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19 novembro 2010

Panamericano: Deloitte fala

Entrevista com Maurício Pires Resende, sócio e auditor da Deloitte. Muito interessante.

No jogo de empurra criado com a descoberta do rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano, ninguém apanhou mais do que a Deloitte, o escritório que audita as contas do banco de Silvio Santos há nove anos. Silvio anunciou que vai processar a empresa, além dos ex-diretores do Panamericano. O Banco Central (BC) apontou o dedo para Silvio e para os auditores. E, no mercado, fala-se em responsabilidade do BC e da Deloitte.

Contratada especialmente para conferir as demonstrações financeiras do Panamericano, a empresa só soube do buraco quando o BC convocou seus auditores para uma reunião na segunda-feira da semana passada (8 de novembro), um dia antes de o assunto vir a público. Como isso aconteceu?

“O auditor verifica as informações que lhe são oferecidas. A base é a boa-fé”, diz o sócio Maurício Pires Resende. Nesta entrevista, o Estado apresenta a versão da Deloitte.

O que houve no Panamericano?

Ficamos muito mais surpresos do que vocês possam imaginar. Nosso negócio está fundado em reputação. No momento em que essa credibilidade é colocada em jogo, é muito difícil. Estamos pagando um preço alto: os clientes estão perguntando o que aconteceu, o mercado pergunta, os bancos querem saber... Estamos apanhando, todo mundo quer explicação.

O que vocês têm respondido?

Como já foi dito pelo BC, a Deloitte não cometeu fraude, não maquiamos balanço. O BC encontrou inconsistências contábeis. Onde está a fonte disso? Está no banco, nas pessoas do banco. O que a administração tem a dizer? O que os controladores têm a dizer? Somos auditores, temos um papel e não vamos nos furtar às responsabilidades. Mas entendemos que, numa situação como essa, todos os componentes têm responsabilidade. O administrador em primeiro lugar.

O sr. está dizendo que trabalharam com fatos que não eram verdadeiros. Mas o trabalho de vocês não é justamente avaliar as informações do banco e dizer se são verdadeiras ou não?

Não preparamos as demonstrações financeiras. Somos contratados para emitir opinião sobre até que ponto uma demonstração está de acordo com práticas contábeis estabelecidas em uma jurisdição. Há o papel da administração. Ela tem de ter um sistema de controle interno que permita capturar e registrar as operações, o que, por sua vez, vai gerar as demonstrações financeiras. Quando o auditor faz seu trabalho, aplica testes para se certificar de que a demonstração é correta.

Vocês não tinham de ter detectado os problemas no banco?

Não. Não é papel do auditor detectar uma fraude. Muitas vezes, uma fraude não envolve só a empresa. Estamos falando de uma série de agentes que podem estar dentro da empresa, fora da empresa... Não temos condições de fazer isso. Aí não se trata mais de trabalho de auditor, mas de polícia. O problema é que, no Brasil, especificamente, a figura do auditor é confundida com a figura de polícia.

Não são polícia...

Nós não somos polícia. A cada um compete sua parte de responsabilidade. Se nós não cumprirmos a nossa, estamos sujeitos a processos éticos, administrativos e criminais em questões mais complicadas - que não é o caso.

Desculpe a insistência, mas o auditor dá um atestado para o que está nas demonstrações. Para isso, não precisa checar tudo, para evitar erros?

O auditor verifica as informações e os sistemas que lhe são oferecidos. A base é a boa-fé. A carta de responsabilidade do administrador é para garantir que ele está oferecendo as informações corretas. É fundamental porque ele assume a responsabilidade pelo que está entregando para a auditoria.

Vocês fizeram a circularização (checagem de informações com clientes e outros bancos)?

É importante deixar bem claro: todos os procedimentos de auditoria foram realizados.

Inclusive a circularização?

Sim. Todos os procedimentos foram realizados. Há procedimentos obrigatórios. Há alguns que dependem do planejamento do auditor. Aplicamos os que entendíamos serem necessários para essa situação.

Não dava para um auditor pegar essa fraude contábil?

Não vou dizer que temos fraude porque não sabemos. Sabemos aquilo que o BC reportou de inconsistências contábeis. Dentro desse universo, ainda não chegamos à conclusão se era algo possível de ser descoberto por um auditor.

Como o BC conseguiu descobrir o problema?

O BC fez um trabalho específico, que identificou que havia uma movimentação grande de cessões de crédito e foi investigar. Os procedimentos, quando adotados, revelaram diversas inconsistências. Até chegar à conclusão de que havia o problema.

O auditor não poderia ter feito a mesma coisa que o BC fez?

Não, porque não temos os dados de todo o sistema.

Desde quando vocês auditam os balanços do Panamericano?

Desde 2001.

Vocês continuam trabalhando no banco?

Sim. A menos que o trabalho seja interrompido. Nossa disposição é de cooperar.

Quantos auditores estavam no Panamericano?

É uma equipe.

Como eles estão?

Como estamos todos.

E como estão todos?

Cansados. Em primeiro lugar, estamos profundamente indignados. A adrenalina sobe quando você se sente assim. Então, fica-se mais forte ainda. Sabemos que temos de continuar lutando. Fechamos contratos todos os dias.

Há semelhanças entre esse caso e o da Enron nos EUA?

São muito diferentes. Mas veja que interessante: dois anos depois, a Arthur Andersen foi absolvida no caso. Isso é o que nos preocupa. É uma história que ninguém conta.

Qual a reação da matriz?

A Deloitte não tem matriz. Somos uma rede de empresas, congregada numa entidade chamada Deloitte. Aqui somos uma empresa brasileira que tem sócios, não temos vinculação. Somos 4.000, com 152 sócios. O faturamento no último ano foi de R$ 738 milhões.

Vocês cogitam processar os responsáveis pelas informações falsas?

Estamos impedidos de fazer isso enquanto eles são clientes. Mas, se houver algum dano, é algo que consideramos. Evitamos ao máximo, mas é uma possibilidade jurídica.


‘Não somos polícia. Cada um tem sua responsabilidade’ - 19 Nov 2010 - O Estado de São

Panamericano: Novo diretor

Um dos indicados pela Caixa Participações (Caixapar) para integrar a nova diretoria do Banco Panamericano já foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades na celebração e execução de contratos. Raphael Rezende Neto, até então superintendente nacional de Contabilidade e Tributos da Caixa Econômica Federal, mesmo com a decisão do tribunal, foi escolhido para dirigir a área de Controle e Risco.

A Caixa informou que, respeitando a decisão do TCU, “o empregado Raphael Rezende Neto não cometeu nenhuma irregularidade no desempenho de suas atribuições e que prossegue na defesa do referido empregado nas instâncias competentes”. Além disso, o banco reafirmou a confiança na capacidade de a nova diretoria do Banco Panamericano executar o Plano de Negócios definido pelos acionistas.

Em 2005, o TCU constatou irregularidades em contrato da Caixa com a RiskMaths Consultoria e Participações Ltda., para prestação de serviços técnicos de consultoria e transferência de tecnologia na implantação do sistema de gerenciamento do risco operacional. Dentre as irregularidades investigadas estavam contratação de serviço sem licitação, falta de clareza sobre o que estava sendo contratado e ausência de justificativa de preço.

Na época, Rezende Neto e outros executivos do banco foram condenados a devolver R$ 95.719,07 para pagamento de transporte, hospedagem e consultoria em descumprimento às cláusulas do contrato. Também foi fixada multa individual de R$ 4 mil. Rezende Neto recorreu da decisão e teve o provimento acatado parcialmente. Para o TCU, não há como afastar a responsabilidade do executivo no caso, já que sua participação foi decisiva para a contratação.


Diretor indicado pela Caixa foi condenado pelo TCU - Edna Simão - 19 nov 2010 - O Estado de São Paulo

Panamericano e remessa para Miami

Rafael Palladino, ex-diretor superintendente do PanAmericano, remeteu US$2 milhões aos EUA quatro meses antes de o Banco Central descobrir o rombo de R$2,5 bilhões no banco do Grupo Silvio Santos. Em 14 de maio, uma das empresas de Palladino, a Max América Negócios Imobiliários, registrou na Junta Comercial de São Paulo a decisão dos sócios — ele e a mulher, Ruth Ruivo Palladino — de transferir o montante para outra empresa do casal, a homônima Max America of Florida LLC, sediada em Miami.

O registro da Junta Comercial reproduz ata com a decisão de fazer a remessa: “As sócias, expressamente e por unanimidade, sem restrições ou ressalvas, aprovam a seguinte deliberação: aprovar a sociedade a realizar investimentos no exterior no valor em reais equivalente a US$2 milhões, a serem aportados na Max America of Florida LLC”.

Em um documento anterior, de setembro de 2009, um mês depois da criação da empresa de Miami, há a indicação de uma remessa de US$300 mil.

Executivo está no Grupo SS desde o início dos anos 90

O GLOBO teve acesso a dados da Divisão de Corporações do Departamento de Estado da Flórida que mostram que o casal Palladino registrou a empresa em Miami em 4 de agosto de 2009. O endereço é o mesmo da administradora da empresa em Miami, a NS Corporate Services Inc., de um advogado brasileiro.

A Max América Negócios Imobiliários foi comprada por Palladino em fevereiro de 2007. Originalmente, era uma holding de instituições não financeiras, registrada em 2006 como Marosan e com capital de apenas R$1 mil. Palladino mudou o nome, trocou o objeto social para incorporação de imóveis e injetou R$2,19 milhões no capital.

Palladino tem uma série de empresas particulares, como a Max América Participações, aberta em 2007 com capital de R$4,9 milhões. A empresa é constituída por dois sócios, a Max Control Eventos e a Max Control Assessoria e Investimento, ambas de Palladino e de sua mulher. O capital social dessas duas empresas é baixo, o que não impediu que elas declarassem aportes de R$2,1 milhões na Max América Participações.

Também é de Palladino a RCF Administração e Participações, aberta em 2005, com capital de R$549 mil, para atuar no setor de incorporação imobiliária.

Primo de Íris Abravanel, mulher do empresário Silvio Santos, Palladino entrou no Grupo SS no início dos anos 90. Na época, ele era sócio, em postos de gasolina, de Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio que era o homem forte no SBT e que ontem foi indicado como presidente do Grupo Silvio Santos. O GLOBO não conseguiu localizar Palladino em São Paulo. O banco disse que não se manifestará sobre o assunto.

Outros ex-executivos compraram empresas

A prática de comprar empresas pequenas, alterar nomes e objetos sociais e aportar grandes somas também foi usada por outros dois ex-executivos do banco, Elinton Bobrik e Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno. Em dezembro, Bruno comprou a Antillas Empreendimentos e Participações, criada dois meses antes com capital de R$100. Aplicou R$300 mil, mudou o nome para Lagonegro Empreendimentos e o objeto social para aluguel de imóveis próprios.

Na mesma ocasião, Bobrik comprou a Razak e a transformou em Bob Rik Serviços Administrativos. Registrou um capital de R$30 mil e mudou o objeto social para serviços de escritório e apoio administrativo. As duas empresas foram compradas dos mesmos negociadores, Ivan dos Santos Freire e Valdison Amorim dos Santos. A dupla tem dezenas de empresas vendidas a altos executivos de empresas brasileiras.

Outra movimentação que chama a atenção é a do ex-diretor financeiro e de relações com investidores do PanAmericano Wilson de Aro. Ele aparece na Junta Comercial como diretor ou ex-diretor de 25 empresas do Grupo Silvio Santos. Também é sócio do empresário no SBT e dono da TV Studios Vale do Paraíba, uma das firmas do Sistema Brasileiro de Televisão. A companhia foi registrada com capital de R$150 mil, divididos igualmente entre De Aro e Luiz Antonio Droghetti Neto.

De Aro abriu duas empresas de consultoria financeira, Focus e Infocus. Nelas, entrou como sócia a GWM Participações, da mulher e da filha de De Aro, com patrimônio de R$3,1 milhões. A GWM foi aberta em 30 de setembro de 2010 e, em 15 de outubro, comprou a Focus e a Infocus. Dez dias depois, a família abriu a M2GW, de R$3,1 milhões. De Aro e a mulher, Marcia Regina Mazeto de Aro, transferiram todo o patrimônio aos filhos.

Ainda para preservar seu patrimônio de possíveis ordens judiciais, o casal declarou que sua casa, nos Jardins, é bem de família. A casa estava em nome de uma das empresas de consultoria de De Aro.


Ex-diretor do PanAmericano fez remessa aos EUA - 19 Nov 2010 - O Globo
Tatiana Farah

Fundos e o Panamericano

O banco PanAmericano, que teve um rombo de R$2,5 bilhões por fraude, é motivo de conversas nos bastidores do 31º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, que acontece esta semana em Olinda (PE). A instituição financeira era, até três semanas atrás, a queridinha dos gestores de investimentos do país, que compravam ações do banco para montar o portfólio dos fundos de previdência. Nos corredores do evento, realizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), o comentário, unânime, é de “dar um tempo” no banco para ver o “desenrolar da situação”.

Os papéis do PanAmericano fazem parte da carteira de inúmeros fundos de pensão patrocinados por empresas que oferecem planos de previdência aos seus funcionários. São companhias dos mais variados setores, como automobilísticas, de alimentos e de infraestrutura. Segundo um executivo que participa do evento, o PanAmericano sempre era um dos primeiros bancos a serem lembrados na hora de se escolher uma empresa do setor financeiro para compor a carteira de investimentos.

— Essa situação se inverteu. Antes, colocávamos o banco na nossa carteira, pois era uma instituição com bons indicadores e em crescimento. Mas, mesmo que o banco venha a sofrer ainda mais, não deverá causar estragos no mercado, pois a maioria das empresas compra uma quantidade pequena de ações do PanAmericano — disse o executivo, lembrando que há fundos que venderam os papéis assim que estourou o escândalo, para evitar perdas maiores.

Mesmo que a Caixa Econômica Federal tenha ações que correspondem a 49% do capital votante do PanAmericano, as dúvidas são crescentes:

— Ninguém sabe se o banco será vendido. Não se podem comprar ações ou papéis da companhia nesse ambiente. Hoje, ninguém está olhando mais o banco e, ainda assim, todos estão sendo mais criteriosos em relação a instituições financeiras do mesmo porte -— afirma outro executivo que participa do evento.

Enquanto isso, o PanAmericano tenta levar uma vida normal. No estande do evento, do qual já participa há 15 anos, distribui canetas e apresenta seu portfólio de investimento, como fundo de recebíveis, Certificados de Depósito Bancário e debêntures. Muitos clientes em potencial, como empresas e fundos de pensão, passam ao largo do estande para evitar constrangimento. Executivos do PanAmericano batem ponto na porta do estande, mas não estão concedendo entrevistas.


Fundos vão ‘dar um tempo’ no banco - 19 Nov 2010 - O Globo - Bruno Rosa

Mudança na direção do Grupo Sílvio Santos

SÃO PAULO. O presidente do Grupo Silvio Santos, Luiz Sandoval, pediu demissão do cargo ontem à noite. Braço direito do empresário e apresentador, Sandoval pediu demissão, em caráter irrevogável, num momento de grande desgaste para o grupo. Ele estava na holding há 40 anos e deixa o seu cargo máximo pouco mais de uma semana depois de vir a público a existência de um rombo de R$2,5 bilhões nos balanços do banco PanAmericano, o principal braço financeiro do grupo.

Sandoval era próximo de diretor do PanAmericano

Os problemas no banco levaram Silvio Santos a negociar pessoalmente um empréstimo de R$2,5 bilhões junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para salvar a instituição. Todos os executivos do banco haviam sido demitidos na semana passada. Agora cai Sandoval, que tinha relação próxima com o ex-diretor superintendente do PanAmericano, Rafael Palladino, primo da mulher de Silvio Santos, Íris Abravanel.

Essa foi, assim, a primeira baixa no grupo de um executivo do alto escalão fora do banco PanAmericano.

Rafael Palladino e Wilson de Aro, ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores do PanAmericano, são vistos pelo mercado como principais suspeitos pelas manipulações na contabilidade do banco. Ambos estavam há muito tempo no grupo —- Palladino desde 1992, e de Aro, desde 1974 —- e eram considerados pratas da casa na área financeira. Naturalmente, desfrutavam da confiança de Sandoval.

Há alguns anos, em 2004, Palladino tornou-se sócio de Sandoval na TV Studios Anhanguera, empresa de papel que criaram juntos e que é uma afiliada do SBT. Na mesma época, de Aro também tornou-se sócio da TV Studios Vale do Paraíba.

José Roberto Maciel assume vice-presidência da TV

Ontem à noite mesmo, Silvio Santos nomeou seu sobrinho, Guilherme Stoliar, para assumir a presidência do grupo, um holding que controla 44 empresas. Muito próximo ao tio, Stoliar era diretor de rede SBT.

E em seu primeiro ato à frente da holding SS, Stoliar nomeou José Roberto Maciel para assumir a vice-presidência do SBT, cargo que estava vago há três anos. Maciel, como Stoliar, era diretor executivo da Rede de TV do Grupo SS.


Presidente do Grupo Silvio Santos pede demissão - 19 Nov 2010 - O Globo
Ronaldo D’Ercole

Uma parceria de mais de 40 anos foi encerrada ontem à noite com a saída do executivo Luiz Sebastião Sandoval da presidência do Grupo Silvio Santos. Em comunicado oficial, a empresa apenas informa que ele pediu demissão em caráter irrevogável.

Em seu lugar, assume o sobrinho de Silvio Santos, Guilherme Stoliar, que também acumula 40 anos em várias funções no SBT. Atualmente, ocupava o cargo de diretor executivo da rede de emissoras do empresário.

Stoliar, em conversa com o Estado, demonstrou tranquilidade e disse que todos estão “chateados” com o que aconteceu, mas que assumir o novo posto “é natural na vida de um profissional”.

Sobre a saída de Sandoval, alegou que a motivação é de ordem pessoal e não estaria relacionada com os últimos acontecimentos. “Sandoval está abatido como qualquer um de nós. Tão logo soube da situação no Panamericano, convocou uma reunião com todos os executivos da casa.”

Conflito. Sandoval contou ao Estado que deixou o grupo porque houve um momento de confronto com Silvio Santos. “Ele queria decidir de uma maneira, eu de outra. Virou um conflito. Caso eu não concordasse, ele sugeriu que eu pedisse demissão. E foi o que eu fiz. É uma questão de opinião. Ele aceitou a decisão e, no comunicado, fez um elogio ao meu talento e dedicação ao grupo.”

Segundo Sandoval, a crise do Banco Panamericano está bem resolvida. “O dinheiro do fundo garantidor está depositado no banco e garante o dia a dia da operação. A Caixa Econômica está na sociedade. Em breve, tudo voltará ao normal.”

Não haveria outra razão para a sua saída, além do que definiu como “questão conflitante”, sobre a qual não quis dar detalhes por enquanto. “É como um casamento que vai se desgastando. Fiquei na presidência do grupo por 28 anos. É muita coisa.”

Apesar das diferenças, Sandoval reitera que Silvio Santos “é um sujeito fantástico, correto e leal”. “Sempre tivemos personalidades diferentes e agora pusemos um ponto final nessa convivência.”

Palestras. Com aparente calma na voz, Sandoval disse que vai tirar umas férias e depois volta a advogar. Disse também que tem planos de fazer palestras e escrever um livro.

Na nota divulgada pelo Grupo Silvio Santos, o último parágrafo elogia o executivo.

“Há 40 anos no Grupo Silvio Santos, o dr. Luiz Sebastião Sandoval teve um papel fundamental no crescimento dos negócios, tendo participado ativamente na construção de suas empresas. O Grupo Silvio Santos agradece todo o profissionalismo, dedicação e comprometimento com que exerceu sua função em todos esses anos.”

O comunicado também informa que o novo presidente, Guilherme Stoliar, é um profissional de larga experiência e profundo conhecimento dos negócios do grupo. “Stoliar terá como missão dar continuidade ao trabalho de desenvolvimento do grupo, que reúne 44 empresas.”

A nota informa ainda que Stoliar, “já no uso de suas atribuições”, nomeou José Roberto dos Santos Maciel, então diretor administrativo e financeiro do SBT, para o cargo de vice-presidente da emissora.

Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos, e Leon Abravanel, sobrinho do empresário, continuam nos cargos de diretores executivos.


Sandoval deixa o comando do Grupo SS - Marili Ribeiro - 19 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

PanAmericano e o atrevimento do Bacen

Em texto publicado no seu último número, a revista The Economist (Nothing to see here) afirma que Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil, vangloriou da descoberta que um banco sob sua supervisão tinha avaliado em excesso seus ativos.

Os problemas no PanAmericano, especialista em cartões de crédito e crédito consignado e financiamento de automóveis, se tornou público este mês. O banco parece ter vendido empréstimos empacotados para outros bancos, mantendo-os registrados no ativo. Seu diretores foram amplamente substituído. A polícia está investigando o que o banco chama de "inconsistências contábeis".


O texto cita Meirelles, que afirmou que o Banco Central encontrou o problema antes de todos, através de uma verificação de rotina. Uma questão posta pela revista é qual a razão da investigação do mercado de cessão de crédito. Uma possível resposta é a preocupação com a expansão de crédito no Brasil (gráfico)

Madoff

Duas ex-funcionárias que ajudaram o financista Bernard Madoff a preparar a maior fraude da história de Wall Street foram acusadas em Nova York, anunciou nesta quinta-feira a promotoria.

Anette Bongiorno, de 62 anos e funcionária de Madoff durante 40 anos, e Joan Crupi, de 49 e que trabalhou 25 anos para o fraudador, foram detidas na Flórida e em Nova Jersey, respectivamente, informou a promotoria do distrito sul de Nova York.
Madoff, de 72 anos, cumpre desde o ano passado uma pena de 150 anos de prisão pela fraude estimada em cerca de 65 bilhões de dólares, através do "esquema Ponzi".

Segundo a promotoria, Bongiorno e Crupi foram cúmplices, ajudando Madoff durante anos a construir esse sistema fraudulento e beneficiando-se do mesmo. Podem pegar, respectivamente, até 75 e 65 anos de prisão.

"Como todos sabem, Bernard Madoff realizou a maior fraude financeira da história, mas como demonstramos hoje mais uma vez, outros o ajudaram em seu crime épico", comentou Preet Bharara, procurador-chefe do distrito sul.

Segundo Bharara, "um castelo de cartas quase nunca é obra de apenas um arquiteto" e as duas funcionárias "ano após ano protegeram e perpetuaram a fraude de Madoff, enquanto elas mesmas embolsaram dinheiro".

Outros seis colaboradores de Madoff já haviam sido acusados por fraude: seu braço direito, dois executivos, dois especialistas em informática e um contador
.


Funcionárias que ajudaram Madoff em fraude são detidas - Por AFP