Explorar os extremos da Terra – o Ártico, a Passagem Nordeste e o Pólo Norte - era o sonho dos aventureiros do século XIX e início do século XX. Este era o grande desafio para os heróis daqueles tempos. Entretanto, ao contrário da exploração da América na época do descobrimento, a terra gelada não apresentava nenhuma promessa de riqueza.
Assim, uma viagem ao Ártico teve muito mais interesse científico do que econômico, sendo um campo ideal para que uma expedição seja financiada por um governo mais benevolente. Mas algumas das aventuras realizadas no período foram financiadas pela iniciativa privada.
Em 2001, Jonathan Karpoff, da Universidade de Washington, publicou um interessante estudo sobre estas expedições ocorridas entre os anos de 1818 e 1909. Este estudo foi publicado no Journal of Political Economy e apresentou alguns resultados importantes. Karpoff comparou as viagens realizadas sob o financiamento do governo com aquelas que tinham dinheiro de empresários. O resultado mostrou que as viagens com o dinheiro público possuíam melhores navios e maiores pessoas envolvidas. Em termos contábeis, as aventuras com recursos públicos possuíam melhor financiamento. Assim, enquanto em média uma viagem com recursos de empresários tinha em média 17 pessoas, as expedições públicas tinham em torno de 70 pessoas.
Mas as aventuras com recursos governamentais tiveram uma taxa maior de problemas, seja no número de mortos de tripulantes, sejam em doenças ou em chance de perda de um navio. O resultado final também mostra que as expedições com recursos privados foram responsáveis pela maior parte do número de descobertas realizadas no período: cinco dos seis grandes achados.
Este melhor resultado deve-se, segundo Karpoff, a três razões. Em primeiro lugar, as aventuras governamentais geralmente funcionavam através de comitês e os fatores políticos tinham um papel nas decisões, inclusive na composição da tripulação. Uma segunda razão é que as expedições privadas possuíam uma melhor curva de aprendizagem, com reflexo na forma como as experiências anteriores eram incorporadas nas viagens. Terceiro lugar, os incentivos funcionavam melhor nas aventuras com recursos privados.
John Lott, em Freedomnomics (p. 130), ao comentar este artigo, afirma:
O mercado não é perfeito, claro. Mas o governo normalmente está muito mais distante da perfeição