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02 novembro 2010

Contabilidade e as eleições

Como o resultado das eleições irá alterar a contabilidade brasileira nos próximos anos?

Este blog não faz comentários políticos. O objetivo da postagem é relacionar a eleição de 31 de outubro com a contabilidade. Talvez a melhor resposta para isto seja verificar o que ocorreu nos últimos anos em termos da nossa contabilidade. Dois fatos se destacam: o processo de convergência das normas internacionais e a pretensão de adotar o regime de competência no setor público. Dois aspectos contribuíram para este fato.

Em ambos os casos, existiu a necessidade de apoio por parte do atual presidente da república. Em geral não se espera que um presidente conheça contabilidade, mas alguns de seus assessores talvez sim. Nos últimos anos, pela primeira vez tivemos um contador próximo ao presidente da república, que pode influenciar na decisão destas duas políticas. Trata-se do ex-ministro, atualmente secretário do Ministério da Fazenda, e doutor em contabilidade pela Universidade de São Paulo, Nelson Machado. A tese de doutorado de Machado é sobre custos no setor público e sua proximidade com o atual presidente favoreceu o trâmite da Lei 11.638, que mudou trechos da Lei 6.404, e a pretensão de adotar o regime de competência na área pública.

O segundo fato é a crescente profissionalização da área contábil, incluindo aqui a expansão de uma tecnocracia no governo (ajudada pelos concursos públicos), internacionalização do mercado de capitais e expansão da economia brasileira.

O futuro governo pode influenciar a contabilidade em ambos os casos. A manutenção de Nelson Machado no governo pode facilitar algumas demandas da área. A manutenção de uma iniciativa privada forte é crucial para a melhoria da profissão contábil e ajudaria no segundo aspecto.

Concentração em Auditoria

As grandes empresas de auditoria dominaram 74% do mercado brasileiro entre 1997 e 2008, mostra um estudo de mestrado da Universidade de São Paulo (USP). Em termos de ativos auditados, o índice é de 80%, em média.

O levantamento de Simone Povia Silva, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, teve como base as demonstrações financeiras das mil maiores empresas em cada um dos anos pesquisados.

O grupo das maiores firmas mundiais de auditoria, chamado "Big Four", é formado por PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG. Até 2002, havia a Arthur Andersen, que quebrou na esteira do escândalo Enron.

Em média, no período estudado, 26,5% das empresas são de capital aberto e 73,3%, de capital fechado. Entre as de capital fechado, somente 42% não foram auditadas pelas grandes.

O estudo mostra que ao longo dos 12 anos, houve uma tendência de migração para as grandes auditorias.

Com relação ao controle acionário, as grandes são responsáveis por 71,5% das empresas nacionais, 91% das estrangeiras e 48,4% das estatais; segundo o levantamento, a representatividade não se alterou ao longo dos 12 anos.

Entre as estrangeiras, há nítida preferência pelas grandes, destaca a autora, um reflexo da decisão tomada pela matriz.

Entre as estatais, a Trevisan (atualmente BDO) destaca-se como a mais requisitada, com participação média de 14,8%, seguida pela Deloitte, com 10,3%. É onde há menos concentração, já que 51,6% das estatais da amostra, em média, são auditadas por empresas de auditoria menores.

A autora cita um trabalho de autores chineses, de 2008, mostrando que estatais daquele país eram mais propensas a escolher empresas de auditoria menores, porque, segundo os autores, "além das instituições legais, instituições políticas e econômicas também afetam a demanda por auditores".

Simone também recorre a um artigo do "Journal of Accounting and Economics", de 2009, para lembrar que, embora existam evidências de que auditores da "Big Four" forneçam melhores serviços, "acionistas governamentais que protegem seus interesses políticos podem preferir designar auditores que sejam mais propensos a aceitar demonstrações menos informativas sobre o desempenho da empresa".

O estudo também mostrou que o nível de endividamento elevado não é fator relevante que leve empresas a contratar grandes firmas de auditoria para validar suas informações contábeis e, dessa forma, facilitar acesso a crédito.


Com informações Valor Econômico - Grandes firmas mundiais dominam 74% do mercado; estatais são exceção - 1 de Novembro de 2010

Normas internacionais

Adotado obrigatoriamente no Brasil a partir deste ano, o padrão contábil internacional, conhecido como IFRS, está ganhando mais adeptos pelo mundo. Em entrevista feita em Nova York, com transmissão via teleconferência para o Brasil na manhã de sexta-feira, o presidente do Conselho de Normas Internacional de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), David Tweedie, disse que nos próximos dois anos o padrão IFRS deverá estar em vigor em 140 países. Atualmente, 120 jurisdições usam o modelo internacional.

Apesar da abrangência crescente do modelo internacional, Tweedie admite que a adesão mais importante ainda está por vir. “A decisão da Securities and Exchange Commission (SEC) no ano que vem será fundamental para que se tenha de fato um único padrão contábil global”, afirmou o presidente do Iasb, que fez as declarações em evento organizado pela Deloitte.

Na visão de Tweedie, se houver uma negativa dos Estados Unidos, até mesmo países que já caminham para o IFRS, como Japão e Índia, além da China, podem voltar atrás em suas decisões.

Bem-humorado, o escocês que comanda o Iasb sabe das responsabilidades do órgão, que emite normas que precisam ser aplicadas em dezenas de países e que tem de ser aceitas. Mas ele avalia que os governos dos países, empresários e investidores perceberam a importância de se ter um único padrão contábil global.

Ele menciona, por exemplo, que a crise da Ásia, em 1997, teve entre os seus motivos a falta de confiança dos investidores externos nos balanços das companhias daquela região.

Dentro do processo de convergência de normas entre o IFRS e o padrão americano, conhecido por US Gaap, Tweedie reafirmou que o plano do Iasb e do Fasb, órgão que emite as normas contábeis nos Estados Unidos, é concluir a revisão dos pronunciamentos contábeis mais relevantes até 30 de junho de 2011.

Isso inclui a norma de instrumentos financeiros, em que os dois órgãos até agora mostram uma visão diferente. Enquanto no IFRS o novo pronunciamento já publicado permite a contabilização de alguns instrumentos pelo custo amortizado – ou curva do papel -, a proposta do Fasb sugere a adoção de valor justo em todos casos, até mesmo para empréstimos e financiamentos.

De acordo com Tweedie, quando a norma do Iasb foi colocada em audiência pública, os analistas de investimento manifestaram que tinham interesse em ter a informação do custo amortizado sobre determinados instrumentos financeiros, ao mesmo tempo em que disseram que seria bom evitar “barulho” desnecessário nos balanços em momentos de crise.

Ao comentar esse aspecto, o presidente do Iasb também aproveitou para criticar as normas atuais do próprio IFRS sobre instrumentos financeiros e derivativos. Ele questionou o que seria o conceito de “disponível para venda” (categoria que fica entre a carteira de negociação e aquela mantida até o vencimento) e também ironizou o IAS 39, que trata de derivativos, dizendo que somente três pessoas do mundo o entenderam, sendo que um morreu e o outro esqueceu. (FT)


IFRS ganha espaço e estará em vigor em 140 países num prazo de dois anos 1 nov, 2010 - Valor Econômico (do Financial Times)

01 novembro 2010

Rir é o melhor remédio

Hora de Aposentar



Enviado por Nelma Tibúrcio, grato.

Transparência no orçamento público

O Brasil é o nono país do mundo com maior transparência na divulgação de informações sobre seu Orçamento.

É o que mostra relatório da International Budget Partnership, organização que trabalha com análise de orçamentos e tem como meta assegurar maior acesso da população e transparência em relação às contas públicas.

A medição do ranking é feita por meio de um questionário de 123 questões sobre a disponibilidade ao público e abrangência dos relatórios orçamentários de um país.
Dos 94 países pesquisados, 74 não atingiram os princípios básicos de transparência. Em primeiro lugar do ranking ficou a África do Sul, seguida pela Nova Zelândia.
Em geral, países mal posicionados no ranking têm baixos níveis de renda e de democracia, e estão localizados na África e no Oriente Médio.

O índice é publicado uma vez a cada dois anos, desde 2006. Nas três edições, considerou-se que o Brasil disponibiliza informações orçamentárias significativas a seus cidadãos.

Segundo o estudo, a transparência também pode trazer vantagens financeiras, uma vez que melhora o acesso aos mercados financeiros internacionais e diminui o custo de empréstimos.


Orçamento do país é transparente, aponta estudo - 30 Out 2010 - Folha de São Paulo

Persistência

Os caminhos da contadora Helenita Lima até a estabilidade foram bastante tortuosos. Ela sofreu, perdeu três escritórios (por causa de problemas com uma sócia, um assalto e um incêndio), mas conseguiu dar a volta por cima. Hoje, a Eficácia Contabilidade, de sua propriedade, atende a quase cem clientes em Realengo.

— Posso dizer que já enfrentei vários contratempos. Sempre que começava a me levantar, acontecia algo que me jogava novamente ao chão. Porém, nunca abaixei a cabeça e consegui sair de cada dificuldade ainda mais forte — conta Helenita.

Desde o início de sua trajetória profissional, a contadora sonha alto. Ela começou a trabalhar assim que concluiu o ensino médio. Fez curso técnico de contabilidade e ingressou em um faculdade de Ciências Contábeis. Ainda estudante, sonhava abrir seu próprio negócio.

— Em todas as empresas pelas quais passei, nunca me limitei a fazer somente o trabalho para o qual havia sido contratada. Por isso, aprendi muito e pude crescer rapidamente. Mas sempre soube que, nesse segmento, se eu não tivesse ensino superior, passaria o resto da minha vida como funcionária. Não era isso que queria para minha vida — diz a contadora.

Helenita se formou em 1994, mesmo ano em que abriu seu primeiro escritório, no Centro. Desde então, dá duro. Afirma que não esquece os tempos de tormenta, nos quais aprendeu a superar problemas.

Em 2000, por causa dos filhos pequenos, a contadora voltou a trabalhar em Realengo. Queria gastar menos tempo com locomoção. A opção se mostrou acertada, pois acabou ganhando muitos clientes na Zona Oeste.

— Meu maior desafio é conciliar as tarefas de casa e do trabalho. Mas estou conseguindo — afirma, rindo.

Hoje, Helenita colhe os frutos de seu empenho. Foi chamada para ser consultora do Sebrae, abriu uma outra empresa de assessoria contábil, é diretora da Associação Comercial de Bangu e está investindo no ramo de administração de condomínios.
— Mas, se me perguntarem como dou conta de tudo, não sei responder — diz, rindo.


Jornais de Bairro - Sacode a poeira e dá a volta por cima - 30 Out 2010 - O Globo
Por Simone Avellar

Mas não adotamos as normas internacionais de contabilidade?

"Una vez más, hubo mucha confusión en torno a los resultados de Santander debido a diferencias en la contabilidad [entre las normas GAAP brasileñas y las Normas Internacionales de Información Financiera (NIIF)]", escribió Mario Pierry de Deutsche Bank (NYSE: DB) en un informe, y mencionó su preferencia por la norma local, que está ajustada por amortización de plusvalía mercantil y que arrojó una ganancia de 1.550mn de reales (US$906mn) en el trimestre.

Esta fue prácticamente plana comparado con el segundo trimestre del 2010, que es la referencia general, dado que el 2009 no es una comparación justa, escribió el analista quien tiene una recomendación Hold para las acciones, y destacó los sólidos controles de costos del banco, aunque abogó por un mayor crecimiento de los ingresos.

Diferencias contables provocan sentimientos encontrados ante resultados de Santander Brasil - 29 Out 2010 - Business News Americas