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02 julho 2010

Rir é o melhor remédio

Roupas para cães:






Teste #304

Na Wikipedia existe uma listagem de empresas multinacionais. Das empresas brasileiras listadas abaixo, qual (quais) fazem parte desta lista?

Gerdau
Marcopolo
Vale

Respostas do Anterior: A – C – A – A – A – C – C – B. Fonte: Soccernomics, Kuper e Szymanski.

Corte de Custos e Ambiente

Reforma da BP pôs em choque segurança e corte de custos
Guy Chazan, Benoit Faucon e Ben Casselman, The Wall Street Journal - 1/7/2010
The Wall Street Journal Americas

Em 5 de junho de 2008, uma parte de aço da tubulação se rompeu na enorme plataforma de petróleo Atlantis, da BP PLC, no Golfo do México. O tubo estava conectado a um oleoduto defeituoso, cujo conserto a BP tinha adiado, no que um relatório interno mais tarde descreveu como “um contexto de orçamento apertado”.

A ruptura causou um vazamento pequeno, apenas 193 barris de petróleo, mas os investigadores da BP identificaram preocupações maiores.

Eles descobriram que o reparo que tinha sido adiado foi “um fator crítico” no incidente, mas “a chefia não questionou claramente” o impacto do atraso na segurança. O orçamento da Atlantis — uma das instalações mais sofisticadas da BP — foi “subestimado”, o que resultou em “demandas/direções conflitantes”.

Enquantos os investigadores estavam questionando a operação enxuta da Atlantis, os principais executivos a elogiavam.

Em uma comunicação interna, no começo de 2009, o então diretor da unidade da BP no Golfo do México, Neil Shaw, elogiou a eficiência operacional de Atlantis, dizendo que ela tinha sido “4% melhor que o planejado” no seu primeiro ano de produção. Ela fazia parte de uma história de sucesso que, segundo Shaw, tinha permitido à BP se tornar líder na produção de petróleo no golfo.

O aperto no orçamento de um dos mais desafiadores projetos da gigante petrolífera britânica enfatiza a tensão no coração da BP sob a gestão do diretor-presidente Tony Hayward.

Até a explosão no golfo da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril, Hayward repetidamente disse que estava matando dois dragões de uma só vez: lapsos de segurança que causaram grandes acidentes, como a explosão fatal de uma refinaria no Texas em 2005; e gastos inflados que deixaram a BP atrás das concorrentes Royal Dutch Shell PLC e Exxon Mobil Corp.

Um exame pelo Wall Street Journal de documentos internos da BP, informes legais, investigações oficiais e relatórios de inspetores federais, assim como entrevistas com autoridades reguladoras, mostra um histórico que nem sempre está de acordo com os relatos de Hayward sobre a melhora da segurança.

Desde que Hayward assumiu o comando, a BP continuou a ter discussões com as autoridades sobre questões que lhe causaram problemas antes de ele chegar ao cargo. Algumas de suas refinarias ainda recebem notas ruins em relação à segurança.

“Eles alegam estar muito concentrados em segurança, acho que sinceramente”, diz Jordan Barab, subsecretário da Administração Ocupacional de Segurança e de Saúde dos Estados Unidos (OSHA). “Mas, de alguma forma, a sinceridade e os programas deles nem sempre se traduzem bem na operação das refinarias.”

A BP insiste que virou uma página em relação à segurança. “A prioridade número um da BP é ter operações seguras e confiáveis”, disse o porta-voz Andrew Gowers. Nos últimos cinco anos, “esforços e investimentos significativos” foram dedicados à melhora da segurança, disse ele, e um grande progresso foi feito em todos os critérios importantes, com a redução da frequência de lesões e menos incidentes relacionados à quebra de equipamentos.

Foi possível economizar por meio da “redução de despesas e simplificação da estrutura corporativa”, disse ele, e não com cortes em segurança. De fato, mais dólares e pessoal foram colocados nas operações.

Na Atlantis especificamente, a BP informou que identificou um problema com a vibração de certas bombas, mas concluiu que isso “não era em si uma causa para preocupação com a segurança ou o meio-ambiente”, e adiou o conserto de algumas bombas para o ano orçamentário seguinte.

Hayward assumiu o comando em maio de 2007, dizendo que iria se concentrar “como um laser” em segurança e, simultaneamente, melhorar as operações da BP. Em outubro, ele criou um sistema de administração com o objetivo de garantir os padrões de segurança de forma consistente em toda a organização.

Obstáculos logo apareceram. Em 2007, um documento interno que estabelecia políticas de segurança mencionava uma falta de engenheiros e inspetores no setor que poderia pôr em risco a adoção de novos padrões de inspeção e manutenção de equipamentos críticos. Em maio de 2009, uma apresentação interna citou a carência de trabalhadores experientes em plataformas marítimas e afirmava que mais treinamento era necessário para “manter operações seguras, confiáveis e eficientes”.

No mesmo mês em que ele renovou a estrutura de segurança, Hayward disse que iria enxugar a BP. Uma apresentação interna aos funcionários mostrou que problemas como operações menos eficientes tinham criado uma “disparidade crescente entre nós e a Shell”.

Nos três anos seguintes, Hayward eliminou 7.500 empregos e podou custos — US$ 4 bilhões só em 2009. Ajudada pelos altos preços do petróleo, a BP teve um lucro recorde de US$ 25,6 bilhões em 2008. Em pouco tempo, a BP colocou em xeque a posição da Shell como a petrolífera mais valiosa da Europa.

Hayward tentou dar um fim aos problemas que a BP teve no passado. Em outubro de 2007, a empresa concordou em pagar US$ 373 milhões para arquivar acusações relativas à explosão ocorrida em uma refinaria em Texas City, a vazamentos de petróleo no Alasca e a alegações de que operadores da BP haviam manipulado o mercado de gás propano.

A BP iniciou um investimento de mais de US$ 1 bilhão para melhorar a refinaria de Texas City. Este ano, a petrolífera informou que a taxa de lesões lá registradas vinha caindo todos os anos desde 2005, e que o desempenho da refinaria no que se refere à segurança estava em 2009 entre os dos melhores do setor.

Mas a OSHA, a agência do governo responsável pela segurança no trabalho, tem uma versão diferente.

Depois de uma inspeção de seis meses da refinaria de Texas City, no ano passado, a OSHA multou a BP em US$ 87 milhões, o maior valor da história da agência. Cerca de US$ 57 milhões eram referentes ao que a OSHA descreveu como “incapacidade em reduzir” riscos semelhantes aos que causaram a explosão que matou 15 pessoas em 2005. A BP contestou as multas e afirma que está em discussões “construtivas” com a OSHA.

A agência tinha inspecionado em 2006 uma refinaria em Toledo, Ohio, que agora pertence à BP e à Husky Energy, descobrindo problemas com as válvulas de alívio de pressão. A agência ordenou que a BP consertasse as válvulas. Dois anos depois, os inspetores viram que a BP tinha feito os reparos pedidos, mas só nas válvulas especificamente citadas pela OSHA. A agência encontrou o mesmo problema em outras áreas da refinaria. A OSHA determinou novos reparos e impôs uma multa de US$ 3 milhões.

“Havia um conhecimento claro desses problemas (...) e, ainda assim, eles não tinha sido atacados” em outras partes da refinaria, disse Barab, da OSHA.

Mas Gowers, o porta-voz da BP, disse que a petrolífera “trabalhou em cooperação com a OSHA” para resolver problemas na refinaria. A BP informou que, quando a OSHA impôs a multa, a refinaria de Toledo tinha feito “melhoras mensuráveis em questões de segurança dos procedimentos”.

Barab diz que, por conta do histórico de segurança da BP, a agência inspecionou a empresa mais atentamente do que outras refinarias e impôs punições mais duras porque ela merecia “um pouco mais de atenção no que diz respeito à segurança da refinaria que qualquer outra”.

A BP não tinha sofrido um desastre de segurança no Golfo do México até a Deepwater Horizon. Mas havia temores de que isso pudesse acontecer.

Uma apresentação interna em dezembro de 2007, logo no começo da gestão de Hayward, mostrou a ocorrência de dez situações com “alto potencial” de risco em unidades da BP no golfo desde o início daquele ano. Um tema comum, identificou o relatório, foi que a BP não conseguiu dar sequência a seus próprios procedimentos e a falta de disposição para parar os trabalhos quando algo estava errado.

“Ao entrar nas duas últimas semanas de 2007, estamos vendo uma frequência sem precedentes de incidentes sérios em nossas operações”, escreveu Richard Morrison, vice- presidente para produção do Golfo do México, em um e-mail aos funcionários. “Somos extremamente afortunados que um ou mais de nossos colegas não tenham sido seriamente feridos ou mortos”.

Morrison listou cinco casos de acidentes evitados por pouco em novembro e dezembro, como um em que houve vazamento de gás natural de um tubo a bordo da plataforma Pompano, ameaçando causar uma explosão.

A BP informou que não comentaria esta ou qualquer outra comunicação interna, e se recusou a permitir o acesso a Morrison.

Enquanto isso, executivos da companhia continuaram martelando a mensagem sobre custos. Shaw, o chefe no Golfo do México, falou sobre isso em uma reunião dos principais gerentes em Phoenix, em abril de 2008. O objetivo dele, segundo uma comunicação interna da BP, era instigar “a cultura de um desempenho mais forte” na organização, baseada estritamente em custos de gestão e “a noção de que cada dólar importa”. A BP se recusou a permitir que Shaw se pronunciasse.

Um ex-engenheiro da BP que se aposentou no ano passado disse que, sob a gestão de Shaw, a operação no golfo passou a se concentrar mais em atingir metas de desempenho, que definiam os bônus para os gerentes de alto escalão assim como para os trabalhadores de nível mais baixo. Ele diz que até mesmo pequenas despesas se tornaram alvo.

Em comunicado, a BP afirmou que o corte de custos deveria ser visto dentro de um contexto de brusca queda dos preços do petróleo em 2008, que espremou o lucro das petrolíferas. A BP afirma que os executivos são julgados pelo histórico de segurança de suas unidades, e não apenas por critérios financeiros e de produção.

Produtividade nos serviços

O método Tom Sawyer da produtividade nos serviços
João Pinto e Castro
Jornal de Negócios - 1/7/2010

Em qualquer sistema de self-service, incluindo os super ou hipermercados, o cliente faz uma parte do serviço outrora a cargo de empregados contratados. Noutros tempos, ele dirigia-se a um balcão, pedia o que desejava e recebia as compras já embaladas e prontas a transportar. A retirada do balcão permitiu ou obrigou o cliente a ir directamente buscar o que pretendia. Nas estações de serviço não havia sequer balcão, de modo que parece-nos hoje absolutamente natural que cada qual trate de encher o depósito, verificar a pressão dos pneus e limpar os vidros.

Os estabelecimentos de fast-food conseguem economias significativas de mão-de-obra eliminando o serviço de mesa. Quando optamos pelo take away, ajudamo-los a pouparem no espaço do estabelecimento. Pessoas usualmente esquisitas aceitam mesmo levantar a mesa no McDonald's sem qualquer contrapartida.

Quando as empresas compreenderam que os consumidores concordavam sem demasiada resistência desempenhar certos trabalhos a troco de conveniência, rapidez e economia, o sistema self-service generalizou-se progressivamente no sector dos serviços. Ao levantarmos dinheiro ou fazermos pagamentos no ATM, contribuímos graciosamente para a maior eficiência dos bancos. O mesmo se passa quando aderimos ao home banking. Trocando os extractos em papel pelos digitais, o banco deixa de ter que imprimi-los e enviá-los pelo correio, ficando a nosso cargo procurar a informação com o nosso computador e recorrendo a telecomunicações pagas com o nosso dinheiro.

A IKEA vende mobiliário barato porque a montagem final corre por nossa conta. A economia conseguida corresponde euro por euro às horas de trabalho não contabilizadas que dispendemos no processo. Parte da fábrica foi transferida para nossa casa sem que disso nos apercebêssemos. Tornámo-nos funcionários subservientes das empresas que nos vendem produtos e serviços. Trabalhamos para elas sem horários, nem salários, nem direitos laborais. Mais: se o serviço funcionar mal, muito provavelmente a culpa será nossa.

O sistema consistente em pôr o público a trabalhar gratuitamente (ainda por cima pagando para isso) está generalizado na televisão e na rádio, cuja programação consiste cada vez mais em fóruns, reality shows, talk shows, concursos e entrevistas de rua. É o modelo Tom Sawyer de pintar a cerca da Tia Polly cobrando à garotada da rua maçãs ou berlindes pelo direito a dar umas pinceladas.

O aumento de produtividade de parte do sector dos serviços consiste em grande medida em persuadir-nos a suportarmos uma carga de trabalho cada vez maior; trabalho esse que, deixando de ser feito por empregados, assegura às empresas poupanças muito significativas. Inevitavelmente, porém, cada vez dispomos menos de genuíno tempo livre. Toda a gente se queixa de que esteve muito ocupada no fim de semana. A fazer o quê? Ora, a percorrer os corredores do supermercado, a lavar o carro, a fazer transferências bancárias, a esperar na bicha do fast food, a ensinar às crianças o que não aprenderam na escola, a reparar a impressora seguindo as instruções do call-center ou a montar estantes. Tanta modernidade deixa-nos esgotados.

Na agricultura e na indústria, produtividade significa fazer mais com os mesmos recursos. Como é mais prático e económico comprar que fazer em casa, as pessoas deixam de plantar couves no quintal e de tricotar camisolas. Os cidadãos diminuem a auto-produção e o auto-consumo e conquistam tempo livre.

Paradoxalmente, em muitas actividades de serviço, produtividade significa fazer menos com os mesmos recursos. Como comprar tudo feito é mais caro e pior que fazê-lo, as pessoas resignam-se a trabalhar gratuitamente para as empresas que lhes vendem os serviços. Voltam a crescer a auto-produção e o auto-consumo, agora adornados de uma inovação linguística concebida por gurus que pensam muito à frente: somos hoje todos prosumers ou, se preferirem, "prosumidores". Em resultado, resta-nos menos tempo livre para a família e para os amigos ou, em alternativa, menos horas de sono.

Se, como pretendia Adam Smith, o preço de qualquer coisa inclui todo o esforço e maçada que ela nos custa, então a deterioração da qualidade de um serviço esconde um aumento real do seu preço. Não sendo esse facto considerado nas estimativas da contabilidade nacional, a inflação será subestimada e tanto a produção como os salários reais serão sobrestimados. Este problema tem preocupado os economistas, embora mais pelo lado da melhoria da qualidade do que da degradação dela. Desde meados dos anos 90, as estatísticas americanas consideram que a contínua subida da qualidade em produtos como computadores, automóveis e electrónica de consumo equivale a uma descida dos preços. Em resultado dessa revisão de metodologia, os EUA acrescentam todos os anos 0,5% ao crescimento do seu produto per capita, o que contribuiu para criar a ilusão de que a América cresce mais depressa do que a Europa.

Está certo o raciocínio que faz equivaler uma melhoria de qualidade a uma descida do preço, mas não se entende que não ocorra uma correcção do PNB no sentido inverso quando aquilo que se compra é, como sucede em tantos serviços, cada vez pior. Ignorá-lo é esconder um factor de empobrecimento que todos sentimos no dia a dia.

O PNB não é um facto objectivo, é uma construção teórica orientada por uma interpretação sobre o modo como a actividade económica afecta o bem-estar da sociedade. O resultado obtido depende, por exemplo, do modo como se calcula o índice de preços, se trata o problema da qualidade dos bens, se contabiliza os serviços do sector público, se valoriza a igualdade económico-social ou se avalia a importância da conservação dos recursos naturais.

Decididamente, todos ganharíamos se os economistas dedicassem algumas horas a estudar Mark Twain na faculdade.

Fisco

RIO - A herdeira da L'Oréal, Liliane Bettencourt, recebeu restituição de 30 milhões de euros em 2008 do Fisco francês, com aval do então ministro do Orçamento e atual ministro do Trabalho francês, de Eric Woerth, revela o site Mediapart.

Bettencourt é suspeita de evasão fiscal depois que gravações entregues à Justiça pela sua filha única apontaram que Liliane mantém 80 milhões de euros em contas na Suíça não declaradas ao Fisco, além de ser a proprietária de uma das Ilhas Seychelles.

Woerth que também é tesoureiro do partido do presidente francês, Nicolas Sarkozy (UMP), é suspeito de conflito de interesses no caso Liliane Bettencourt.

Segundo uma fonte citada pelo site noticioso, os 30 milhões de euros foram depositados em uma conta de Liliane no banco BNP, a pedido dos principais acionistas da L'Oréal entre o fim de janeiro e início de fevereiro 2008

"As restituições feitas pela administração fiscal, quando são superiores a alguns milhões de euros, necessitam do aval do ministro de tutela", de acordo com o site, que cita um funcionário do Fisco que pediu para não ser identificado. Segundo essa mesma fonte, Woerth deu sinal verde para o depósito.

O site noticioso aponta ainda que curiosamente nos últimos 15 anos Liliane Bettencourt não foi objeto de investigação fiscal tanto em relação à sua situação pessoal quanto à verificação de contabilidade da empresa.


Suspeita de evasão fiscal, herdeira da L'Oréal recebeu restituição de 30 milhões de euros do Fisco - O Globo - 1/7/2010

Custos no Setor Público

O governo lança em agosto um sistema de informação de custo e acompanhamento das despesas públicas. Em gestação há mais de dois anos nos Ministérios da Fazenda e Planejamento, o sistema será usado por todos os ministérios para avaliar custo dos programas, atividades e órgãos da administração direta do governo federal. A ideia é dar um salto de qualidade na política fiscal do governo com uma melhor gestão das despesas públicas.

Cerca de 200 técnicos da área orçamentária e de gestão de programas do governo já foram treinados para aplicar nos seus ministérios o novo sistema, que foi construído com tecnologia desenvolvida pelo Serpro (a empresa de processamento de dados do governo federal).

O sistema permite medir os custos de cada atividade do governo, com uma metodologia de contabilidade criada especialmente para cruzar dados financeiros dos gastos (de quanto custou um serviço, por exemplo) e quantitativos (quantidade de bens e serviços adquiridos). A avaliação extrapola a mera contabilização do valor das despesas pagas, como é feito hoje com base apenas na análise das fases do orçamento: dotação, empenho, liquidação e pagamento.

“Vamos transformar em custo a informação que hoje é apenas de despesa orçamentária”, explicou o ministro interino da Fazenda, Nelson Machado, que comanda a implantação do sistema, batizado de Sic-Gov (Sistema de Custo do Governo Federal). Segundo ele, identificar o custo real de todas as despesas públicas é hoje uma necessidade para a administração da política fiscal, prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal.

“Despesa é diferente de custo. Precisamos deixar de fazer análise de elevador dos gastos, se diminuiu ou aumentou, que não diz nada para o gestor”, ressaltou Machado. Para ele, a qualidade da política fiscal não pode ser avaliada somente com base na execução de superávit primários das contas públicas.

Remédios. Para explicar a diferença entre custo e despesa, o secretário deu como exemplo a compra de remédios pelo Ministério da Saúde. Em determinado período, o governo compra e paga um R$ 1 bilhão por uma quantidade de remédios, que, no entanto, não chegaram a ser utilizados no ano da compra. Os remédios ficaram no estoque. A despesa é justamente o valor dos remédios e o custo deve se contabilizado quando eles efetivamente forem usados.

Sem aferição dos custos, disse Machado, não tem como o administrador ser avaliado adequadamente. O administrador do ano seguinte ao da compra dos remédios não é mais eficiente do que aquele que não comprou os medicamentos. Dessa forma, explicou ele, o governo terá uma referência mais precisa para poder reduzir seus custos, melhorando sua produtividade.

A vantagem do sistema, destacou Machado, é que não introduz informações novas, mas trabalha de forma mais eficiente com os bancos de dados do governo já existentes.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, antecipou há duas semanas, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o lançamento do sistema, chamando atenção para a necessidade, neste momento de crescimento da economia brasileira, de o governo fazer uma avaliação mais apurada dos gastos públicos.

Além do aumento das despesas correntes, uma das críticas dos analistas econômicos em relação à política fiscal do governo é a de que o governo gasta mal.

O lançamento interno do sistema será feito durante o 1.º Congresso sobre Informação de Custos e Qualidade do Gasto no Setor Público, previsto para os dias 30 de agosto a 2 de setembro em Brasília.


Governo prepara sistema para acompanhar despesas públicas
Adriana Fernandes - O Estado de São Paulo - 2/7/2010