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19 fevereiro 2010

Sexo e Cidades

Para arrumar um parceiro existe uma regra que é válida para diversos países, inclusive no Brasil. Se você for um homem, mude para uma cidade grande. Se você for uma mulher, vá morar numa cidade pequena. Isto aumentará de forma significativa a chance de você arrumar um parceiro.

Segundo os dados do IBGE existiam no Brasil 169,8 milhões de habitantes, sendo 83,6 milhões de homens e 86,2 milhões de mulheres. A diferença de 2,6 milhões de mulheres é relativamente pequena quando se compara com a população total: 1,56%.

Entretanto existe um padrão oculto nestas estatísticas: a diferença entre os gêneros é maior nas grandes cidades. E nas pequenas cidades existem mais homens que mulheres.

O gráfico foi construído somando a população das cidades, das mais populosas às menores. Assim, a cidade mais populosa, São Paulo, possuía 4,972 milhões de homens para uma população de 10,434 milhões, numa relação de homem para população total de 0,4766. Este valor corresponde ao primeiro ponto do gráfico. Depois disto, somaram-se os valores da segunda maior cidade, Rio de Janeiro, onde existiam 2,748 milhões mulheres para 5,857 milhões. O valor desta soma conduz a uma relação de 0,4739 entre homens e população total. Acrescentando a terceira maior cidade do Brasil, Salvador, o que faz com que a relação seja de 0,4735. O processo continua até chegarmos a menor cidade do Brasil, Borá, com 795 habitantes, sendo 407 homens. Neste momento, a relação entre homens e a população total ficou em 0,4922. O gráfico mostra que na medida em que são somadas as cidades menores, a relação entre o número de homens sobre a população total cresce, indicando que nas menores cidades existem mais homens.

Outra forma de ver isto é pegar a proporção das cem maiores cidades e as cem menores cidades. A proporção média das maiores cidades foi de 0,4840, indicando que nas grandes cidades existem mais mulheres do que homens. Já a média das cem menores cidades do Brasil é de 0,5182, existindo mais homens que mulheres nestas cidades.

Um teste estatístico básico de média mostra que existe diferença entre estes dois grupos de cidades, o que significa dizer que podemos afirmar que na cidade grande encontraremos mais mulheres do que homens, e o inverso ocorre nas cidades menores.

Esta situação produz diversas conseqüências no mundo real. Tim Harford, no livro A Lógica da Vida, discute esta diferença através de uma simplificação que ele chamou de Supermercado do Casamento, que será usado a seguir. Admita que exista um local com vinte homens e vinte mulheres. Existem diversas simplificações no exemplo, entre elas que não existe casamento homossexual.

Quando um par decide pelo casamento, passa-se no caixa e recolhe cem reais. Este valor representa os benefícios psicológicos e monetários do casamento. Neste modelo, ninguém é pressionado a fazer sua escolha, mas provavelmente os ganhos do casamento seriam repartidos igualmente entre o homem e a mulher.

Numa segunda fase, admita que existam 19 homens e 20 mulheres no supermercado do casamento. Uma das mulheres não irá receber seus benefícios. Mas outras dezenove conseguirão. Se os casais concordaram antecipadamente em dividir os ganhos – os cem reais – igualmente, a mulher que ficou desacompanhada poderá interferir neste pacto, propondo receber quarenta reais, em lugar de cinqüenta. Esta disputa, por conta de um leve desequilíbrio, poderá beneficiar os homens, que estarão em vantagem na negociação do supermercado do casamento.

Mudança no Iasb 3

Padrão único seria 'tomada universal' para investidor

Financial Times, de Londres
As tomadas elétricas, que vêm em 12 diferentes formas, tamanhos e voltagens, são uma fonte perene de irritação. Da mesma forma que uma única tomada mundial amenizaria o desconforto de um viajante, um único conjunto mundial de normas contábeis tornaria mais fácil a vida dos investidores.

E não seriam apenas os acionistas os beneficiados. Regras contábeis uniformes facilitariam a implementação de regulamentos, como a proposta taxação mundial sobre bancos ou seu índice de capitalização exigido. Por isso, é preocupante que a Iasb tenha modificado uma cláusula fundamental em seu regulamento. A convergência entre as normas mundiais não é agora "um objetivo em si mesmo".

Essa mudança deverá confundir alguns países grandes, em meio a seus esforços de suposta negociação de um acordo comum. Afinal, todos ainda parecem estar trabalhando com a certeza, ao menos exteriormente, de que o limite de prazo de meados de 2011, estabelecido pelo Grupo dos 20 para uma norma única, será cumprido.

Mas esse verniz de confiança oculta problemas profundos. Grandes atores, como a China e o Japão, comprometeram-se a modificar seus padrões, mas não está claro até que ponto. No Ocidente, um acordo com os EUA ainda é o principal obstáculo. A comissão de valores mobiliários americana (SEC), que em última instância controla as regras no país, adiou sua declaração sobre a convergência. Muitas vezes, brigas por questões técnicas, como provisões contra prejuízos com empréstimos, são um disfarce para preocupações sobre soberania contábil.

De uma perspectiva mais ampla, o drama parece cômico, dado que os padrões contábeis raramente influenciam o dia a dia das empresas. Mas, para David Tweedie, presidente do Iasb, os atrasos são causa de frustração pessoal. Sua saída, prevista para 2011, coincide com o limite de prazo para convergência no G-20. A conclusão do projeto garantiria um legado. Neste momento, o cumprimento do prazo parece incerto.


Publicado no Valor Econômico - 18/2/2010. Veja mais sobre este assunto, aqui

Mudança no Iasb 2

Contabilidade: Convergência de normas globais fica mais distante

Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) não vai mais perseguir a convergência com seu congênere americano como "um objetivo em si só", segundo afirmou seu órgão supervisor, no mais recente sinal de um desgaste do consenso sobre as normas contábeis.

O Iasb, que estabelece os padrões contábeis para a maior parte do mundo fora dos Estados Unidos, foi nomeado pelo G-20 para supervisionar o desenvolvimento de um único padrão contábil de alta qualidade até meados de 2011.

Ficou implícito que isso incluiria a convergência dos padrões americanos com os internacionais, visando a adoção pelos Estados Unidos das Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS, em inglês), que já são usadas, ou deverão ser usadas, por mais de 110 países. (No Brasil, os trabalhos começaram em 2008, com previsão de adoção completa das normas no próximo ano.)

No entanto, a crescente politização do processo de contabilidade e as tensões envolvendo soberania vêm dificultando a obtenção de um acordo, segundo autoridades reguladoras e contadores.

Numa análise de sua constituição publicada ontem, o conselho supervisor do Iasb abordou essa preocupação com o projeto de convergência e disse que vai "enfatizar que a convergência é uma estratégia voltada para a promoção e facilitação da adoção das normas internacionais, mas não é uma estratégia por si só".

Algumas autoridades reguladoras e investidores desses países andavam frustrados com a percepção de que o conselho do Iasb estaria dando prioridade máxima à convergência com os EUA, deixando em segundo plano os interesses das partes que já adotaram o padrão IFRS.

Atsushi Saito, executivo-chefe da Bolsa de Valores de Tóquio, disse ao "Financial Times" que as companhias japonesas não querem que as normas internacionais, que são baseadas em princípios, se aproximem mais dos padrões americanos, que são baseados em regras.

A comissão de valores mobiliários americana (Securities and Exchange Commission, SEC), que supervisiona o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Financial Accounting Standards Board, Fasb), órgão que estabelece os padrões contábeis nos Estados Unidos, deverá apresentar neste ano sua posição sobre a convergência, depois de já ter adiado um comunicado por duas vezes no ano passado.

A perda da soberania contábil pelos Estados Unidos, que viria com uma mudança para as normas internacionais, é uma grande preocupação, afirmam especialistas. Os princípios contábeis comumente aceitos no país (conhecidos como US Gaap) são obrigatoriamente adotados por todas as empresas que acessam o mercado de capitais americano, o maior do mundo.

Em outros países, dentro dessa reorganização, o Iasb vai introduzir uma consulta pública trianual em sua agenda técnica. Ele também já admitiu, pela primeira vez, que os investidores estão entre seu público-alvo.

As mudanças, que são a segunda parte de uma revisão realizada cinco vezes por ano pela Fundação do Comitê das Normas Internacionais de Contabilidade, ou Iasc Foundation, o órgão supervisor do Iasb (do qual o ex-ministro Pedro Malan é um dos curadores), também vai incluir a criação dos cargos de vice-presidente do Iasb e de seu conselho supervisor. Essa estrutura deverá ser estabelecida quando Sir David Tweedie, o presidente do Iasb, se aposentar no ano que vem.

Pauline Wallace, diretora de políticas públicas e assuntos normativos da PricewaterhouseCoopers (PwC), disse: "Gostamos particularmente da decisão da consulta pública sobre a agenda técnica do Iasb e também da criação de dois postos de vice-presidentes, o que ajudará a amenizar a carga de trabalho do presidente".

O Iasb começou sua revisão constitutiva sobre pressão para justificar sua obrigação de prestar contas ao público.


Publicado no Valor Econômico - 18 fev 2010
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Informação privilegiada

Sócios da Randon são processados por informação privilegiada - Fabiana Holtz - O Estado de São Paulo - 19/2/2010

A Justiça Federal de São Paulo abriu processo nesta semana contra seis executivos e sócios da Randon SA, de Caxias do Sul (RS), pelo suposto uso de informação privilegiada para lucrar no mercado de ações (insider trading). É a segunda ação judicial do gênero aberta no País. A primeira investiga as operações financeiras que antecederam a oferta hostil da Perdigão pela Sadia, em julho de 2006, e foi aberta contra um ex-diretor e um ex-conselheiro da Sadia e um ex-superintendente de empréstimos do ABN Amro Bank.

Procurada para comentar o processo, a Randon informou por meio do seu departamento de comunicação que, como ainda não foi notificada pela Justiça, não vai se pronunciar sobre o assunto.

A ação judicial foi proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) e é movida contra Raul Anselmo Randon, presidente do conselho de administração e presidente da companhia. Na época, a empresa era controlada pela Dramd Participações. A ação também envolve a esposa de Raul, Nilva Terezinha Randon (sócia da Dramd), e os dois filhos do casal, Alexandre Randon (vice-presidente do conselho de administração) e Daniel Raul Randon (sócio da Dramd), além do diretor de operações da empresa, Erino Tonon, e do diretor de relações com investidores, Astor Milton Schmitt.

Todos continuam nas respectivas posições, com exceção de Daniel Raul Randon, que atualmente é diretor superintendente e diretor de relações com investidores da Fras-Le.

De acordo com o processo, os seis são acusados de ter comprado 754 mil ações da Randon e da Fras-Le (outra empresa do grupo) entre 5 de junho e 19 de julho de 2002, quase dois meses antes do anúncio da entrada da norte-americana Arvin Meritor como sócia do grupo brasileiro, o que só foi informado oficialmente em 15 de agosto de 2002. Na ocasião da compra das ações, segundo afirma o Ministério Público, como diretores e sócios da empresa brasileira, os acusados já sabiam da sociedade.

Em processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar a aquisição das ações, concluído em 2004, os executivos foram multados em R$ 231,4 mil. As ações da companhia se valorizaram 120% nos 12 meses que se seguiram à entrada da Arvin Meritor no grupo, segundo o MFP.

A Justiça Federal de São Paulo expediu carta precatória à Justiça Federal de Caxias do Sul para que os seis acusados sejam citados e apresentem resposta à acusação, recebida no último dia 28 de janeiro. A ação foi proposta em maio de 2009 pelo MPF em Caxias do Sul e percorreu um longo caminho técnico e burocrático, até chegar ao MPF em São Paulo.

O procurador da República Rodrigo de Grandis ratificou a denúncia elaborada pelo MPF em Caxias do Sul. Para ele, a ação é mais um resultado do trabalho integrado entre o MPF e a CVM, que estão desenvolvendo uma atuação conjunta para “a prevenção e o combate a ilícitos no mercado de capitais”.

Marcas

País avança em ranking de marcas
O Estado de São Paulo - 19/2/2010

O número de marcas brasileiras presentes na lista das 500 mais valiosas do mundo saltou de apenas seis em 2009 para 15 neste ano. As três empresas brasileiras mais bem classificadas são o Bradesco, o Banco do Brasil e a Petrobrás. Mundialmente, Walmart, Google e Coca-Cola lideram o ranking.

O relatório da Brand Finance, consultoria independente especializada na avaliação de marcas, é produzido com base em um levantamento financeiro sobre as empresas e em questionários com clientes e especialistas em medir a força de marcas.

“A região sul-americana registrou o mais alto crescimento do valor de suas marcas, subindo 84% (desde o ano passado). Isso é um reflexo do desempenho sólido na região, particularmente do mercado bancário brasileiro”, diz a Brand Finance, em comunicado.

Em entrevista à BBC Brasil, Gilson Nunes, diretor da Brand Finance do Brasil, explica porque a presença de marcas brasileiras no ranking cresceu tanto. “A crise econômica afetou seriamente as marcas de empresas dos países desenvolvidos, abrindo espaço para o crescimento das marcas das demais nações. O Brasil, porém, quase não sentiu a crise, o que possibilitou às empresas nacionais ganhar valor de mercado”, disse.

Entre as 15 empresas brasileiras que entraram no ranking das 500 mais, oito são do setor bancário, três de telefonia e duas de extrativismo mineral. Gerdau e Bovespa completam a lista.

O Bradesco, que na lista de 2009 aparecia na 75ª posição, saltou para o 42º lugar geral, sendo a 9ª marca de banco mais valiosa do mundo. Segundo a Brand Finance, a instituição é avaliada em US$ 13,3 bilhões, quase o dobro da avaliação do ano passado.

Com 3,5 milhões de clientes, o banco brasileiro é também a marca mais importante da América Latina.

O Banco do Brasil, por sua vez, mais do que dobrou o valor de sua marca nos últimos doze meses, chegando a US$ 6,7 bilhões, enquanto a Petrobrás é avaliada em US$ 5,6 bilhões.

RECUPERAÇÃO

A Brand Finance destaca em sua análise a recuperação do setor bancário ao redor do mundo. “O valor agregado das 500 maiores marcas bancárias do mundo em 2010 é agora 4% maior do que em 2008, antes da crise”, informa o site da companhia.

Pelo terceiro ano consecutivo, o HSBC lidera a lista entre os bancos, com US$ 28,5 bilhões. O Bank of America e o Santander vêm na sequência.

O domínio dos bancos americanos está em queda na lista. Das 500 marcas bancárias mais valiosas do mundo, 85 são dos EUA, ante 95 no ano passado. Enquanto isso, a quantidade de bancos europeus cresceu na lista de 174 para 197. Só a Grã-Bretanha ficou de fora desse crescimento, vendo o número de bancos do país no ranking cair de 24 para 22. “Isso sugere que a recuperação do continente europeu, em particular na França, Espanha e Suíça, deixou os bancos britânicos de fora”, analisa a Brand Finance.

DOMÍNIO AMERICANO

Na lista mundial de marcas de todos os setores, as empresas dos EUA dominam: as seis marcas mais valiosas do mundo são americanas, sendo elas Walmart, Google, Coca-Cola, IBM, Microsoft e GE.

Esse é o segundo ano seguido que a rede de supermercados lidera a lista, enquanto que o Google saltou da 5ª para a 2ª posição desde o ano passado.

A montadora japonesa Toyota permaneceu na 10ª posição do ranking, possivelmente porque o levantamento foi produzido antes dos recentes problemas com os veículos da marca virem à tona.

Outra montadora japonesa, a Mitsubishi, foi uma das empresas que mais ganharam posições na lista. Em 2009, a marca era a 220ª mais valiosa do mundo. Neste ano ela saltou para a 25ª colocação.

RANKING

AS MARCAS MAIS VALIOSAS

1. Wal Mart: US$ 41,4 bilhões

2. Google: US$ 36,2 bilhões

3. Coca-Cola: US$ 34,8 bilhões

4. IBM: US$ 33,7 bilhões

5. Microsoft: US$ 33,6 bilhões

PRINCIPAIS BRASILEIRAS NA LISTA

42. Bradesco: US$ 13,3 bilhões

117. Banco do Brasil: US$ 6,7 bilhões

147. Petrobrás: US$ 5,6 bilhões

195. Oi: US$ 4,3 bilhões

425. Vivo: US$ 2,2 bilhões

18 fevereiro 2010

Mudanças no Iasb

Segundo a Reuters News (Accounting body shores up defences, investor focus, Huw Jones, 15/2/2010), o International Accounting Standards Board (IASB) anunciou algumas mudanças que representam uma resposta aos críticos da instituição.

Entre as alterações destaco a seguinte:

"Os investidores são identificados especificamente como objetivo da informação financeira."

Conforme destaca Jones, isto é uma resposta aos políticos que consideram que as regras contábeis devem ajudar na estabilidade financeira. Além disto, o Iasb aprovou que reformas urgentes somente com 75% de aprovação dos trustees.

Para Malcolm McKay, do blog Accounting Principles, é a primeira vez que o IASB reconhece que o investidor existe. O mesmo McKay, em Iasb backs off on Convergence, lembra que o Iasb parece ter abandonado a meta, anunciada anteriormente, de ter os EUA no processo de convergência. A convergência dos EUA deixou de ser um objetivo por si só.

Esta mudança foi percebida por Rachel Sanderson, do Financial Times, no texto Iasb softens stance on convergence, de 15 de fevereiro. Sanderson lembra as pressões políticas, o fato dos EUA terem atrasado a declaração de convergência por duas vezes e a preocupação com a perda da soberania nas normas contábeis como problemas. E que pela primeira vez o investidor é citado como público-alvo. (Mais sobre o assunto no Financial Times, aqui).

Numa correspondência ao Financial Times, o Iasb discorda da análise de Sanderson, afirmando que "nada poderia estar mais longe da verdade".

Mais sobre o assunto, aqui.

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Fonte: aqui