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12 janeiro 2010

Fraudes aumentam

As perdas provenientes de fraudes divulgadas pelas empresas britânicas aumentaram 76 por cento no ano passado, para quase $2,1 bilhões, o maior valor desde que a empresa de contabilidade BDO começou a manter registros, em 2003.

As perdas superou o recorde de $ 1.37 bilhão de 2006, e os 363 casos, também o ponto mais alto, facilmente superando o total do ano passado de 285 incidentes.

Muitos dos novos casos envolvem fraudes que foram iniciados durante o boom econômico e estão agora foram descobertas pelas empresas, que passaram a ter um olhar mais atento para suas despesas e receitas.


Fraud losses up 76% to £2.1bn - Brooke Masters - Financial Times - 11/1/2010

Tributação em 2010

Sem mudança de fim de ano, regime fiscal vira obrigatório
Valor Econômico - 11/01/2010 - Fernando Torres, de São Paulo

As páginas do Diário Oficial da União vieram recheadas de novidades no fim do ano, mas não houve mudanças tributárias ligadas à contabilidade, como temiam algumas empresas. Ao todo, foram editadas 6 Medidas Provisórias e de 14 Instruções Normativas da Receita Federal apenas na última quinzena de dezembro.

Apesar de alguns desses atos terem mudado regras tributárias e aumentado o poder de supervisão do Fisco, nenhum dos dispositivos alterou a regra de amortização de ágio ou outras normas de tributação das empresas por conta do novo padrão contábil.

Desta forma, a correria de algumas companhias para realizar assembleias extraordinárias de incorporação ainda em 2009 e, assim, garantir a possibilidade de utilização do ágio acabou sendo em vão, possibilidade que havia sido mencionada por especialistas ouvidos pelo Valor no fim do ano.

Em relação ao tema tributário e contábil, há apenas duas novidades para 2010. Como não houve edição de MP mudando a Lei 11.941, o Regime Tributário de Transição (RTT), que era optativo para as empresas que apuram seus ganhos pelo lucro real, passa a ser obrigatório, inclusive para aquelas que usam lucro presumido. O RTT permite que as companhias recolham Imposto de Renda e CSLL como faziam até o fim de 2007. Ele garante, portanto, que a convergência contábil para o padrão internacional não provoque aumento ou redução no total de impostos a recolher pelas companhias.

Mas até por conta do nome, Regime Tributário de Transição, se mantém a expectativa, entre as empresas, de que o governo editará alguma lei que fique caracterizada como definitiva.

Outra novidade do fim de 2009, mas que já era esperada pelo mercado, foi trazida com a edição da Instrução Normativa nº 989. Ela criou a versão eletrônica do Lalur (livro de apuração do lucro real), o e-Lalur, que faz a conciliação entre o lucro societário conforme a regra contábil vigente até 2007 e o lucro tributável das companhias.

Com essa nova declaração eletrônica, que deve ser entregue até o dia 30 de junho deste ano, a Receita completa o sistema de controle automatizado dos balanços das companhias. O Sped Contábil é a escrituração eletrônica das informações das companhias conforme a novo padrão de contabilidade. O Fcont faz a conciliação entre esse balanço e como seria o resultado da companhia sem as mudanças contábeis que ocorreram a partir de 2008. Por fim, o e-Lalur mostra como a empresa chegou ao lucro tributável.

Sobre os resultados das assembleias, nem tudo saiu como o planejado pelas companhias. A Tempo Participações não conseguiu reunir, no dia 30 de dezembro, o número mínimo de acionistas necessário para aprovação da compra da Unibanco Saúde Seguradora. A segunda convocação ainda não foi feita. A falta de quórum frustrou também a intenção da Diagnósticos da América (Dasa) de aprovar, no dia 28 de dezembro, o desdobramento de ações da companhia na proporção de um para quatro papéis.

Por meio de votos por procuração, no entanto, a mesma Dasa conseguiu o número mínimo de presença para aprovar a incorporação da Exame numa assembleia realizada no dia 31 de dezembro.

Também no último dia do ano, a JBS, que tem controle definido e por isso não tem problema com quórum, obteve sucesso em aprovar a incorporação da Bertin. Dois dias antes, a companhia aprovou a emissão de US$ 2 bilhões em debêntures conversíveis que serão subscritas pela BNDESPar.

Investimento em ações

Gestão explica resultados na bolsa em duas décadas
Nelson Niero e Daniele Camba, de São Paulo - Valor Econômico - 11/01/2010

Investimentos em ações de empresas brasileiras nos últimos vinte anos deram retornos estratoféricos

O longo prazo compensa. Os investimentos em um grupo seleto de ações de empresas brasileiras nas últimas duas décadas deram retornos estratoféricos. Os papéis preferenciais da siderúrgica Gerdau ficaram na casa dos 40.000%, em valores deflacionados. Itaú Unibanco, Vale e Petrobras vieram em seguida com números não menos admiráveis.

O mais interessante, no entanto, é que, além dessas "blue chips", aparecem desconhecidas do grande público como a Panatlântica, beneficiadora de chapas de aço de Gravataí (RS), que valorizou nada menos que 148.355%, e a Metalúrgica Timboense (Metisa), fabricante de peças para máquinas agrícolas de Timbó (SC), com quase 50.000%.

São papéis de pouca liquidez, algo que afugenta gestores de carteiras, mas têm história consistente de receita e lucro crescentes, o que é garantia de pagamento de dividendos todo fim de período.

O processo de crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, aliado à melhoria da gestão, explica o desempenho de boa parte das vencedoras ao longo dessas últimas duas décadas, na opinião de Jorge Simino, diretor de investimentos da Fundação Cesp. "As histórias individuais das companhias são sempre importantes, mas certos eventos macroeconômicos são determinantes para o futuro delas", afirma.

A tese se aplica também às empresas que mais perderam no período: a abertura comercial no início da década de 90, que dizimou o setor têxtil, por exemplo. Teka, Tecelagem São José, Botucatu Têxtil, Schlosser e Tecelagem Blumenau estão entre as maiores desvalorizações.

Para os próximos 20 anos, empresas tradicionais têm grande chance de permanecer entre as vencedores. Difícil é descobrir a nova Panatlântica. Para Simino, o setor imobiliário deve trazer boas surpresas.

Remuneração por opções

Stock options ganham força
Rafael Pasquarelli - Brasil Econômico - 11/1/2010

O crescimento da empresa costuma levar o proprietário a transferir para administradores profissionais a gestão da firma. Um possível efeito colateral ocorre quando o gestor não trabalha nos melhores interesses da firma e de seus proprietários.

Uma maneira encontrada de alinhar os interesses dos acionistas com os dos administradores é via a concessão de stock options.

Por exemplo, imagine que o preço na bolsa da ação de certa empresa seja de R$ 10. A empresa concede aos seus diretores o direito de eles comprarem uma grande quantidade destas ações ao preço de, digamos, R$ 15,00 (denominado de strike) em até 5 anos.

Ora, a ideia é fazer com que os gestores trabalhem firmemente para que o preço da ação ultrapasse os R$ 15,00 dentro desse intervalo de tempo para que eles (os gestores) possam lucrar com a diferença.

Ao fazer isso, as metas dos administradores estarão alinhadas com as dos acionistas.

Na verdade, o modelo empregado no Brasil e no mundo é um pouco mais complexo. Se o preço da ação chegar a R$ 18 em um ano, os administradores ainda não poderão exercer seu direito de comprar por R$ 15 pois costuma haver um período de carência (vesting period) que deve ser cumprido.

Um vesting period típico é de três anos. Desta forma, concede-se o direito ao administrador de comprar as ações por R$ 15 dentro de um período de cinco anos contudo, ele apenas poderá exercer tal direito após o terceiro ano. No mercado, existem muitas variantes nos planos de stock options.

Se todos os anos o administrador receber stock options, diminui-se o incentivo de ele sair da empresa, pois sempre haverá opções ainda não maduras e, caso ele se retire da empresa, seus direitos em relação aos stock options cessam. Isto é, além de fazer o administrador trabalhar no mesmo interesse do proprietário fideliza-se o gestor pois ele ganhará mais permanecendo mais tempo na empresa.

Por conta da Lei 11.638/07, todo início de ano as empresas devem fazer um cálculo complexo para encontrar o valor justo dessas opções e publicar tais informações.

No início de 2009, o cenário era desolador para os executivos. O motivo é que com a queda da bolsa em 2008, as opções por eles detidas passaram a valer nada ou algo muito próximo a isto.

Em vários trabalhos de avaliação de stock options que realizei, deparei-me com situações em que o executivo tinha o direito de comprar ações ao preço de R$ 8,00 enquanto que o preço da ação estava a menos de R$ 2,00, fazendo com que o valor da opção fosse muito reduzido.

Neste início de 2010, as empresas terão, mais uma vez, de determinar o valor justo das opções concedidas.

Com a recuperação da bolsa em 2009, os executivos com stock options terão a feliz notícia que possuem na mão grandes fortunas pelo fato de terem o direito de comprar ações por preços bem inferiores aos praticados no mercado à vista.


É um assunto polêmico, já que existem estudos que mostram que a relação entre a remuneração e desempenho nem sempre é verdadeira. Observe que o próprio texto apresenta este lado, ao afirmar que a queda da bolsa fez com que o valor das opções ficasse reduzido.

Uma referência crítica ao uso das opções nas finanças modernas pode ser encontrado no livro de Justin Fox, The Myth of Rational Market. Fox mostra que o uso de opções foi manipulado pelos próprios executivos.

A questão contábil é a forma de lançamento. Existe uma resistência muito grande em reconhecer as opções como despesa, o que conduz a manipulação do resultado das empresas. Transparência é algo que os próprios executivos não gostam.

Os Aeroportos mais ocupados do mundo

1. Atlanta, Georgia, Estados Unidos – 20.181.931
2. Chicago, Illinois, Estados Unidos – 15.346.475
3. London, Inglaterra – 15.268.609
4. Tóquio– Japão – 15.180.894
5. Beijing– China – 15.153.600

Fonte: aqui

Plágio

Plagiadores alegam falta de tempo
Gazeta do Povo - 11/1/2010

Pesquisas em duas universidades apontam que o problema está no aluno e no professor. Um tem preguiça de fazer e o outro, de corrigir

Duas pesquisas realizadas em instituições de ensino superior, uma de âmbito estadual e outra de abrangência nacional, apontam o mesmo motivo como causa principal para o plágio e a compra de trabalhos na internet pelos acadêmicos: a falta de tempo – ou ao menos a sensação de que existem mais tarefas do que o dia comporta. Isso tanto para alunos, que preferem tomar um atalho para o fim do semestre, quanto para professores, que acabam não dispensando a devida atenção aos estudantes.

Pesquisa realizada com 276 alunos do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em 2007, constatou que 41% admitem já ter copiado ou comprado trabalhos na internet. Dentre os 42% que disseram por que fazem isso, dois em cada três justificaram a prática pela simples falta de tempo. A prática nem sempre passa despercebida do outro lado.

Dos 585 professores de contabilidade e administração de todo o país entrevistados também em 2007 pelo pesquisador Pedro Luengo Garcia, do Centro Universitário São João do Boa Vista (Unifae), 83% disseram já ter se deparado com trabalhos que não foram elaborados pelo aluno. A receita que os próprios entrevistados oferecem para combater essa prática exige tempo e esforço do professor: acompanhar o desenvolvimento do aluno. Eles deram respostas discursivas e Garcia tabulou a recorrência desse conceito em 20%.

“Nosso curso é voltado à formação de profissionais. Mas alguns que entram no mercado logo acham que a carga excessiva de trabalho justifica uma conduta antiética”, percebe a professora Nelma Zubek, que coordenou a pesquisa na UEPG. Essa percepção vale para outras áreas majoritariamente técnicas e é um alerta sobre a maneira como os alunos vêm sendo introduzidos na vida acadêmica, observa.

Esse comportamento prejudica o aprendizado, segundo 67% dos entrevistados. Mas para muitos, isso não é o suficiente para parar. “Eles pensam ‘não vou ser pesquisador, não preciso saber fazer isso’, o que não é verdade. Na profissão, ele terá de embasar suas decisões na teoria”, diz Nelma.

Na visão dos pesquisadores, professores devem fazer um mea culpa por muitas vezes não orientar e não conhecer os estudantes. “Deveríamos fazer o aluno entender a importância do trabalho acadêmico, mas muitos colegas simplesmente não pensam assim”, pondera Nelma. E Garcia ressalta que, apesar de muitos receitarem o acompanhamento, poucos professores sabem dizer qual a capacidade dos seus alunos – apenas 6% citam esse tópico em suas respostas discursivas.

Correção

Apesar de residual no cômputo final, uma afirmação dos estudantes merece atenção: 3% dos que disseram por que já copiaram ou compraram trabalhos prontos o fez porque acredita que o professor não os corrige. Para eles, muitas tarefas servem para “encher linguiça”, nas palavras do contador Sandro da Silva.

Silva foi aluno da UEPG e participou da elaboração da pesquisa sobre plágio. Apesar de abordar o corpo de estudantes, durante o processo, alguns professores confessaram a Silva que faziam a correção de parte dos trabalhos por amostragem. “O aluno diz que copia porque não tem tempo, e o professor diz que não corrige porque também não tem. Então tem algo de errado nessa relação”, analisa.

Para testar se o professor lê ou não os textos pedidos, há alunos que costumam incluir “pegadinhas” entre dois parágrafos. Histórias sobre receitas de bolo espalhadas aos poucos pelas páginas são várias. Um estudante teria ido mais longe e usado palavras de baixo calão contra o professor – sem receber nenhuma reprimenda. “É o que ouvimos em nossas entrevistas, não temos como afirmar que realmente aconteceu”, pondera.

“Dar trabalho por dar, para fechar nota, e coisas assim, é um incentivo para que o aluno copie e compre, porque ele sente que seu esforço não é valorizado e percebe que não vai ser pego se usar dessas ferramentas”, acredita Garcia. Se for para aplicar esse tipo de avaliação, orienta, o professor deve pedir trabalhos objetivos e específicos e entregue um retorno sobre o resultado ao aluno.