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08 abril 2009

Sadia e Derivativos

Sadia fechou operação bilionária cinco dias antes do início da crise
7/4/2009 - Valor Econômico

O maior dos contratos de risco com derivativos da Sadia foi fechado cinco dias antes da quebra do banco americano Lehman Brothers, fato detonador da crise financeira global em suas atuais proporções. Trata-se de uma operação de US$ 1,4 bilhão fechada com o Barclays em 10 de setembro.

Daí a duração dos compromissos financeiros da empresa até setembro deste ano, com a concentração dos vencimentos no terceiro trimestre. As operações, em geral, têm vigência de 12 meses.

A informação consta do relatório da BDO Trevisan elaborado para apurar as responsabilidades dos administradores no episódio dos derivativos, que levaram a companhia a fechar 2008 com um prejuízo líquido de R$ 2,5 bilhões.

O relatório apontou que de janeiro a setembro, período avaliado, a Sadia fez 133 operações de derivativos, todos na modalidade mais arriscada, em que o compromisso se duplica em caso de perdas - mas não em situações de ganho. Desse total, 28, incluindo o maior dos contratos, teriam sido fechados sem que as políticas de risco da empresa tivessem sido observadas e sem o conhecimento do conselho de administração.

"Não foram encontrados indícios de que o conselho tenha sido consultado ou informado", afirmou Marcio Pepe, sócio-diretor da área financeira da BDO Trevisan, durante a apresentação das conclusões do relatório em assembleia de acionistas realizada ontem.

As operações realizadas na modalidade de maior risco somaram US$ 2,7 bilhões em setembro. Pela política de risco, o ex-diretor da empresa Adriano Ferreira, que os controladores da Sadia decidiram processar, tinha alçada para operações de até US$ 200 milhões e gerentes abaixo dele, de até US$ 100 milhões e US$ 50 milhões, conforme o cargo.

Durante as investigações da auditoria, Ferreira afirmou à BDO Trevisan que as reuniões prévias para definir as políticas financeiras não tinham registro em ata. A informação está numa entrevista realizada com o ex-executivo e anexada ao relatório.

Na apresentação das conclusões do relatório à assembleia de acionistas, Pepe afirmou que "falhas de estrutura [permitiram] que a diretoria financeira contratasse as operações". Além disso, os problemas na estrutura da gestão também se devem ao fato de o conselho de administração não ter acesso a um acompanhamento periódico a respeito das operações de risco.

Nas conclusões apresentadas aos acionistas, Pepe relatou que no começo de julho Ferreira já havia sido informado que a soma das operações ultrapassava os limites de risco sugeridos pela empresa, de três meses de exportação.

No entanto, na entrevista de Ferreira anexada ao trecho do relatório disponível na assembleia, ele afirmou à auditoria que a política de risco era de, no mínimo, três meses de vendas internacionais e, no máximo, 7,5 meses - mas de maneira que a estimativa de prejuízo fosse limitada a pouco mais de R$ 650 milhões, de acordo com sistemas de mensuração de riscos.

Os problemas com a exposição das operações tornaram-se evidentes no começo de setembro. A Sadia comunicou os prejuízos ao mercado, pela primeira vez, em 25 de setembro, após o fechamento da bolsa. Somente naquele mês, as "chamadas de margem" - garantia depositada pela empresa nos bancos para perdas esperadas - somaram mais de R$ 460 milhões.

Ao fim de setembro, o balanço da Sadia mostrava que, das perdas totais de R$ 2,6 bilhões com derivativos, pouco mais de R$ 700 milhões já tiveram efeito no caixa em 2008 e outros R$ 1,9 bilhão terão neste ano, concentrados no primeiro e no terceiro trimestres, ou seja, serão efetivamente pagos. O lançamento desse valor já no balanço de 2008 se deve à necessidade de marcação a mercado dos contratos.

A investigação realizada pela BDO Trevisan foi liderada por Marcio Pepe, com uma equipe de 12 pessoas. O levantamento dos dados ocorreu nos primeiros 70 dias após a contratação dos serviços, no começo de novembro passado, No total, os trabalhos acumularam um total de oito mil horas.

O documento, porém, foi criticado durante a assembleia de acionistas. Pepe explicou que o o objetivo dos trabalhos era o levantamento dos fatos e não "embasar propositura" de ações contra executivos.

Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da companhia desde que os problemas vieram à tona, afirmou que a Sadia está avaliando modificações em sua estrutura de gestão para corrigir falhas nos processos internos, conforme sugestão da auditoria. "Tudo indica que haverá mudanças", disse Furlan ao Valor depois da assembleia. Ele acredita que também a composição do conselho de administração sofrerá alterações, na assembleia geral ordinária, marcada para o fim deste mês.

A repórter adquiriu 11 ações ordinárias da Sadia, no valor de aproximadamente R$ 60, o mínimo vendido na corretora, para ter acesso à assembleia da companhia e poder reportar aos leitores a auditoria feita na empresa, cujo conteúdo é aberto apenas aos acionistas presentes na reunião em Concórdia, interior de Santa Catarina. A repórter se absteve de votar.


Dois comentários: (a) problemas sérios de controle na empresa, que permitiu que a operação fosse realizada; (b) o acesso a assembleia pela reporter mostra a dificuldade de obter informações nas empresas abertas

07 abril 2009

GM e a Bancarrota

Segundo a Reuters, existe um grande preparativo na General Motors para solicitar uma recuperação judicial. Já segundo a Moody's Investors Service a chance é de 70%.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #50

Grau de Dificuldade: ***

Quatros pessoas, dois homens (Mateus, Felipe) e duas mulheres (Isis e Justine) estavam discutindo o desempenho das empresas (Santa Rita, Realeza, Integral e Bela Vista) que trabalhavam. Com a crise, a discussão era sobre a geração do Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais (R$1 milhão, 2 milhões, 6 milhões e 7 milhões de reais). Descubra o valor do fluxo de cada empresa e o nome de cada empregado, com base nas dicas abaixo:

a) É um rapaz que trabalha na empresa Bela Vista
b) A Integral possui uma moça como funcionária e gerou de fluxo de caixa 1 milhão a mais que a Realeza, onde trabalha outra pessoa do sexo feminino
c) A Santa Rita gerou R$1 milhão
d) Felipe trabalha numa empresa que gerou mais Fluxo que Mateus, mas a empresa de Justine teve um fluxo de caixa menor que a de Isis.

Resposta do Anterior: a) Não. George Oliver May nasceu em 1875 e morreu em 1961. Foi presidente da American Accounting Association e escreveu mais de cem artigos. O Fasb foi constituído em 1973. b) Não. Sir Tweedie fez graduação na década de 60 e a obra Momentum Accounting and Triple-Entry Bookkeeping, de Ijiri, foi publicada em 1989; c) Sim. Kaplan nasceu em 1940 e Miller, grande músico e maestro, desapareceu em 1944.

Links

Pesquisa da Deloitte mostra atitude favorável das empresas com a convergência [nos EUA]

Privilegio de pertencer a um cartel: retorno acima do mercado – O caso dos Taxis em Nova Iorque

Nova Proposta de Contabilidade para impostos pelo Iasb

Economia de Star Trek

A dificuldade de ter um taxi em Cuba

Nosso cerebro e fazer muitas coisas ao mesmo tempo

Balanços e Mercado

Safra de balanços pode esfriar entusiasmo nas bolsas
David Gaffen, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 6/4/2009 - 1

A temporada de balanços está começando e vai ser deprimente. Apesar disso, o mercado acionário dos Estados Unidos — que de uma maneira ou outra acaba ditando o ritmo das bolsas ao redor do mundo — está entrando nessa nova fase no vácuo da disparada de quatro semanas mais agressiva em mais de 70 anos.

Dessa forma, mesmo que praticamente todos os investidores reconheçam que as coisas estão realmente feias, ainda assim eles estão criando bases para uma decepção. E se os últimos oito anos servirem como alguma orientação, é isso que provavelmente acontecerá.

A empresa de pesquisa de investimento Bespoke Investment Group LLC examinou todas temporadas de balanço desde meados de 2001 e concluiu que se os investidores aplicassem dinheiro no índice Standard & Poor's 500 no primeiro dia da temporada de balanços e vendessem as ações no último dia perderiam quase 27%. Os que fizessem o oposto conseguiriam um retorno de 7,1%.

Os números parecem especialmente pertinentes neste trimestre, levando-se em consideração que a recente alta do mercado foi furiosa. A Média Industrial Dow Jones subiu 21% nas últimas quatro semanas, o mais rápido ganho de 20% do índice desde 1938. O S&P 500 acumula alta de 23%.

As duas últimas temporadas de balanço, que aconteceram durante extremo nervosismo do mercado, mostraram, respectivamente, quedas de 8,5% e 9,3% no S&P 500, como mostra a pesquisa da Bespoke. A temporada de balanços do primeiro trimestre começa com a divulgação dos resultados da Alcoa amanhã e será encerrada a 14 de maio, quando a rede Wal-Mart Stores apresenta seus números.

Os analistas esperam um declínio de 37% nos lucros em comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa é de que todos os dez grupos do S&P 500 apresentem queda anual, um corte uniforme que nunca havia acontecido durante os dez anos de acompanhamento desses dados pela Thomson Financial.

O que pode manter a alta das bolsas não é tanto se os resultados do primeiro trimestre atingirão ou superarão essas expectativas. Os ganhos dependerão mais do que os executivos disserem sobre o segundo, terceiro e quarto trimestres.

"A esperança de todo mundo, no momento, é a compilação de dados menos ruins", diz Linda Duessel, estrategista de renda variável da Federated Investors. "Queremos ouvir que caímos no abismo e que a queda provavelmente chegou ao fim."

O que as empresas informarem deve determinar se as bolsas americanas podem sair do declínio de 18 meses — a Média Dow Jones ainda está 43% abaixo do pico de outubro de 2007 — e transformar a fase recente de quedas num período de altas consistentes. Na sexta- feira, a Dow fechou a 8.017,59 pontos e o S&P 500 a 842,50 pontos.

Os investidores foram brindados com algumas fagulhas de esperança no começo de março, como as declarações dos diretores-presidentes do Citigroup, Vikram Pandit, e do Bank of America, Kenneth Lewis, de que os dois bancos tiveram lucro em janeiro e fevereiro. Esses comentários foram alguns dos catalisadores do retorno dos investidores às bolsas, especialmente às ações de bancos, que têm tido um desempenho melhor do que a média do mercado desde que este bateu em seu nível mais baixo da crise, a 9 de março.

O entusiasmo dos dois executivos foi diluído há poucos dias, quando Lewis e Jamie Dimon, diretor-presidente do J. P. Morgan Chase, declararam que março foi um mês difícil. A confiança dos investidores no setor bancário aumentou, mas eles já se decepcionaram no passado e, por isso, qualquer sinal de que os bancos ainda enfrentam dificuldades colocará à prova a fé deles.

Os relatórios sobre produção industrial, habitação, setor imobiliário e atividade das fábricas sugerem que, pelo menos, a economia se estabilizou. Se empresas de outros setores indicarem a retomada da atividade com sinais de melhora no número de pedidos ou nas entregas, isso vai aumentar o otimismo recente.

"A questão é: as empresas vão fazer comentários sobre expectativas que sejam significartivamente muito diferentes do que é esperado? E o que vamos ouvir sobre as atividades dos negócios em abril?", diz Jim McDonald, diretor de estratégias de investimento da Northern Trust.

Os primeiros sinais são contraditórios. Os números da habitação melhoraram, mas as empresas de construção civil Lennar e KB Home informaram perdas contínuas, e a última informou que não previa nenhuma melhora significativa nas condições do mercado pelo resto do ano.

Os investidores estarão especialmente atentos aos resultados de empresas que servem como referência da demanda global. Como a Caterpillar, que surpreendeu o mercado em janeiro com o anúncio de 20.000 demissões e ofertas de demissões voluntárias para outros 25.000 empregados nos EUA. Em março, a gigante industrial anunciou planos de demitir mais 2.500 pessoas.

Notícias desse tipo durante a temporada de balanços podem esfriar o entusiasmo dos investidores.

Soros e a Marcação a Mercado

Sistema bancário dos EUA ainda está insolvente, diz George Soros
da Reuters
FolhaNews - 6/4/2009

(...) Mas ele [Soros] fez um alerta sobre a flexibilização das normas "mark-to-market" (que obrigam as instituições financeiras a avaliar seus ativos no valor de mercado), promovida pela associação profissional encarregada da padronização das normas contábeis no país na semana passada.

O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB, na sigla em inglês), assim, permite que os auditores tenham maior margem de manobra para avaliar o real valor de ativos sem liquidez.

Para Soros, a mudança na regra cria condições para prolongar a vida de bancos "zumbis", porque além de evitar que as instituições financeiras sofram grandes baixas contábeis, a nova medida também abre espaço para um aumento dos empréstimos na economia. (...)


Um cuidado: sempre devemos ter cuidado com observações feitas por especuladores na imprensa. Qual seria o seu real interesse? Está falando a verdade? Irá aproveitar da sua posição?