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11 novembro 2010

Contágio

Investidores castigaram as ações de pequenos e médios bancos brasileiros nesta quarta-feira, seguindo ao anúncio de um aporte de 2,5 bilhões no Panamericano após a descoberta de problemas na contabilidade da instituição financeira.

O Banco Central identificou que o Panamericano mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras. Com isso, o resultado do banco era inflado. O BC informou que está investigando o caso, visando a apuração de responsabilidades.

"Os efeitos de se apresentar resultados que não são reais são conhecidos, como pagamento de bônus (aos executivos)", afirmou a jornalistas o diretor de fiscalização do BC, Alvir Hoffmann. Ele disse não ter indícios de que outros bancos estivessem adotando práticas similares.

Na noite de terça-feira, o Panamericano anunciou a injeção de capital no banco por seu controlador, o Grupo Silvio Santos, que está tomando recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os bens do empresário, que é dono da emissora de televisão SBT, foram colocados como garantia do dinheiro tomado do FGC.

Conforme o documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo Panamericano, as "inconsistências contábeis" impendem que o balanço reflita a real situação patrimonial da instituição.

Toda a diretoria do banco foi alterada e uma assembleia de acionistas convocada para eleição de um novo Conselho de Administração.

O BC procurou descartar a possibilidade de risco sistêmico nos bancos brasileiros, mas as ações de instituições financeiras de pequeno e médio porte sofreram à reboque das notícias do Panamericano nesta quarta-feira.

As ações preferenciais do Panamericano desabaram 29,5 por cento, para 4,77 reais. Na véspera, os papéis já tinham perdido quase 7 por cento, antes mesmo da divulgação do fato relevante pelo banco.

Entre outros bancos de menor porte na Bovespa que também perderam valor na sessão estão Sofisa (queda de 4,81 por cento), Pine (desvalorização de 2,60 por cento) e BicBanco (recuo de 5,36 por cento).

Em nota à imprensa nesta tarde, o Panamericano disse que seu caixa foi fortalecido com o aporte pelo controlador, e que sua liquidez agora foi elevada para 3,8 bilhões de reais. O ingresso de recursos não implica na diluição da posição acionária dos demais acionistas nem do patrimônio do banco, segundo o Panamericano.

CAIXA

Além do Grupo Silvio Santos, o Panamericano tem a Caixa Econômica Federal como acionista relevante. Em dezembro do ano passado, a Caixa, controlada pelo governo federal, comprou 49 por cento do capital votante e 20,69 por cento das ações preferenciais do Panamericano por 739,2 milhões de reais.

A Caixa descarta colocar mais dinheiro no Panamericano e também assumir o controle do banco, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto, sob condição de anonimato.

No mercado, investidores se perguntavam como um rombo de 2,5 bilhões de reais ficou despercebido e como a Caixa não detectou qualquer problema no Panamericano na ocasião de sua entrada no capital da instituição.

A Caixa foi assessorada pelo Banco Fator e pela empresa de auditoria KPMG. A operação depois passou pelo crivo da BDO. O Panamericano tem a Deloitte como auditora externa.

A agência de classificação Moody's colocou em revisão os ratings do Panamericano para rebaixamento, citando a indicação de "fraqueza dos controles e do gerenciamento de risco do banco". A Moody's dá nota "D" para força financeira do Panamericano e "Ba2" na escala global para dívida em moeda estrangeira e local.

O Panamericano divulgou em meados de agosto que encerrou o segundo trimestre com carteira de financiamentos, incluindo as cessões de crédito, em quase 11 bilhões de reais, alta de 20,9 por cento em 12 meses.

Os ativos totais, segundo reportado pelo banco à época, estavam em 12,6 bilhões de reais em junho, alta de 6,5 por cento sobre março. Mas o patrimônio líquido da controladora situava-se em 1,6 bilhão de reais, queda de 1,7 na comparação com o primeiro trimestre deste ano.

O índice de Basileia estava em 14,3 por cento na metade de 2010, abaixo dos 14,8 por cento registrados em março e inferior aos 20 por cento de um ano antes.

Hoffmann, do BC, afirmou que o caso do Panamericano pode gerar estudos de formas de se aperfeiçoar o acompanhamento das instituições financeiras.


BC descarta contágio por Panamericano; ações desabam - 10 Nov 2010 - Reuters Focus
Por Isabel Versiani e Aluísio Alves

Panamericano e políticas de crédito

A surpreendente decisão do Banco Panamericano de recorrer a um bilionário aporte privado pode ser um sinal antecipado de que as políticas de estímulo para acelerar crescimento do crédito no país surtirão efeitos inesperados.

O banco informou na noite de terça-feira que receberia um empréstimo emergencial para corrigir "inconsistências contábeis" --gerando temores entre investidores sobre a saúde financeira de bancos concorrentes que também viram seus ativos e concessões de crédito incharem nos últimos anos.

O que está em jogo é a credibilidade do modelo baseado no amplo acesso a crédito "livre de riscos", segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros no governo.

Investidores podem "ficar preocupados" ... especialmente em relação a instituições financeiras de médio-porte até que haja maior clareza sobre se isso está limitado ao Panamericano, ou se outros bancos também estão sujeitos a investigação pelo BC", disse o analista do setor bancário da Barclays Capital, Roberto Attuch.

As ações de instituições financeiras de médio porte no país despencaram nesta quarta-feira com o temor de investidores com as práticas de contabilidade e administração corporativa no setor após o aporte do Banco Panamericano. Mas autoridades governamentais negam que os problemas do Panamericano sinalizem um risco sistêmico do setor.

O Grupo Silvio Santos, controlador do Panamericano, fez um empréstimo de 2,5 bilhões de reais junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Os ativos e a carteira de crédito do Panamericano triplicaram desde 2006 --gerando desgaste nas taxas de solvência e lucratividade do banco.

Para Ann Milne, analista do Bank of AmericaMerrill Lynch, instituições financeiras como o Banco Panamericano podem ver um salto no custo de financiamentos. Esses bancos já levantaram um recorde de 3,5 bilhões de dólares em emissões de bônus globais --que são sua principal fonte de financiamento-- em 2010.

"Bancos menores dependem de financiamentos e, portanto, da confiança de investidores institucionais", disse o analista da JPMorgan Chase, Frederic de Mariz, em nota nesta quarta-feira.

Já o analista da BTG Pactual, Eduardo Nishio, afirma que os bancos podem enfrentar um "efeito de fuga (para ativos de maior) qualidade" --com os depósitos indo para concorrentes maiores como o Banco do Brasil .

"Mesmo se for apenas um caso isolado, a situação levanta perguntas sobre como sustentá-los", disse Milne.

INOVAÇÃO DO PRODUTO

O empréstimo com desconto na folha de pagamento, lançado pelo governo Lula em 2003, de fato mudou o relacionamento conflituoso entre consumidores e bancos, transformando-a em uma inovação financeira lucrativa.

Desde o lançamento desse produto de crédito, ambos os lados se beneficiaram: o consumidor viu as taxas de juros caírem pela metade e os bancos hoje enfrentam menos riscos.

O crescimento do crédito no Brasil foi explosivo desde então, chegando a 46 por cento do PIB em setembro ante 20 por cento em janeiro de 2003, quando Lula tomou posse.

Com o surgimento da crise do crédito que paralisou os mercados globais no final de 2008, o governo passou a agir de forma mais agressiva para evitar a estagnação do crédito no Brasil. Lula instruiu bancos públicos a comprar os portfólios de crédito de concorrentes menores e até adquirir bancos especializados em concessão de crédito para consumidores das classes média e baixa e instituições de médio-porte.

Alguns segmentos do setor de crédito ao consumidor cresceram mais de um terço desde o começo do ano passado, enquanto os empréstimos imobiliários dobraram no período.

A Caixa Econômica Federal comprou 49 por cento do capital votante do Panamericano em dezembro como parte dessas medidas. À época, ambos os bancos afirmaram que a entrada da Caixa ajudaria o Panamericano a impulsionar seu poder de empréstimo sem risco de prejudicar suas taxas de solvência e liquidez.

"A situação parecia sólida e continua parecendo sólida mas este novo fato provavelmente forçará (investidores) a ver as notícias boas com desconfiança", disse um administrador de Nova York que investiu em bônus de instituições financeiras brasileiras.

O analista da JPMorgan, Mariz, concorda. A visibilidade limitada e a escassez de informações sobre as circunstâncias que levaram ao resgate do Panamericano dificultam avaliar se outras instituições do setor também enfrentam "inconsistências contábeis" semelhantes, observou.


ANÁLISE-Aporte do Panamericano destaca boom de crédito no Brasil - Reuters Focus - Por Guillermo Parra-Bernal (Reportagem adicional de Elzio Barreto, Luciana Lopez e Silvio Cascione em São Paulo)

Banco Central e Panamericano

O Banco Central (BC) refutou ontem as críticas de que teria demorado para encontrar o rombo de R$ 2,5 bilhões na contabilidade do Banco Panamericano e jogou a responsabilidade nas empresas de auditoria. O BC argumenta que sua função legal é analisar balanços, não conferir se foram adulterados. A auditoria interna do Panamericano era a Delloite.

Na terça-feira à noite, o Grupo Silvio Santos, controlador do Panamericano, anunciou um aporte de R$ 2,5 bilhões na instituição para cobrir um buraco equivalente. A diferença de valores, conforme antecipou o portal estadão.com.br, foi provocada por fraudes contábeis. O dinheiro para o aporte foi obtido em um empréstimo concedido pelo Fundo Garantidor de Crédito.

Criado em 1995, o FGC é uma entidade privada mantida pelos bancos que funciona como espécie de seguro para os depositantes em caso de quebra de uma instituição. A operação com o Panamericano é a primeira desse gênero feita pelo Fundo.

O analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, é um dos especialistas que criticam o BC. “O BC recebe mensalmente balancetes de bancos. Portanto, acompanha mais de perto a situação das instituições do que as auditorias, que acompanham os dados apenas trimestralmente”, disse.

O BC também explicou os problemas que encontrou no banco e representantes do FGC justificaram a operação - também criticada por alguns analistas, que não entenderam por que o BC simplesmente não interveio no Panamericano, como já fez em outros bancos no passado.

Segundo o BC, o Panamericano vendia carteiras de crédito para outros bancos (sobretudo os grandes de varejo, como Itaú, Bradesco, Santander e HSBC), mas não dava baixa no balanço. Com isso, continuava contabilizando como seus os pagamentos feitos pelos devedores, segundo explicou o diretor de Fiscalização do BC, Alvir Hoffmann.

Uma das hipóteses levantadas no BC é que a diretoria do Panamericano fazia a operação irregular para aumentar o lucro do banco, o que elevava os bônus dos executivos. O problema foi detectado há cerca de seis semanas por técnicos do BC.

Perdas. O presidente do Conselho do FGC, Gabriel Jorge Ferreira, explicou as condições do crédito ao Grupo Silvio Santos. Segundo ele, o empresário Silvio Santos deu como garantia do empréstimo as 44 empresas que fazem parte de sua holding, em valor estimado de R$ 2,7 bilhões.

O pagamento será feito em 10 anos, com carência de três (nesse período, o grupo não terá de pagar nem juros nem amortização). O próprio Ferreira, porém, indicou que a ideia é que o grupo venda alguns de seus ativos para honrar o empréstimo.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), os investidores reagiram em pânico ao anúncio do Panamericano. As ações preferenciais da instituição caíram quase 30%. O novo diretor-superintendente do Panamericano, Celso Antunes da Costa, procurou demonstrar tranquilidade ao comentar o primeiro dia de trabalho. “Esse banco tem uma força de vendas enorme”, disse.


BC atribui responsabilidade por rombo no Panamericano a falhas de auditorias
Fernando Nakagawa, Leandro Modé - 11 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Escultura

Escultura num parque. Fonte: Aqui




10 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


Via Bluebus

Dia da Contabilidade

Hoje é considerado o dia da Contabilidade. Nesta data foi publicado o segundo volume do Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, de Luca Pacioli.

Aqui, um fórum de discussão sobre este dia.

Teste #380

Esta "norma" diz respeito a qualidade de gestão dos sistemas de auditoria e foi desenvolvida pela International Organization for Standardization. Trata-se

Basileia 2
COSO 4
ISO 19011

Resposta: Explorer. Fonte: The car-loan interest rate lottery