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19 novembro 2010

Madoff

Duas ex-funcionárias que ajudaram o financista Bernard Madoff a preparar a maior fraude da história de Wall Street foram acusadas em Nova York, anunciou nesta quinta-feira a promotoria.

Anette Bongiorno, de 62 anos e funcionária de Madoff durante 40 anos, e Joan Crupi, de 49 e que trabalhou 25 anos para o fraudador, foram detidas na Flórida e em Nova Jersey, respectivamente, informou a promotoria do distrito sul de Nova York.
Madoff, de 72 anos, cumpre desde o ano passado uma pena de 150 anos de prisão pela fraude estimada em cerca de 65 bilhões de dólares, através do "esquema Ponzi".

Segundo a promotoria, Bongiorno e Crupi foram cúmplices, ajudando Madoff durante anos a construir esse sistema fraudulento e beneficiando-se do mesmo. Podem pegar, respectivamente, até 75 e 65 anos de prisão.

"Como todos sabem, Bernard Madoff realizou a maior fraude financeira da história, mas como demonstramos hoje mais uma vez, outros o ajudaram em seu crime épico", comentou Preet Bharara, procurador-chefe do distrito sul.

Segundo Bharara, "um castelo de cartas quase nunca é obra de apenas um arquiteto" e as duas funcionárias "ano após ano protegeram e perpetuaram a fraude de Madoff, enquanto elas mesmas embolsaram dinheiro".

Outros seis colaboradores de Madoff já haviam sido acusados por fraude: seu braço direito, dois executivos, dois especialistas em informática e um contador
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Funcionárias que ajudaram Madoff em fraude são detidas - Por AFP

18 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

A seguir, uma seleção da coluna do José Simão, humorista da Folha de São Paulo, sobre o caso Panamericano:

E o apocalipse do século? O Silvio Santos? Para provar que dinheiro não traz felicidade, olha o slogan: "SBT, A TV MAIS FELIZ DO BRASIL!" Rarará!

E a filha do Silvio Santos que era casada com o filho do Edemar Ferreira? Se separaram, mas continuam com algo em comum: os pais conseguiram quebrar um banco.
18 Novembro


E o Seu Silvio? A PIPA DO VOVÔ NÃO SOBE MAIS! A pipa do vovô quebrou! E o SBT já mudou o Topa Tudo Por Dinheiro pra TROCA TUDO POR DINHEIRO!

Quero ver eles conseguirem trocar a Cristina Rocha. Quando aperta, afrouxa! Rarará!

E o comentando revela que o Ratinho vai fazer exame de DNA em todos os funcionários do PanAmericano. Pra descobrir quem foi que f@#%&odeu com o patrão! Rarará! E um amigo estava no aeroporto quando viu um "banner" perfeito pro Silvio Santos: massagem anticrise financeira. Rarará!

E por que a Hebe não bota as joias no prego da Caixa Econômica? Um brinco já salvava o SBT! Rarará! E a Dilma vai lançar um PAC pro Silvio Santos: Programa de Auditório Caloteiro! E quem vai fazer a auditoria? O auditório. Auditoria de auditório!

17 Novembro


E adivinha qual o tema do dia? SILVIO SANTOS! Rarará! Com a musiquinha do site Comentando: "Silvio Santos Vende Aí! Lalalalá! Siiilvio Santos veeeende aí!" Rarará! E ninguém precisa se preocupar: o Silvio, a Hebe, o Carlos Alberto de Nóbrega e o Moacyr Franco têm, juntos, 2,5 bilhões. De anos! Rarará!

E eu sei como o Silvio Santos pode resolver o rombo do banco: resgatando o FGTS da Hebe! Rarará! E agora, sim, é que o Silvio Santos vai cantar: "A pipa do vovô não sobe mais". Rarará!

E, no meio desse babado todo, um amigo meu recebeu um e-mail: "Auxílio Funeral Banco PanAmericano". Eles estão oferecendo ou pedindo? Rarará! E já reparou que todo banco que patrocina o Corinthians acaba quebrando? Excel, PanAmericano...

O Silvio vai acabar trabalhando no "Pânico", fazendo o papel dele mesmo! Ou, então, vai acabar na vila da dona Florinda, dividindo um quarto com o Quico. Rarará!

Aliás, diz que a rua 25 de Março inteira já está cantando: "Silvio Santos Vem Aí!". E um outro diz que empresta R$ 2,5 bilhões pro Silvio, se ele transferir a Patricia dos produtos Jequiti. E um outro quer comprar o SBT só pra jogar uma torta na cara do Ratinho! Rarará!

16 Novembro



E chegou 2012! APOCALIPSE NOW! O SILVIO SANTOS QUEBROU! E vai pedir ajuda pros universitários? O banco do seu Silvio tem rombo de 2,5 bilhões! Por que ele não botou a menina Maisa pra tomar conta desse banco?

E, em garantia, ele ofereceu o SBT e o Baú. E o Jaça, a menina Maisa e o Bozo. E, se ele não pagar, o Banco Central fica com o Celso Portiolli! Rarará. E um leitor me disse que, pra salvar o SBT, o Silvio Santos vai ter que lançar o TELETOMBO!

E diz que ele maquiou o balanço do banco com produtos Jequiti. Só podia dar nisso! É claro que ia quebrar. Uma hora o dinheiro acaba!

De tanto que ele grita "Quem quer dinheiro?". "EU! EU!", gritou o Silvio! Ele devia pagar tudo com aviãozinho de dinheiro. Pegava aquelas notas de R$ 50 e vuuuum! Direto do Banco Central!

E eu sou o maior fã do Silvio Santos, de verdade. Principalmente quando ele combina a cor do cinto com a cor do sapato!

E o Chaves? Tô preocupado com o Chaves! Aliás, o seu Silvio vai acabar vestindo o barril do Chaves. Só vai sobrar o barril do Chaves!

14 de Novembro


E 2012 é hoje! Apocalipse Now! O Silvio Santos quebrou! Vamos fazer uma vaquinha! Vou comprar uma telessena pra ajudar o Silvio Santos. Ou um novo Teleton: Teletombo! E o Eike quer comprar o SBT. "Eike gracinha", gritou a Hebe! Mas o Silvio falou pra colunista da Folha Mônica Bergamo que não sabe quem é o Eike! "Não conheço! Quem é esse Elque?" Deve ser a Elque Maravilha. Elke Maravilha compra o SBT!

O Eike vai contratar a Madonna pra trabalhar no SBT! E o site Sensacionalista revela que o Eike quer comprar A PERUCA DO SILVIO SANTOS! Por R$ 2,5 bi! Intermediada pelo Jassa! O Silvio deu como garantia o SBT e o Baú. O Jassa, a menina Maisa e o Bozo! E, se não pagar, o credor fica com o Celso Portiolli! E ele maquiava o balanço do banco com produtos Jequiti. Só podia dar nisso. Rarará! Eu amo o Silvio Santos. Eu acho que o Silvio Santos não existe, é ficção!

13 Novembro

Teste #383

Este é sobre informática. Quantos disquestes de 3 1/4 seriam necessários para instalar:

Adobe Photoshop CS4
Firefox 3
iTunes 8.02
Sims 3

Eis as possibilidades:

12
46
358
1760

Resposta do Anterior: PwC. Fonte: aqui

Otimismo e a fiscalização bancária

Desde 2004, quando houve a intervenção no Banco Santos, bancos pequenos e médios passaram a enfrentar dificuldades na captação de recursos. Tornaram-se, então, bastante comuns as cessões de carteiras de crédito desses bancos para instituições maiores, de acordo com as normas do Banco Central (BC). Tudo se processava em clima de normalidade, até vir a público o rombo de R$ 2,5 bilhões no Banco Panamericano. Graças à utilização de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), com garantia dos bens do controlador, foi possível manter o Panamericano em operação, sem prejuízo para os depositantes e aplicadores e sem repercussões danosas para o sistema financeiro e para a economia. Contudo, vieram à tona distorções que exigiram um esforço concentrado de fiscalização nessa área por parte do BC.

Não se pode negar que, pela regulamentação adotada no País, com exigências ainda mais rígidas que as previstas pelos Acordos de Basileia, a autoridade monetária evitou que os bancos do País se envolvessem em operações de alto risco, capazes de abalar o sistema financeiro no período mais agudo da crise de crédito internacional. Mas está hoje claro que, em face da não adoção das melhores práticas bancárias, das deficiências de controle interno e falhas não menos graves das auditorias interna e externa, podem surgir problemas como os que se verificaram no Panamericano.

Isso não significa que a autoridade monetária deva mudar totalmente a sua forma de atuar na supervisão do sistema. A regulamentação pode ser aperfeiçoada, mas como assinalou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em entrevista ao Estado, seria operacionalmente inviável substituir todos os controles internos e a auditoria externa. Isso “aumentaria de forma descontrolada o chamado risco moral, aquele do qual todos partem do pressuposto de que o governo está olhando todos os detalhes, substituindo todos os órgãos controladores e auditores. De maneira que os gestores, os auditores, os investidores passam a não fazer o seu trabalho, no pressuposto de que o governo fará por eles”.

É evidente que esse trabalho não foi feito no caso do Panamericano. De fato, em dezembro de 2009, a Caixa Econômica Federal, por meio da Caixapar, adquiriu por R$ 793,27 milhões uma participação de 51% no capital votante do Panamericano, depois de oito meses de negociações, com assessoria da KPMG. Apesar da “due diligence” requerida em casos como este, a venda de ativos, sem a correspondente baixa contábil, não foi acusada pelos órgãos de controle interno e passou despercebida pela empresa auditora.

Da mesma forma, a Deloitte, responsável por auditar os balanços, não identificou manobras contábeis que chegam a ser grosseiras, na opinião de técnicos. Observa-se que, para a transparência necessária, os balanços devem conter notas explicativas sobre cada operação de cessão de crédito, o que não foi observado no caso do Panamericano.

Desde que detectou o problema, o BC agiu com presteza. Há um mês uma equipe de técnicos da instituição vem trabalhando para verificar a lisura dessas operações entre bancos pequenos e médios e as grandes instituições financeiras. E, de agora em diante, passará a ser rotina o cruzamento de dados entre os bancos que vendem ativos com os daqueles que os compram, como declarou ao jornal Valor o diretor de Fiscalização do BC, Alvir Hoffman.

Ao constatar que os diferentes bancos adotam sistemas operacionais diferentes na compra e venda de carteiras de crédito, o BC enviou um questionário detalhado a 40 bancos mais atuantes nessa área. A partir daí poderá estabelecer padrões que facilitem uma supervisão mais efetiva, sem, contudo, congelar esse mercado, como disse o diretor de Fiscalização do BC.

As responsabilidades apuradas no caso do Panamericano passam à área do Ministério Público e da Justiça. O sistema bancário brasileiro é sólido, mas não pode ser totalmente blindado contra fraudes.


A fiscalização dos bancos - 18 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Panamericano e o Grupo SS

Entre 2006 e 2009, o Banco Panamericano evitou que o Grupo Silvio Santos tivesse prejuízo. Nesse período, o banco lucrou R$ 716,7 milhões, enquanto o grupo como um todo apresentou ganho de R$ 678 milhões. Ou seja, considerando o intervalo inteiro, sem a instituição financeira, o resultado teria sido negativo em quase R$ 40 milhões.

Esses cálculos foram feitos com base nos balanços colocados no site do Panamericano e no Relatório Anual referente ao exercício 2009, disponível no site do Grupo Silvio Santos.

É preciso ressaltar que a descoberta do rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano colocou em dúvida toda a contabilidade do banco. Como lembra um analista do setor bancário, os dados podem ter sido manipulados pela antiga administração do Panamericano para maquiar perdas.

Partindo do princípio de que refletiam minimamente a realidade do banco e do grupo, fica claro por que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que emprestou os R$ 2,5 bilhões ao empresário Silvio Santos, e outras instituições envolvidas no negócio acreditam que o Panamericano será o primeiro dos ativos do grupo a ser vendido. A outra candidata principal é a empresa de cosméticos Jequiti, considerada bem sucedida do ramo.

Segundo fontes ligadas ao processo, já existiriam interessados no Panamericano – chegou-se a falar que seriam cinco. No entanto, outra pessoa ligada às negociações pondera que Silvio Santos não deve correr para vender os ativos – apesar da pressão dos credores. Em primeiro lugar, porque é um negociador duro.

Em segundo, porque o acordo que fez com o FGC prevê uma carência de três anos para começar a pagar o empréstimo. Até lá, o crédito será corrigido apenas pela variação do IGP-M, o índice de inflação que corrige a maioria dos aluguéis no Brasil.

Hora ruim. Outra fonte observa que o Panamericano mostrará, nos próximos meses, que tem boa capacidade de gerar lucro. “Se (os controladores do banco) me perguntassem, eu diria a eles com muita segurança que agora não é o melhor momento para falar em vendas, pois o ativo tem muito a valorizar no curto/médio prazo”, afirmou.

Em novembro do ano passado, a Caixa Econômica Federal adquiriu 49% do capital votante do Panamericano por quase R$ 740 milhões. Segundo aquela avaliação, o banco valeria cerca de R$ 1,5 bilhão.

No mercado, muitos analistas e investidores têm levantado dúvidas sobre o futuro do Panamericano, uma vez que, nos últimos dias, o banco assistiu a uma sangria de recursos – principalmente em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).

O Estado apurou que o ritmo de saques, que alcançou R$ 500 milhões no primeiro dia pós-anúncio da operação de salvamento, caiu “drasticamente” ontem, nas palavras de uma pessoa a par da situação.


Sem Panamericano, Grupo SS teria prejuízo - Leandro Modé - 18 Nov 2010- O Estado de São Paulo - COLABOROU PATRÍCIA CANÇADO

A possível venda do Panamericano

Possíveis compradores temem pegar um mico; assusta os interessados a fuga de R$ 200 milhões por dia de CDBs

As negociações para a eventual venda do controle acionário do Banco Panamericano não devem ser concluídas rapidamente. Pessoa que acompanha interessados em adquirir a financeira de Silvio Santos avalia que as conversas caminham para um resultado em um horizonte de “várias semanas”, provavelmente apenas no próximo ano. “Pelo andamento das conversas, caminhamos para uma eventual venda apenas nos primeiros meses do próximo ano”, diz a fonte que acompanha as discussões.

Um dos motivos que impediriam a venda imediata foi a sequência de saques observados na última semana, quando a média diária de retiradas de Certificados de Depósito Bancário (CDB) do Banco Panamericano girou em torno de R$ 200 milhões. O movimento preocupou a direção do banco e assustou interessados na instituição.

Atualmente, há pelo menos cinco interessados em adquirir o controle da financeira que sofreu o rombo de R$ 2,5 bilhões, como o Estado informou no sábado. Em todos esses casos, as instituições procuraram o controlador do banco, o Grupo Silvio Santos. Por enquanto, as conversas são preliminares e, para os acionistas, ainda estão na esfera “informal”. Apesar desse tom aparentemente descompromissado, há avanços. Entre os interessados, o mineiro Banco BMG é o que mais evoluiu para tentar ficar com a financeira e com a sociedade com a Caixa, como antecipou ontem a coluna de Sonia Racy.

“A explicação para o horizonte mais distante é a necessidade dos interessados em olhar muito detalhadamente a estrutura e a saúde financeira do Panamericano. Obviamente, o temor é que o rombo gerado pela antiga administração seja maior que os R$ 2,5 bilhões cobertos pelo atual controlador.

Fuga. Como o anúncio do rombo foi feito na noite de terça-feira da semana passada, foram quatro dias úteis até ontem de saques de cerca de R$ 200 milhões ou quase R$ 800 milhões no acumulado do período. Ou seja, saíram do caixa impressionantes 32% de todo o aporte de R$ 2,5 bilhões feito por Silvio Santos. Diante desse quadro preocupante, o feriado de 15 de novembro acabou sendo comemorado pela direção do Panamericano, já que foi um dia a menos de saques.

Por enquanto, executivos do Panamericano tentam a todo custo equilibrar o ingresso e saída de recursos da financeira. Em uma segunda etapa, a intenção é retomar a captação de recursos. A saída maciça de recursos vista nos últimos dias assustou os interessados em levar o controle do banco. Estancar a sangria é o objetivo urgente da nova diretoria do Panamericano.


Banco Panamericano não deve ser vendido no curto prazo - Fernando Nakagawa - 18 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Banco Central e o Panamericano II

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, exibiu uma estranha interpretação do papel da instituição: ele acha que se o Banco Central fizesse um trabalho de supervisão mais amplo provocaria “risco moral”, ou seja, as instituições de mercado relaxariam. O Fundo Garantidor de Crédito emprestou sem juros e tem pressa em vender o PanAmericano, que está quase estatizado.

Em entrevista, ontem, ao “Estado de S.Paulo”, Meirelles falou pela primeira vez sobre o rombo do banco do grupo Silvio Santos. Defendeu a tese de que seria “operacionalmente inviável substituir os controles internos e a auditoria externa.” Mas ninguém pede que o BC seja a Delloite ou a KPMG. Quer que ele seja o Banco Central. E as auditorias externas que sejam cobradas pelo seu mau trabalho de análise das contas.

Meirelles entende que, se o BC for minucioso em sua análise, “os gestores, auditores, e investidores passam a não fazer seu trabalho, baseado no preceito de que o governo fará por eles.” Essa defesa de que a fiscalização do BC seja perfunctória para que os outros se esforcem é de difícil compreensão. Melhor é fazer a mais eficiente fiscalização possível e exigir do mercado os mais rigorosos controles através da regulação imposta às instituições privadas. O trabalho da fiscalização bancária tem que aprender a cada evento, aperfeiçoar-se a cada erro, duvidar de si mesmo, sempre.

Segundo Meirelles, o “único prejudicado foi o acionista controlador, que assumiu o prejuízo de acordo com a lei.” Há pelo menos mais um: os contribuintes, que são, através do Tesouro, donos da Caixa Econômica, que agora tem 49% do capital votante de um banco que perdeu 45% de seu valor em pouco mais de um mês e está perdendo investidores. A Caixa, na prática, assumiu a instituição. Tem cinco diretorias e a presidente da CEF será a presidente do Conselho de Administração. Se novos rombos forem encontrados, como é comum em episódios assim, de quem será o prejuízo? A questão permanece em aberto até porque o banco já perdeu R$200 milhões de resgate de CDBs e fundos desde que a crise aconteceu e sofre crise de imagem. Segundo disse o diretor Celso Antunes da Costa, ao “Valor Econômico”, “o PanAmericano ainda tem em carteira 90% dos investidores institucionais do país.” Isso quer dizer que lá estão os grandes fundos de pensão.

Desde o início do episódio, a autoridade monetária tenta se desvencilhar do problema. Quem comunicou o fato foi o próprio Banco PanAmericano à Comissão de Valores Mobiliários, como se fosse apenas uma questão do mercado acionário. O BC demorou 24 horas para falar e insistiu que o assunto estava resolvido sem recursos públicos.

É mais complicado. O BC estava dentro do banco havia várias semanas dimensionando o tamanho do sinistro; nenhum assunto que envolve solvência de instituição financeira pode ser estranho ao Banco Central; uma instituição estatal recebeu o sinal verde para comprar o ativo, por isso mais diligente ainda tinha que ser o BC; a entrada da Caixa torna parte do custo inegavelmente público.

Foi o Proer que estabeleceu que o maior responsável em casos de desequilíbrio patrimonial ou liquidação de bancos passasse a ser o acionista controlador. Antes, o dono do banco escapava do sinistro com seus bens preservados. O que o programa protegeu foi o dinheiro dos depositantes. Apesar disso, o programa de recuperação financeira foi execrado pelo partido que hoje está no poder, como sendo benesse aos banqueiros. O PT entrou na Justiça contra seus formuladores e executores. Algumas ex-autoridades ainda respondem a processos. Imagina o escândalo que o PT faria se um daqueles bancos — o Econômico, Nacional ou Bamerindus, entre outros — tivesse tido parte de suas ações compradas pela Caixa Econômica, no meio do processo de descoberta das tais “inconsistências contábeis”.

Meirelles disse aos jornalistas que a atual regulação das auditorias externas “não se revelou inadequada.” Óbvio que se revelou. Do contrário, não aconteceria o que aconteceu. É preciso a cada caso como este rever a regulação evitando os furos pelos quais as auditorias deixaram escapar o que deveriam ter visto. O BC deve agora apertar a fiscalização e fazer teste de estresse em outras instituições.

O Fundo Garantidor de Crédito, felizmente criado em 1995 pelo Conselho Monetário Nacional, também na esteira do Proer, funcionou, emprestou recursos para manter o banco aberto. Ele é formado por uma fração de cada depósito de cada cliente de banco. Os bancos recolhem e administram o fundo, mas o custo é repassado aos correntistas. Somos nós, os clientes, que capitalizamos o fundo que agora socorreu o PanAmericano. E o empréstimo foi dado nas seguintes condições: três anos de carência, dez anos para pagar, sem juros, com apenas a correção pelo IGP-M. Na verdade, o que os gestores do FGC querem é vender o banco e liquidar as garantias o mais rapidamente possível para reaver o dinheiro.

O episódio mostra que o Proer continua sendo útil por ter criado instrumentos que ainda são usadas como o FGC e a ideia da responsabilidade do controlador. Mostra também que a fiscalização bancária tem que ser aperfeiçoada sempre; aqui, como em qualquer país do mundo.


Papel do BC - 18 Nov 2010 - O Globo