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17 agosto 2010

JBS 2

SÃO PAULO - A JBS S.A fechou o segundo trimestre deste ano com um lucro líquido de apenas R$ 3,7 milhões, 97,1% a menos do que em igual intervalo de 2009, quando havia registrado ganho de R$ 125,9 milhões. Os dados consolidados da JBS no trimestre não incluem os números da Inalca JBS, empresa na qual a brasileira é sócia do grupo Cremonini, com 50% do capital.

A razão para a exclusão é a disputa que as duas empresas travam na Justiça e que tem como pano de fundo um conflito de interesses entre a JBS e a Inalca JBS, que se tornaram concorrentes depois que a JBS incorporou a Bertin. A JBS recorreu à Câmara de Comércio Internacional para arbitrar o que considera assuntos pendentes de governança corporativa na Inalca JBS. " Optamos por não incorporar os números da Inalca JBS nesse trimestre, pois não conseguimos verificar a sua autenticidade."

Sobre o lucro aquém do esperado, a JBS informou que a maior razão para a queda dos ganhos foi o resultado financeiro afetado pela "alta volatilidade na taxa de câmbio" [1] que impactou as posições de hedge. O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 539,8 milhões, quase 2.000% maior do que o resultado negativo de R$ 25,7 milhões do segundo trimestre de 2009. O aumento do uso de capital de giro no período (por causa do aumento nas exportações) também impactou a dívida líquida.

A empresa divulgou ainda que registrou uma receita líquida de R$ 14,116 bilhões no segundo trimestre, 52,5% a mais que os R$ 9,255 bilhões de igual período de 2009. Sobre o primeiro trimestre, o aumento foi de 12,5%, reflexo de alta nos preços de venda, condições de mercado favoráveis e um crescimento de 22,2% na base de clientes. Houve crescimento nas vendas das unidades JBS USA Carne Bovina, Carne Suína e JBS Mercosul. Já as exportações aumentaram 37% no segundo trimestre ante igual trimestre de 2009.

Apesar do resultado fraco, o lajida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da JBS avançou 163,3% do segundo trimestre de 2009 para igual período deste ano, para R$ 1 bilhão. Também cresceu 16% em relação aos três primeiros meses deste ano. A margem lajida alcançou 7,1% no período, acima dos 4,1% do segundo trimestre de 2009.

A relação entre a dívida líquida e o lajida ficou praticamente estável (3 vezes) em relação ao primeiro trimestre, mas a liquidez melhorou, segundo a JBS. A posição de caixa aumentou enquanto a dívida de curto prazo decresceu.


JBS tira Inalca do balanço; lucro despenca - Seg, 16 Ago 2010, 09h27 – Valor Economico - Alda do Amaral Rocha

[1] Os últimos meses o câmbio ficou muito comportado. É estranha esta justificativa. Ainda mais que a causa é algo externo à empresa, comum nas situações onde as notícias são negativas (Geralmente notícias negativas são justificadas com eventos externos; notícias positivas são justificadas com ações internas).

IFRS no Brasil

A elaboração e divulgação de demonstrações financeiras consolidadas, com base no padrão contábil internacional emitido pelo International Accounting Standards Board (IASB), será uma prática a ser adotada por todas as instituições financeiras brasileiras a partir dos balanços do exercício de 2010, conforme dispõe a instrução número 457, de 13 de julho de 2007, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Com isso, espera-se que ocorra um aumento da transparência e da confiabilidade das informações financeiras que são prestadas pelos bancos.

A convergência de adoção do International Financial Reporting Standards (IFRS), ou normas internacionais de contabilidade, ocorre em um momento em que há uma maior integração dos mercados de capitais, mais informações com acesso livre e busca constante de redução de custos de comunicação, transação e informação no mercado.

Nesse sentido, espera-se que ocorra um melhor relacionamento das companhias com os seus credores, facilitando também a consolidação de operações internacionais, especialmente entre filiais e subsidiárias.

Mas a adoção do IFRS pelas empresas e em especial pelas instituições financeiras exige a superação de vários desafios, face às necessidades de uma rápida adaptação a uma nova linguagem contábil, que irá exigir treinamentos dos profissionais envolvidos, ensejando custo de implantação no curto prazo, pois a formação das universidades é distinta do que será implementado a partir de então [1].

Estas alterações sinalizam para mudanças que poderão afetar os resultados que serão apresentados para o exercício de 2010, mas a perspectiva é de impactos positivos, face as possibilidades de melhoria nos processos e a velocidade com que os bancos conseguem realizar referidas adaptações [2].

A perspectiva é a de que ocorra a convergência em todos os bancos brasileiros.

Hoje temos 179 bancos, sendo 10 públicos (5 federais e 5 estaduais), e esse processo já ocorreu na maioria dos bancos europeus que iniciaram o processo em 2005.

Já os Estados Unidos irão adotar esse padrão depois [3], mas o ponto importante é que todos os países trabalharão com uma convergência padrão de contabilidade, e nesse sentido os bancos serão inseridos de forma mais exigente.

Ressalte-se que algumas instituições financeiras localizadas no Brasil já apresentaram seus demonstrativos contábeis no padrão IFRS. Portanto, o desafio é factível.

As diferenças e similaridades entre as normas internacionais de contabilidade (IFRS) e as normas e práticas contábeis brasileiras deverão ser objeto de conhecimento de todos os que trabalham em bancos ou participam de seus conselhos.

Com isso, será mais fácil o entendimento dos benefícios da adoção de novo conjunto de normas contábeis, que atualmente é adotado não só pela comunidade europeia, mas também por diversos outros países da Oceania e Ásia.


A adoção do IFRS - 16/08/10- Brasil Econômico - Saumíneo da Silva Nascimento

[1] Ou seja, os contadores formados nas universidades não estão preparados para as normas.
[2] Aparentemente ele refere-se aos resultados do exercício na primeira parte da frase. Mas depois comenta sobre a adaptação das instituições financeiras. Fiquei sem entender a lógica.
[3] Isto ainda não está assegurado.

Contabilidade da política 2

Dezesseis diretórios nacionais de partidos políticos ainda não entregaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os balancetes referentes ao mês de julho, sendo que o prazo previsto em lei se encerrou no dia 15 de agosto. De acordo com a Lei dos Partidos Políticos (Lei 9096/95), os partidos devem apresentar à Justiça Eleitoral balancetes mensais relativos aos quatro meses anteriores e dois posteriores às eleições.

Os balancetes devem ser enviados até o 15º dia do mês subsequente, que se recair no fim de semana ou feriado, será prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.

O documento é uma relação das contas escrituradas pelos partidos, com seus respectivos saldos e deve ser entregue em mídia digital para facilitar a divulgação na internet. Além disso, deve informar o nome e a assinatura do contabilista responsável, sua categoria profissional e o respectivo número de registro no Conselho Regional de Contabilidade.

Os diretórios estaduais e municipais devem encaminhar seus balancetes para os Tribunais Regionais Eleitorais respectivos de cada estado.

São os seguintes os partidos que ainda não apresentaram seus balancetes: PCB, PCO, PMN, PPS, PR,PRP, PSC, PSDB, PSDC, PSL, PTdoB, PTB, PTC, PTN, PRTB e PV. O PCB, PCO, PMN, PSDC, PSL, PT DO B e PRTB também não apresentaram o balancete referente ao mês de junho, cuja data prevista para entrega era o dia 15 de julho.



ELEIÇÕES2010: Dezesseis partidos não entregam balancetes - 16 ago 2010 - Investimentos e Notícias (Tempo Real)

Contabilidade da política

Éprovável que os brasileiros tenham interesse em saber, com clareza, quem financia as campanhas eleitorais. Afinal, a política envolve interesses — às vezes escusos — e dinheiro, muito dinheiro. Tanto que, à época das campanhas, parte da dinheirama é frequentemente encontrada em calças, meias e cuecas.

Segundo o professor da Universidade Estadual de Campinas Bruno Speck, o último ciclo eleitoral, abrangendo candidatos a presidente da República, governadores, prefeitos e parlamentares, custou oficialmente R$8,4 bilhões. Nesse valor estão incluídos as doações, os repasses ao fundo partidário e o horário eleitoral gratuito. Tal montante correspondeu a 0,32% do PIB e a apenas R$11 por ano para cada brasileiro. Se este é o preço da democracia, vale a pena ser pago.

O problema é que a diferença entre o valor oficialmente declarado e o gasto real com as eleições é enorme. Há quem estime que a despesa efetiva seja de dez a quinze vezes superior à registrada no Tribunal Superior Eleitoral. Nessa hipótese, somados os caixas 1 e 2, o custo de uma rodada eleitoral no Brasil beira a casa dos R$100 bilhões!

Como no caixa 2, por óbvio, não há recibos e notas fiscais, a maior parcela das doações não passa pelas transferências bancárias, circulando por debaixo dos panos, quase que de mão em mão. Não é por acaso que representantes de 12 partidos, entre parlamentares, ex-parlamentares e assessores, respondem a processos, inclusive no Supremo Tribunal Federal, em decorrência dos mensalões do PT, do PSDB e do DEM. Ainda que usual , o caixa 2 é crime.

Por outro lado, o caixa 1, legalmente registrado nos tribunais eleitorais, também é opaco. Atualmente, a preferência nacional entre os que bancam os pleitos é pela “doação oculta” — destinada ao partido, e não ao comitê eleitoral do candidato—-, o que torna difícil a vinculação do financiador ao financiado. Tal fórmula, franciscana às avessas, agrada a quem dá e a quem recebe, prejudicando apenas o eleitor consciente que gostaria de conhecer as relações entre os políticos e os generosos patrocinadores.

Na verdade, não é suficiente saber os totais que cada candidato arrecadou e gastou, como hoje é divulgado nas prestações de contas parciais. Mais importante seria conhecer quais foram os doadores e que valores ofereceram a cada apadrinhado, na base do diga-me quem te apoia e te direi quem és. Até porque, na prática, um segmento do empresariado não doa, e sim investe, visando, claramente, ao retorno do capital aplicado. Ou será que alguém acredita que é somente por espírito democrático que certas empresas doam, de forma simultânea, a adversários que disputam o mesmo cargo? Ou que, por mera coincidência, doações vultosas irriguem as campanhas de Dilma, Alckmin e Cabral — líderes das pesquisas e governistas —, enquanto as campanhas de Serra, Mercadante e Gabeira recebem somas significativamente menores?

É claro que essa situação não pode continuar. O financiamento eleitoral, tal como há muito acontece, é, sem dúvida, uma das causas da corrupção no Brasil. A estrutura dos principais escândalos é semelhante, envolvendo, quase sempre, políticos e os grandes doadores, concentrados nos ramos da indústria pesada, construção civil e sistema financeiro. O remédio para se coibir essas relações promíscuas é a transparência total, iniciativa que deveria partir dos próprios candidatos. Como acreditar que esses futuros políticos serão transparentes na gestão pública se já começam omitindo quem financiou suas campanhas? Essa informação, que deveria estar na web, pode ser decisiva na escolha de cada um.

Você, por exemplo, votaria em alguém financiado pela indústria do fumo? É provável que muitos o façam sem qualquer constrangimento, o que talvez não aconteça com os que lutam contra a proliferação do câncer. Simples assim, democrático. Basta a informação ser acessível a qualquer cidadão.

O Tribunal Superior Eleitoral, para tornar os pleitos verdadeiramente justos e equilibrados, terá que contrariar interesses dos doadores, candidatos e partidos. A contabilidade eleitoral precisa ser publicada detalhadamente na internet já nos três meses que antecedem as eleições. Os doadores e os respectivos valores repassados a cada beneficiado não podem ser sigilosos. Afinal, secreto mesmo é só o voto.


Você sabe quem financia o seu candidato? - O Globo - 17 ago 2010 - GIL CASTELLO BRANCO (Contas Abertas)

16 agosto 2010

Rir é o melhor remédio


Adaptado daqui

Links

Tradução da música She, de Charles Aznavour

IFRS para segmentos

ICMS sobre desconto

Entrevista com K Arrow e T Schelling

Dívida da Petrobrás

O texto a seguir pode ser um excelente estudo de caso numa aula de análise de balanços.

O endividamento da Petrobras cresceu no segundo trimestre deste ano e se aproximou do limite previsto pela companhia, segundo balanço divulgado ontem.

O lucro líquido cresceu 7% no segundo trimestre ante o anterior. No primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado, o crescimento foi de 11%.

A proporção das dívidas da companhia atingiu 34% do valor de mercado. O indicador abaixo de 35% é um dos fatores que garantem à empresa a chancela de boa pagadora -o grau de investimento, dado pelas agências de avaliação de risco.

O endividamento da companhia foi a R$ 94 bilhões.

O dado reforça as preocupações dos analistas sobre a capitalização da empresa, prevista para setembro.

A injeção de recursos na capitalização da Petrobras é fundamental para que ela consiga fazer frente ao plano de investimento.

Os investimentos totalizaram R$ 38,1 bilhões no primeiro semestre, menos da metade da meta da empresa para o ano, que é de R$ 88,7 bilhões. O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que os desembolsos estão dentro do previsto.

Barbassa afirmou que não há nenhuma preocupação em relação ao endividamento. "Estamos dentro do limite e, com a capitalização, vamos nos adequar e ganhar fôlego para continuarmos."

Ele disse não temer a avaliação das agências de risco. "Elas estão bem confortáveis em relação à empresa, [posso dizer] pelos contatos que tivemos nos últimos tempos."

Para Victor de Figueiredo, analista da Planner Corretora, as dúvidas do mercado em relação à capacidade da estatal de cumprir seu programa de investimento só serão dissipadas após as definições sobre o processo de capitalização da empresa.

"O que o mercado vai olhar agora é a precificação do barril do petróleo e a efetiva capitalização, se o prazo vai ser cumprido."

RESULTADO

APetrobras atribui o crescimento do lucro e da receita da estatal ao preço do barril do petróleo e ao aumento das vendas. A venda de derivados de petróleo e a alta da demanda por gasolina foram destaques no período.

O lucro foi de R$ 8,3 bilhões de abril a junho deste ano. A receita líquida foi de R$ 53,6 bilhões no segundo trimestre -avanço de 6% ante os três meses anteriores.


Endividamento da Petrobras se aproxima do limite - 14 Ago 2010 - Folha de São Paulo
VERENA FORNETTI - CIRILO JUNIOR