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04 maio 2009

Teste #65

Fiz uma pesquisa num endereço de fotos com o termo “accounting” e escolhi quatro fotos. Em outra pesquisa, com outro termo, escolhi mais uma foto. As fotos estão abaixo. Você saberia dizer qual seria a foto?

Figura 1:

Figura 2:

Figura 3:

Figura 4:

Figura 5:


Resposta do Anterior: Contabilidade – 33.013; Mulheres na Contabilidade – 26133; Contabilidade com Cerveja 6589; Contabilidade Pública – 4193; Eu amuuu contabilidade – 2392; Mestrado em Contabilidade – 986

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Economia de Custos

Buffett

O oráculo e a crise
Valor Econômico - 4/5/2009

O bilionário Warren Buffett já teve dias mais tranquilos. Um investidor lhe disse sábado que talvez tenha chegado a hora de passar para outra pessoa o comando dos seus negócios. Outro perguntou se ele sabia onde estava pisando quando fez as apostas arriscadas que estão corroendo o valor de seus investimentos. Um terceiro quis saber se ele teria coragem de investir hoje numa empresa como a sua.

Milhares de investidores do mundo inteiro fizeram no fim de semana sua peregrinação anual até Omaha, a cidade do interior dos Estados Unidos onde Buffett mantém a sede da companhia que administra seus investimentos, a Berkshire Hathaway. Em tempos normais, a romaria transforma a assembleia anual dos acionistas da empresa numa celebração da sabedoria de Buffett e dos lucros que ela proporcionou. Desta vez, o tom da festa foi bem diferente.

O lendário investidor ofereceu sábado uma visão sombria do futuro da economia americana, previu que alguns dos seus investimentos continuarão gerando perdas em 2009 e avisou que dificilmente a empresa voltará a oferecer rendimentos exuberantes como os alcançados no passado. "Talvez a gente consiga fazer uns dois pontos acima do mercado", disse Buffett aos investidores. "Não dá para fazer muito melhor do que isso."

A Berkshire Hathaway teve no ano passado seu pior resultado desde 1965, quando Buffett assumiu o controle de uma antiga indústria têxtil e começou a transformá-la no poderoso conglomerado de empresas e investimentos que ela é atualmente. A companhia fechou 2008 com lucro de US$ 4,9 bilhões, mas o resultado foi 62% menor que o do ano anterior. Suas ações caíram 32% no ano passado.

Os papéis se recuperaram um pouco nas últimas semanas, mas parece cedo para comemorar. Os resultados do primeiro trimestre deste ano serão divulgados na próxima sexta-feira e os números antecipados por Buffett no sábado indicam que ele continua tropeçando. O valor patrimonial da Berkshire por ação, medida preferida pelo investidor para avaliar seu desempenho, diminuiu 9,6% em 2008. No primeiro trimestre deste ano, o tombo foi de 6%. O índice de ações S&P 500 perdeu 37% no ano passado.

A crise golpeou Buffett de várias maneiras. O tumulto nos mercados desvalorizou sua carteira de investimentos, que no fim do ano tinha US$ 122 bilhões em ações e títulos. Contratos de derivativos que Buffett negociou pessoalmente, envolvendo apostas no desempenho futuro de diversos índices de ações e na saúde financeira de centenas de empresas, geraram US$ 7 bilhões de dólares em prejuízos contábeis.

A maioria desses contratos só vence na próxima década e Buffett acredita que terá tempo suficiente para reverter as perdas contabilizadas agora depois que a fase mais aguda da crise tiver passado. "Embora não exista nenhuma garantia de que vamos conseguir, eu ainda espero ganhar dinheiro com esses contratos", afirmou Buffett no sábado.

Mas a exposição da Berkshire aos riscos que esses instrumentos representam arranhou a credibilidade de Buffett. A nota da Berkshire foi rebaixada nas últimas semanas por duas agências de classificação de risco, a Fitch e a Moody´s - da qual Buffett tem 20% das ações e diz que nunca deu palpite. A Standard & Poor´s avisou que poderá rever a nota da Berkshire em breve também.

A principal fonte de receitas da Berkshire são os negócios na área de seguros. Eles geram dezenas de bilhões de dólares em prêmios que Buffett usa para fazer seus investimentos sem precisar se endividar. As seguradoras de Buffett continuaram crescendo no ano passado, mas a recessão atravessada pelos Estados Unidos atingiu em cheio indústrias controladas pela Berkshire em outros setores.

Buffett acredita que os americanos não voltarão às compras tão cedo. "Há uma grande transformação no comportamento dos consumidores", alertou. "As pessoas agora querem economizar." A Berkshire controla dez seguradoras e 67 empresas em outros segmentos, incluindo distribuidoras de eletricidade, joalherias e fábricas de doces, sapatos e tapetes.

Apesar das dificuldades, Buffett teve no ano passado um desempenho superior à média do mercado e o tombo dos últimos meses não foi capaz de anular os ganhos acumulados nos anos anteriores. Um investidor que tivesse aplicado US$ 1 mil em ações da Berkshire quando Buffett assumiu o controle da empresa e nunca mais tivesse mexido nesse dinheiro teria uma fortuna de US$ 3,6 milhões hoje.

Mas as perdas sofridas no ano passado foram dolorosas para muitos pequenos investidores e aumentaram a preocupação dos acionistas da Berkshire com o que acontecerá com a empresa quando Buffett, com 78 anos de idade, e o sócio que há três décadas é seu principal colaborador, Charles Munger, que está com 85, não estiverem mais na vizinhança.

A dupla gosta de fazer mistério sobre o assunto. Três executivos do grupo estão sendo preparados para assumir o comando da empresa e quatro administradores de fundos poderão dividir a gestão da carteira de investimentos depois que Buffett morrer. Na assembleia de sábado, ele rejeitou a sugestão de um acionista para que nomeasse logo seu sucessor. "Não vejo vantagem em ter um príncipe herdeiro andando por aí."

Segundo homem mais rico do mundo, com uma fortuna pessoal estimada em US$ 37 bilhões pela revista "Forbes", Buffett não parece nem um pouco disposto a se aposentar. Ele fez questão de demonstrar isso mais uma vez no fim de semana, quando passou quase cinco horas ao lado de Munger respondendo às perguntas dos acionistas da Berkshire, que lotaram um ginásio de esportes com espaço para mais de 18 mil pessoas sentadas.

Os dois cumprem o ritual com visível prazer todos os anos, pontificando sobre os mais diversos assuntos, comendo uma bala atrás da outra e bebericando Coca-Cola, empresa na qual a Berkshire possui 9% das ações. Buffett é loquaz e Munger é lacônico, mas os dois sabem explorar essa diferença de temperamento para divertir a plateia e driblar as perguntas mais embaraçosas dos investidores.

Um dos grandes momentos da reunião deste ano foi um esquete cômico exibido nos telões do ginásio antes da sessão de perguntas e respostas. No filme, Buffett está deitado de paletó e gravata numa loja de colchões quando o gerente aparece para acordá-lo. "Você não vai ficar o dia inteiro dormindo esperando o telefone tocar, como fez no ano passado", avisa. Quando uma cliente diz que esta à procura de algo "seguro e garantido", Buffett lhe oferece um novo modelo de colchão, com bolsos especiais para guardar dinheiro e ações.

Recessão e oportunidades

(...) numerosos estudos mostraram que empresas que gastaram em aquisição, propaganda e pesquisa e desenvolvimento durante recessões estavam significativamente melhor do que aquelas que fizeram grandes cortes. (...) As incertezas das recessões criam oportunidades para lucros e existem registros históricos de empresas que fez grandes sucessos em tempos difíceis.

James Surowiecki, Hanging Tough, New Yorker

Contabilidade e Política

Normas atraem interesse político
Valor Econômico - 4/5/2009

Como se diz "colchão anticíclico" em 27 idiomas? Este é o termo mais suave - mas aparentemente politicamente aceitável - rondando em Bruxelas para descrever a prática de fazer com que os bancos guardem colchões de liquidez para os dias chuvosos.

A contabilidade poucas vezes antes foi tão política. O processo de incluir esses fundos para dias chuvosos nos balanços financeiros levanta todo tipo de questões, altamente suscetíveis.

Nos últimos seis meses, as autoridades em cargos eletivos obrigaram tanto o Conselho de Padrões de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês) como seu par nos Estados Unidos, o Fasb, a mudar as normas. Na França, sob o comando de Christine Lagarde, as autoridades disseram na semana passada que o voltarão a fazer.

Era de se esperar que isso ocorresse, à medida que os políticos analisam o que saiu errado na crise financeira e o que podem mudar.

A contabilidade como profissão não está sozinha como ímã de atração da atenção dos políticos. Regras em esboço na Europa propuseram grandes mudanças em outros setores periféricos da crise, como os fundos hedge e grupos de investimentos em participações.

A contabilidade, contudo, envolve um conceito fundamental que sustenta os mercados - as empresas precisam apresentar para seus donos o que estão fazendo, com informações confiáveis, de alta qualidade e dentro do prazo.

Não conseguirão fazer isso se o que precisam mostrar e a forma como o mostram estão mudando constantemente como resultado de interferências políticas.

"Fui um político. Entendo o que ocorre em termos de pressão sobre os políticos para fazer algo [para] solucionar esses problemas. É, simplesmente, imensa", diz Hans Hoogersvorst, diretor do órgão regulador de valores mobiliários da Holanda e ex-ministro da Saúde e Finanças.

Hoogersvorst também é co-presidente do Financial Crises Advisory Group (FACG), um agrupamento interessante de ex-autoridades reguladoras e outras pessoas de destaque que assessoram tanto o Iasb como o Fasb sobre tópicos de contabilidade ligados a crises.

Os integrantes, de forma nenhuma, conseguem concordar sobre o que deve ser feito, o que contribui para debates vivos e intercâmbios abertos.

Uma coisa com o que concordam, no entanto, é que os políticos precisam parar de interferir em detalhes do que precisa ser mudado.

"O Iasb e o Fasb não deveriam ser forçados a entrar em uma espiral descendente, uma corrida para baixo, na qual um deles é pressionado a assumir uma posição mais leniente e o outro, então, precisa ajustar-se da mesma forma", diz Hoogersvorst. O FACG escreveu na quinta-feira ao primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brawn, como presidente do Grupo dos 20 (G-20), para reiterar esse ponto.

Por sua vez, também respondeu aos pedidos franceses nesta semana para que o Iasb siga as mudanças feitas pelo Fasb neste mês. Estas e as mudanças que Bruxelas obrigou o Iasb a fazer em outubro passado tiveram como resultado líquido o alívio da contabilidade de instrumentos financeiros de formas que beneficiassem os balanços dos bancos. Isto cheira a interesses especiais de grupos lobistas.

O fato de políticos estarem se envolvendo em contabilidade tem algumas vantagens. Com frequência, os auditores são considerados como alienados com poucos interesses fora de seu próprio mundo. Talvez sejam assim. Mas tal forma de pensar deixa o setor debatendo assuntos que, na verdade, interessam a todos.

A contabilidade de produtos de estrutura complexa nesta crise é ainda mais complicada de entender do que os próprios produtos. O Iasb quer seis meses para remodelar toda a questão inteiramente. Dada a complexidade do assunto, é uma tarefa complicada.

Mas os políticos devem dar aos auditores essa chance. Eles podem, e devem, estar envolvidos, mas não tentando constantemente ajustar as regras. Mudanças fragmentadas que pareciam ser pouco importantes de forma independente, quando se somaram com a incapacidade de compreender o quadro geral, levaram o mundo a esta crise. Certamente, não será com ajustes provisórios que sairemos dela.


Grifo meu. Veja o livro Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, p. 22. A Contabilidade é uma atividade política.

Marcação a Mercado

Um réquiem para a regra de marcação a mercado?
Alkimar R. Moura - Valor Econômico - 4/5/2009

Do ponto de vista econômico, existem boas razões que justificariam a suspensão da regra de marcação a mercado

Com a fina ironia que lhe era peculiar, o prof. John K. Galbraith observou que crise financeira é um evento muito simples, pois a única coisa que se arrisca a perder nela é dinheiro. Esta é a parte visível da destruição de valor que ocorre em toda crise e que, no momento atual, não pode ser considerada como desprezível, pois já começa a superar US$ 4 trilhões, a julgar pelas últimas estimativas do FMI sobre as prováveis perdas dos detentores de ativos hipotecários originários dos EUA. Krugman, no seu mais recente livro, estima que o estouro da bolha imobiliária poderá causar uma perda de riqueza de cerca de US$ 8 trilhões. No entanto, uma crise financeira e econômica não destrói apenas riqueza financeira, mas derruba reputações e mitos, e força a revisão de conceitos e de procedimentos que se mostraram inadequados para lidar com a tempestade. As críticas contundentes à gestão de política monetária do então todo poderoso Alan Greenspan à frente do Banco Central americano constituem atualmente o exemplo mais ostensivo da mencionada destruição simbólica de reputação.

No mesmo sentido de mudanças, nova regulação deve surgir para evitar os excessos de alavancagem de bancos e instituições componentes do "shadow-banking system", assim como novas restrições quanto às operações fora de balanço das instituições bancárias e não-bancárias. Além disso, os bancos centrais estão adotando práticas operacionais rigorosamente heterodoxas na tentativa de estabilizar o sistema bancário nos Estados Unidos e na zona do euro. Outros exemplos de mudanças de regulação e de procedimentos podem ser invocados para comprovar a necessidade de várias modificações na supervisão e na fiscalização do sistema bancário, no rescaldo da crise financeira atual.

Será a contabilidade baseada no preço justo ("fair value rule") a próxima vítima desta revisão regulatória? Alguns movimentos nos Estados Unidos já indicam a existência de pressões para o abrandamento da estrita aplicação do principio de marcação a mercado para a contabilização dos chamados "ativos tóxicos", vinculados a operações de crédito habitacional. A própria legislação americana ("Emergency Economic Stabilization Act") aprovada pelo Congresso em outubro de 2008, determinou que a SEC conduzisse um estudo sobre a regra de marcação a mercado para os ativos/passivos das instituições financeiras.

Pelas regras americanas, emanadas do Financial Accounting Standards Board (FASB), os bancos têm que contabilizar os ativos nos seus balanços trimestrais para refletir o preço justo ("fair value") daqueles ativos, isto é, o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela transferência de uma dívida em uma transação em condições normais de mercado (isto é, nem uma liquidação forçada nem uma venda "distressed"), entre os participantes das negociações, na data da mensuração.

Com a virtual desintegração do mercado dos "ativos tóxicos", os bancos ficaram sem referência para a precificação daqueles papéis. Quando não existem mercados ativos, o FASB recomenda que a instituição financeira use o preço de venda que vigoraria em uma transação normal entre os participantes de mercado (isto é, uma venda não-forçada) na data do registro contábil, nas condições correntes de mercado.

O virtual desaparecimento do mercado de títulos ligados a hipotecas habitacionais forneceu mais argumentos para aqueles que atribuíram uma parte da responsabilidade pela crise de crédito à regra de marcação a mercado. O argumento aqui não é semelhante àquele tipicamente oportunista que manda mudar os critérios oficiais de mensuração de índices de preços, em períodos de inflação ascendente. A justificativa tem a ver com a relação entre o ciclo econômico e a regra de marcação a mercado. Um estudo recente preparado para o International Center for Monetary and Banking Studies de Geneva, por um respeitável grupo de economistas com experiência em instituições financeiras multilaterais, concluiu que a regra de marcação a mercado revela um acentuado componente pró-cíclico: quando tudo vai bem e os preços dos ativos estão em alta, a regra favorece a expansão dos ativos dos bancos, aumentando a alavancagem bancária, o que reforça o movimento favorável de mercado. Quando o ciclo se inverte, a queda de preços dos títulos força os bancos a venderem os ativos, para cumprir as exigências da regulação prudencial, provocando nova onda de queda de preços, pressões adicionais de vendas e declínio de preços, e assim por diante. Assim, do ponto de vista econômico, existem boas razões que justificariam a suspensão e/ou o abandono temporário da regra de marcação a mercado, em condições nas quais ela provocaria maior instabilidade e desorganização dos mercados de crédito, de dívida e de ações.

Em princípio, uma regra contábil deveria ser neutra, incapaz de, ela própria, contribuir para acentuar as flutuações do ciclo econômico, sobretudo em situações-limite de expansão e/ou contração no mercado financeiro e na atividade econômica. Aparentemente, a regra de marcação a mercado não passou neste teste, nos países mais afetados pela desorganização dos sistemas bancários e da intermediação financeira. E provavelmente ela sofrerá modificações, no bojo do conjunto das mudanças, que deverão ocorrer na regulação bancária e dos mercados financeiros e de capitais, como resposta oficial das autoridades à permissividade regulatória que permitiu a explosão da crise financeira atual. Na mesma linha de mudanças contábeis, é provável que o caráter pró-cíclico das atuais regras de provisão para risco de crédito seja modificado, adotando-se procedimentos já testados com sucesso em alguns países.

Convém reconhecer que a regra de marcação a mercado representou um avanço significativo para melhorar a transparência dos demonstrativos contábeis das instituições financeiros, fornecendo informações mais fidedignas aos seus acionistas, investidores, depositantes e reguladores. Aperfeiçoá-la, tornando-a mais robusta e invariante às flutuações do ciclo econômico, pode ser um dos parcos e indiretos benefícios advindos da crise atual. Esperemos que os especialistas no tema possam estar à altura dos desafios do momento.


Grifo meu.