Um dos principais ministros do governo francês negou ontem, em depoimento, que tenha recebido ilegalmente envelopes de dinheiro das mãos de Liliane Bettencourt — principal acionista do grupo L'Oréal — para o partido do governo (UMP) ou para a campanha do presidente Nicolas Sarkozy. O nome do ministro do Trabalho, Eric Woerth, é citado várias vezes em conversas gravadas e entregues às autoridades francesas, num dos maiores escândalos de corrupção do país.
O caso foi parar na Justiça depois que o mordomo da bilionária gravou horas de conversas da patroa por conta de uma briga de família. Na gravação de 29 de outubro, o administrador de Bettencourt Patrice de Maistre lembra à bilionária que empregou a mulher do ministro — na época, do Orçamento — na empresa que gerencia a sua fortuna.
— Quem é este? — perguntou à bilionária, de 87 anos, ao ouvir o nome de Woerth.
— Ora, é o marido de madame (Florence) Woerth, que a senhora emprega. Ela é uma das minhas colaboradoras, e não é grande coisa. Mas ele é muito simpático e é o nosso ministro do Orçamento. É ele que se ocupa dos seus impostos. Portanto, não é idiota (convidá-lo para uma cerimônia) — disse o administrador.
Ministro nega conflito de interesse no caso L'Oréal - 30 Jul 2010 - O Globo