O Tribunal de Sintra considerou o Estrela da Amadora como um clube insolvente, segundo revelou, ontem, a Agência Lusa, que teve acesso à sentença emitida pelo Juízo do Comércio. Curiosamente, foi o próprio clube, agora a militar na 2.ª Divisão, que requereu o estado de insolvência, no âmbito de dívidas que ascendem aos 11,5 milhões de euros, sendo "a Direcção Geral de Impostos, a Segurança Social, a Engiwall, a Playpiso e os SMAS os cinco maiores credores" , segundo se pode ler no documento.
A sentença também dá conta que Paulo Elias de Sá Cardoso foi nomeado administrador judicial, tendo sido decretada a "apreensão imediata, para entrega ao administrador, dos elementos de contabilidade da insolvente e de todos os bens, ainda que arrestados, penhorados ou apreendidos". No dia 16 de Dezembro será realizada a assembleia de credores. O clube tem bens imóveis com o valor, para efeitos fiscais, de 5,5 milhões de euros.
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional não aceitou a inscrição do do Estrela da Amadora por dívidas do clube, permitindo a permanência do Belenenses no escalão maior do futebol nacional. Sendo assim, o emblema da Reboleira foi impedido de competir nos campeonatos profissionais e teve de descer à 2.ª Divisão.
Estrela é clube insolvente
Jornal de Notícias - 6/10/2009
07 outubro 2009
Futebol e Contabilidade
Depois da reportagem sobre a contabilidade do Santos, um texto interessante sobre um clube de futebol de Portugal e sua situação financeira:
Teste #154
Hoje, 7 de outubro, é aniversário de um órgão contábil muito importante. Você saberia dizer qual é? Atenção: não adianta procurar na Wikipedia, que ele não possui verbete (!!!)
Resposta do Anterior: 25 anos. A idéia surgiu em 1981, mas somente alguns anos depois foi concretizada.
Resposta do Anterior: 25 anos. A idéia surgiu em 1981, mas somente alguns anos depois foi concretizada.
06 outubro 2009
Balanço e Futebol: Santos
A conta que não fecha
Jornal da Tarde - 5/10/2009
'Gastos gerais', artimanhas contábeis e tropa de choque nos balanços do Santos
“O dinheiro de Robinho.” A frase já foi dita muitas vezes na Vila. Refere-se não só aos milhões arrecadados com a venda do atacante, mas também de toda a geração revelada em 2002. Invariavelmente, é acompanhada da preocupação com a situação financeira atual do Peixe.
Seus opositores dizem que os números do Santos são um buraco negro. Teixeira garante não haver motivo para preocupação. Mas é verdade que, a cada eleição, ele não mede esforços não apenas para permanecer no cargo, mas para colocar um nome de confiança na presidência do Conselho Deliberativo. Assim como em postos chaves da comissão fiscal, que deveria fiscalizar as contas da diretoria.
Em 2005, o cartola fez de tudo para impedir que Odílio Rodrigues Filho, secretário municipal de saúde, derrotasse seu candidato, Florival Amado Barletta. Até telefonou para o prefeito da cidade, João Paulo Tavares Papa, pedindo intervenção.
A preocupação é porque os balanços do Santos costumam apresentar dados que são de difícil explicação. Como no ano passado, quando mostrou R$ 8 milhões na rubrica ‘gastos gerais’.
“O que são gastos gerais? Ninguém consegue responder isso”, pergunta o associado Fabio Viana, que se especializou em vasculhar os números do clube.
A geração Diego e Robinho rendeu cerca de R$ 155 milhões para os cofres alvinegros. “O Santos não é banco para dar lucro. Investimos no CT e reformamos a Vila”, irrita-se o presidente, quando confrontado.
Mas a conta não bate. De acordo com os balanços, desde 2001 foram colocados R$ 16 milhões nas categorias de base e no patrimônio do clube. O presidente não admite que o gasto excessivo com o futebol seja justificativa. Mas apenas entre 2006 e 2008 os departamentos de esportes, especialmente o futebol, consumiram R$ 204 milhões.
A constatação frustra os que achavam que a fortuna arrecadada seria a redenção financeira. Entre os quais se inclui o próprio Teixeira. Após a negociação de Robinho com o Real, ele disse que a grana asseguraria estabilidade para o Santos por “muito tempo”. No ano passado, o déficit foi de R$ 24 milhões. E o valor só foi esse porque o presidente pediu R$ 10 milhões de adiantamento das cotas de televisão.
Tropa de choque
Na hora de votar o balanço no Conselho, Teixeira coloca em campo a tropa de choque. Quem pede a palavra para questionar o cartola é recebido com vaias. O objetivo é intimidar.
Suas contas sempre foram aprovadas. Mesmo as de 2001, aceitas com ressalvas porque o clube lançou mão de expediente ilegal segundo o Conselho Federal de Contabilidade. Usou o valor de multas rescisórias de atletas como ativo. “O Santos inflou o balanço em mais de R$ 200 milhões”, denuncia Viana.
O próprio Peixe reconheceu o erro e vem corrigindo contabilmente ano a ano. Nos tempos de bonança, retificava R$ 40 milhões. Desde 2007, são apenas R$ 2 milhões.
O Conselho Deliberativo nunca levou em consideração nem erros crassos. Como a dívida de R$ 455.175 com a Conmebol nas contas de 2005. O conselheiro Orlando Rollo apresentou documento da entidade provando que o Peixe não devia nada e que os números do clube estavam errados. Resultado: três votos contra e mais de 300 a favor da aprovação do balanço.
Burocracia
Abrir empresa está mais fácil. Mas fechar...
Carolina Dall'Olio - Jornal da Tarde - 5/10/2009
Obter o registro levava até 152 dias e agora só demora 15. Mas encerrar a empresa continua difícil
Quem der entrada hoje na papelada para abertura de uma empresa deve concluir o processo até o final do mês. De acordo com o Serviço de Apoio ao Empreendedor (Sebrae), o prazo médio para abrir um negócio no Brasil é de 20 dias - em São Paulo, o procedimento leva cerca de duas semanas.
A situação já foi pior: há dois anos, o tempo médio era de 152 dias no Brasil. Mas mesmo tendo avançado, o País ainda fica para trás quando comparado com outras regiões. Nos Estados Unidos, por exemplo, o procedimento dura apenas um dia. “Ficamos mais ágeis, mas o processo ainda continua muito complexo por aqui”, ressalta Lázaro Rosa da Silva, advogado do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco).
A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que entrou em vigor em 2006, foi um dos fatores que ajudaram a encurtar o prazo, por ter simplificado um pouco as exigências dos órgãos envolvidos (como Receita Federal, governos e prefeituras). “Mesmo assim, analisar todas as regras tributárias e levantar as exigências legais a serem cumpridas é um trabalho que exige conhecimento prévio. Um leigo dificilmente conseguirá fazer isso sozinho, vai precisar contratar um contador”, declara Silva.
O trabalho de um profissional de contabilidade costuma custar entre R$ 500 e R$ 1.000 para abertura de empresa, estima o Cenofisco. “E o gasto pode ficar ainda maior no caso de auxílio a fechamento de empresas”, diz Silva.
O fechamento de empresas no Brasil é tão complexo quanto o de abertura - e pode ser ainda mais lento. Não há um prazo médio. Mas no caso do vendedor Marcos Artur Martins, de 47 anos, essa tarefa já dura mais de dez anos. Para trabalhar como autônomo, ele abriu em 1994 uma representação comercial e passou a prestar serviços para uma outra empresa.
Ao notar que os impostos comiam boa parte de seus rendimentos, Martins preferiu voltar à vida de assalariado. Desativou a empresa em 1998, mas não conseguiu encerrá-la. “Fui descobrir tempos depois que devia alguns impostos e que, por terem acumulado, eles haviam chegado a uma valor muito maior”, conta.
“O problema é que, como a empresa estava desativada, eu já não tinha mais rendimentos para quitar o débito. Tive que parcelar o pagamento dos impostos e ainda vou precisar contratar um contador e gastar mais ainda para fechar de vez as portas”, lamenta.
Julio Durante, consultor do Sebrae-SP, explica que o fechamento da empresa costuma ser ainda mais moroso porque cada órgão precisa realizar um levantamento de todas pendências do negócio antes de autorizar o encerramento. “Além disso, quem está fechando as portas geralmente está sem receita nenhuma. Fica portanto mais difícil arcar com os custos originados da burocracia”, lembra Durante.
Para o consultor, esses problemas só reforçam a necessidade de planejamento antes da abertura de uma empresa. “É preciso muita pesquisa, muito estudo e uma análise sobre a viabilidade do negócio, para que o candidato a empresário não perca dinheiro e tempo numa tentativa frustrada.”
Essa série de obstáculos acaba por desestimular os empreendedores, avalia o economista Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Faap. “Eles desistem de abrir um negócio. E isso representa um prejuízo enorme à economia, porque atrapalha a geração de empregos, engole as ideias inovadoras e ainda acaba por levar muita gente à informalidade”, resume.
Para o presidente da Junta Comercial de São Paulo, Valdir Variolli, “a diversidade de registros e inscrições para abertura e fechamento de empresas é o nó que temos que desatar”. Ele lembra que a Lei 111.598 já regulamenta a questão - sancionada em dezembro de 2007, ela criou a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios. De acordo com o texto, os órgãos envolvidos na abertura de uma empresa deveriam ter um processo simplificado e totalmente integrado, evitando que o candidato a empresário tivesse de percorrer várias instâncias. Porém, tirar a lei do papel tem se mostrado uma dificuldade. “Para implantarmos isso, todas as legislações municipais, que são muito variadas, têm que ser contempladas”, justifica Variolli. “É um processo complexo, mas estamos caminhando.”
Carolina Dall'Olio - Jornal da Tarde - 5/10/2009
Obter o registro levava até 152 dias e agora só demora 15. Mas encerrar a empresa continua difícil
Quem der entrada hoje na papelada para abertura de uma empresa deve concluir o processo até o final do mês. De acordo com o Serviço de Apoio ao Empreendedor (Sebrae), o prazo médio para abrir um negócio no Brasil é de 20 dias - em São Paulo, o procedimento leva cerca de duas semanas.
A situação já foi pior: há dois anos, o tempo médio era de 152 dias no Brasil. Mas mesmo tendo avançado, o País ainda fica para trás quando comparado com outras regiões. Nos Estados Unidos, por exemplo, o procedimento dura apenas um dia. “Ficamos mais ágeis, mas o processo ainda continua muito complexo por aqui”, ressalta Lázaro Rosa da Silva, advogado do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco).
A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que entrou em vigor em 2006, foi um dos fatores que ajudaram a encurtar o prazo, por ter simplificado um pouco as exigências dos órgãos envolvidos (como Receita Federal, governos e prefeituras). “Mesmo assim, analisar todas as regras tributárias e levantar as exigências legais a serem cumpridas é um trabalho que exige conhecimento prévio. Um leigo dificilmente conseguirá fazer isso sozinho, vai precisar contratar um contador”, declara Silva.
O trabalho de um profissional de contabilidade costuma custar entre R$ 500 e R$ 1.000 para abertura de empresa, estima o Cenofisco. “E o gasto pode ficar ainda maior no caso de auxílio a fechamento de empresas”, diz Silva.
O fechamento de empresas no Brasil é tão complexo quanto o de abertura - e pode ser ainda mais lento. Não há um prazo médio. Mas no caso do vendedor Marcos Artur Martins, de 47 anos, essa tarefa já dura mais de dez anos. Para trabalhar como autônomo, ele abriu em 1994 uma representação comercial e passou a prestar serviços para uma outra empresa.
Ao notar que os impostos comiam boa parte de seus rendimentos, Martins preferiu voltar à vida de assalariado. Desativou a empresa em 1998, mas não conseguiu encerrá-la. “Fui descobrir tempos depois que devia alguns impostos e que, por terem acumulado, eles haviam chegado a uma valor muito maior”, conta.
“O problema é que, como a empresa estava desativada, eu já não tinha mais rendimentos para quitar o débito. Tive que parcelar o pagamento dos impostos e ainda vou precisar contratar um contador e gastar mais ainda para fechar de vez as portas”, lamenta.
Julio Durante, consultor do Sebrae-SP, explica que o fechamento da empresa costuma ser ainda mais moroso porque cada órgão precisa realizar um levantamento de todas pendências do negócio antes de autorizar o encerramento. “Além disso, quem está fechando as portas geralmente está sem receita nenhuma. Fica portanto mais difícil arcar com os custos originados da burocracia”, lembra Durante.
Para o consultor, esses problemas só reforçam a necessidade de planejamento antes da abertura de uma empresa. “É preciso muita pesquisa, muito estudo e uma análise sobre a viabilidade do negócio, para que o candidato a empresário não perca dinheiro e tempo numa tentativa frustrada.”
Essa série de obstáculos acaba por desestimular os empreendedores, avalia o economista Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Faap. “Eles desistem de abrir um negócio. E isso representa um prejuízo enorme à economia, porque atrapalha a geração de empregos, engole as ideias inovadoras e ainda acaba por levar muita gente à informalidade”, resume.
Para o presidente da Junta Comercial de São Paulo, Valdir Variolli, “a diversidade de registros e inscrições para abertura e fechamento de empresas é o nó que temos que desatar”. Ele lembra que a Lei 111.598 já regulamenta a questão - sancionada em dezembro de 2007, ela criou a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios. De acordo com o texto, os órgãos envolvidos na abertura de uma empresa deveriam ter um processo simplificado e totalmente integrado, evitando que o candidato a empresário tivesse de percorrer várias instâncias. Porém, tirar a lei do papel tem se mostrado uma dificuldade. “Para implantarmos isso, todas as legislações municipais, que são muito variadas, têm que ser contempladas”, justifica Variolli. “É um processo complexo, mas estamos caminhando.”
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