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11 agosto 2010

Teste #327

Quando você faz uma pesquisa no Google, qual o termo que possui maior número de respostas: Contabilidade, Ciência Contábil ou Contador? (A resposta é simples e não é necessário entrar no Google para saber).

Resposta do Anterior: Trata-se do princípio da incerteza, de Heisenberg.

JBS 3

Diante do tratamento privilegiado que a empresa tem recebido do BNDES, uma possibilidade seria um aditivo ao contrato, prorrogando o prazo contratual, por acordo de ambas as partes. Esta alternativa não foi contemplada nos textos dos jornalistas, talvez pelo fato de representar uma quebra de contrato e pelo custo político.

Como curiosidade, apliquei a Lei Newscomb-Benford as demonstrações contábeis da empresa.

A Lei NB diz que o número um tende a aparece mais vezes como o primeiro algarismo. Depois, numa proporção menor, o número 2. O número que deve aparecer menos será o número nove. Nas demonstrações contábeis da empresa o número 1 aparece 28,5% (a lei indica 30,1%). O número dois apareceu, como primeiro dígito, 13,1% das vezes (a lei fala em 17,6%); o número três apresentou maior divergência: apareceu 23,1% das vezes como primeiro dígito dos montantes das demonstrações contábeis da empresa, sendo que a lei sugere 12,5%.

Os valores que obtido foram os seguintes:

1 = 28,5% 30,1%
2 = 13,1% 17,6%
3 = 23,1% 12,5%
4 = 11,5% 9,7%
5 = 5,4% 7,9%
6 = 3,8% 6,7%
7 = 3,8% 5,8%
8 = 3,8% 5,1%
9 = 6,9% 4,6%

Todas as postagens do Blog sobre a Lei, aqui

Finanças dos clubes brasileiros

O mercado de transferência de atletas para o exterior rendeu mais de R$ 2,6 bilhões só nos últimos sete anos, segundo estudo da Crowe Horwath. De acordo com dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 11 mil atletas foram negociados nos últimos 15 anos. Mas alguns dados chamam a atenção.

Um deles é que R$ 1,4 bilhão veio de apenas oito clubes, 56% do total de negócios. Todos os outros clubes nacionais foram responsáveis por 44%. Outro detalhe que chama a atenção é que essa importante fonte está em fase descendente. Enquanto em 2007 respondeu por 37% da receita dos clubes, em 2009 os recursos com atletas chegam a apenas 19% do total levantado.

Dois motivos podem ter influenciado. Um deles é a crise econômica mundial, que fez os negócios com o futebol diminuírem significativamente, especialmente no mercado europeu. Outro é o maior interesse dos grandes times do mundo por jogadores de outros centros.

De acordo com Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão no esporte, “esse mercado é suscetível a situações como essa, em que a crise econômica global criou um cenário diferente”. Outro detalhe que influencia diretamente é a cotação cambial. “Com a valorização do real, por exemplo, alguns jogadores que foram vendidos há alguns anos acabam tendo um valor de mercado maior do que alguns negociados recentemente, mas é apenas circunstancial”, explica.

Cadê os cariocas? A pesquisa realizada pela Crowe Horwath chama a atenção pela ausência dos grandes clubes do Rio na lista dos maiores exportadores de craques. Mas, segundo Somoggi, não há nenhum equívoco nisso. O melhor entre os quatro grandes do Rio é o Flamengo, que atingiu pouco mais de R$ 75 milhões com transferência de atletas no período. Esse número provavelmente não o colocaria nem entre os dez maiores. Vasco, Fluminense e Botafogo tiveram desempenho ainda pior.

Custo mais alto. Embora a receita com a transferência de atletas tenha caído nos três últimos anos, o custo dos clubes com o departamento de futebol cresceu R$ 321 milhões na mesma época. Por sorte, outras receitas também foram inseridas, como uma melhor utilização de seus estádios, venda de ingressos com pacotes como sócio-torcedor, licenciamento de produtos com a marca do clube, marketing na camisa, entre outras.

Obviamente, os que mais lucraram com negociações foram os que mais investiram. O líder nesse quesito, no entanto, não é o Inter. O clube gaúcho é o 2.º colocado (R$ 127,7 milhões), atrás do Corinthians (R$ 133,5 milhões), o que mais gastou. O São Paulo é o 3.º (R$ 113,9 milhões). /A.P.



Oito clubes mantêm 56% do mercado - 11 Ago 2010 - O Estado de São Paulo

JBS 2

O segundo texto sobre a JBS:

Faltou combinar com o mercado
Raquel Landim, David Friedlander - 9 Ago 2010 - O Estado de São Paulo

Com o mercado americano sem apetite, todas as opções para cumprir o contrato com o BNDES hoje são ruins para o JBS. Se insistir na oferta de ações nos EUA, vai receber um preço muito abaixo do que planejou. Outro caminho, a conversão do empréstimo do BNDES em ações no Brasil, elevaria a participação do banco estatal no JBS de 17% para perto de 30% - isso seria politicamente complicado para o BNDES, que já é criticado por seu apoio aos frigoríficos - e reduziria a participação da família Batista para menos de 50% em sua própria empresa.

A alternativa que sobrou, por enquanto, é pagar a multa. O mercado especula o que os banqueiros, os advogados e os donos do JBS podem estar planejando para escapar dessa despesa que não estava no roteiro. Na semana passada, circulou um rumor de que a empresa poderia partir para um mecanismo conhecido como “fusão reversa”: ao invés de a JBS USA absorver a Pilgrim’s, esta é que poderia incorporar seu comprador. Assim, não seria necessário abrir o capital da JBS nos Estados Unidos porque a Pilgrim’s já é listada em bolsa.

A companhia negou a especulação. Mesmo que seguisse por esse caminho, teria complicações. Como são donos de 64% da Pilgrim’s, os Batista precisariam convencer os aguerridos minoritários americanos a aceitar a operação. Com 36% da empresa, eles podem cobrar caro para trocar os papéis da Pilgrim’s pelos da nova companhia formada pela fusão entre as duas.
E, dependendo da maneira como o negócio fosse realizado, a participação do BNDES na filial americana poderia acabar diluída, ou seja, a fatia do banco estatal ficaria menor do que os 20% a 25% combinados na operação original - o que seria um golpe para o parceiro dos Batista.

“A questão das debêntures com o BNDES é hoje um dos principais riscos para quem compra papéis do JBS. O problema é que a empresa tem um tempo limitado para fazer a abertura de capital”, disse Gustavo Wigman, analista da Goldman Sachs. “Esse é o grande ponto de interrogação da empresa hoje”, concorda Pedro Herrera, analista do HSBC em Nova York.

Entusiasmo. A encrenca das debêntures aparece num momento em que o mercado finalmente começa a mostrar entusiasmo com o JBS. Nas últimas semanas, as agências de classificação de risco melhoraram as notas da empresa. Espera-se que, com o aparente arrefecimento do processo de aquisições em série, o JBS comece a se beneficiar das sinergias e do poder de mercado que seu tamanho pode proporcionar.

Dos oito analistas de bancos que acompanham o desempenho da JBS, sete recomendam a compra das ações da empresa no Brasil. O oitavo analista é neutro. O maior atrativo, dizem esses profissionais, é que o papel está barato. Vendida a R$ 8 quando estreou na bolsa, em 2007, a ação hoje é cotada a R$ 8,4 apesar de tudo que a empresa cresceu no período. “O papel não se valorizou porque a estratégia deles exige tempo para mostrar resultados. Agora é que a empresa deve começar a colher os frutos”, diz Gabriel Andrade Vaz de Lima, analista do Santander.

Apesar das dificuldades nos Estados Unidos, fora de lá o JBS já recorreu este ano duas vezes ao mercado com sucesso. Em abril, fez uma oferta de ações no Brasil e captou R$ 1,6 bilhão para desenvolver um sistema próprio de distribuição global dos seus produtos. Em junho, vendeu US$ 700 milhões em bônus na Europa para trocar dívidas de curto prazo por títulos de longo prazo.

Quando chegaram aos Estados Unidos, os irmãos Batista assustaram os concorrentes locais com seu estilo agressivo. Depois de cortar custos e sanear as finanças da Swift, primeira empresa comprada no país, partiram para o ataque. Aumentaram a produção, derrubaram os preços e ocuparam o espaço dos tradicionais frigoríficos americanos. A dúvida é quando essa agressividade vai virar lucro e encorajar os investidores americanos a se tornarem sócios dos irmãos Batista.

JBS

Duas reportagens do Estado de São Paulo sobre JBS mostram uma situação interessante: o que fazer diante de um empréstimo concedido pelo BNDES para compra de um frigorífico estrangeiro. Eis o primeiro texto:

O ponto de interrogação do JBS
Raquel Landim, David Friedlander - 9 Ago 2010 - O Estado de São Paulo

Era para ser um negócio de pai para filho: um empréstimo de R$ 3,5 bilhões, sem juros, pagamento de dividendos ou qualquer outro custo durante o prazo de um ano. Com esse dinheiro, fornecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o frigorífico JBS comprou a americana Pilgrim’s no ano passado e se consolidou como o maior produtor de carne processada do mundo.

Pelo plano original, o JBS abriria em seguida o capital de sua filial nos Estados Unidos - e assim o BNDES transformaria a dívida em ações e a empresa da família Batista começaria a ganhar dinheiro com a operação americana. Faltou combinar com o mercado. O último repique da crise econômica assustou o investidor americano e o JBS já anunciou que não há condições para abrir seu capital este ano.

O tropeço no mercado americano não é culpa do JBS, mas deverá custar à companhia US$ 300 milhões - o equivalente a meio bilhão de reais. Esse é o valor de uma multa prevista no contrato com o BNDES no caso de o JBS não conseguir abrir o capital nos EUA até dezembro. Procurados, o JBS afirmou que está em período de silêncio e o BNDES não quis se pronunciar.

O JBS já adiou duas vezes o plano de lançar ações nos EUA. Seria o arremate do agressivo processo de crescimento internacional que começou com a compra da Swift na Argentina, em 2005. Dois anos depois, a empresa abriu seu capital no Brasil, captou recursos e adquiriu outras dez empresas no exterior, em apenas três anos.

Desde a compra da Pilgrim’s, em setembro, o cenário mudou, tornando as coisas mais difíceis para o JBS. A recuperação da economia global está mais lenta do que se imaginava por causa da crise na Europa. Os preços do milho e da soja, base da ração dos animais, subiram. A Rússia, um dos maiores clientes dos exportadores de frango dos EUA, fechou as portas para o produto. Tudo isso minou o interesse dos investidores americanos por ações de empresas de alimentos.

A compra da Pilgrim’s foi um negócio de ocasião. Como a empresa estava quebrada, suas ações, que chegaram a custar US$ 32 cada, despencaram para US$ 0,40 no auge da crise. O JBS arrematou a empresa pagando US$ 3,5 por ação. Hoje, elas valem o dobro. Além da pechincha, os irmãos Batista (Júnior, Joesley e Wesley) encontraram apoio no BNDES e sua política de criação de multinacionais brasileiras.

O BNDES comprou R$ 3,5 bilhões em debêntures (dívida que pode ser convertida em ações) do JBS. Esse modelo teve duas vantagens para os Batista: ao contrário de um empréstimo normal, não há pagamento de juros; e, como os papéis são convertíveis em ações, não contaminam o balanço da empresa, já muito endividada, com mais débito.

Para não ficar desprotegido, o banco estatal impôs uma condição - a tal abertura de capital nos Estados Unidos, até o fim do ano. Caso isso não aconteça, o BNDES tem direito a receber ações do JBS no Brasil. O frigorífico tem a opção de esticar o prazo até dezembro de 2011. Mas nesse caso é obrigado a pagar uma multa de 15% sobre o valor
da operação - cerca de R$ 520 milhões.

Concentração em Auditoria

Alta concentração - Fernando Torres (Jornal Valor Econômico) - 10.08.2010 (via Claudia Cruz)

Os três maiores contratos do setor garantiram à PricewaterhouseCoopers (PwC) 69% do total de R$ 132,1 milhões que ela faturou fazendo a auditoria de 33 companhias abertas entre as 200 maiores do país em 2009. Isso dá uma ideia de como os grandes clientes são importantes nesse mercado. O Itaú Unibanco foi o que mais gastou com auditoria dos balanços no ano passado: R$ 38,7 milhões. O Bradesco aparece em segundo, com despesa de R$ 31,4 milhões, e é seguido pela mineradora Vale, que desembolsou R$ 21,1 milhões.
Petrobras, auditada pela KPMG, e Santander, pela Deloitte, completam a lista das cinco empresas abertas que mais pagaram aos auditores no ano passado.

Os dados foram obtidos com informações divulgadas pela primeira vez pelas companhias abertas brasileiras e que constam dos Formulários de Referência enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O estudo considera a soma do que as empresas pagaram pela auditoria dos balanços e também em outros serviços.

Antes da divulgação desses dados no formulário, a única informação que havia sobre a divisão do mercado de auditoria era o ranking da CVM, que mostra as maiores do setor por número de clientes, entre as mais de 500 companhias abertas do Brasil.

Os números obtidos com base nos Formulários de Referência mostram que os bancos são destaque em termos de custo de auditoria. Além de terem centenas de bilhões de reais em ativos e milhares de agências, eles ainda demandam serviços específicos por questões regulatórias ligadas à gestão de risco. Há ainda uma certa correlação entre porte e gasto com auditoria, embora haja algumas distorções.

É importante destacar que, entre as instituições financeiras, não existe mais rodízio de auditorias a cada cinco anos [1]. Nas demais empresas abertas, sob fiscalização da CVM, a troca periódica de firmas está suspensa ao menos até o fim do processo de mudança contábil para o padrão internacional, chamado de IFRS.

Além de mostrar concentração maior entre as quatro grandes, o levantamento do Valor aponta uma configuração de mercado diferente daquela que aparece no ranking elaborado pela CVM. Enquanto a KPMG lidera o ranking oficial, com 99 clientes entre as companhias abertas, ela aparece na terceira posição na pesquisa feita pelo jornal. A maior participação de mercado entre as 200 empresas da lista do Valor está com a Deloitte, com 51 contratos. Somada com a Terco, a Ernst & Young encosta na líder, com 50 contas.[2]

Já a PwC, líder em receita, fica no quarto lugar tanto no levantamento do jornal como no da CVM em número de clientes.[3]

No ranking por receita, a Deloitte ficou em segundo por esse quesito, com R$ 89,4 milhões. A KPMG veio em terceiro lugar por esse critério, com R$ 74,6 milhões, mas deve ser superada pela soma da Ernst & Young (R$ 68,7 milhões) com a Terco (R$ 11,1 milhões), que alcança R$ 79,8 milhões.

Segundo Henrique Luz, sócio da PricewaterhouseCoopers, o mercado de capitais ainda incipiente no Brasil tira representatividade do ranking da CVM. "Nos EUA, das 500 maiores empresas, 99% são companhias abertas. No Brasil, das 500 maiores, só 40% são cotadas em bolsa", afirma.[4]

Já Charles Krieck, sócio de auditoria da KPMG, que lidera o ranking da autarquia, tem outra visão. "É claro que não é coisa mais importante do mundo, porque nem todas as empresas são abertas. Mas ele é interessante porque mostra o quanto de experiência você tem nesse mercado e qual foi o crescimento nos últimos anos", afirma.

Sobre o movimento da concorrente Ernst & Young com a Terco, os dois disseram ver a transação como uma consequência da disputa pelo mercado, especialmente do segmento de pequenas e médias empresas, que eles também garantem que estão disputando. "Seria totalmente inaceitável não olhar esse segmento no Brasil emergente", diz Luz, da PwC.

Para Krieck, da KPMG, é uma visão errada achar que as quatro grandes do setor só têm clientes de grande porte. "Mais da metade dos nossos clientes são pequenas e médias", diz o executivo.


[1] Uma argumentação contra o rodízio era o custo elevado. Com as informações não é possível afirmar que isto seria uma desvantagem. Mas existe realmente um custo de preparação inicial de auditoria, o que tornaria o custo final da auditoria muito maior do que os valores atuais.
[2] Em razão da recente aquisição da Terco pela EY
[3] Isto significa que a PWC dependeria mais de poucos clientes e seria, a rigor, mais afetada pelo rodízio.
[4] Mas com a auditoria obrigatória nas grandes empresas fechadas isto não seria um problema.

Valor 2

Continua

Quando se determina um valor de um ativo ou de uma empresa, o processo de avaliação diz respeito a uma data específica. Alterações na empresa e no ambiente externo onde atua pode alterar as projeções realizadas. Assim, quando se procede a uma avaliação, deve-se deixar claro qual da data base da avaliação.

Sétimo, a expressão do valor pode ser adaptada para situações mais simples ou mais complexas. Se o item avaliado tiver vida finita, os fluxos de caixa estimados serão somados até este prazo; se os fluxos e as taxas de descontos foram constantes no tempo, a expressão pode ser substituída pela fórmula da perpetuidade; e em situações onde o custo de estimar o valor é elevado, pode-se utilizar “regras de bolso”, como ocorre com as pequenas empresas.

Oitavo aspecto, deve existir uma relação razoável entre os fluxos gerados e taxas de descontos. Assim, quando existe a possibilidade do risco aumentar num determinado período de tempo, isto provavelmente irá refletir tanto na taxa de desconto quanto no fluxo de caixa.

A relação entre o fluxo e a taxa de desconto também deve ser conceitual. O fluxo de caixa que será gerado para os acionistas deve ser descontado por uma taxa que reflita o custo de oportunidade dos acionistas. Já o fluxo de caixa da empresa deve ter como taxa de desconto o custo médio ponderado do capital empregado. Descontar o fluxo dos acionista pelo custo médio é um grave erro conceitual.

Finalmente, e décimo, a expressão mostra que quanto maior o fluxo de caixa gerado, maior o valor. E quanto menor a taxa de desconto, maior o valor. Estas são as duas variáveis relevantes para o processo de mensuração. Entretanto, estas duas medidas irão refletir um conjunto enorme de aspectos, como carga tributária, tipo de financiamento, incertezas da economia, risco país etc.