O blog Stumblingandmumbling traz uma interessante questão sobre o comportamento das pessoas durante a crise.
Baseado numa pesquisa de Anne Sibert e Hamid Sabourian a idéia é imaginar alguém que investiu pesadamente, durante anos, em ativos tóxicos.
Existe agora um sinal de que o mercado está mudando. O que o investidor faria? Racionalmente seria vender os investimentos. Mas ao fazer isto, o seu chefe irá pensar: “este sujeito não sabe o que está fazendo. Num momento, aplica nossos recursos nestes ativos [que sabemos que são tóxicos] e agora quer vender.”
Neste caso, existirá um desejo de parecer competente, mantendo a posição anterior, mesmo sabendo do risco de perda. Apesar de o texto lembrar os conceitos de viés da confirmação ou superconfiança, eu acredito que o problema aqui seja o da insistência irracional. Este assunto foi estudado por uma orientanda minha, Naira, que permitiu comprovar a existência deste problema com os investidores. A insistência irracional é parte (e se confunde) do conceito de custo perdido.
05 maio 2009
Avaliação de Marcas
Uma notícia do jornal Gazeta Mercantil (Crise não derruba valor de marcas, 8 Abril 2009 - Gazeta Mercantil, Caderno C, p. 8, Neila Baldi) informa que a crise financeira não impediu à valorização de marcas em 2008 no Brasil.
A conclusão é de um estudo da Brand Finance que mostrou que a soma geral das 100 maiores marcas no Brasil aumentou em 5,7%, apesar do valor de mercado destas empresas ter caído em 25,3%.
O grande problema deste tipo de manchete é a metodologia. Como foi realizado o cálculo para determinar que uma marca aumentasse o valor, enquanto o mercado mostra uma desvalorização da empresa? O livro Marca – Valor Intangível, de Gilson Nunes e David Haigh (editora Atlas e Brand-Finance) não revela muito sobre a metodologia da Brand Finance, obviamente, apesar de fazer uma grande propaganda sobre a importância da marca e de sua avaliação.
Mas na página 182 e seguintes da obra aparece a abordagem da Brand Finance que é composta de cinco estágios. Em primeiro lugar, a Brand calcula o valor econômico adicionado. A segunda etapa é a análise do BVA, que se refere a estimativa dos lucros que são atribuíveis à marca, através de pesquisa quantitativa. A seguir avalia-se o risco da marca em garantir o resultado futuro do negócio. Nesta etapa inclui uma análise da taxa de desconto e uma classificação do risco da marca. Finalmente, calcula-se o valor da marca e faz-se uma análise de sensibilidade.
Observe que a crise pode ter afetado, para baixo, a primeira etapa (obtenção do valor econômico adicionado) e a terceira. E nada leva a crer que tenham existido condições substanciais para que a análise dos lucros futuros vinculados a marca tenha aumentado.
Então qual o segredo?
A conclusão é de um estudo da Brand Finance que mostrou que a soma geral das 100 maiores marcas no Brasil aumentou em 5,7%, apesar do valor de mercado destas empresas ter caído em 25,3%.
O grande problema deste tipo de manchete é a metodologia. Como foi realizado o cálculo para determinar que uma marca aumentasse o valor, enquanto o mercado mostra uma desvalorização da empresa? O livro Marca – Valor Intangível, de Gilson Nunes e David Haigh (editora Atlas e Brand-Finance) não revela muito sobre a metodologia da Brand Finance, obviamente, apesar de fazer uma grande propaganda sobre a importância da marca e de sua avaliação.
Mas na página 182 e seguintes da obra aparece a abordagem da Brand Finance que é composta de cinco estágios. Em primeiro lugar, a Brand calcula o valor econômico adicionado. A segunda etapa é a análise do BVA, que se refere a estimativa dos lucros que são atribuíveis à marca, através de pesquisa quantitativa. A seguir avalia-se o risco da marca em garantir o resultado futuro do negócio. Nesta etapa inclui uma análise da taxa de desconto e uma classificação do risco da marca. Finalmente, calcula-se o valor da marca e faz-se uma análise de sensibilidade.
Observe que a crise pode ter afetado, para baixo, a primeira etapa (obtenção do valor econômico adicionado) e a terceira. E nada leva a crer que tenham existido condições substanciais para que a análise dos lucros futuros vinculados a marca tenha aumentado.
Então qual o segredo?
04 maio 2009
Teste #65
Fiz uma pesquisa num endereço de fotos com o termo “accounting” e escolhi quatro fotos. Em outra pesquisa, com outro termo, escolhi mais uma foto. As fotos estão abaixo. Você saberia dizer qual seria a foto?
Figura 1:
Figura 2:
Figura 3:
Figura 4:
Figura 5:
Resposta do Anterior: Contabilidade – 33.013; Mulheres na Contabilidade – 26133; Contabilidade com Cerveja 6589; Contabilidade Pública – 4193; Eu amuuu contabilidade – 2392; Mestrado em Contabilidade – 986
Figura 1:
Figura 2:
Figura 3:
Figura 4:
Figura 5:
Resposta do Anterior: Contabilidade – 33.013; Mulheres na Contabilidade – 26133; Contabilidade com Cerveja 6589; Contabilidade Pública – 4193; Eu amuuu contabilidade – 2392; Mestrado em Contabilidade – 986
Links
Artista criou um carro invisível
Um CEO de uma instituição financeira defende a Marcação a Mercado
O nascimento da pirataria do livro eletrônico
Fábula de um rei, uma princesa, um problema e um mágico (o contador) e como resolver um problema
No País de Gales um diploma para o contador especializado no terceiro setor
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Buffett
O oráculo e a crise
Valor Econômico - 4/5/2009
O bilionário Warren Buffett já teve dias mais tranquilos. Um investidor lhe disse sábado que talvez tenha chegado a hora de passar para outra pessoa o comando dos seus negócios. Outro perguntou se ele sabia onde estava pisando quando fez as apostas arriscadas que estão corroendo o valor de seus investimentos. Um terceiro quis saber se ele teria coragem de investir hoje numa empresa como a sua.
Milhares de investidores do mundo inteiro fizeram no fim de semana sua peregrinação anual até Omaha, a cidade do interior dos Estados Unidos onde Buffett mantém a sede da companhia que administra seus investimentos, a Berkshire Hathaway. Em tempos normais, a romaria transforma a assembleia anual dos acionistas da empresa numa celebração da sabedoria de Buffett e dos lucros que ela proporcionou. Desta vez, o tom da festa foi bem diferente.
O lendário investidor ofereceu sábado uma visão sombria do futuro da economia americana, previu que alguns dos seus investimentos continuarão gerando perdas em 2009 e avisou que dificilmente a empresa voltará a oferecer rendimentos exuberantes como os alcançados no passado. "Talvez a gente consiga fazer uns dois pontos acima do mercado", disse Buffett aos investidores. "Não dá para fazer muito melhor do que isso."
A Berkshire Hathaway teve no ano passado seu pior resultado desde 1965, quando Buffett assumiu o controle de uma antiga indústria têxtil e começou a transformá-la no poderoso conglomerado de empresas e investimentos que ela é atualmente. A companhia fechou 2008 com lucro de US$ 4,9 bilhões, mas o resultado foi 62% menor que o do ano anterior. Suas ações caíram 32% no ano passado.
Os papéis se recuperaram um pouco nas últimas semanas, mas parece cedo para comemorar. Os resultados do primeiro trimestre deste ano serão divulgados na próxima sexta-feira e os números antecipados por Buffett no sábado indicam que ele continua tropeçando. O valor patrimonial da Berkshire por ação, medida preferida pelo investidor para avaliar seu desempenho, diminuiu 9,6% em 2008. No primeiro trimestre deste ano, o tombo foi de 6%. O índice de ações S&P 500 perdeu 37% no ano passado.
A crise golpeou Buffett de várias maneiras. O tumulto nos mercados desvalorizou sua carteira de investimentos, que no fim do ano tinha US$ 122 bilhões em ações e títulos. Contratos de derivativos que Buffett negociou pessoalmente, envolvendo apostas no desempenho futuro de diversos índices de ações e na saúde financeira de centenas de empresas, geraram US$ 7 bilhões de dólares em prejuízos contábeis.
A maioria desses contratos só vence na próxima década e Buffett acredita que terá tempo suficiente para reverter as perdas contabilizadas agora depois que a fase mais aguda da crise tiver passado. "Embora não exista nenhuma garantia de que vamos conseguir, eu ainda espero ganhar dinheiro com esses contratos", afirmou Buffett no sábado.
Mas a exposição da Berkshire aos riscos que esses instrumentos representam arranhou a credibilidade de Buffett. A nota da Berkshire foi rebaixada nas últimas semanas por duas agências de classificação de risco, a Fitch e a Moody´s - da qual Buffett tem 20% das ações e diz que nunca deu palpite. A Standard & Poor´s avisou que poderá rever a nota da Berkshire em breve também.
A principal fonte de receitas da Berkshire são os negócios na área de seguros. Eles geram dezenas de bilhões de dólares em prêmios que Buffett usa para fazer seus investimentos sem precisar se endividar. As seguradoras de Buffett continuaram crescendo no ano passado, mas a recessão atravessada pelos Estados Unidos atingiu em cheio indústrias controladas pela Berkshire em outros setores.
Buffett acredita que os americanos não voltarão às compras tão cedo. "Há uma grande transformação no comportamento dos consumidores", alertou. "As pessoas agora querem economizar." A Berkshire controla dez seguradoras e 67 empresas em outros segmentos, incluindo distribuidoras de eletricidade, joalherias e fábricas de doces, sapatos e tapetes.
Apesar das dificuldades, Buffett teve no ano passado um desempenho superior à média do mercado e o tombo dos últimos meses não foi capaz de anular os ganhos acumulados nos anos anteriores. Um investidor que tivesse aplicado US$ 1 mil em ações da Berkshire quando Buffett assumiu o controle da empresa e nunca mais tivesse mexido nesse dinheiro teria uma fortuna de US$ 3,6 milhões hoje.
Mas as perdas sofridas no ano passado foram dolorosas para muitos pequenos investidores e aumentaram a preocupação dos acionistas da Berkshire com o que acontecerá com a empresa quando Buffett, com 78 anos de idade, e o sócio que há três décadas é seu principal colaborador, Charles Munger, que está com 85, não estiverem mais na vizinhança.
A dupla gosta de fazer mistério sobre o assunto. Três executivos do grupo estão sendo preparados para assumir o comando da empresa e quatro administradores de fundos poderão dividir a gestão da carteira de investimentos depois que Buffett morrer. Na assembleia de sábado, ele rejeitou a sugestão de um acionista para que nomeasse logo seu sucessor. "Não vejo vantagem em ter um príncipe herdeiro andando por aí."
Segundo homem mais rico do mundo, com uma fortuna pessoal estimada em US$ 37 bilhões pela revista "Forbes", Buffett não parece nem um pouco disposto a se aposentar. Ele fez questão de demonstrar isso mais uma vez no fim de semana, quando passou quase cinco horas ao lado de Munger respondendo às perguntas dos acionistas da Berkshire, que lotaram um ginásio de esportes com espaço para mais de 18 mil pessoas sentadas.
Os dois cumprem o ritual com visível prazer todos os anos, pontificando sobre os mais diversos assuntos, comendo uma bala atrás da outra e bebericando Coca-Cola, empresa na qual a Berkshire possui 9% das ações. Buffett é loquaz e Munger é lacônico, mas os dois sabem explorar essa diferença de temperamento para divertir a plateia e driblar as perguntas mais embaraçosas dos investidores.
Um dos grandes momentos da reunião deste ano foi um esquete cômico exibido nos telões do ginásio antes da sessão de perguntas e respostas. No filme, Buffett está deitado de paletó e gravata numa loja de colchões quando o gerente aparece para acordá-lo. "Você não vai ficar o dia inteiro dormindo esperando o telefone tocar, como fez no ano passado", avisa. Quando uma cliente diz que esta à procura de algo "seguro e garantido", Buffett lhe oferece um novo modelo de colchão, com bolsos especiais para guardar dinheiro e ações.
Recessão e oportunidades
(...) numerosos estudos mostraram que empresas que gastaram em aquisição, propaganda e pesquisa e desenvolvimento durante recessões estavam significativamente melhor do que aquelas que fizeram grandes cortes. (...) As incertezas das recessões criam oportunidades para lucros e existem registros históricos de empresas que fez grandes sucessos em tempos difíceis.
James Surowiecki, Hanging Tough, New Yorker
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