16 março 2010
Sadia
Documentos que integram o inquérito apontam que a Sadia recorreu a uma operação bancária chamada ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), que antecipa recursos para quem exporta, sem comprovar que realizou todas as exportações que lastreavam esses contratos. A investigação corre sob segredo de Justiça, mas a Folha obteve cópias de partes dessa documentação.
A suspeita é que a empresa tenha usado os ACCs para tirar ou trazer dólares ao país, conforme a necessidade. A Sadia sustenta no inquérito que as operações foram regulares.
O ACC é muito usado por exportadores porque os juros cobrados podem chegar à metade das taxas habituais, já que tem como garantia o contrato de venda do produto exportado.
Os ACCs investigados são anteriores à crise global que abateu a Sadia em 2008, mas podem fornecer uma explicação adicional para a bancarrota.
Polícia Federal investiga Sadia por suspeita de fraude cambial
Agora a China
As informações da China nunca foram totalmente confiáveis. A notícia a seguir mostra que aquele país pode estar fazendo contabilidade criativa na área pública:
PEQUIM - O Ministério das Finanças da China mudou a contabilidade de alguns gastos do governo este ano de forma a permitir que fosse divulgado um planejado déficit do orçamento abaixo do nível simbólico de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), como mostra um exame dos documentos orçamentários, segundo The Wall Street Journal.
No relatório do orçamento que apresentou no início deste mês, o Ministério das Finanças estimou o déficit total do orçamento para 2010 em 2,8% do PIB, "basicamente o mesmo do ano passado". Uma contabilidade estritamente cash dos gastos do governo, no entanto, elevaria o déficit de 2010 para 3,5% do PIB previsto e reduziria o déficit de 2009 a 2,2% do PIB, segundo cálculos do Journal verificados por três economistas.
A contabilidade simplesmente move gastos de um ano para outro e, portanto, não significa que a tendência geral das finanças do governo da China seja pior do que a informada. Mas abre dúvidas sobre a transparência e coloca em destaque o desejo do governo chinês de demonstrar finanças públicas fortes num momento em que os mercados globais estão nervosos com os déficits e dívidas oficiais. O Ministério das Finanças da China prometeu manter o déficit do orçamento anual abaixo de 3% do PIB - o mesmo limite que os países da zona do euro deveriam observar.
A Grécia e outros países europeus usaram por anos uma série de manobras contábeis para atingir a meta. Antes da criação do euro, França, Espanha e Portugal fizeram mudanças em seus orçamentos que permitiram que estes países mantivessem seus déficits abaixo do nível de 3% em 1997. Revisões posteriores mostraram que os déficits naquele ano foram, de fato, superiores a 3% do PIB nos três países.
Não está claro porque o Ministério das Finanças da China se atém à meta de 3%. A China não tem obrigação de manter seus déficits abaixo deste nível e muitos economistas estrangeiros, na realidade, exortam o governo a ter déficits maiores. A China também não enfrenta pressões dos mercados financeiros globais para manter um aperto nas finanças do governo, uma vez que seu enorme pool de poupança doméstica significa que o pais praticamente não precisa tomar empréstimos no exterior.
Mas, no passado, o governo da China enfrentou perguntas frequentes de investidores e de seu próprio público sobre se os dados oficiais representam acuradamente o estado da economia que cresce mais rapidamente no mundo. As informações são da Dow Jones.
China alterou contabilidade do orçamento para reduzir déficit, diz WSJ - Regina Cardeal, da Agência Estado
Classificação de risco
A agência de classificação de risco Moody´s, alertou nesta segunda-feira para os crescentes riscos nos países com nota AAA, que incluem a Alemanha, a França, o Reino Unido e os EUA. A análise gerou temores de que os EUA possam ser rebaixados na classificação. (...)
A classificação AAA ajuda os países a obter financiamento mais baratos nos mercados de capitais internacionais. A Moody's disse que há preocupações sobre como os governos estão fazendo para atingir melhores condições econômicas e para implantar políticas fiscais e monetárias expansionistas, agressivamente. (...)
Alerta da Moody´s gera temor de que nota dos EUA seja rebaixada
O Globo – 16/3/2010 - Valor/ Reuters
É muito difícil imaginar que uma agência de rating possa rebaixar uma dívida de um país como os EUA. As agências são muito conservadoras – e por isto são criticadas – na decisão de rebaixar o rating de um título de primeira linha.
Mappin e Mesbla
Na tentativa de rastrear dinheiro supostamente escondido fora do País, a Justiça de São Paulo mandou investigar os movimentos do empresário Ricardo Mansur – ex-dono das falidas Mappin e Mesbla e do banco Crefisul. Na sexta-feira, 12, o juiz Luiz Beethoven Ferreira, responsável pelo processo de falência do Mappin, nomeou um síndico exclusivo para trabalhar na "obtenção de ativos eventualmente desviados, ou malversados", por parte de Mansur, segundo o despacho do juiz.
As empresas de Mansur faliram há dez anos. Mesmo deixando uma dívida estimada anos atrás entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, e com os bens indisponíveis, o empresário vive hoje numa fartura financeira. Leva uma vida de luxo em Ribeirão Preto (SP) e, em menos de um ano, comprou duas usinas de açúcar e álcool na região de Ribeirão e uma faculdade no Espírito Santo. As dívidas do tempo em que era chamado de "rei do varejo brasileiro", no entanto, continuam penduradas na Justiça.
"Como ele pode ter feito tudo isso, se o que ele tinha a gente tomou para pagar parte das dívidas trabalhistas? Isso não pode passar despercebido pelo poder público. É acintoso", afirma o juiz Beethoven Ferreira.
O síndico responsável pela massa falida do Mappin há cerca de dez anos, Alexandre Carmona, continua onde está. Para rastrear eventuais contas ou propriedades que Mansur possa ter ocultado da Justiça, o juiz Beethoven Ferreira nomeou outro profissional – o advogado Afonso Henrique Alves Braga. "É uma outra linha de atuação. O dr. Alves Braga vai perseguir os supostos ativos do falido (Mansur). Ele é especialista nesse tipo de trabalho", afirma o magistrado.
Até o começo da noite desta segunda, o despacho do juiz nomeando o novo síndico ainda não havia chegado à Promotoria de Falências do Ministério Público de São Paulo, que também acompanha o caso. "É uma medida salutar ter mais uma pessoa para procurar esse suposto dinheiro", afirma o promotor de falências Marco Antonio Marcondes Pereira. "Só é preciso tomar alguns cuidados, para não transformar isso numa atividade de risco. Mas o juiz saberá definir por quanto tempo o novo síndico vai fazer o rastreamento e quanto essa operação vai custar." Procurada pela reportagem, Kátia Mansur Murad, irmã e advogada do empresário, não deu retorno.
Padrão de Vida
A suspeita de que Ricardo Mansur possa ter dinheiro fora do País, longe do alcance das autoridades, é antiga entre seus credores. Passou a ser compartilhada pela Justiça em razão dos sinais exteriores de riqueza que o empresário apresenta desde que se mudou para Ribeirão Preto, no ano passado.
Mesmo formalmente falido e cheio de dívidas, o empresário não baixou seu padrão de vida. Ele e a segunda mulher, Roberta, vivem numa casa alugada no condomínio mais caro da cidade (o aluguel seria de R$ 25 mil por mês) e tornaram-se sócios dos dois clubes mais exclusivos de Ribeirão Preto. Ele continua viajando pelo mundo com todo conforto. No ano passado, quando esteve em Paris e em Nova York, hospedou-se em dois dos hotéis mais luxuosos das cidades. Ele e a mulher passaram as festa de fim de ano em Miami.
Como a lei não permite que empresários falidos façam negócios até que suas dívidas sejam liquidadas, o nome do empresário não aparece oficialmente nas operações atribuídas a ele. De acordo com investigações particulares contratadas por alguns de seus credores, Mansur teria empresas em nome de laranjas.
É o que estaria acontecendo agora, com suas últimas aquisições. A Usina Galo Bravo, de Ribeirão Preto, e a Destilaria Pignata, de Sertãozinho, adquiridas por ele de agosto para cá, não estão em nome do empresário. Mas é ele quem negocia com os credores, quem pagou salários atrasados e, no caso da Galo Bravo, apresentou-se à prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (DEM), como novo proprietário da empresa.
No caso da Faculdade Batista de Vitória (Fabavi), comprada no fim do ano passado, a própria faculdade informou em nota que "o senhor Ricardo Mansur tem vindo semanalmente ao Espírito Santo para acompanhar as realizações e complementar os investimentos no Estado". A Fabavi teria custado cerca de R$ 40 milhões. O preço das usinas nunca foi esclarecido.
Como Mansur pagou? É o que o juiz Beethoven Ferreira diz que pretende descobrir.
Justiça vai atrás de bens de Mansur - David Friedlander, de O Estado de S. Paulo – 16/3/2010
15 março 2010
Rir é o melhor remédio
A tira acima mostra um personagem irritado dizendo odiar os liberais e seus lattes. Latte diz respeito a um tipo de café com leite quente. Para nós, brasileiros, Lattes é o sobrenome de um físico conhecido mundialmente. Para nós, da área acadêmica, Lattes está associado ao currículo Lattes, que somos "obrigados" a atualizar regularmente e burocraticamente. "I hate Lattes".