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05 outubro 2010

Bolha Brasil II

O mais influente colunista econômico do mundo [1], Martin Wolf, do ‘Financial Times’, mostra-se cético quanto aos efeitos de médio e longo prazos das medidas anunciadas pelo governo para conter a valorização do real. “Duvido que faça qualquer diferença”, afirmou ao ‘Estado’. Ele foi a principal estrela de um evento promovido ontem à noite pela Faap para discutir o papel do Estado na crise financeira internacional.

Wolf disse não acreditar que as taxas de câmbio reflitam movimentos especulativos de curto prazo - a elevação do IOF de 2% para 4% tem como grande objetivo frear justamente a entrada de dinheiro especulativo no Brasil.

“O principal fator que influi na formação da taxa de câmbio é o fluxo de capitais, que, por sua vez, se move de acordo com as oportunidades de investimento e as diferenças entre as taxas de juros dos países”, argumentou. “O Brasil é um país com taxa de poupança relativamente baixa e taxas de juros relativamente elevadas. Por isso, é muito atrativo para o capital estrangeiro.”

Wolf observou que corporações do mundo todo estão em busca de boas oportunidades de investimento. E essas estão nos países emergentes, como o Brasil, que, diferentemente das nações desenvolvidas, têm registrado forte expansão econômica.

“Se você olhar para as economias emergentes mais atrativas do mundo, com sistemas financeiros relativamente abertos, o Brasil é a número 1”, analisou. “Portanto, é absolutamente inevitável que seja inundado com capitais. Uma pequena taxação não vai fazer diferença.”

O colunista inglês disse acreditar que a próxima crise econômica mundial ocorrerá em um país emergente justamente por causa do enorme fluxo de capitais atual [2]. Ele frisou que não gosta de fazer previsões, mas reconheceu que o Brasil é um dos candidatos a ter problemas.

“O Brasil está superaquecido, está claramente indo rápido demais e há um monte de capital vindo (e por vir). Isso me preocupa um pouco. Não estou prevendo uma crise, que fique claro. Mas há riscos. Há fatos aqui.”

Para Wolf, o fluxo de capitais não faz mal a um país quando é usado para financiar investimentos e, por tabela, uma expansão mais acelerada da economia. [3]

Bolsa. O ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga, que também participou do evento, avalia que, “temporariamente”, a medida do governo pode funcionar um pouco. Ele lembrou que, no início dos anos 90, quando esteve no BC pela primeira vez, chegou a adotar mecanismo semelhante.

“Mas, no longo prazo, não funciona”, disse. “Uma solução mais definitiva é construir condições para termos uma taxa de juro mais baixa, porque isso é um fator de atração de capital de curto prazo. Não adianta tapar o sol com a peneira”, observou.

Fraga, que atualmente preside o Conselho de Administração da BM&FBovespa, considerou positivo o fato de o governo ter excluído os investimentos em Bolsa do aumento do IOF. “Pode parecer correlacionado com a minha presença na Bolsa, mas eu sempre defendi um tratamento diferente (para a Bolsa) porque esse tende a ser um capital de longo prazo”, afirmou.


IOF ‘não faz diferença’, diz Martin Wolf - Leandro Modé - 5 Out 2010 - O Estado de São Paulo

[1] O mais influente é James Grant, segundo esta lista. Woolf estaria em segundo.

[2] Veja esta postagem de hoje do blog.

[3] Que parece não ser o caso.

Financiamento flex

Depois do carro flex, agora as condições de financiamentos para a compra de veículos também são flex. Para conquistar o consumidor de baixa renda e de olho nos reajustes salariais e no 13º salário, as concessionárias começaram a oferecer financiamentos com prestações flexíveis. As 12 primeiras parcelas são menores e o valor sobe a partir da 13ª, quando se pressupõe que a condição financeira do comprador tenha melhorado.

"Planos com prestações flexíveis serão um diferencial de vendas neste mês e estão sendo implementados com força no varejo", afirma José Alberto Gisondi, diretor da Lemar, com duas revendas Ford em São Paulo. Ele observa que a intenção é conquistar os compradores da baixa renda para carros populares.

Por essa nova modalidade de financiamento, que na realidade é um leasing, operação sem incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), um veículo popular Uno Mille, parcelado em 60 meses, tem as 12 primeiras prestações de R$ 368. A partir da 13ª, a parcela dobra e vai a R$ 737, sem entrada e com juros de 1,40% ao mês.

"Estamos fazendo financiamentos sob medida para o consumidor e jogando forte em promoções nos planos em 60 meses", afirma Marcos Leite, gerente de vendas da Amazon, revenda Volks com duas lojas em São Paulo. Ele conta que a empresa criou um plano de pagamento batizado de "Balão", no qual as primeiras prestações são mais baixas, mas as parcelas aumentam em novembro e dezembro, quando ocorre a entrada do 13º salário.

Outra novidade implementada pela revenda é a possibilidade de parcelar a entrada do carro em três vezes no cartão de crédito, diz Leite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Venda de carros tem financiamento 'flex' - Por AE

Bolha Brasil

O texto a seguir traça uma análise pessimista do futuro do nosso país. Também faz uma análise política da situação. É polêmico. Retirei as questões políticas, mas deixei o essencial.

Esperar para ouvir mais e mais sobre o Brasil nos próximos meses. A eleição ea recente venda da Petrobras - que foi usado para ajudar o governo a cumprir suas metas de orçamento - pode ser apenas o que levou a colocar este país no radar.

Martin Hutchinson em PrudentBear.som analisa o caso:

O Brasil é o caso mais simples. Seu ministro das Finanças, Guido Mantega esta semana denunciou a "guerra de moedas" que ele viu em desenvolvimento, entre as maiores economias do mundo, pelo qual cada país tenta desvalorizar sua moeda para alavancar sua economia. (...) Em qualquer caso, a verdadeira motivação Mantega de proclamar uma guerra moeda era para protestar contra o aumento real brasileira está acima Rs.1.70 = 1 dólar, e desviar o eleitorado brasileiro da verdadeira situação econômica do país antes da eleição de domingo.

O real está aumentando por causa da massa de capital especulativo flui para o Brasil, atraídas pelo seu crescimento rápido e aparente riqueza dos commodities. Em uma economia bem gerida como a do Chile, os ingressos de moeda deste tipo são esterilizados pelo governo para criação de um rainy-day fund (fundo de dia chuvoso), que pode ser utilizado quando o preço das commodities cair. No entanto, isto obriga o governo a manter os gastos públicos sob controle. Conforme Mantega sabe perfeitamente, sendo ministro da Fazenda, o Brasil não fez nada disto.


Forget China, The New Buzz Will Be All About The Collapse Of Brazil - Joe Weisenthal

A partir daqui o texto analisa as eleições e a postura da candidata do atual presidente.

Resistência Francesa

Após uma década na supervisão dos padrões contábeis internacionais, David Tweedie tornou-se estudante amador de psicologia francesa.

O escocês confrontou-se várias vezes com a França como chefe do Conselho de Normas de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês), o órgão que elabora as Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS), as regras contábeis seguidas na União Europeia e em vários outros países, como o Brasil.

A fascinação por seu adversário é tanta que, recentemente, ele jogou em minhas mãos um estudo acadêmico intitulado "França e o modelo 'Anglo-Saxão': Perspectivas Contemporâneas e Históricas". O artigo explora a hostilidade sentida frequentemente na França em relação à forma britânica e americana de se fazer negócios.

Embora o tom seja acadêmico, havia algo perturbador em ver Tweedie brandindo o estudo durante a entrevista. Mas também há bons motivos pelos quais a França continua sendo razão de preocupação para a mentalidade do Iasb, cuja sede fica em Londres.

No início de 2010, um novo órgão nacional de padrões contábeis, o ANC, foi criado a pedido da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde. No fim de julho, o órgão divulgou que iria resistir ao que via como um foco excessivo do Iasb nas necessidades dos investidores de curto prazo nas novas regras que estava elaborando.

Além disso, o ANC criticou a forma quase independente como o Iasb é administrado, eriçando-se com a carga de trabalho exigida pela meta potencialmente quixotesca de harmonizar os IFRS com os padrões dos Estados Unidos em junho de 2011 - um projeto que já teve de ser encolhido.

Para entender melhor até que ponto Paris tentará agora purificar o programa de revisão do IFRS do que vê como excessos anglo-saxões, fui me encontrar com Jérôme Hass, diretor do ANC, em seu descuidado escritório em Paris, perto da Gare de Lyon.

Formado na École Nationale d'Administration, a escola de aperfeiçoamento para os servidores públicos de elite na França, Haas declarou que as contas das companhias não são apresentadas apenas para os investidores. Ele também não acredita que a ascensão da Ásia signifique que a Europa precise se resignar a ter menos influência sobre as normas contábeis internacionais.

Haas é cauteloso no que se refere a quanto da retórica do ANC pode realmente acabar em alguma ação. Mas ele deu algumas pistas sobre quais serão as batalhas.

A contabilidade do arrendamento, por exemplo, é uma área em que a França continua sem se convencer da necessidade de mudança. O Iasb e o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), encarregado das normas nos EUA, propuseram em agosto uma reforma sincronizada do sistema de contabilidade de arrendamento, que permite a algumas companhias deixar grandes dívidas fora de seus balanços patrimoniais.

A mudança poderia deixar algumas companhias tecnicamente em infração das condições de seus empréstimos e vem sendo criticada por muitas grandes empresas, especialmente do varejo.

Enquanto os protestos da Tesco nunca tiveram chance de mudar a política de não intervenção do governo do Reino Unido para que fizesse lobby em seu nome, o ANC da França está atuando como um amplificador das preocupações mostradas por nomes como a PPR, o grupo varejista e de bens de luxo.

Reescrever as regras contábeis das operações de "hedge" - uma área em que os bancos franceses estiveram entre os beneficiados por uma polêmica exceção em 2004 - também poderia produzir explosões.

A exceção supostamente seria temporária. Continuará em vigor? Parece possível, mesmo que isso possa minar a reivindicação do IFRS de formar um sistema igual para todos.

No front da governança, as sensibilidades francesas também provavelmente serão um fator em determinar quem sucederá Tweedie no comando do Iasb quando se aposentar no fim de junho de 2011.

À medida que o processo de seleção se aproxima do fim, os rumores indicam que o favorito é Ian Mackintosh, nascido na Nova Zelândia e que usa passaporte australiano, atualmente presidente do Conselho de Padrões Contábeis, o órgão nacional de contabilidade do Reino Unido.

Caso realmente assuma o cargo e queira uma relação menos explosiva com Paris, ele faria bem em ressaltar suas credenciais oceânicas em vez das anglo-saxônicas.


Resistência francesa é desafio à contabilidade globalizada
Valor Econômico - Adam Jones | Financial Times, de Londres - 04/10/2010

04 outubro 2010

Rir é o melhor remédio



Gordo e o Magro ao som de Santana (Dica de Alexandre Alcantara, grato)

Teste #360

Três programas que passam na TV a cabo nos EUA possuem um valor de 56 bilhões de dólares, mais do que o valor de muita grande empresa. Estes programas, em ordem alfabética, são Bob Esponja, [The] Closer e Sportscenter, com valores de 25,6; 17,2 e 13 bilhões, não neste ordem. Você saberia dizer qual o programa mais valioso?

Resposta do Anterior: Daniel = Opportunity; Edmar = Santos; Eliana = Daslu; Zuleido = Gautama Fonte: Aqui

Ignobel

Os mistérios do sexo dos morcegos, uma forma de recolher o muco das baleias e uma maneira incomum de aliviar a dor humana foram as pesquisas merecedoras da edição 2010 do Prêmio IgNobel, uma paródia ao Nobel.

Dez pesquisadores foram declarados vencedores numa cerimônia realizada no Sanders Theatre da Universidade de Harvard, em cerimônia transmitida pelo Youtube.

A ideia de usar um helicóptero guiado por controle remoto para recolher muco de baleia deu o prêmio de engenharia para uma equipe britânico-mexicana.

Uma dupla de cientistas alemães levou o prêmio de medicina por sua descoberta de que um passeio numa montanha-russa pode tratar os sintomas de asma, enquanto uma equipe japonesa foi premiada por "usar o limo para determinar rotas mais adequadas para trilhos ferroviários".

O prêmio de física foi atribuído a pesquisadores da Universidade de Otago, Nova Zelândia, por demonstrar que usar meias por fora dos sapatos ajuda a reduzir as quedas no gelo.

Três pesquisadores britânicos da Keele University foram laureados com o IgNobel da Paz por provar que xingar alivia a dor.

O prêmio de economia coube aos executivos da Goldman Sachs, AIG, Lehman Brothers e outras figuras centrais da crise financeira dos Estados Unidos por "novos modos de investir dinheiro, modos que maximizam os lucros financeiros e minimizam os riscos para o mundo econômico".

Uma visão mais científica do mundo empresarial foi agraciada com o prêmio de gerenciamento, que foi entregue para pesquisadores da Universidade de Catania, Itália, "por demonstrar matematicamente que as organizações podem se tornar mais eficientes se promoverem as pessoas aleatoriamente".

Por fim, uma equipe sino-britânica levou o prêmio de biologia por revelar que os morcegos da fruta praticam felação.

O IgNobel é uma paródia bem-humorada ao Prêmio Nobel promovida por Harvard e cujo objetivo é "fazer as pessoas rirem e depois pensar".

Marc Abrahams, editor da Annals of Improbable Research, que escolhe os premiados, encerrou a cerimônia de entrega dos prêmios de sua maneira tradicional: "Se você não ganhou um IgNobel este ano e especialmente se você ganhou, melhor sorte no próximo ano".


Palavrão para aplacar dor, sexo de morcego e muco de baleia levam o IgNobel
Por AFP

Aqui, a referência completa do estudo de administração. Aqui, uma descrição mais completa dos premiados.