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16 julho 2009

Bancos e Valor justo

Regras contábeis: Nova proposta quer melhorar transparência, mas deve aumentar volatilidade de ganhos

Por Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres - Valor Online (15/07/2009)

Uma mudança radical na maneira como os bancos e seguradoras divulgam o valor dos instrumentos financeiros está sendo proposta por formuladores de regras contábeis internacionais, numa tentativa ousada de resolver uma grande disputa que está no centro dos esforços para impedir a repetição de uma crise de crédito.
International Accounting Standard Board (IASB) está propondo um princípio simples para quando os bancos e seguradores devem avaliar um investimento financeiro como posição de longo prazo, e quando ele deve ser avaliado como posição de negócio. Pelas propostas, mais investimentos serão informados aos valores correntes de mercado, uma mudança que poderá melhorar a transparência das contas, mas aumentar a volatilidade dos ganhos.

Sob as regras propostas pelo IASB, se um investimento de um banco produzir um fluxo de caixa previsível, como um bônus do governo, ele poderá ser avaliado na contabilidade usando-se um mecanismo que elimina as flutuações do mercado. Se o fluxo de caixa do investimento for imprevisível, como é o caso de alguns derivativos, ele deverá ser avaliado aos valores correntes de mercado.
As propostas são uma resposta ao esforço transatlântico para diluir a contabilidade do "valor justo", avaliando os ativos aos níveis do mercado. Alguns bancos e formuladores de políticas acreditam que o "valor justo" cria uma volatilidade desnecessária nos lucros, contribuindo para uma perda da confiança dos investidores no auge de uma crise de crédito, quando a queda dos preços dos ativos atinge os balanços.

As novas regras mudam essa discussão ao conceder aos bancos mais liberdade na maneira como eles informam seus ativos, mas enfatizam os princípios do uso dos preços de mercado onde possível. Todavia, elas deverão forçar bancos e seguradoras a reavaliarem completamente a maneira como eles divulgam seus portfólios de investimentos.

Por exemplo, uma carteira de títulos do Tesouro dos Estados Unidos - entre os ativos de maior liquidez do mundo - pode ser classificada como instrumento de negociação e seria informada pelo valor justo, como é hoje. Mas um banco ou seguradora que tivesse esses mesmos bônus como investimentos de longo prazo poderiam optar por informar essa parte de sua carteira ao "custo amortizado", um processo que remove a volatilidade do mercado dos valores informados. "As propostas reconhecem que os bancos administram seus portfólios de maneiras diferentes e esse é um grande passo na direção certa", afirma Pauline Wallace, sócia da PwC. "Esta é uma área fundamental da contabilidade e precisamos fazer isso direito".


Fonte: Aqui

Continua a Convergência

Processo de convergência contábil será mantido
Graziella Valenti - Valor Econômico - 15/7/2009

O cronograma anunciado ontem pelo Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb) para revisão das regras de instrumentos financeiros não afetará o processo de convergência contábil para o IFRS no Brasil. Eliseu Martins, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reiterou que será mantido o plano original de emissão das normas neste ano, para adoção completa em 2010.

As mudanças anunciadas pelo Iasb ontem são de adoção obrigatória apenas em 2012. Há opção de seguir as novas diretrizes voluntariamente no balanço de 2009. Os trabalhos do comitê internacional são divididos em três fases. Apenas a primeira foi concluída e anunciada junto com o cronograma ontem. O processo das mudanças só estará finalizado em 2010.

No Brasil, por enquanto, as companhias continuarão seguindo a regra antiga (ainda válida) do IFRS para instrumentos financeiros. A convergência foi dividida em duas fases aqui - uma parte emitida e aplicada em 2008 e outra divulgada neste ano, para uso em 2010.

"A CVM poderá estudar a antecipação sugerida pelo Iasb somente se na consulta pública dessa próxima fase houver solicitação nesse sentido", disse Eliseu. Caso contrário, será feito tudo de acordo com a norma antiga e então a CVM estudará as mudanças para 2012 - quando serão obrigatórias.

O Brasil entrou na rota oficial do IFRS em 2008. No total, são necessárias 49 normas para completar esse esforço. Dessas, 20 já foram emitidas, 15 estão ou já saíram de consulta pública e 14 estão em fase de elaboração, sendo que cinco devem sair nos próximos dias.

Atualmente, antes de serem contabilizados, os instrumentos financeiros, com exceção de derivativos e hedge, devem ser classificados entre três tipos: os títulos que serão carregados até o vencimento, os disponíveis para venda e aqueles da tesouraria. Para cada classe, havia regras específicas.

Alexsandro Broedel, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (Fipecafi), explicou que, com a mudança do Iasb, só haverá dois tipos de classificação: títulos com características de empréstimos, contabilizados pelo custo de amortização e aplicações de capital, como ações, que serão registradas pelo valor justo.

15 julho 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: New Yorker

Teste #110

No teste anterior a associação foi entre local de nascimento e figura contábil. Agora é local da morte e a figura contábil.

a) Hierapolis, na Turquia, ou Etiópia
b) Snowmass, Colorado
c) Washington, DC

1) Arthur Buchwald (1925 – 2007), brigou com a Paromount sobre o lucro do filme Coming to America
2) Kenneth Lee "Ken" Lay (April 15, 1942 – July 5, 2006), ex-executivo da Enron
3) Mateus, cobrador de impostos, padroeiro dos contadores


Resposta do Anterior: Harran = Taymiyyah; Borgo = Paccioli; Florença = Medici; Tus = al-Ghazālī

Valor justo e Iasb

O Iasb está propondo uma nova maneira de encarar a questão do valor justo. Se um investimento financeiro for de longo prazo, com fluxos previsíveis, deve ser mensurado sem a influencia do mercado. Se o fluxo for imprevisível, como é o caso de certos derivativos, a mensuração seria pelo valor de mercado.

Isto seria uma tentativa de resolver o tratamento do valor justo em situações de volatilidade, segundo o Financial Times.

Esta é ainda uma proposta - que o Iasb chama de draft - com a finalidade de reduzir a complexidade e tornar a contabilidade mais compreensível para os usuários, segundo o Iasb.

O Financial Times publicou um gráfico explicativo das duas opções (em lugar das quatro existentes hoje):



A proposta recebeu elogios de Norris, colunista do NY Times de contabilidade, pela sua simplicidade.

Modelos de Precificação

Mais um problema para os modelos de precificação:

Os modelos de precificação de ativos, entre eles o CAPM, são largamente usados e ensinados. Entretanto, suas hipóteses restritivas são perigosas. Uma recente conclusão questiona ainda mais os valores obtidos por estes modelos. Em Asset Class Correlations Increase In Bad Times informa-se que a correlação entre ativos muda com o passar do tempo. Mais ainda, que a correlação, medida estatística entre dois ativos, aumenta com os problemas do mercado.

A questão é que os modelos são implantados usando dados históricos de covariâncias. Ou seja, o passado é usado para tomar as decisões nos dias de hoje. Apesar de alguns modelos permitirem ajustes nos dados históricos, a realidade é que os dados passados são relevantes.

Contadores e Sentimentos

Comentei anteriormente sobre o livro Idéias que Colam, de Chip Heath e Dan Heath. No capítulo 5 o livro fala de Sentimentos. E começa com uma pesquisa realizada para verificar qual a melhor forma de uma entidade sem fins lucrativos abordar as pessoas. Uma pesquisa de 2004, da Universidade Carnegie Mellon testaram duas carta de solicitação para a entidade Save the Children.

A primeira correspondência apresenta números reais da fome no Malaui, a seca na Zâmbia, o êxodo em Angola e a falta de alimentos na Etiópia. A segunda versão apresenta a seguinte informação:

Qualquer quantia que você doar será revertida para Rokia, uma menina de 7 anos, do Mali, na África. Rokia é extremamente pobre e está ameaçada a passar fome ou até mesmo morrer de fome. Contamos com usa colaboração financeira para poder mudar a vida dessa menina para melhor. Com seu apoio, e a caridade de outros padrinhos, a Save the Children trabalhará junto à família da Rokia e outros membros da comunidade para ajudar a alimentá-la e educá-la, e fornecer assistência média básica e noções de higiene.

Ou seja, a primeira solicitação era muito objetiva, mas genérica. A segunda comentava um caso real. A resposta da primeira carta foi uma contribuição média de 1,14 dólares. Já as pessoas que leram a carta sobre Rokia contribuíram com 2,38 dólares em média.

Os pesquisadores acreditavam que as doações menores para a carta de estatística poderiam ser resultado do que chamam de "efeito gota no oceano".

Continuando a pesquisa, foi elaborada uma terceira carta, com ambas as informações. O objetivo era saber se a combinação de informações genéricas com um caso específico era mais favorável numa campanha de doação. Esta terceira carta gerou uma média de 1,43 dólares por pessoa, muito abaixo da média obtida com a segunda carta. O livro apresenta uma conclusão interessante:

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que pensar sobre estatísticas leva as pessoas a um tipo de pensamento mais analítico. Quanto as pessoas pensam de forma analítica, elas estão menos propensas a pensar emocionalmente. E os pesquisadores acreditavam que foi a reação emocional ao apelo de Rokia que levou as pessoas à ação.

Para confirmar isto, foi realizado um segundo estudo. Para um grupo de pessoas foram feitas perguntas analíticas (perguntas de física, por exemplo) e para um segundo grupo questões de sentimentos ("escreva uma palavra que expresse o sentimento ao ouvir a palavra bebê"). Depois desta fase, ambos os grupos receberam a carta de Rokia. A média do primeiro grupo, com perguntas analíticas, foi de 1,26 dólares. A média do segundo foi de 2,34 dólares.

Os resultados são chocantes. O simples ato de fazer um cálculo reduziu a propensão à doação. Quando colocamos o chapéu analítico, reagimos de forma diferente aos apelos emocionais. Criamos uma barreira à nossa capacidade de sentir. (p. 149, grifo dos autores)

Podemos então afirmar que o contador não possui sentimento?