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04 novembro 2010

Preço da auditoria

O texto a seguir mostra um exemplo de Winner´s curse. Este é um conceito estudado em finanças comportamentais que poderia ser traduzido como a "maldição do vencedor". Para se ter uma idéia da relevância do conceito, o grande economista Richard Thaler escreveu um livro sobre este assunto (muito bom, por sinal). Na maldição do vencedor, as disputas em leilão revelam que o ganhador na realidade foi o "perdedor". No caso a seguir, o vencedor irá receber muito menos do que o adequado. Eis o texto:

A KPMG e a Ernst & Young Terco levaram às últimas consequências a disputa pelo contrato de auditoria do Banco do Brasil, que foi objeto de pregão eletrônico na sexta-feira. No fim, a KPMG apresentou o menor preço da licitação. Aceitou valor de R$ 95 mil para auditar os R$ 755 bilhões em ativos do BB no exercício de 2011.

Para efeito de comparação, o Itaú Unibanco e o Bradesco, que são auditados pela PricewaterhouseCoopers (PwC), pagaram R$ 38,5 milhões e R$ 31 milhões, respectivamente, pela auditoria dos demonstrativos financeiros de 2009. Sem ser companhia aberta durante parte do ano, o Santander pagou R$ 6,2 milhões à Deloitte.

A própria KPMG, que detém a conta do Banco do Brasil atualmente, recebeu R$ 6,5 milhões para checar o balanço do maior banco brasileiro no ano passado.

Pelos dados de custo de auditoria, nota-se que empresas estatais costumam pagar menos que as concorrentes privadas pelo serviço de auditoria. Mas a discrepância não é tão grande como no resultado dessa disputa.

No leilão da tarde de sexta-feira, três auditorias independentes apresentaram propostas. Nos lances iniciais, a KPMG ofereceu R$ 19,6 milhões, a PwC, R$ 12,5 milhões e a Ernst & Young, mais agressiva que as rivais naquele momento, R$ 6,0 milhões.

A Ernst & Young é a única entre as chamadas quatro grandes do setor que não audita nenhum grande banco que seja companhia aberta no momento e, pelo lance inicial, se mostrava disposta a conseguir a conta do banco federal.

A partir do lance inicial, a KPMG reduziu sua proposta para um valor próximo do apresentado pela E&Y e, em seguida, começou uma acirrada disputa entre as duas que durou cerca de 45 minutos. A PwC não apresentou novos lances.

O último lance foi dado pela KPMG, no valor de R$ 95 mil, em contraposição ao preço de R$ 96 mil apresentado pela E&Y.

O preço final ficou 99,5% abaixo da proposta inicial da KPMG. No caso da Ernst & Young, a redução de valor entre o primeiro e o último lance foi de 98,4%.

As duas firmas foram procuradas pelo Valor, mas não se pronunciaram até o fechamento desta edição, às 16h do domingo.

O Banco do Brasil disse que não poderia comentar o caso porque o processo de licitação ainda não terminou, uma vez que a documentação a ser apresentada pela KPMG ainda terá que ser avaliada. Um dos pontos previstos no edital é a prova da "exequibilidade" do serviço.

Segundo uma fonte do setor ouvida pelo Valor, os R$ 95 mil não cobrem nem as despesas operacionais, que incluem, por exemplo, o deslocamento dos profissionais para que se faça a auditoria da instituição.

Ao se observar os gastos com auditoria das 200 maiores companhias abertas brasileiras por ativos, o mais comum é que apenas holdings não operacionais cobrem menos de R$ 100 mil pela auditoria dos balanços. Esses são os casos de Suzano Holding (R$ 60 mil) e LF Tel (R$ 39 mil), por exemplo. Entram nessa faixa de preço também estatais como Banpará (R$ 82 mil) e Casan (R$ 79 mil), cujos ativos totais são inferiores a R$ 2 bilhões.

O preço pago pelos serviços de auditoria das companhias abertas se tornou público no Brasil neste ano, após a criação do Formulário de Referência pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


Disputa derruba preço de auditoria do BB - Por Fernando Torres (Colaborou Nelson Niero) - De São Paulo - 01/11/2010 - Fonte: Valor Econômico (via blogabilidade)

Basileia 3

A última versão integral do Acordo de Basileia data de 2006 (Basileia 2). Hoje há um conjunto de documentos denominado de Basileia 3, disponível no sítio do Banco para Compensações Internacionais (BIS). O processo de revisão das regras prudenciais começou, a rigor, em julho de 2008, quando, como resultado dos desdobramentos da crise americana do subprime, o Comitê da Basileia lançou alguns documentos para discussão. Como é a regra, esses documentos se transformaram em propostas para consulta pública e, por fim, em um pacote de medidas em julho de 2009.

Os primeiros documentos do pós-crise pareciam ser, em grande medida, apenas uma ampliação do que hoje existe. As mudanças propostas se concentravam em criar novas regras para a carteira de negociação, incluindo produtos "complexos e ilíquidos de crédito". Para risco de mercado, entre outras mudanças, passou-se a exigir uma parcela a mais de capital para fazer face ao "default" e migração de risco ("incremental risk capital charge") e um colchão de capital para perdas na crise (VaR estressado). Houve também alteração no tratamento do risco de concentração, além da inclusão de uma discussão sobre o risco de reputação (até então excluído de Basileia).

Em suma, houve um aumento de capital significativo, aprimoramento no tratamento de instrumentos mais complexos, mas não uma revisão mais substancial do arcabouço. No discurso, foi reforçada a importância do pilar 3 de Basileia - transparência e "disclosure".

Já em 2009, se percebe uma (ainda que não alardeada) mudança no discurso. Em primeiro lugar, anuncia-se que as reformas pretendem não apenas fortalecer aspectos de "regulação microprudencial", como introduzir uma "visão macroprudencial", que inclui a construção de "colchões de capital contracíclicos, como mecanismos para evitar o risco sistêmico" (BIS, press release, 2009). Em segundo, propõe-se um padrão global mínimo de capital para risco de liquidez suficiente para cobrir: a) uma avaliação em situações de estresse; e b) a fixação de uma taxa estrutural de liquidez para longo prazo.

Aparentemente, há uma sinalização de que a regulação financeira deve, no futuro, agregar alguns de seus princípios históricos (pré-1980): a preocupação direta com as consequências macroeconômicas da atuação bancária e o foco no risco de liquidez. Em Basileia 1 e 2, ao contrário, a ênfase era na saúde do banco per se (microeconômica) - como uma espécie de medicina preventiva. Ademais, o pressuposto era de que o risco de liquidez seria combatido indiretamente, por meio do controle dos demais riscos.
Há também inovações em pauta: limitações para pagamento de dividendos, bônus etc. a executivos e estabelecimento de provisões para perdas esperadas de forma prospectiva ("forward looking"). Nesses dois casos, não se trata de recuperar lições do passado, mas sim de elementos novos, que incorporam lições da crise contemporânea.

Mais recentemente, em julho, veio ao público uma definição mais precisa da taxa de alavancagem ("leverage ratio"), aplicável a todos os ativos, sem ponderá-los pelo risco (diferente, portanto, do Índice de Basileia); do índice de cobertura de liquidez ("liquidity coverage ratio"); e da taxa de financiamento líquido estável ("net stable funding ratio"), de caráter mais estrutural. Essas novas medidas são elementos complementares ao Índice de Basileia.

Finalmente, em 12 de setembro, foram anunciadas as novas exigências de capital, com incrementos graduais no tempo, que deverão ser calibrados pelas autoridades monetárias nacionais. A nova ênfase pode ser percebida pela observação de que "a implementação das novas regras deve ter o cuidado de não impedir a recuperação da economia real".

De forma sintética, as novas regras ampliam a importância do capital de "elevada qualidade", que, no Brasil, equivale ao capital social dos bancos. Além disso, aumenta-se a participação do capital de nível 1, reduzindo o capital de nível 2, mas mantendo em 8% o somatório dos dois (índice de Basileia). Por fim, há a inclusão de dois colchões: o colchão de segurança ("conservation buffer"), estipulado em 2,5%, e o colchão contracíclico, que pode variar entre zero e 2,5%. Ambos podem ser reduzidos, em momentos de baixa do ciclo econômico.

Não há nada definido para o Brasil, mas algumas especulações são possíveis. É razoável que o Brasil mantenha em 11% o índice, tal qual o Comitê manteve os 8%. Qual seria a justificativa para aumentar tendo o Brasil se saído relativamente bem na crise? É também bem provável que se aumente a participação do capital de Nivel 1, reduzindo a de Nível 2, na composição do que se considera capital regulatório. Quanto aos colchões, parece haver grande flexibilidade no uso do colchão contracíclico, mas não no de segurança. Se assim for, o Brasil poderia caminhar dos atuais 11% para 13,5% de exigência regulamentar, podendo esta chegar, no limite, em 16% (13,5% + 2,5%), em momentos de grande expansão de crédito.

A novidade mais relevante em Basileia 3, não está tanto no aumento de capital nem na importância de sua qualidade, mas sim no retorno a ênfase da estabilidade macro; e na necessidade de controlar o risco de liquidez. Entretanto, o enrijecimento das regras para os bancos, sem contrapartida no restante do sistema financeiro, não elimina o que parece estar na raiz da crise recente: o risco de arbitragem regulatória. O que impedirá que Basileia 3 não induza (como Basileia 2 o fez) o crescimento de um sistema financeiro-sombra?


Valor Econômico - O velho e o novo em Basileia 3 - Lavinia Barros de Castro - 03/11/2010 (via Vladimir Almeida

Títulos

Pessoa Superior
Sol do Futuro Comunista
Amado e respeitado General
Comandante Invencível e de vontade férrea
Líder mundial do século 21
General Glorioso, que desceu do céu


Quem? Kim Jong-il

03 novembro 2010

Congresso

O Departamento de Ciencias Contábeis e Atuariais da Univesidade de Brasilia-UnB em parceria com o Conselho Federal de Contabilidade, Banco do Brasil e Caixa Economica FEderal tem a satisfação de convidar alunos, professores e demais estudiosos da área a participarem do II CONECT - Congresso de Contabilidade e Tributos de Instituições Financeiras, a realizar-se noo Centro de Convenções ULISSES GUIMARÃES no período de 25 a 26 de novembro de 2010.

A temática principal é a convergência das normas contánbeis brasileiras às internacionais do IASB e seus aspectos tributários, no âmbito de instituições financeiras e contará com a presença do único representante brasileiro e da America Latina ( e o segundo do Hemisfério Sul) naquele Conselho, o senhor AMARO LUIZ DE OLIVEIRA GOMES. O ilustre palestrante é graduado em ciências contábeis pela Universidade de Brasília e mestre em contabilidade por LANCASTER UNIVERSITY, Inglaterra.

Os professores da casa, Paulo Roberto Barbosa Lustosa e Jorge Katsumi Niyama participam do evento com as palestgras " A JUSTIÇA DO VALOR JUSTO " e " A CONVERGENCIA INTERNACIONAL E OS IMPACTOS PARA A ACADEMIA E PROFISSÃO CONTÁBIL".

No evento contaremos com a presença de representantes do Banco Central do Brasil, do Conselho FEderal de Contabilidade, de empresas de auditoria independente entre outros.

Trata-se de evento de extensão que proporcionará ao participante o respectivo certificado de aproveitamento sujeito ao cumprimento mínimo de 75% de presença e é inteiramente gratuito..

Para se inscrever, cadastre-se inicialmente no site do Congresso e utilize o site do Conselho Federal de Contabilidade, conforme abaixo e garanta já sua vaga. As iinscrições se encerram no dia 19.11.2010.

Rir é o melhor remédio






Fonte: New Yorker (aqui, aqui e aqui)

GM Privatizada

O governo americano vai reduzir sua participação na General Motors Co. para menos do simbolicamente importante patamar de 50% quando a montadora reabrir seu capital este mês, segundo dados divulgados pela companhia, mas vai ser difícil para os Estados Unidos saírem do investimento no azul.

A abertura de capital deve reduzir a fatia do governo para 35%. A GM prevê que seu valor de mercado ficará, a princípio, entre US$ 50 bilhões — mais ou menos igual ao da Ford Motor Co., que tem sido solidamente lucrativa — e US$ 60 bilhões, previram pessoas a par do assunto.

Os detalhes do plano ainda não haviam sido divulgado pela montadora até o fechamento desta edição. Também segundo pessoas a par do assunto, a GM tem cerca de US$ 50 bilhões em créditos fiscais derivados de prejuízos passados e que podem ser usados pela montadora para evitar pagar imposto de renda nos EUA, possivelmente por vários anos.

Esse tipo de crédito é muito usado por empresas.

Antes de a GM passar por uma recuperação judicial, ela acumulou os créditos porque estava contabilizando prejuízos enormes. Em geral, os créditos não sobrevivem a concordatas, mas as empresas que receberam dinheiro do governo americano na crise recente podem lançar mão deles.

Isso pode ser mais um atrativo para os investidores. E, para o governo americano, é bom que eles estejam bem animados quando a GM voltar a ser negociada em bolsa.

Para o governo sair do investimento sem perdas, a ação tem de subir mais de 60% em relação a seu nível inicial, para cerca de US$ 50 cada. O plano para a oferta pública inicial antevê que as ações sejam cotadas entre US$ 26 e US$ 29 cada, disseram pessoas familiarizadas com o plano.

Sob o plano, o Tesouro americano venderia US$ 7 bilhões das ações em seu poder, reduzindo sua fatia de 61% para 35% — uma redução maior do que vários observadores esperavam. O fundo do sindicato de metalúrgicos UAW, que paga pela assistência médica a aposentados, venderia US$ 2 bilhões de suas ações, enquanto Canadá e Ontário despejariam cerca de US$ 1 bilhão de suas ações.

O plano inclui um desmembramento que iria triplicar, para 1,5 bilhão, o número de ações ordinárias da GM disponíveis. "Warrants", ou derivativos que dão o direito de comprar ações a um preço e prazo específicos, elevam o total para 1,8 bilhão.

Detalhes da oferta estavam para ser entregues à SEC, a comissão de valores mobiliários americana, ontem no fim da tarde. Hoje, a GM deve lançar um "road show" para promover a operação a possíveis investidores.

Executivos da GM vão se dividir em dois grupos para vender a emissão. Um grupo vai passar dois dias em Nova York esta semana, enquanto o outro vai para Toronto, segundo pessoas a par do plano. No road show, a GM provavelmente terá de responder a questões difíceis sobre a inexperiência de sua diretoria, liderada por Dan Akerson, buracos em seus planos de produtos e o papel que o governo americano terá em suas operações — questões vistas como os principais riscos para o sucesso da GM no longo prazo.

O governo Barack Obama pretende recuperar os US$ 49,5 bilhões em verbas públicas que despejou na montadora. Críticos se referem à montadora como "Government Motors", e a participação estatal tem prejudicado a companhia aos olhos de compradores de carros.

Na semana passada, a GM retornou US$ 2,1 bilhões ao governo dos EUA, levando a US$ 9,5 bilhões o total que já devolveu, segundo o Tesouro.

O Tesouro está sob pressão para satisfazer as expectativas de que começaria a vender sua participação em 2010, embora as condições do mercado e da indústria automobilística sejam menos do que ideais para uma grande abertura de capital.


GM prepara volta à bolsa com redução da fatia do governo - 2 Nov 2010 - The Wall Street Journal Americas - Sharon Terlep e Randall Smith

02 novembro 2010

Rir é o melhor remédio


Jogo de palavras entre contabilidade (accounting) e dever de prestação de contas ("accountability"). Da New Yorker