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27 maio 2009

GM

Sem acordo para dívida, GM fica mais perto da concordata
Valor Econômico - 27/5/2009

A GM não conseguiu convencer os credores a converter US$ 27 bilhões em dívida por ações da companhia, com o que ficou cada vez mais perto de protagonizar a maior falência da história dos Estados Unidos.

Apesar de, até o momento, os detentores de bônus terem se negado a aceitar a proposta, os credores da GM tinham até a meia-noite de ontem para respaldar a troca, promovida pela empresa e pelo Departamento do Tesouro para evitar a falência da montadora automobilística.

Em 14 de maio, a GM informou à Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) que se não receber ofertas suficientes para converter a dívida por ações, vai declarar falência. A empresa ressaltou que é necessário que pelo menos 90% da dívida possam ser trocadas por ações. No total, serão oferecidas 10% das ações da montadora.

A possibilidade da companhia obter o número suficiente de credores antes de terminar o prazo parece remota, mas isso não desanimou os investidores. No fechamento de ontem das bolsas de Nova York, as ações da firma subiram 0,70%, para até US$ 1,44.

De fato, o presidente da GM, Fritz Henderson, afirmou que se for evidente que a empresa não pode chegar a um acordo antes de 1º de junho, declarará a falência antes desse prazo.

A GM ainda espera que se resolva a situação de sua filial alemã, a Opel, o que poderia acontecer nas próximas horas. O governo alemão informou que poderia decidir quem assumirá o controle da Opel antes do fim da semana, possivelmente entre hoje e amanhã.

Resolvido o futuro da Opel, e com a certeza de que os credores não aceitarão a oferta, Henderson poderia decretar a falência da GM a qualquer momento.

O pessimismo sobre o futuro da GM aumentou nas últimas horas devido às claras mostras de que poderosos círculos políticos de Washington estão cada vez mais contrários aos planos do governo do presidente americano, Barack Obama, para a reestruturação do setor.

Na semana passada, 40 membros da Câmara de Representantes (na maioria republicanos) pediram ao Congresso que exerça um maior controle sobre a reestruturação do setor e criticaram o papel desempenhado pelo Grupo Presidencial do Automóvel (GPA).

A entidade foi criada pela Casa Branca e pelo Departamento do Tesouro americano para supervisionar a reestruturação do setor, mas, na realidade, os integrantes estão tomando decisões, como forçar a renúncia do ex-presidente da GM Rick Wagoner, que os congressistas consideram excessivas.

De acordo com a quarentena de congressistas, o GPA deveria voltar ao "papel conselheiro", e o Congresso é quem tem "prerrogativas legislativas constitucionais".

Além disso, quatro congressistas republicanos acusaram o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, de favorecer os interesses do sindicato United Auto Workers (UAW) em detrimento dos direitos dos credores da GM.

Neste ambiente político, os credores da GM (entre eles firmas como Fidelity Investments e Franklin Templeton Investments, mas também em torno de 100 mil investidores particulares que têm bônus da empresa) podem se sentir encorajados a desafiar a administração de Obama e a direção da empresa nos tribunais

Falências

STF analisa hoje sucessão em nova Lei de Falências
Valor Econômico - 27/5/2009

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode definir hoje um dos pontos mais controversos da nova lei de falências. Na prática, ao julgar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo PDT, a corte decidirá se há sucessão trabalhista na compra de ativos de empresas em recuperação judicial ou falida. O resultado da decisão, se for favorável à transmissão das obrigações trabalhistas, atingirá diretamente as empresas e negócios envolvidos em processos de recuperação judicial ou falência e as aquisições dessa natureza - como nos casos da Varig e da Parmalat, primeiras empresas a entrarem em recuperação no país. Além da Adin, também está previsto para ser julgado hoje um recurso extraordinário de uma ex-trabalhadora da Varig contra a VRG, ou a "nova Varig", adquirida pela Gol.

Nesse caso, o que o Supremo decidirá é se os processos que pedem à VRG o pagamento de dívidas trabalhistas devem ser julgados pela Justiça do trabalho ou concentrar-se na vara de falências da Justiça estadual, no caso a 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, responsável pela recuperação judicial da velha Varig e sob o comando do juiz Luiz Roberto Ayoub. (...)

Transparência, valor justo e crise

Transparência tem de ser prioridade nas demonstrações financeiras, diz PwC
Valor Econômico - 27/5/2009

Auditores estão correndo o risco de ser levados à falência e investidores poderão perder informações vitais se os formuladores de políticas continuarem enfatizando a importância da estabilidade financeira sobre a transparência. A afirmação é de Samuel DiPiazza, presidente da PwC, a maior firma de contabilidade do mundo.

Seus comentários surgem no momento em que políticos e autoridades reguladoras elaboram um novo modelo de regulamentação financeira para evitar uma repetição da crise de grandes proporções recente.

Muitos vêm culpando as regras contábeis do "valor justo", ou marcação a preços de mercado, pelo agravamento dos prejuízos dos bancos e um enfraquecimento desnecessário das instituições num período perigoso. Como resultado, eles querem que as novas regras levem em consideração o reconhecimento da necessidade de estabilidade financeira.

Para a contabilidade, isso poderia envolver mudanças na maneira como os valores dos instrumentos financeiros são divulgados, para que eles não reflitam totalmente os preços correntes de mercado - amenizando assim os resultados das companhias.

Numa entrevista ao "Financial Times", DiPiazza disse: "As demonstrações financeiras existem principalmente para fornecer transparência ao investidor. Se em vez disso encontramos um meio de amenizar os resultados ou proteger o desempenho que não é visível, então eu acredito que estamos no lugar errado e a profissão vai perder relevância".

"Uma perda de foco na transparência significa que o risco de litígio aumenta porque toda vez que houver uma falha a pergunta será "onde estavam os contadores, por que isso não estava transparente?"

Os auditores frequentemente são processados como se fossem responsáveis pelo colapso inteiro de uma companhia, independentemente do tamanho de suas responsabilidades. Isso porque eles são vistos como os únicos que ficam com os bolsos cheios.

Apesar dos esforços em todas as partes do mundo para conter suas responsabilidades, as grandes firmas de auditoria e contabilidade vêm tendo apenas um sucesso limitado e as autoridades reguladoras temem que o colapso súbito de uma das quatro maiores auditorias do mundo possa provocar o caos nos mercados de capitais, com as empresas se acotovelando para encontrar um novo auditor.

DiPiazza também defende o princípio da marcação dos preços dos instrumentos financeiros a valores correntes de mercado. Ele diz: "O simples fato de que havia transparência nas avaliações incitou mais rapidamente a crise e provavelmente criou oportunidades para soluções saudáveis em comparação a algumas crises do passado, onde tudo estava escondido."

O executivo, que deixa o cargo no fim de junho, tornou-se presidente da PwC na época do colapso da Enron, no fim de 2001. As mudanças sísmicas ocorridas na contabilidade após os escândalos contábeis da Enron e da WorldCom deixaram os contadores mais fortalecidos para a atual crise, diz ele.

"Esta crise não foi uma crise de divulgação dos balanços, ela veio da tomada excessiva de riscos. A profissão poderia, na auditoria, ter criado o caos em volta das opiniões e das avaliações, mas não fizemos isso. Fomos parte da solução na criação de transparência", afirma ele.

Bancos Zumbis

(...) Bancos zumbis — mortos mas ainda andando entre os vivos — estão, nas palavras imortais de Ed Kane, “apostando na ressurreição”. Repetindo a debacle das associações de poupança e empréstimo nos anos 80, os bancos estão usando contabilidade distorcida (foram autorizados, por exemplo, a manter ativos arruinados nos livros, na suposição ficcional de que se tornariam saudáveis). Ainda pior, estão sendo autorizados a pegar emprestado a baixo custo do Banco Central (Fed), oferecendo garantias fracas, e ao mesmo tempo a assumir posições arriscadas.

Alguns dos bancos chegaram a registrar ganhos no primeiro trimestre no ano, a maioria baseados em truques contábeis e lucros derivados de especulação. Isto não conseguirá pôr a economia andando para a frente de novo rapidamente. E, se a aposta não for vencedora, o custo para o contribuinte americano será ainda maior.(...)


A primavera dos zumbis - O Globo - 27/5/2009 - 7 - JOSEPH E. STIGLITZ

26 maio 2009

Rir é o melhor remédio

A internet pode mudar o mundo. Campanha publicitária com Hugo Chavez, Castro e o presidente do Irã.



Teste #79

Existem duas empresas (Alfa e Beta) no mercado e cada uma emite 30 toneladas de SO2 por ano. O governo pretende reduzir a emissão total de SO2 em 50% e existem três possibilidades: a) Alfa e Beta reduzem sua emissão em 50%; b) somente Alfa reduz 100%; c) somente Beta reduz 100%. Considere os dados da empresa Alfa e Beta:

Alfa
Redução SO2 em 50% => Receita =R$2.000, Custo = 1.700
Redução SO2 em 100% => Receita = R$2000, Custo = 2.300

Beta
Sem Redução de SO2 => Receita = R$2.100, Custo = 1.300
Redução SO2 em 50% => Receita = 2100, Custo = 2400

a) Suponha que o governo opte por reduzir em 50% o SO2 por empresa, sem levar em conta o custo. Qual o efeito sobre as empresas?

b) Suponha que o governo permita que as empresas possam negociar os créditos de SO2. Admita que o valor de 15 toneladas por ano seja vendido a $700. Qual seria a melhor estratégia das empresas?

Resposta do Anterior: a) Curto => 6,00 x 5 km x 27 = 810; Longo = 6 x 10 x 15 = 900. A escolha será o caminho mais longo; b) Curto => 810 + 10 x 27 = 1080; Longo => 900 + 10 * 15 = 1080 c) risco moral. O melhor contrato seria o segundo. d) Observe que a partir de uma parte fixa de 7,50 seria interessante este contrato. Adaptado de Campbell. Incentives, p. 15 e seguintes.

PIB e Mercado

Em fevereiro fiz a relação entre o valor de mercado e o tamanho da economia. Esta relação mostrava que o mercado realmente estava aquecido nos últimos anos. O gráfico abaixo é uma atualização, com pequenas modificações, do gráfico postado anteriormente.

Em primeiro lugar, o gráfico agora está em R$ e não em dólar. Isto não traz modificações substanciais, mas evita alguns problemas com a taxa de câmbio. O valor da economia refere-se ao PIB mensal acumulado dos últimos dozes meses. Isto evita que variações sazonais influenciem o comportamento da economia.

Em segundo lugar, fiz o cálculo para duas variáveis de mercado. No primeiro, usei o Ibovespa, que contempla as empresas que compõe este índice. Em outras palavras, são as maiores empresas por valor de mercado do Brasil. No segundo usei o valor da Bolsa de Valores no seu total. Pode-se perceber que não existe muita diferença no longo prazo, exceto por uma sutileza.



Veja que a partir de 2007 a diferença entre os dois índices aumenta. Para entender melhor, o segundo gráfico mostra a relação entre o valor de mercado das empresas que compõe o Ibovespa e o valor de mercado da Bovespa, de 1996 a 2009.

Observe que até 2003 a participação do Ibovespa estava num patamar abaixo de 70% do valor de mercado total. Este valor aumentou ao longo do tempo, com uma pequena reversão entre meados de 2007 e meados de 2008, quando chegou a 68%. A partir de setembro de 2008 o valor de mercado do Ibovespa cresce proporcionalmente ao Bovespa, indicando uma concentração do mercado.



Em outras palavras, a crise fortaleceu as maiores empresas da bolsa, que hoje representam quase 80% do mercado brasileiro. Apesar de não sermos como o mercado da Finlândia, onde a maioria do valor de mercado é explicada pelas ações da Nokia, a concentração pode ser preocupante.