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01 outubro 2010

Os herdeiros

A revista The Economist de 30 de setembro (Beancounter there, done that)traz uma reportagem sobre a sucessão nos dois principais organismos reguladores da contabilidade no mundo: o Financial Accounting Standards America's Board (FASB) e o International Accounting Standards Board (IASB).

A sucessão do Fasb é para encontrar o substituto de Robert Herz, que entrou no Fasb em 2002, logo após os escândalos da Enron e WorldCom, e que anunciou sua retirada por motivos pessoais. O Iasb tem que achar um substituto para Sir David Tweedie que deverá deixar o cargo em junho de 2011.

Acredita-se que os novos gestores não devem alterar a prioridade da convergência internacional. Mas o artigo questiona o destino da questão mais controversa: o uso do valor justo ou o custo amortizado. O presidente do Fasb é um defensor do valor justo, mas tem sido questionado sobre a dificuldade de avaliar ativos em momentos de crise e seus efeitos sobre a mesma. O Congresso dos Estados Unidos não é favorável ao uso generalizado do valor justo. Além disto, o número de integrantes do Fasb deve aumentar, de cinco para sete, sobrando mais espaço para uma mudança no pensamento do Fasb.

O Iasb possui uma posição onde os empréstimos mantidos até o vencimento deve ser marcados pelo custo amortizado, enquanto aqueles negociados devem ser marcados a mercado.

A The Economist acredita que haverá uma continuidade no Fasb. No Iasb, Ian Mackintosh, da Nova Zelândia, é um candidato forte, já que alguns países não querem mais um britânico.

Juros

Levantamento do Banco Central mostra que o devedor gasta mais com juros do que com o bem adquirido em prestações

Compre juro e ganhe uma geladeira. Nenhuma loja vai atrair clientes com esse chamariz pouco convincente, mas é assim que, na prática, pessoas têm se endividado.

Estudo do Banco Central mostra que devedores gastam mais com juro nos financiamentos que com o bem adquirido. Em julho, 13,3% do salário dos brasileiros foi destinado ao pagamento de juros e 10,5% usado no abatimento da dívida. Ou seja, a maior despesa é com o banco, e não com a loja. A crescente vantagem do juro sobre a amortização do empréstimo é atribuída em parte ao boom do crédito imobiliário, que já consome 8,1% do salário dos brasileiros.

A situação em que o juro é a maior despesa dentro dos financiamentos é vista há pelo menos quatro anos. E, desde 2006, a “vantagem” dos encargos financeiros sobre o pagamento do principal tem crescido. Em julho daquele ano, 11,3% do salário era consumido pelo juro e 10,1% quitava efetivamente a dívida.

Ao ser questionado sobre o fato de o juro ter maior peso que o principal, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, não demonstrou preocupação. “As taxas de inadimplência no Brasil estão caindo. Então, as pessoas estão conseguindo pagar suas dívidas”, disse.

O professor de finanças pessoais do Insper, Ricardo José de Almeida, atribui boa parte do aumento do peso dos juros nos gastos familiares à disparada dos financiamentos imobiliários. “Muitos desses empréstimos são pós-fixados. Nesse caso, juro e a correção pela TR são calculados sobre o valor do original do empréstimo. E, como esses empréstimos são muito longos, os pagamentos começam com peso maior do juro que do principal”, explica o professor.

Casa própria. No estudo, o BC afirma que o comprometimento da renda dos brasileiros com os financiamentos imobiliários mais que dobrou nos últimos anos.

Em janeiro de 2007, famílias gastavam, na média, 0,65% do salário para pagar essas prestações. Em julho de 2010, o valor aumentou para 1,03%. Mesmo com a alta, o diretor Carlos Hamilton Araújo considera o porcentual ainda “baixo” na comparação com outros países.

O levantamento mostra também que a dívida com os empréstimos imobiliários, que somava apenas 3,7% da renda anual dos brasileiros em 2007, mais que dobrou para 8,1% do salário no meio deste ano. O BC explica que o endividamento cresceu em ritmo maior que o comprometimento da renda porque os prazos foram ampliados e os juros caíram - o que reduz a parcela mensal.

O professor do Insper também chama a atenção para o fato de que a nova realidade do crédito no Brasil aumenta o gasto proporcional com juros.


Juros pesam mais que produto, diz BC - Fernando Nakagawa , Fabio Graner / BRASÍLIA
1/10/2010 - O Estado de São Paulo

Sexo, mentiras e remédios

A indústria farmacêutica não só financiou pesquisas como também ajudou a construir a ciência em torno de uma suposta nova condição, chamada “disfunção sexual feminina”, como forma de criar um mercado para novos remédios, afirma artigo publicado na edição desta semana da revista “British Medical Journal” (BMJ).

Em pesquisas para seu novo livro, “Sex, lies and pharmaceuticals” (“Sexo, mentiras e a indústria farmacêutica”, em tradução livre), Ray Moynihan, da Universidade de Newcastle, na Austrália, descobriu que funcionários de laboratórios trabalharam junto com formadores de opinião pagos para desenvolverem um perfil para a doença, além de terem realizado estudos para mostrá-la como generalizada e criado ferramentas diagnósticas para convencer mulheres de que suas dificuldades sexuais tinham rotulação médica que precisavam de tratamento.

— O marketing farmacêutico está se unindo à ciência médica de uma forma fascinante e assustadora que nos faz pensar se não devemos buscar uma nova maneira de definir as doenças — afirma ele, que cita uma funcionária como tendo dito que sua companhia estava interessada em “apressar o desenvolvimento de uma doença” por meio do financiamento de levantamentos que mostrassem que o problema era comum e poderia ser classificado como uma “desordem do desejo sexual hipoativo”.

Pesquisas a serviço dos laboratórios

Segundo Moynihan, muitos dos pesquisadores envolvidos ou eram empregados dos laboratórios farmacêuticos ou tinham ligações financeiras com a indústria. Enquanto isso, estudos conduzidos sem o envolvimento das empresas colocavam em dúvida a existência do distúrbio. Apesar disso, as companhias lideraram uma campanha para “informar” tanto os profissionais quanto o público em geral sobre a condição.

O laboratório Pfizer, por exemplo, financiou um curso para médicos de todo os EUA no qual afirmava que 63% das mulheres sofriam com disfunções sexuais e que o uso de testosterona associada com o sildenafil (princípio ativo de sua droga Viagra) e terapia comportamental poderiam ajudar a “curá-las”. Já a alemã Boehringer Ingelheim acelerou “atividades educacionais” enquanto planejava o lançamento, este ano, de sua “droga do desejo”, o antidepressivo flibaserin. Em junho, no entanto, o flibaserin acabou rejeitado por conselheiros da FDA, agência que controla medicamentos e alimentos nos EUA, que também desaconselhou o uso do sildenafil após estudos mostrarem que seus efeitos não eram muito diferentes dos de um placebo.

Mesmo assim, alerta o autor, “a estrutura das evidências científicas sobre a condição ainda está presente, criando a impressão de que há enorme demanda reprimida por tratamentos” e, com novos remédios ainda em fase experimental, “a indústria farmacêutica não dá sinais de ter abandonado seus planos de suprir esta demanda que ela mesma ajudou a criar”.

— Frente a uma mulher aos prantos porque sua libido desapareceu e por isso está apavorada com a possibilidade de perder seu parceiro, os médicos podem sentir uma imensa pressão para apresentar uma solução imediata e efetiva — diz Sandy Goldbeck-Wood, especialista em medicina psicossexual em texto-comentário que acompanha o artigo na “BMJ”.

Segundo ela, a pesquisa de Moynihan demonstra tanto os conflitos de interesse quanto a falta de provas de que os problemas sexuais femininos podem ser resolvidos farmacologicamente. Ainda assim, Goldbeck-Wood considera que o argumento do autor de que “a disfunção sexual feminina é uma doença construída por médicos sob a influência das companhias farmacêuticas não vai convencer clínicos e pacientes”, pois as mulheres que conseguiram superar as barreiras psicológicas e sociais em busca de ajuda não vão aceitar terem sido “abandonadas”.

Para Moynihan, porém, é preciso antes de tudo reavaliar a forma como a comunidade médica define síndromes comuns e recomenda tratamentos.

— No mercado da medicina, as idas e vindas normais da vida estão sendo transformadas em doenças lucrativas, como disfunção sexual, bexiga hiperativa e desordem de atenção adulta, enquanto pequenos aumentos nos riscos de doenças futuras estão sendo apresentados como pré-condições cada vez mais amplas — enumera. — O padrão é claro: formadores de opinião ligados a empresas que vendem soluções se encontram para revisar e refinar as definições destas condições, para as quais, então, tratamentos são agressivamente promovidos.


Sexo, mentiras e remédios - 1 Out 2010 - O Globo

Prêmio pela beleza

As prostitutas mais bonitas ganham mais que as feias? Obviamente que sim. Mas aqui existe uma surpresa: o prêmio da beleza não é muito maior na prostituição do que na economia em geral. Uma pesquisa estudou os ganhos das trabalhadoras do sexo, no México e no Equador, onde este negócio é legal. Estimou-se que as prostitutas que possuem um desvio-padrão mais atraente ganham em média de 10 a 15% a mais por hora, enquanto aquelas que estão um desvio abaixo da média ganham 11 a 14% menos.


The Beauty Tyranny

Taxa de juros

O Conselho Monetário Nacional decidiu nesta quinta-feira (30/9) estender a obrigatoriedade de informar o Custo Efetivo Total (CET) a financiamentos oferecidos a pequenas e micro empresas.

A decisão entra em vigor a partir de 2 de maio de 2011. Segundo o Banco Central (BC), a medida reduz a assimetria de informações e estimula a concorrência.

O CET é a taxa percentual mensal ou anual que inclui, além dos juros, todos os encargos envolvidos em uma operação financeira, como impostos e outras tarifas. Atualmente os bancos são obrigados a informar a taxa apenas financiamentos oferecidos a pessoas físicas.

O CMN, autoridade máxima do sistema financeiro nacional, é composto pelo presidente do BC e pelos ministros da Fazenda e Planejamento.


CMN estende dado global de taxas para pequenas empresas
Felipe Peroni - Brasil Econômico - 30/09/10

Brasil, a fazenda do mundo


O gráfico mostra a participação do Brasil na produção (mais claro) e exportação de diversos produtos agrícolas (e a posição no ranking mundial), como suco de laranja, açúcar, soja, frango etc.

Irlanda

A Irlanda revelou nesta quinta-feira a quantia final de quase 40 bilhões de euros para resgatar os bancos do país, dizendo que terá de fazer cortes orçamentários mais drásticos.

O banco central irlandês estimou que o maior valor para reestruturar o nacionalizado Anglo Irish Bank será de 34 bilhões de euros, e o governo do primeiro-ministro Brian Cowen disse que terá de injetar mais 5,4 bilhões de euros das contas públicas no Irish Nationwide Building Society.

O ministro das Finanças, Brian Lenihan, disse que o custo da crise bancária irlandesa é "horrenda".

Lenihan afirmou ainda que o Estado também deve ter uma parcela majoritária no Allied Irish Banks, que precisa de mais 3 bilhões de euros em capital até o fim do ano.

O nível de apoio do governo ao sistema bancário continua "gerenciável", disse o ministro, mesmo que eleve o déficit de 2010 para a taxa recorde de 32 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) --mais de 10 vezes maior que o teto estabelecido pela União Europeia.


Irlanda revela enorme valor de resgate a bancos - Carmel Crimmins - Reuters

O PIB da Irlanda é de 202 bilhões de dólares ou cerca de 150 bilhões de euros. Ou seja, corresponde a quase um quarto da economia da Irlanda.