'Cirurgia plástica' chega a dobrar preços de prédios - Rodrigo Brancatelli - 27 Jul 2010 - O Estado de São Paulo
Chamada de retrofit, modernização de edifícios vira moda em imóveis mais baratos; retorno é dez vezes maior que investimento
Foram exatos 17 meses e duas semanas aguentando o barulho de picaretas, de marteladas, de ladrilhos quebrando e de operários trabalhando de manhã até tardinha. Dona Carmem Castelo Domingues, médica aposentada de 68 anos, chegou a perder um prato de porcelana que pertenceu a sua mãe - por causa de uma megaobra de modernização em seu prédio na zona oeste de São Paulo, a parede de sua sala rachou e a tal lembrança da família espatifou no chão. Isso sem falar no elevador, que ficou intermináveis semanas sem funcionar. “Moro no quinto andar”, resume ela, sem um pingo de ironia na voz.
Dona Carmem acabou se acostumando com as marteladas e, no fim da reforma, viu seu apartamento valorizar 40%. “Antes da obra falavam que meu imóvel valia R$ 200 mil. Agora, calculam pelo menos R$ 280 mil”, conta ela, agora esboçando um sorriso. “Valeu a dor de cabeça.” Para muitos outros paulistanos, também tem valido - tendência internacional, a técnica de revitalização de edifícios antigos, chamada de retrofit, já começa a tomar conta da paisagem de São Paulo e a valorizar prédios históricos da capital que estavam degradados.
Imóvel antigo, mas com cara de novo em folha. De dois anos para cá, a palavra retrofit definitivamente entrou no vocabulário do paulistano. A cena de prédios antigos envelopados com telas de proteção já virou chavão em bairros como Perdizes, Sumaré, Bela Vista, Barra Funda, Cerqueira César, Liberdade, Santa Cecília e Vila Buarque, onde boa parte dos edifícios foi construída entre 1960 e 1980 - além de começar a se tornar comum em imóveis de classe média e em regiões mais novas da capital, como Morumbi e Moema.
Retorno financeiro. Essa onda de retrofit explica-se basicamente pelo boom imobiliário e pela escassez de espaços urbanos, principalmente terrenos vagos. As reformas variam de uma simples cirurgia plástica na fachada até uma total troca de elevadores, sistema hidráulico e elétrico - pode-se ainda transformar prédios de escritórios em habitações de renda média ou instalar novos equipamentos de lazer (como espaço gourmet e piscinas). Passada a confusão da obra, que pode demorar de um a três anos, o retorno financeiro é garantido - uma reforma que custe R$ 5 mil para cada condômino pode valorizar o imóvel em cerca de R$ 50 mil
Em alguns casos, o retorno é até maior. O Edifício Marambaia, por exemplo, localizado nos Jardins, passou por uma enorme reforma e ganhou varandas em todos os apartamentos. Cada condômino teve de desembolsar algo em torno de R$ 175 mil na modernização. Resultado: as unidades que valiam até R$ 600 mil pularam para mais de R$ 2,8 milhões.
Competitivo. “Um projeto bem elaborado, apesar de poder parecer caro à primeira vista, traz grande rentabilidade para os moradores em longo prazo”, afirma Angélica Arbex, gerente de Marketing da administradora de edifícios Lello Condomínios. Segundo ela, a iniciativa busca, além da modernização do condomínio, tornar o imóvel mais “competitivo e atrativo” no mercado em relação aos novos empreendimentos imobiliários.
06 agosto 2010
Retrofit
05 agosto 2010
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Teste #323
David Brooks é mais uma empresário acusado de fraude. Fundador e ex-chefe da DHB, entre outros pecados, advinhe o que Brooks fez?
a) comprou pornografia para seu filho com dinheiro da empresa
b) comprou uma sepultura para mãe
c) pagou prostitutas para motivas seus empregados.
Resposta do Anterior: US$1. Fonte: aqui
a) comprou pornografia para seu filho com dinheiro da empresa
b) comprou uma sepultura para mãe
c) pagou prostitutas para motivas seus empregados.
Resposta do Anterior: US$1. Fonte: aqui
Estádio de 700 milhões de Reais
Este é o valor que deverá ser gasto no estádio em Brasília, para três ou quatro jogos da Copa. Como Brasília possui clubes na segunda divisão, que já tem seu próprio estádio, a construção deverá ser um elefante branco. Com o dinheiro da construção, seria possível:
Pagar 35 anos de salário de Lebron James, o astro do basquete;
Comprar 1 bilhão de barras de chocolate;
Adquirir 28 mil automóveis para os hospitais brasileiros
Fazer pelo menos 14 mil casas populares
Pagar 11 anos de salário da Sandra Bullock
Pagar 35 anos de salário de Lebron James, o astro do basquete;
Comprar 1 bilhão de barras de chocolate;
Adquirir 28 mil automóveis para os hospitais brasileiros
Fazer pelo menos 14 mil casas populares
Pagar 11 anos de salário da Sandra Bullock
Auditoria II
Regulador vê falhas em trabalhos da E&Y
Texto de Nelson Niero (São Paulo) publicado no Jornal Valor Econômico em 04/08/2010
A Ernst & Young Auditores Independentes também não passou no crivo do regulador americano de contabilidade.
O Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB , na sigla em inglês) divulgou na segunda-feira mais uma lista de inspeções feitas em firmas de auditoria que atuam fora dos Estados Unidos, que incluiu a operação brasileira da E&Y, uma das chamadas "quatro grandes" do mercado global de contabilidade.
Anteriormente, o órgão divulgou relatórios sobre a Deloitte e a BDO no Brasil, com ressalvas.
No caso da E&Y, a equipe da PCAOB informa ter identificado "o que considerou ser deficiências de auditoria". Esses problemas foram encontrados em dois de três trabalhos examinados e, pela relevância, os investigadores concluíram que os auditores da E&Y "não obtiveram comprovação suficiente para dar base às suas opiniões sobre as demonstrações financeiras" dos clientes.
Os nomes das empresas não foram divulgados.
Os itens destacados pelo PCAOB estão relacionados com contratos fechados pelas empresas para proteger os balanços de variações cambiais e de taxas de juros. Num deles, o órgão afirma que os procedimentos de auditoria não foram suficientes para avaliar a operação.
A conclusão é contestada pela E&Y. "A auditoria é feita por amostra, com base no risco e na relevância", diz Idésio Coelho, diretor de auditoria da E&Y. Ele exemplifica: se a empresa tem 100 contratos de hedge, o auditor examina 10, por exemplo. "A equipe do PCAOB achou que deveriam ter sido feios mais testes. Refizemos, e a conclusão não mudou." A empresa, no caso, tinha despesas em dólar, e fez o contrato para proteger seu fluxo de caixa. Segundo ele, a possível deficiência já havia sido identificada pela revisão interna da firma.
A auditoria examina esses contratos de proteção cambial para saber se são "efetivos", ou seja, se protegem de fato o caixa da empresa. Isso é importante para determinar como as operações serão registradas no balanço. Se forem efetivas, são "marcadas na curva", pela taxa média. Caso contrário, serão registradas pelo valor de mercado, o que pode representar uma variação brusca nos números divulgados.
O outro ponto refere-se a um empréstimo em dólar com taxa de juros flutuante. A empresa trocou, no hedge, a moeda para reais, a uma taxa fixa.
"Nos dois casos não houve mudança no resultado, no patrimônio, nem no parecer", diz Coelho. "Foram intervenções pontuais."
A inspeção do PCAOB na E&Y foi feita no fim de 2006. Segundo Coelho, foram quatro semanas, divididas entre uma avaliação interna da firma - política de avaliação de sócios, relacionamentos de negócios, revisão de qualidade etc. - e o acompanhamento dos trabalhos nos clientes.
"Em algumas ocasiões, a equipe do PCAOB gastou mais tempo na revisão do que os auditores no trabalho original", diz.
O órgão privado americano, criado pela Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, depois dos escândalos empresariais do início da década, examina todas as firmas de auditoria cujos clientes tenham papéis negociados no mercado americano. De 2005 até junho deste ano, o PCAOB fez inspeções em 34 países. Partes do relatório, especialmente a que se refere às críticas ao sistema de controle de qualidade, são mantidas em sigilo, a não ser que a firma não consiga reparar os erros encontrados
Via Claudia Cruz
Auditoria I
Domínio das quatro grandes volta à pauta
Texto de Rachel Sanderson, do Financial Times (Londres) publicado no Jornal Valor Econômico em 04/08/2010
O domínio das quatro grandes firmas mundiais de contabilidade,
PricewaterhouseCoopers, Ernst & Young, KPMG e Deloitte, as "Big Four", como são conhecidas em inglês, voltou à agenda dos órgãos de regulamentação.
Nesta semana, a Câmara dos Lordes, no Reino Unido, tornou-se mais uma instituição a abrir investigação sobre o papel desempenhado pelos contadores - especialmente das quatro grandes - na crise financeira.
A Comissão Europeia já havia anunciado outra investigação sobre os trabalhos de auditoria e contabilidade, incluindo a questão do impacto que o "domínio" das quatro grandes pode ter na estabilidade financeira. Isso pode levar a mudanças na forma como as empresas são regulamentadas e até como são estruturadas.
Paralelamente, a Autoridade de Serviços Financeiros (FSA, órgão regulador do mercado britânico), intensificou sua retórica neste mês ao criticar os auditores por "uma preocupante falta de ceticismo" em algumas das auditorias de instituições financeiras.
Essas três investigações são observadas de perto por autoridades reguladoras nos Estados Unidos e Ásia, pois são consideradas como a vanguarda do que se pensa sobre a profissão após a crise financeira mundial. Suas conclusões deverão sair no quarto trimestre, o que traz a perspectiva de que os contadores seniores, após o recesso de verão, terão meses bem quentes pela frente.
Se toda essa situação parece ser familiar, é porque de fato o é. O debate sobre a credibilidade dos auditores e, em particular, o domínio das quatro grandes não é novo. Está em voga desde 2003, quando a quebra da Arthur Andersen, após ser acusada por seu papel na fraude contábil da Enron, reduziu as cinco grandes para quatro.
Tendo em vista as investigações subsequentes nos EUA e Europa - que deixaram o status quo inalterado - algumas das quatro grandes empresas de contabilidade sentem-se frustradas em terem virado alvo de outra série de investigações tão pouco tempo depois.
Argumentam que a concorrência e a disputa de preços é ferrenha e que o motivo de terem o domínio entre as multinacionais - trabalham com 96% das empresas do índice FTSE 350 no Reino Unido - é por terem a experiência internacional exigida pelos clientes.
Algumas das sugestões mais radicais cogitadas, como dar um prazo às quatro grandes, digamos de 18 meses, para desmembrarem suas operações em dois ou abolir completamente os informes de auditoria, são tão improváveis quanto impraticáveis.
Depois da crise, no entanto, alternativas como encorajar concorrências abertas mais frequentes, exigem consideração como forma de abrir um setor que parece alarmantemente estático.
Segundo informe do governo britânico divulgado em 2006, apenas 2,1% das empresas do FTSE 100 trocaram de auditor por ano, em média, de 1996 a 2004.
A introdução das auditorias conjuntas, como na França, poderia ser uma forma de abrir o mercado, embora continuem as preocupações sobre o custo acarretado às empresas e se isso realmente ampliaria a concorrência para mais de cinco ou seis firmas.
A Grant Thornton, umas das seis grandes, defende que as autoridades acabem com o que entende estar virando uma tendência entre os bancos. Exigir que as companhias às quais concedem empréstimos usem alguma das quatro grandes. As evidências disso são escassas, mas Steve Maslin, chefe de assuntos externos da Grant Thornton, diz que restrições desse tipo levaram sua firma a perder pelo menos um acordo recente.
O aumento na concorrência poderia surgir a partir das mudanças resultantes do novo cenário de regulamentação pós-crise.
Uma ideia mais nova é encorajar comissões de auditoria para distribuir, para mais de uma firma, as auditorias geograficamente ou de acordo com sua categoria. É uma ideia interessante até porque atende aos pedidos de investidores de ampliação da segmentação da contabilidade, para que tenham uma noção mais clara para onde o dinheiro vai.
Via Claudia Cruz.
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