado, segundo levantamento da consultoria Crowe Horwath RCS. Com a derrota para o Goiás na quarta-feira 24, o clube esgotou mais do que a paciência de sua torcida. Deixou escapar a chance de título e um prêmio de quase R$ 6 milhões.

Além de não alcançar as metas, Felipão cometeu o erro crasso de desvalorizar sua equipe. Mais de uma vez, o gerente Scolari declarou diante de câmeras de tevê que o elenco palmeirense estava abaixo do esperado e chegou a dizer que dinheiro não é tudo na vida – quando questionado se o mau desempenho da equipe estava diretamente atrelado ao fato de os salários sofrerem constantes atrasos.

O ano termina para o Palmeiras como começou e o presidente da “empresa”, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, caminha para o fim de sua gestão, em janeiro, com números pífios para mostrar.

As apostas caras, como Kleber e Valdívia, que teriam custado R$ 25 milhões, não trouxeram dividendos. Se desse expediente na iniciativa privada, Belluzzo estaria com Felipão na fila do seguro-desemprego.


Felipão teria vida longa como CEO? - Por Eliane Sobral - Isto é Dinheiro

26 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

Propaganda do Visa. Troca (escambo).

Sobre metodologia para mensurar evidenciação

Nos últimos tempos têm sido comum artigos sobre nível de evidenciação das empresas. Em geral o pesquisador toma uma legislação, faz uma lista de variáveis e mede, para cada empresa, o que foi encontrado ou não. Este método é chamado de dicotômico, pois para cada item considera que a empresa está ou não está de acordo com a norma. Se a empresa estiver de acordo com o previsto na norma contábil, atribui-se um ponto; caso contrário, recebe zero. Assim, por conseqüência, quanto maior o número de pontos obtidos, maior a evidenciação.

Uma característica do método dicotômico é o fato de cada item receber peso idêntico. Ou seja, cada item é tratado igualmente. Isto pode ser um problema.

Além disto, o número de itens da norma incluídos na listagem a ser verificada em cada entidade pode variar conforme o pesquisador. Para se ter uma idéia, uma pesquisa * pediu a quatro pesquisadores para fazerem uma listagem de itens de diversas normas internacionais do Iasb. No Ias 8 (Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors), um pesquisador considerou seis itens, outro listou oito, um terceiro dezesseis e o quarto vinte e um. Naturalmente que mudando a listagem de itens utilizada, pode alterar os resultados da pesquisa.

Outro problema da abordagem dicotômica ocorre quando a pesquisa é realizada com várias normas ou com uma norma que possui várias divisões. Neste caso, a abordagem dicotômica considera cada item, de ambas as normas, de forma idêntica. Para entender melhor, considere uma pesquisa sobre duas normas internacionais: o padrão um possui três itens e o padrão dois é composto de doze itens. Se uma empresa cumpriu todos os três itens do padrão um e somente quatro itens do padrão dois, o resultado da evidenciação pela abordagem dicotômica seria dado pela soma dos itens obtidos por uma empresa pelo total de itens da listagem do pesquisador. Neste caso: (3 + 4) / (3 + 12), que corresponde a 47% dos itens.

Entretanto, a empresa do exemplo cumpriu todos os itens do padrão um, mas não teve um bom desempenho no padrão dois: quatro itens de um total de doze, o que representa 33%. Uma alternativa seria fazer uma média das médias. Se a empresa cumpriu 100% de um padrão e 33% de outro, em média ela obteve 67% dos padrões estudados ou (100 + 33)/2.

Observe que neste exemplo o resultado obtido pelo pesquisador será bastante diferente. Na abordagem dicotômica a empresa teria uma nota de 47%. Na média das médias o resultado seria 67%.

Quando o pesquisador escolhe a abordagem dicotômica, aparentemente a mais usada, problemas podem ocorrer. O mais adequado seria trabalhar com as duas, pois o resultado seria mais robusto.

* Comparasion of two methods for measuring compliance with IFRS mandatory disclosure requirements – Ioannis Tasalavoutas, Lisa Evans e Mike Smith – Journal of Applied Accounting Research, vol. 11, n. 3, 2010, p. 213-228

A morte do Executivo e o Mercado




O gráfico abaixo apresenta a cotação, dos últimos cinco dias, da Copel PNB na bolsa de valores de São Paulo. O preço fechou em queda no final da segunda-feira, mas recuperou nos dias seguintes, fechando na quinta-feira num valor próximo a 43 por ação.

Se observar direito, o gráfico apresenta uma interrupção na quarta feira, nos primeiros momentos do pregão. Neste momento o pregão da ação desta empresa foi interrompido e, quando reaberto, voltou com cotação de 42,60 por ação (versus 42,2, anterior). Ou seja, uma alta de 1% no preço da ação.

Na manhã de quarta o mercado ficou sabendo que o presidente da empresa morreu num acidente de automóvel (aqui e aqui), que a empresa iria definir um interino (aqui e aqui).

Pesquisas passadas (*), realizadas em outros mercados, mostraram que quando um evento abrupto ocorre numa empresa, como a morte repentina do seu presidente, as ações das empresas aumentam. É isto mesmo. O mercado passa a dar um valor maior para a empresa pela morte do seu executivo. Observe que isto ocorreu com a Copel (**).

(*) Infelizmente não tive condições de ter a referência desta pesquisa, que se não me valha a memória foi publicada no Journal of Finance. Peço desculpas aos leitores.
(**) Obviamente a Copel é um caso, não servindo para concluir que a morte de executivo conduz ao aumento nas ações para as empresas brasileiras.

P.S. Depois da postagem, recebi duas contribuições sobre a pesquisa. Pedro Correia encontrou um paper na SSRN sobre o assunto. Roberto Ushisima deixou o seguinte comentário:

O que achei foram esses artigos. Indo pelos resumos, um mostra efeitos positivos nos preços caso o sucessor seja interno e o outro mostra reações mais fortes quando o conselho é mais independente.

http://jom.sagepub.com/content/13/3/509.abstract

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-6288.1969.tb01741.x-i1/abstract


Grato