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07 junho 2010

Atraso na Convergência

Conforme postado anteriormente neste blog, a convergência sofreu um atraso. Na postagem, comentei uma reportagem do Financial Times sobre o assunto, onde destaquei que o principal derrotado teria sido David Tweedie, presidente do Iasb. Eis o texto completo do artigo em português, publicado no Valor Econômico (via Manual de contabilidade Simplificada:

Valor Econômico

Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres

Bob Herz, presidente do Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), responsável pelas normas contábeis dos Estados Unidos, confirmou o que já era um dos segredos mais mal guardados da profissão.

As principais reguladores contábeis do mundo não cumprirão o prazo, até junho de 2011, determinado pelo G-20, Grupo dos 20 países mais industrializados, para criar um padrão contábil mundial único.

A convergência global das normas de contabilidade vem sendo o santo graal dos contadores há mais de 30 anos. Argumentam que se as maiores companhias do mundo conseguissem harmonizar seus balanços financeiros melhorariam os fluxos de capital, atenderiam melhor os investidores e reduziriam a possibilidade de fraudes empresariais, como as da Enron e Parmalat.

Desde a recente crise financeira, autoridades reguladoras e políticos compartilham cada vez mais dessa opinião.

A iniciativa pela convergência assumiu um caráter mais premente depois que o promotor americano Anton Vakulas ter revelado em março que o Lehman Brothers havia transferido US$ 50 bilhões de suas contas no fim de trimestres graças ao artifício contábil Repo 105.

Embora admissível pelas regras americanas, o uso da Repo 105 não era permitido pelas internacionais.

Agora, no entanto, os responsáveis por criar as normas contábeis mundiais - o Fasb, dos EUA, e o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) - sinalizaram após semanas de especulações que estão reavaliando o cronograma da convergência.

Essa sinalização chega na esteira das queixas de investidores e empresas de que as autoridades estão apressando o processo e poderiam prejudicar a contabilidade das companhias no futuro.

Herz disse que os responsáveis por criar as normas podem aguardar que o processo de convergência - que inclui mais de uma dezena de projetos - ocorra no início de 2012.

Especialistas dizem que o atraso é um contratempo, mas pode não ser muito desastroso.

"É importante para nós termos padrões confiáveis e de boa qualidade, e se for preciso demorar mais um pouco eles deveriam usar o tempo que for necessário", diz Pauline Wallace, chefe de assuntos regulatórios da auditoria PricewaterhouseCoopers.

Canadá, Brasil e, possivelmente, Japão adotarão as normas internacionais ao longo deste ano e "havia pressões para ter a convergência até lá [junho de 2011]" para incrementar a força do processo, diz David Larsen, da firma de assessoria financeira americana Duff Phelps.

Há receios entre os integrantes do Comitê de Supervisão Bancária da Basileia sobre como calcular as taxas de alavancagem, porque os responsáveis pelas normas ainda não chegaram a um acordo sobre as grandes diferenças entre o que deve ficar fora e dentro do balanço patrimonial.

Os investidores continuam esperançosos. Peter Vipond, diretor de regulamentação financeira da Associação de Seguradoras Britânicas (ABI, na sigla em inglês), um dos maiores grupos de investidores do Reino Unido, afirmou que, embora o grupo apoie a convergência, isso não deve ocorrer à custa da qualidade das normas.

De fato, alguns contadores dizem que o principal derrotado poderia ser David Tweedie, presidente do Iasb, cuja data de aposentadoria coincidiria com o prazo para a convergência, junho de 2011, algo que traria brilho adicional a seu legado.

Tweedie, cuja anúncio de substituição é esperado em julho, disse repetidas vezes que tal atraso poderia ser prejudicial para o processo de convergência porque o novo presidente poderia levar tempo para estabelecer-se em seu novo cargo.

Fonte: Valor Econômico

Rir é o melhor remédio


Futuro executivo da BP

Custo da Energia



Um dos principais vilões do custo da energia no Brasil é a carga tributária, que saltou de 35,91% em 2002 para 45,08% em 2008, segundo estudo da PricewaterhouseCoopers. Nesse período, a arrecadação cresceu 115%, de R$ 21,4 bilhões para R$ 46,2 bilhões – resultado de 20 tributos e encargos sociais e setoriais.

“A conta de energia virou um varal para pendurar todo tipo de encargo. A maior esperança para reduzir o valor da tarifa sempre foi eliminá-los”, afirma o coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira de Alumínio (Abal), Eduardo Spalding.

Ele destaca, porém, que a realidade tem se mostrado outra. Alguns encargos que deveriam ser extintos, conforme determina a lei, são sempre prorrogados por mais algum tempo. É o caso da Reserva Global de Reversão (RGR), que acabaria no fim deste ano, mas deve ser estendida.

Outro exemplo é a Conta do Consumo de Combustível (CCC), usada para subsidiar a tarifa da Região Norte, onde a geração é térmica. Em vez de ser extinta, a cobrança praticamente dobrou de 2009 para cá. Este ano, serão recolhidos do consumidor R$ 4,8 bilhões.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, reconhece que a carga do setor é elevada. Mas avalia que o problema apenas seria resolvido com uma reforma tributária. Em relação aos encargos, ele diz que se trata de uma opção do governo. “O dinheiro da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), por exemplo, é usado para a universalização dos serviços de energia. Isso não é ruim.”

Outro fator que tem pesado bastante nas tarifas é o custo do sistema de transmissão, que saltou 500% em dez anos. Esse foi o preço para expandir a malha nacional, que até 1999 contava com 67.048 km de extensão. Mas o aumento do custo da transmissão é um mal necessário. Em 2001, o Brasil entrou no racionamento porque não tinha transmissão suficiente para trazer energia do Sul para o Sudeste.

Concessões. Uma alternativa para reverter o quadro de alta das tarifas de energia é a renovação das concessões das usinas elétricas, que vencem em 2012. Como a maioria das unidades é antiga e já foi amortizada, o governo poderá definir uma tarifa (bem menor que a atual) para a empresa que quiser continuar com a concessão.

A medida terá impacto direto na conta de luz de todos os consumidores brasileiros, avalia o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), Nivalde de Castro. Até 2015, vence a concessão de cerca de 20 mil megawatts (MW) de potência instalada.

Hubner acredita que a renovação das concessões também possa permitir reequilíbrio de tarifas nas diversas regiões do País. Ele destaca, porém, que a medida dependerá de amparo legal e deve ficar para o próximo governo. O problema é que, em 2012, vencem vários contratos de energia velha, aquela que foi vendida no leilão de 2004.

Se até lá a questão das concessões não estiver resolvida, o governo terá de fazer um leilão de médio prazo. “É aí que mora o perigo. Se essa energia for vendida a preços atuais, o aumento no custo da tarifa seria de 25%”, calcula o diretor da Fiesp/Ciesp, Julio Diaz.



Em 2008, 45% do custo da energia era imposto - Renée Pereira - O Estado de São Paulo - 7 junho de 2010 (Foto: Design You)

06 junho 2010

Rir é o melhor remédio


Adaptado daqui

BP = British Petroleum, empresa responsável pela poluição do Golfo do México, num torneio de soletrar.

Enquanto isto, em 1892...

A Companhia Commercio e Industria Nacional apresentou, no dia 10 de junho de 1892, suas informações contábeis. A seguir o formato da Demonstração da Conta de Lucros e Perdas:



Os valores referiam ao semestre encerrado em 31 de março de 1892 e a demonstração era apresentada como um razonete T. Esta demonstração era assinada por "Arthur Severino, guarda-livros". Abaixo, o formato do "Balanço Geral em 31 de março de 1892".



O balanço não segue a ordem que estamos acostumados nos dias de hoje. A conta Caixa, por exemplo é a última do Activo. (Mantive o português da época). O Balanço era assinado pelo Director-presidente, o Director-gerente e pelo guarda-livros.

Sobre as demonstrações, o parecer do Conselho Fiscal afirmava:

Cumprindo com o disposto no no. 1 do art. 27 dos nossos estatutos, procedemos á verificação dos saldos do balanço geral desta Companhia, realizado em 31 de Março ultimo, assim como á verificação das contas que nos foram apresentadas, as quaes se acham de acordo com os respectivos lançamentos.
Somos, portanto, de accôrdo, que devam merecer a vossa approvação as contas apresentadas pela nossa directoria"


Com a assinatura de três conselheiros.

É interessante que o relatório da administração da empresa ocupa uma página inteira do Diario Oficial.

No item Escriptorio, discorre sobre a contabilidade da empresas:


Escriptorio

Exerce as funcções de guarda-livros e chefe do escriptorio, desde 17 de setembro ultimo, o Sr. Arthur Severino, cuja proficiência, dedicação ao trabalho e zelo pelos nossos intereses, muito o recomendam ao nosso apreço, e muito têm contribuído para a regularidade a que chegamos nos variados serviços da nossa empresa.

Em o nosso escriptorio central são examinadas semanalmente as contas, o movimento e os escriptos parciaes das diversas casas feliaes; e, mensalmente, procede-se ao balanço em cada um destas.

Foi com a adopção desta pratica que conseguimos cortar despesas abusivas e harmonizar a marcha do serviço com a necessidade de garantir nossos interesses, estabelecendo um centro de acção e fiscalização para todas as ramificações do nosso negocio.

E acreditamos que, sem esse rigor, nada poderemos conservar de estável e proveitoso


Observe que a contabilidade tem sido usada com finalidade de controle, além de ajudar nas decisões.

05 junho 2010

Rir é o melhor remédio

Numa madrugada qualquer, um ladrão entra pelo quintal de uma casa e começa, em silêncio a arrombar a porta dos fundos....

Logo no início, escuta uma voz sussurrando:

- Jesus tá te olhando!
O ladrão se assusta, olha para os lados (na penumbra), mas não vê nada......

Segue tentando arrombar a porta e escuta novamente a voz:

- Jesus tá te olhando!
Meio incrédulo, mas com a certeza de ter escutado a frase, olha novamente ao seu redor e nada...
Quando reinicia sua "tarefa", ouve novamente a voz:

Jesus tá te olhando!!!
Desta vez, ele percebe de onde vem a voz e acende a lanterna, iluminando um canto da área de serviço...
Nisso, ele vê um papagaio na gaiola e já aliviado, pergunta:

- Ah... é você o Jesus?
E o papagaio responde:
- Não. Eu sou o Judas.

- Judas??? E quem é o louco que bota o nome de Judas em um papagaio?

- O mesmo que botou o nome de Jesus no Pitbull.

(Enviado por Jomar, grato)

A história não oficial da Contabilidade no Brasil

Provavelmente o leitor já conhece parte da história oficial da contabilidade no Brasil: a data da fundação do primeiro curso, a lei que reconheceu a profissão, os primeiros congressos dos profissionais, entre outros fatos importantes.

Mas como era a contabilidade antes destes fatos formais? Desconheço uma referência sobre o assunto, o que significa que ainda é necessário pesquisa sobre o mesmo.

Lendo História do Brasil com Empreendedores, de Jorge Caldeira (Mameluco) encontrei a seguinte passagem (p. 45) sobre a vida da família Prado. Ao falar da vida de Antonio da Silva Prado (1778 a 1875), Caldeira conta como ele enriqueceu: fez uma viagem para Chapada Diamantina como tropeiro e obteve uma alta margem de lucro. A partir daí, passou a fornecer capital para outros tropeiros. Ajudou o governo de Dom Pedro I a pagar algumas contas e ganhou o contrato para cobrar impostos em Sorocaba. Nesta função de cobrador de impostos, comprou milhares de mulas; suas mulas passavam pela barreira fiscal sem pagar impostos, mas as tropas concorrentes eram duramente taxadas. O dinheiro obtido era reaplicado no negócio. Eis um trecho importante do livro.

Nesse ritmo, Antonio da Silva Prado se tornou logo um dos homens mais ricos de São Paulo. Deu o passo seguinte ao reunir para si toda a herança da família, ao casar sua filha Veridiana com seu meio-irmão Martinho. A noiva tinha recebido a educação que seu pais julgava mais adequada, que incluía um longo treinamento na contabilidade de partida dupla.


Observe que o trecho diz respeito ao início do século XIX, quando ainda não existiam escolas de contabilidade no Brasil. Mas isto não impedia que algumas pessoas tivessem conhecimento da contabilidade. No caso Veridiana, provavelmente a educação recebida em contabilidade deve ter ocorrido através de professores particulares, contratado pelo pai, Antonio da Silva Prado. Além disto, a relevância da educação na contabilidade indica claramente que Prado já conhecia o método, de alguma forma, e considerava importante que sua filha aprendesse.

Sabe-se que antes da criação de escolas formais de contabilidade, a mesma era ensinada nas famílias. E no Brasil, como isto ocorreu? Talvez fosse necessário alguém investigar a história não oficial da contabilidade para descobrir a freqüência que isto ocorria. O livro de Caldeira já é relevante por revelar outra visão da história brasileira: existia um intenso mercado interno no Brasil colônia, a economia não dependia da exportação e os trabalhadores eram em sua maioria pessoas livres.