A Estrutura Conceitual Básica do CPC talvez seja hoje a base da nossa contabilidade. Você saberia dizer qual a palavra que mais aparece nesta estrutura? (Eliminando termos como "de", "a", etc). Um dica: estaria entre demonstrações contábeis, entidade e informações.
Resposta do Anterior: Romário. Fonte: Ex-jogador é condenado por sonegação fiscal, 11/12/2009, Estado de São Paulo. A decisão cabe recurso e refere-se ao ano de 1996, quando ainda jogava no Flamengo.
14 dezembro 2009
Valor Justo contribuiu para a Crise?
Um leitor gentilmente desafiou que este blogueiro fizesse comentários sobre o texto Did Fair-Value Accounting Contribute to the Financial Crisis (Working Paper NBER 15515, de Christin Laux e Christian Leuz.
Este blog já postou muitos comentários afirmando que existe uma certa acusação de que o valor justo provocou ou multiplicou a crise financeira. Esta acusação geralmente é proveniente do sistema financeiro, que deseja que as entidades de regulamentação das normas contábeis reduzam ou eliminem a aplicação do valor justo.
A principal acusação é que a necessidade de baixa contábil dos ativos força os bancos a venderem seus títulos por um valor reduzido, que faz com que o mercado de títulos tenha um redução, numa espiral onde baixa contábil – redução de preço agrava a crise.
O trabalho de Laux e Leuz procura verificar se isto é verdadeiro e as conclusões são no sentido de que a contabilidade a valor justo não adicionou elementos adicionais a crise financeira. Para isto, os autores analisaram as informações contábeis dos bancos e concluíram que: 1) o impacto das mudanças do valor justo é mais limitado do que é reclamado; 2) bancos usaram algumas artimanhas para sua contabilidade de valor justo; 3) existe pouca evidencia que ocorreu uma excessiva baixa contábil em 2008.
Em outras palavras, é possível que o papel do valor justo seja muito mais limitado do que se acredita. Laux e Leuz apresentam uma tabela interessante onde mostra que os bancos dos EUA possuíam um valor “reduzido” de ativos que sofriam os efeitos do valor justo. Nos grandes bancos, 36% dos ativos e durante a crise isto diminuiu. Os autores também constataram que os bancos que faliram evitaram os efeitos do valor justo nas demonstrações contábeis.
É importante notar que os autores fazem ressalvas quantas às conclusões. Com efeito, qualquer trabalho sobre o assunto sempre será questionado pelo tipo de pesquisa. O que é necessário saber é o que aconteceria se a contabilidade não tivesse adotado o valor justo? A crise seria menor? Em caso afirmativo, poderíamos arriscar afirmar que a adoção do valor justo provocou aumentou os efeitos da crise. Em caso nulo, não existiria uma relação de causa-efeito.
Existem diversas técnicas para estudar isto. Entretanto provavelmente nenhuma delas irá garantir com um bom grau de precisão a resposta a pergunta. Mas algumas pistas podem ser coletadas para o estudo. Isto foi o que os autores fizeram. Provavelmente outras pesquisas irão surgir para discutir este assunto. Sem um resposta conclusiva.
Este blog já postou muitos comentários afirmando que existe uma certa acusação de que o valor justo provocou ou multiplicou a crise financeira. Esta acusação geralmente é proveniente do sistema financeiro, que deseja que as entidades de regulamentação das normas contábeis reduzam ou eliminem a aplicação do valor justo.
A principal acusação é que a necessidade de baixa contábil dos ativos força os bancos a venderem seus títulos por um valor reduzido, que faz com que o mercado de títulos tenha um redução, numa espiral onde baixa contábil – redução de preço agrava a crise.
O trabalho de Laux e Leuz procura verificar se isto é verdadeiro e as conclusões são no sentido de que a contabilidade a valor justo não adicionou elementos adicionais a crise financeira. Para isto, os autores analisaram as informações contábeis dos bancos e concluíram que: 1) o impacto das mudanças do valor justo é mais limitado do que é reclamado; 2) bancos usaram algumas artimanhas para sua contabilidade de valor justo; 3) existe pouca evidencia que ocorreu uma excessiva baixa contábil em 2008.
Em outras palavras, é possível que o papel do valor justo seja muito mais limitado do que se acredita. Laux e Leuz apresentam uma tabela interessante onde mostra que os bancos dos EUA possuíam um valor “reduzido” de ativos que sofriam os efeitos do valor justo. Nos grandes bancos, 36% dos ativos e durante a crise isto diminuiu. Os autores também constataram que os bancos que faliram evitaram os efeitos do valor justo nas demonstrações contábeis.
É importante notar que os autores fazem ressalvas quantas às conclusões. Com efeito, qualquer trabalho sobre o assunto sempre será questionado pelo tipo de pesquisa. O que é necessário saber é o que aconteceria se a contabilidade não tivesse adotado o valor justo? A crise seria menor? Em caso afirmativo, poderíamos arriscar afirmar que a adoção do valor justo provocou aumentou os efeitos da crise. Em caso nulo, não existiria uma relação de causa-efeito.
Existem diversas técnicas para estudar isto. Entretanto provavelmente nenhuma delas irá garantir com um bom grau de precisão a resposta a pergunta. Mas algumas pistas podem ser coletadas para o estudo. Isto foi o que os autores fizeram. Provavelmente outras pesquisas irão surgir para discutir este assunto. Sem um resposta conclusiva.
A importância do Grupo de Controle
Em pesquisa cientifica, o grupo de controle diz respeito a um conjunto de pessoas que são usadas como parâmetros para comparar com o grupo estudado. Se estiver testando um novo medicamento, selecionado pessoas que irão tomar o medicamento e outras que não tomarão o remédio. Se houver diferença entre os resultados, posso começar a desconfiar que o medicamento faz efeito.
Recentemente pesquisadores do Interdisciplinary Research Center on Family Violence and Violence Against Women, de Montreal, Canadá, encontraram um problema com o grupo de controle. Os estudiosos estavam tentando medir o impacto da pornografia na sexualidade do homem. Para o estudo era necessário encontrar um grupo de homens que nunca olhou pornografia. O problema: este homem parece não existir.
A pesquisa não pode prosseguir por falta de grupo de controle.
Fonte: Scientist Tries to Find Man Who Has Never Watched Porn: Can't
Recentemente pesquisadores do Interdisciplinary Research Center on Family Violence and Violence Against Women, de Montreal, Canadá, encontraram um problema com o grupo de controle. Os estudiosos estavam tentando medir o impacto da pornografia na sexualidade do homem. Para o estudo era necessário encontrar um grupo de homens que nunca olhou pornografia. O problema: este homem parece não existir.
A pesquisa não pode prosseguir por falta de grupo de controle.
Fonte: Scientist Tries to Find Man Who Has Never Watched Porn: Can't
O excessivo custo da Sarbox
A Sarbanes-Oxley, também conhecida como Sarbox, foi criada em 2002 para regular as empresas de capital aberto dos EUA. Junto com a Sarbox foi criado o Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB). Questiona-se agora se a relação entre o custo e o benefício dos controles que surgiram da legislação, com a finalidade de evitar novos escândalos (como Enron) seria favorável ou não.
James Freeman, em The Supreme Case Against Sarbanes-Oxley (7/12/2009, The Wall Street Journal, A23) discute esta questão. O principal questionamento são as regras conhecidas como Section 404, que implementou os controles internos sobre a contabilidade das empresas. Estas regras são onerosas para as empresas segundo novos estudos.
Em 2003, segundo Freeman, a SEC estimou que uma empresa média poderia fazer com seus controles internos trabalhassem por $91 mil dólares por ano. Em 2008 um novo estudo aponta que a Section 404 irá consumir mais de 2,3 milhões de dólares por ano com custos diretos médios. Como parte deste custo é fixo, as pequenas empresas sofrem mais do que as grandes empresas: o estudo apontou em sete vezes mais. Para as empresas, somente 19% consideraram que a Section 404 possui mais benefícios que custos. Muitos afirmaram que reduz a eficiência das operações e afeta negativamente as decisões. Uma pesquisa recente, publicada no prestigioso Journal of Accounting and Economics (Leonce Bargeron, Kenneth Lehn e Chad Zutter da University of Pittsburgh), mostrou que desde a aprovação da Sarbox as empresas diminuíram os investimentos de capital e a pesquisa e desenvolvimento.
James Freeman, em The Supreme Case Against Sarbanes-Oxley (7/12/2009, The Wall Street Journal, A23) discute esta questão. O principal questionamento são as regras conhecidas como Section 404, que implementou os controles internos sobre a contabilidade das empresas. Estas regras são onerosas para as empresas segundo novos estudos.
Em 2003, segundo Freeman, a SEC estimou que uma empresa média poderia fazer com seus controles internos trabalhassem por $91 mil dólares por ano. Em 2008 um novo estudo aponta que a Section 404 irá consumir mais de 2,3 milhões de dólares por ano com custos diretos médios. Como parte deste custo é fixo, as pequenas empresas sofrem mais do que as grandes empresas: o estudo apontou em sete vezes mais. Para as empresas, somente 19% consideraram que a Section 404 possui mais benefícios que custos. Muitos afirmaram que reduz a eficiência das operações e afeta negativamente as decisões. Uma pesquisa recente, publicada no prestigioso Journal of Accounting and Economics (Leonce Bargeron, Kenneth Lehn e Chad Zutter da University of Pittsburgh), mostrou que desde a aprovação da Sarbox as empresas diminuíram os investimentos de capital e a pesquisa e desenvolvimento.
O ano da Governança
Empresas veem na governança saldo positivo da crise
Folha de São Paulo - 13/12/2009
MARIA CRISTINA FRIAS
A maior discussão acerca das boas práticas de governança corporativa faz parte do saldo positivo da crise, segundo empresários de todos os ramos.
Da mesma forma que os escândalos da Enron e da WorldCom nos EUA em 2001 levaram a um aprimoramento das normas de contabilidade, as turbulências de 2008/2009 fizeram com que gestores e autoridades deixassem de encarar a governança como um modismo. "Notou-se que as falhas nesse campo foram a origem dos problemas", destaca Heloísa Bedicks, diretora-executiva do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). "E, claro, o amadurecimento do mercado de capitais no Brasil tem ajudado no processo."
Perceber que todas as áreas de administração precisam estar próximas e manter um diálogo constante foi a primeira lição -os prejuízos com derivativos não teriam sido uma surpresa tão desagradável se a área financeira e a estratégica conversassem direito, dizem executivos. Aperfeiçoar o gerenciamento de riscos também se colocou como prioridade.
"Transparência é a palavra que resume as novas demandas. Por exemplo, nos EUA surgiu com força a exigência de cortar a remuneração de gestores, e, aqui no país, o debate é para que os salários sejam tornados públicos", diz Bedicks. "Assim, as vontades dos acionistas e dos que tomam as decisões ficam mais bem alinhadas."
Na opinião da professora Érica Gorga, da Escola de Direito de São Paulo, da FGV (Fundação Getulio Vargas), ainda falta avançar na questão do conflito de interesses dos membros do conselho de administração e dos minoritários. "Os conselheiros que têm relação com o acordo de acionistas para controlar a companhia deveriam ser impedidos de votar."
Para Bedicks, os conselhos deveriam ter mais diversidade tanto de gênero quanto de perfil de profissionais. "Atualmente, só há engenheiros que pensam todos da mesma forma."
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