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09 agosto 2010

Fora do Balanço

Por decisão do Banco Central (BC), os bancos pequenos e médios brasileiros vão continuar a manter bilhões de reais em ativos fora dos seus balanços individuais, ao menos até 2012. Levantamento feito pelo Valor com oito bancos que costumam ceder carteiras de crédito - Panamericano, BMG, Cruzeiro do Sul, Mercantil do Brasil, Rural, Paraná Banco, Bonsucesso e Matone - verificou um estoque de R$ 18,4 bilhões em empréstimos que só apareceram nas notas explicativas dos balanços individuais de 2009. Isso equivalia a 40% do total de crédito desses bancos no fim do ano passado.
Na semana passada, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu adiar, pela terceira vez, agora para 2012, a adoção de uma nova regra contábil que traria de volta para os balanços esses ativos, na maioria crédito consignado e financiamento de veículos cedidos a outros bancos e a fundos de recebíveis (FIDCs). As instituições menores vendem essas carteiras para antecipar receita, captar recursos para novos empréstimos e reduzir sua alavancagem. O adiamento representou um alívio para a liquidez do setor.

Especialistas em contabilidade e analistas de risco criticaram a decisão do CMN, que foi orientado pelo Banco Central. "O balanço deveria mostrar os riscos que existem numa entidade. Ao se fazer a antecipação da receita (no momento da cessão), há uma distorção nos números reais. Por isso, essa postergação de entrada em vigor da nova norma não é bem-vinda". afirma Rafael Guedes, diretor-executivo da agência de classificação de risco Fitch Ratings no Brasil.

O ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e professor de contabilidade Eliseu Martins disse lamentar a decisão. "Esse é uma assunto bastante relevante e delicado e que já causou problemas sérios no mundo. Pela não adoção de boas regras como essa, descobriu-se que o Lehman Brothers apresentou um balanço não tão próximo da realidade", afirma.

No Brasil, os bancos de capital aberto ficam no meio termo e mantêm os ativos vendidos para fundos de recebíveis quando divulgam o balanço consolidado.
Pelo que o Valor apurou, ao contrário do que ocorreu nos adiamentos anteriores, que tiveram como motivo a crise, não teria havido unanimidade sobre essa última decisão de prorrogação nem mesmo dentro do BC.

Segundo um ex-diretor do Banco Central que preferiu não identificar, é normal que os técnicos defendam o que eles consideram correto do ponto de vista teórico. Mas ele diz que a diretoria do BC precisa ter uma análise mais abrangente da situação, avaliando as implicações econômicas das suas decisões.

Conforme a percepção de especialistas do mercado, o adiamento pode estar ligado a uma preocupação com a redução dos lucros dos bancos, uma vez que a receita de venda da carteira não seria reconhecida antecipadamente. Segundo Ceres Lisboa, analista de bancos da Moody's, a nova regra deve levar os índices de retorno sobre patrimônio dos bancos médios a cair de uma faixa entre 20% a 30% para cerca de 12% ou 13% nos primeiros anos. "Adiar a mudança não dá uma solução definitiva. Vou continuar questionando por mais um ano a capacidade desses bancos para rodar essa máquina", diz ela.

Outro impacto seria uma redução dos índices de Basileia, o que poderia provocar uma corrida das instituições por capital, o que também poderia não ser desejável nesse momento, segundo o ex-diretor do Banco Central.

Com as regras vigentes, os bancos que vendem carteiras reconhecem toda a receita da operação, assim como os custos de comissão, no momento inicial. Ao sair do balanço do banco cedente, a carteira de crédito vai para o balanço do banco comprador.

A questão é que boa parte dessas operações é feita "com coobrigação", o que significa que o banco vendedor se mantém responsável pela inadimplência da carteira, ou seja, continua a correr o risco. A instituição costuma repor créditos atrasados e pode até mesmo ter que recompor o principal.

Com as novas regras, o reconhecimento da receita seria feito ao longo do prazo do empréstimo, e a carteira seguiria dentro do ativo do banco vendedor, sob o argumento de que ele mantém a maior parte dos riscos e benefícios ligados ao crédito.

Após o voto do CMN, a justificativa dada pelo Banco Central para o novo adiamento foi a existência de estudos dentro do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb) para rever essa regra até 2011. Nesse sentido, seria conveniente esperar a decisão final do Iasb para fazer a mudança aqui no Brasil, ainda que seja certo que o BC tem total autonomia para adotar ou não a regra decidida no exterior.

Com a crise global, o Iasb decidiu reavaliar diversas regras sobre instrumentos financeiros, inclusive essa. Uma das possibilidades em estudo seria usar o conceito válido atualmente no Brasil. Para especialistas ouvidos pelo Valor, é difícil imaginar que o Iasb reveja a regra atual, já que o preceito base do IFRS é que a essência deve prevalecer sobre a forma.


Bancos médios deixam bilhões fora dos balanços - 5 de agosto de 2010 - Valor Economico (SP) (via Corecon) - Fernando Torres, de São Paulo

Rir é o melhor remédio





Propagandas criativas

Links

Iasb criou um órgão para implantar as normas em pequenas empresas

As bombas atômicas explodidas entre '1945 a 1998: gráfico


Elevada correlação entre o Euro e investimento no Brasil

Um português: verificador ortográfico

Teste #325

A crítica que se fez ao papel do BNDES na economia brasileira revelou que os contribuintes, através do Tesouro, repassaram um grande volume de recursos para aquele banco. Qual seria este valor repassado em 2009?

80 bilhões de reais
100 bilhões de reais
150 bilhões de reais


Resposta do Anterior: c. Vide aqui, um verbete sobre uma das empresas de Tiburcio, e aqui, um texto sobre a vida do ilustre Tiburcio

HP

SÃO FRANCISCO. Jodie Fisher, a ex-funcionária terceirizada da Hewlett-Packard, que acusou o então diretor-executivo Mark Hurd de assédio sexual, afirmou ontem que fez um acordo com ele para encerrar o caso. A mulher, que também é atriz e cuja identidade foi tornada pública ontem, disse estar surpresa e triste com a demissão de Hurd, uma vez que sua intenção não era fazer com que ele perdesse o emprego.

Hurd, de 53 anos, anunciou sua demissão na sexta-feira. O executivo teria falsificado relatórios de gastos da empresa para ocultar o caso com Jodie, de 50 anos. Ao ser demitido da HP, o executivo recebeu uma indenização de US$28 milhões.

O acordo para encerrar as investigações teria sido negociado na quinta-feira, um dia antes da renúncia de Hurd, e não envolveria a empresa. Jodie não deu detalhes sobre o caso ou o acordo, cujo valor não foi revelado. Ela afirmou apenas que não manteve relações sexuais com o Hurd confirmando a versão do executivo.

A diretora-executiva interina da HP, Cathie Lesjak, defendeu ontem a decisão da empresa de demitir Hurd. Ela afirmou que os investidores e grandes clientes da empresa têm demonstrado forte apoio a HP.


Assédio sexual na HP: ex-diretor obtém acordo - 9 Ago 2010 - O Globo

Sobre Jodie, aqui e aqui

08 agosto 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Marca

A onda de fusões e aquisições de empresas no Brasil está tendo um efeito perverso: marcas que fizeram parte do cotidiano dos brasileiros por décadas estão com os dias contados. O Unibanco, que se uniu ao Itaú, vai desaparecer das ruas até novembro. O Banco Real, do Grupo Santander, não chega ao fim de 2011, assim como as Sendas, que começaram a ser substituídas por Extra semana passada num investimento de R$10 milhões.

A tendência, segundo especialistas, é que mais marcas desapareçam em breve. Na lista, nomes como Vivo, Embratel e Ponto Frio podem ter seu futuro contado apenas nos livros de marketing e na memória dos consumidores. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que, das 250 maiores empresas em 2000, 17 nomes viraram pó, como Vasp, Gradiente, Rio Sul Linhas Aéreas e Sé Supermercados, adquirida pelo Pão de Açúcar.

Em geral, uma marca é aposentada de forma gradual, dizem publicitários. Isso é feito para que a companhia tenha tempo de transferir valores e manter a ligação emocional com os consumidores. Pesquisas indicam que após uma fusão ou aquisição só uma marca sobrevive — caso da Brasil Telecom (BrT), comprada pela Oi (ex-Telemar), em 2009. Em São Paulo, a rede de academias Fórmula passará a se chamar A! Body Tech.

Vivo vai virar Movistar e Embratel pode ser apenas 21

De acordo com estudo da consultoria Brand Finance, as 100 marcas mais valiosas do Brasil valem hoje R$273,2 bilhões. O número, embalado pelo crescimento da economia, é 22,3% maior em relação a 2009. Se somar o valor das marcas BrT, Unibanco e Real, haverá uma perda de R$9 bilhões.

— Com a forte competição, não há como administrar dois custos e duas estratégias. Sai muito caro. Não compensa. Por isso, as marcas estão acabando, apesar de terem seu valor — explica o publicitário Armando Strozemberg, presidente da Euro RSCG Contemporânea.

No setor de telefonia, muitas mudanças à vista. Com a compra da parte da Portugal Telecom (PT) na Vivo por 7,5 bilhões, a Telefónica, que passa a controlar sozinha a empresa, vai mudar o nome da Vivo para Movistar, segundo uma fonte na companhia. Apesar de ainda não estar nada decidido, diz a Telefónica, há quem garanta que a alteração será feita em até dois anos.

— Haverá alinhamento internacional, como já ocorre em toda a América do Sul. A marca Vivo é muito forte, mas a Telesp Celular e a Tele Sul também eram. Quando a Vivo foi lançada, em 2003, a ação de marketing foi tão intensa que em um mês o consumidor já reconhecia a marca — diz uma fonte envolvida na negociação.

Caso semelhante é o da Embratel, que está em processo de fusão com a Claro desde janeiro. De acordo com um outro executivo, há um grupo de estudo na companhia avaliando o fim da marca. Já é certo, por exemplo, o fim de nomes como o provedor Click 21. Oficialmente, a companhia não comenta.

— Mas é uma das hipóteses. O forte da companhia é o selo “21”. Esse é o patrimônio — revelou um executivo.

No varejo, as mudanças ainda estão em fase inicial. A carioca Sendas irá acabar no fim de 2011, e se juntará a nomes como Casas da Banha, Boulevard, Super Box e Paes Mendonça. A substituição da marca Sendas pela Extra Supermercado vai atingir 29 endereços até o fim deste ano. Em São Paulo, serão outros R$10 milhões para transformar o Compre Bem também em Extra.

— Essa é uma resposta à demanda do consumidor, que sabe que a marca não se modernizou. Com a mudança de Sendas para Extra Supermercado, esperamos um aumento de 30% no faturamento, pois vamos aumentar o sortimento de produtos — afirmou José Roberto Tambasco, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar.

Gilson Nunes, presidente da Brand Finance, lembra que o Pão de Açúcar, que se associou a Casas Bahia, terá de fazer um reposicionamento do Ponto Frio, que perdeu 22% de seu valor de mercado em um ano:

— As empresas querem liderança. Por isso, acabam com uma das marcas. O processo tem de ser gradual, para não frustrar o consumidor.

Fabio Fernandes, presidente da agência F/Nazca, diz que a escolha é sempre do consumidor. Adilson Xavier, da Giovanni+Draftfcb, lembra o fim da marca DirecTV e a transformação em Sky, em 2007.

— Primeiro juntamos as duas em um nome só. Ficou Sky DirecTV por algum tempo. Depois transferimos o valor da DirecTV para Sky. Percebemos em pesquisas que o nome Sky era mais fácil de absorver — diz Xavier.

O próximo setor na lista é o de postos de gasolina. Isso porque a Cosan, que tem o direito de uso da marca Esso, assinou acordo de intenção de união com a Shell. Por isso, dizem fontes, uma das marcas pode sumir. Segundo as companhias, só haverá alguma decisão mês que vem. Especialistas lembram que o Grupo Ultra, dono da Texaco e da Ipiranga, também poderá fazer alguma mudança.


Marcas famosas vão ficar só na lembrança - 8 Ago 2010 - O Globo - Bruno Rosa