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21 maio 2009

Imparidade

Continuação do anterior

Processo de Estimativa

Como pode ser notado, o teste de imparidade depende de estimativas. Em algumas situações estas estimativas são bastante razoáveis aos valores reais. É o caso, por exemplo, do valor de troca de um automóvel.

Em outras situações, cálculos menos complexos podem ser feitos como uma aproximação dos valores que seriam obtidos. Geralmente os imóveis residenciais possuem um valor que corresponde ao valor obtido com o aluguel dividido por uma taxa entre 0,8% a 1%. Esta forma de cálculo simplista pode ser usada em lugar da projeção.

Para determinar o valor líquido de venda, o CPC 01 estabelece uma hierarquia no que se considera a melhor estimativa. Esta hierarquia encontra-se na figura.


Figura – Determinação do Valor Líquido de Venda.

A melhor escolha é o preço que seria praticado num contrato de venda firme, onde as partes são conhecedoras. Caso isto não seja possível, a alternativa é usar o preço de mercado atual do ativo. Na ausência deste, o preço de transação mais recente do mercado. Finalmente, caso nenhuma das três alternativas esteja disponível, deve-se usar as informações que estão disponíveis, inclusive a de transações recentes de ativos semelhantes. Em todos estes casos é importante deduzir as despesas vinculadas ao processo de venda do ativo.

SEC

EUA podem tirar poderes da SEC
Valor Econômico - 21/5/2009

O governo Obama deverá despojar a Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador das bolsas americanas, de alguns de seus poderes, em uma reorganização dos órgãos reguladores que promoverá e que pode ser divulgada já na semana que vem, disseram pessoas familiarizadas com a questão.

A proposta, ainda em versão preliminar, deverá dar ao Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) mais autoridade para fiscalizar as empresas financeiras consideradas grandes demais para falir. O Fed deverá herdar algumas funções da SEC, enquanto outras irão para outros órgãos. O que está em discussão é atribuir a inspeção dos fundos mútuos a um órgão regulador dos bancos ou a novo órgão para policiar produtos financeiros destinados ao consumidor, disseram duas pessoas.

A SEC, operante há 75 anos e concebida para fiscalizar Wall Street e salvaguardar os investidores, viu sua reputação arranhada quando alguns parlamentares a responsabilizaram pela falha em perceber os primeiros sinais da crise financeira e em detectar o esquema piramidal de Bernard Madoff, de US$ 65 bilhões. Qualquer tentativa de reduzir os poderes do órgão deverá provocar uma batalha no Congresso, que terá de aprovar as mudanças, e atrair a ira dos fundos de pensão de sindicatos e de outros órgãos defensores dos acionistas.

"Seria um erro tremendo", disse Stanley Sporkin, diretor de fiscalização da SEC. "Seja o que for que a SEC fez ou deixou de fazer, ainda é o principal órgão de proteção ao investidor que temos."

A SEC e sua presidente, Mary Schapiro, estão, na maioria das vezes, ausentes das negociações travadas no interior do governo sobre a reformulação dos órgãos reguladores, e Schapiro manifestou frustração por não ter sido consultada, segundo pessoas que têm falado com ela. Ela prometeu combater qualquer tentativa de cortar os poderes da SEC, disseram elas. "Eu questionaria muito profundamente qualquer modelo que tente transferir funções de proteção ao investidor para outro órgão que não a Securities and Exchange Commission", disse Schapiro ontem em Washington. "Não creio" que o Departamento do Tesouro tenha articulado "uma proposta concreta. Espero, sem dúvida, que eles refinem a questão".

O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, se reuniu ontem com o diretor do Conselho Econômico Nacional, Lawrence Summers, o ex-presidente do Fed Paul Volcker, o ex-presidente da SEC Arthur Levitt e Elizabeth Warren, professora de direito da Universidade de Harvard, que encabeça o grupo de fiscalização do Congresso das operações do Programa de Ajuda a Ativos Problemáticos (Tarp, pelas iniciais em inglês), que envolvem US$ 700 bilhões, para discutir propostas de mudança da regulamentação financeira.

Arthur Levitt, em entrevista concedida ontem à Bloomberg Television, disse ser pouco provável que a SEC acabe sendo despojada de algumas de suas responsabilidades.

"Acho que não é uma grande ideia e acho que não vai acontecer necessariamente", disse Levitt. A SEC é uma divisão "bastante poderosa, e substituir isso por uma nova burocracia é um erro. Não creio que as autoridades trilhem esse caminho".


Mais, aqui

Remuneração de executivos

Voto na Shell mostra decepção de acionistas
Guy Chazan e Joann S. Lublin, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 20/5/2009

A Royal Dutch Shell PLC, maior petrolífera da Europa, sofreu um duro golpe ontem quando quase 60% dos acionistas rejeitaram um plano de compensação para seus executivos, na mais recente exibição de fúria contra os generosos salários e excessos dos conselhos em meio à crise econômica.

A Shell é a maior de um grupo de empresas britânicas cujos acionistas rejeitaram os pacotes salariais de executivos, como o Royal Bank of Scotland Group, a Bellway PLC e a Provident Financial PLC.

Um bom número de acionistas, embora não a maioria, votou contra planos de compensação da mineradora Xstrata PLC, da petrolífera BP PLC e da Pearson, dona do "Financial Times".

A votação da Shell, embora não tenha poder de veto, mostra como a crise econômica inspirou muitos acionistas a adotar uma postura mais ativa, especialmente na Europa, e como há mais disposição para questionar as decisões do conselho, especialmente as consideradas recompensas pelo fracasso.

Numa tensa assembleia geral na sede da Shell em Haia, na Holanda, que foi transmitida ao vivo em Londres para os acionistas radicados no Reino Unido, vários investidores pediram a palavra para desancar o conselho da petrolífera anglo-holandesa por recompensar o fracasso da empresa, que não cumpriu suas metas.

Investidores demonstraram surpresa quando os resultados da votação foram divulgados.

Os pacotes que têm despertado a ira de acionistas europeus são até pequenos em comparação com as remunerações americanas. O diretor-presidente da Shell, Jeroen van der Veer, recebeu 78.889 ações avaliadas em cerca de 1,3 milhão de euros (US$ 1,76 milhões pela cotação atual), além de US$ 5,7 milhões em salário, bônus e benefícios. O diretor- financeiro Peter Voser ganhou 38.967, avaliadas em cerca de 666.336 euros
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A Origem da Contabilidade


“Atualmente a melhor evidencia que temos da introdução dos números abstratos de contagem (1,2,3 e assim por diante) no lugar das marcações foi descoberta pela arqueóloga da Universidade do Texas Denise Schmandt-Besserat, nas décadas de 1970 e 80. Naquela época, Schmandt-Besserat [foto] estava investigando sítios arqueológicos no Oriente Médio, onde floresceu a avançada sociedade suméria por volta de 3300 a 2000 a.C.

Onde quer que Schmandt-Besserat escavasse, encontrava pequenas peças de argila de diferentes formatos, incluindo esferas, discos, cones, tetraedros, ovóides, cilindros, triângulos e retângulos. As mais antigas eram mais simples, as mais recentes, frequentemente um tanto intricadas. A principio ela ficou intrigada com os achados. Mas aos poucos, à medida que ela e outros arqueólogos lentamente reuniam informações e obtinham um quadro coerente da civilização suméria, ficou claro que esses artefatos eram usados no comércio como unidades concretas de contagem. Cada formato representava certo número ou quantidade de um item: um metal, uma jarra de óleo, um pão, um boi, uma ovelha, uma jóia e assim por diante.

Até onde sabemos, essa é a mais antiga forma de contagem (e de contabilidade) organizada. Observe que ainda não havia números abstratos. Como os artefatos de argila eram usados para contar, podemos considerá-los uma espécie bastante concreta de “número”. Assim, eles constituíram o primeiro passo em direção aos números abstratos que usamos atualmente.

Um homem de negócios ou um comerciante sumério manteria todos os seus artefatos em um mesmo local como um registro de seus bens financeiros. Em geral, ele colocaria sua pilha de artefatos sobre uma folha de argila úmida, que ele dobraria, formando uma bolsa que em seguida seria selada. Esse método era certamente seguro. Uma vez que a argila secasse, não haveria perigo de perder o registro de seus bens. O problema óbvio surgia na hora do comércio. O sumério tinha que quebrar a bolsa para atualizar seus registros adicionando ou removendo artefatos. Pior ainda, tinha que quebrá-la sempre que quisesse simplesmente verificar seu saldo.

Para contornar a frustração de ter constantemente que quebrar a bolsa e fazer uma nova, os sumérios mais empreendedores adotaram o hábito de pressionar a peça de argila na superfície de argila úmida antes de selá-la, formando a bolsa. Deste modo, deixavam um registro na superfície externa da bolsa, dentro da qual estavam lacrados os artefatos. Isso significava que os sumérios não tinham mais que abrir a bolsa apenas para verificar o saldo. Tudo que precisavam fazer era examinar as marcações do lado de fora.

E as coisas permaneceram assim (nós supomos) até que um sumério particularmente astuto percebeu que podia fazer mais uma simplificação. Do jeito que as coisas estavam, as peças dentro da bolsa representavam certa quantidade de bens. Por outro lado, essas peças eram representadas por marcações na bolsa causadas pelos próprios artefatos, pressionados na argila úmida antes que esta endurecesse. Mas isso significava que você não precisava dos artefatos em si! A informação crucial estava nas marcações do lado de fora da bolsa. Você poderia passar muito bem sem nenhum artefato e se basear simplesmente nas marcas na argila. Então, é claro que a argila não precisaria mais ser moldada como uma bolsa fechada. Poderia ser deixada na forma de uma folha plana (...)”

DEVLIN, Keith. O instinto matemático. Rio de Janeiro: Record, 2005, p 204-2006


Observe um aspecto importante: a contabilidade surgiu sem a necessidade da existência dos números!


Para ler sobre Schmandt-Besserat aqui

Real Madrid

Em geral admiramos os clubes estrangeiros, pelo profissionalismo e competência. As pessoas da área financeira imaginam que estes clubes sejam exemplos de boa gestão. Será? Eis o que diz uma reportagem do Cinco Días (Comienza la lucha por la gestión del Real Madrid, Guillermo Sánchez Vega, 21/5/2009, Nacional, 006)

Amanhã abre o prazo de apresentação das candidaturas para presidir a sociedade futebolística mais rica do mundo. (...)

Até o momento, só dois candidatos expressaram firmemente o desejo de concorrer as eleições e, sobretudo, tem sido capazes de depositar um aval de 57,3 milhões exigido para poder concorrer ao cargo (...)

Quem ganhar, herdará também uma entidade com instabilidade, como as últimas eleições marcadas por fraude do voto pelo correio e uma assembléia (...) que conduziu a demissão do presidente Ramón Calderón. Por três anos, quatros diretores presidiram o clube. Além disto, o Real Madrid apresenta contas que não convidam ao otimismo. Segundo o professor titual de Economia Financeira e Contabilidade da Universidad de Barcelona, José María Gay de Liébana, o Real tinha no final da temporada anterior uma dívida total de 562,8 milhões frente a 527,1 milhões na de 2006/2007. (...)


PGBL e VGBL, Seguro ou Investimento

Contabilidade pode alterar PGBL e VGBL
Gazeta Mercantil - 21/5/2009

São Paulo, 21 de Maio de 2009 - A adoção do padrão internacional de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês) trouxe ao mercado segurador uma discussão sobre a característica dos produtos de previdência privada, o PGBL e o VGBL. "A contabilidade internacional enquadra produtos desse tipo como investimento, o que os exclui do ativo e passivo do balanço, restringindo à contabilização de taxa de administração", ressaltou Sergio Boriello, vice-presidente financeiro e de controladoria da Sul America, em evento promovido ontem pela Gazeta Mercantil, em parceria com a KPMG.

Algumas seguradoras defendem que seja tratado como investimento, o que encaminharia os produtos para os bancos, tirando o peso do balanço. Outras, entretando, preferem o risco. O pronunciamento da Susep, ressalta Boriello, é favorável ao enquadramento como seguro.

Além desta discussão conceitual, o debate sobre convergência contábil para o setor promete ser longo, já que os fundos de previdência privada precisam considerar projeções subjetivas, como risco de vida. "Depende, por exemplo, se o segurado está investindo por conta do benefício fiscal e vai sacar todo o dinheiro ou se quer receber parcelas até o fim da vida", explica.

Aqui, outra projeção: quanto tempo de vida. A projeção geral considera duas faixas de taxa de mortalidade, conforme idade atual. A primeira de 68 anos para homem e 64 para mulheres, e a segunda faixa de 72 anos para homens e 68 para mulheres. A contabilização já é complexa, principalmente para produtos com rentabilidade garantida.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Maria Luíza Filgueiras)


É contador: é necessário aprender a fazer projeção. Alguém ensina isto?

Crise e Auditorias

PwC deve manter crescimento de 20% no ano da crise
Valor Econômico - 21/5/2009

A auditoria e consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) pretende passar incólume à crise. A expectativa da firma no país é fechar o ano fiscal em junho com crescimento no faturamento em torno de 20%, mesmo patamar do exercício anterior, quando a economia estava a todo vapor.

A explicação para o otimismo está na dinâmica do próprio negócio. "A atividade de auditoria praticamente não sofre impacto de crises, já que é uma exigência regulatória" [1], disse o vice-presidente da PwC, Henrique Luz.

Na consultoria, enquanto alguns serviços têm menor demanda, como os relacionados a fusões e aquisições, outros passam a ser mais procurados pelas empresas, como os de corte de custos e planejamento estratégico. "No fim, um serviço compensa o outro, e a empresa segue crescendo", afirmou.

Enquanto algumas firmas do setor já relataram preocupação com inadimplência dos clientes, o executivo disse que a PwC não enfrenta problemas. "O máximo que tem ocorrido é o alongamento do prazo para que as companhias paguem pelos serviços prestados."

Em março, o sócio da PwC Ronaldo Valiño disse que a firma havia tomado medidas para garantir os negócios sem demissões. Segundo ele, a PwC reduziu despesas com viagens de executivos, cursos no exterior, festas, troca de computadores e até conta de luz.

As companhias de auditoria e consultoria foram muito beneficiadas por mudanças legais recentes no país [2]. A Lei 11.638, que iniciou o processo de migração da contabilidade brasileira para o padrão internacional - o IFRS -, aumentou a demanda pelos serviços.

A lei introduziu uma série de mudanças na forma como as empresas contabilizam os resultados - para aproximá-las das concorrentes internacionais -, o que exigiu muito mais trabalho por parte dos auditores independentes. A norma também trouxe a exigência de que sociedades de capital fechado de grande porte passem a auditar os números, abrindo um mercado novo para as auditorias.

Como consequência, as empresas do setor realizaram pesadas contratações. No ano passado, a PwC admitiu 500 estagiários. Em 2009, serão mais 500.

A alteração legal também gerou ônus às empresas [3]. Por causa do grande porte, elas também terão de contratar um auditor para verificar o balanço. Henrique Luz disse que a PwC já está concluindo a escolha. "Estamos entre três empresas, todas pequenas."

A preocupação das auditorias nessa contratação é com a competitividade. Elas não querem levar um concorrente para dentro de casa. Entre as quatro grandes do setor, só a Deloitte já contratou auditoria, a Nexia Villas Rodil.


Grifo meu
[1] A crise pode trazer um reflexo na substituição de auditorias de renome, que cobram mais caro, por empresas menores. Talvez a PwC não sentiu isto agora, em razão da mudança da lei.
[2] Uma alteração na lei gera, provavelmente, ganhos e perdas. Aqui, os ganhadores.
[3] Aqui quem está pagando pela nova lei.