Translate

05 abril 2009

Petrobrás

Nos últimos dois anos, os investimentos feitos pela Petrobras em países da América do Sul causaram perdas de R$ 600 milhões à empresa. A maior delas foi no Equador, de quase R$ 400 milhões em 2007 e 2008.

Na Venezuela, a estatal brasileira teve que reconhecer uma queda no valor de seus investimentos de R$ 175 milhões. Na Bolívia, depois de todo o barulho feito pelas medidas de nacionalização adotadas pelo presidente Evo Morales, a Petrobras conseguiu um ganho de R$ 66,2 milhões ao vender suas ações para a estatal boliviana por US$ 112 milhões.

"Houve um aumento no risco político na América do Sul nos últimos anos. A Petrobras já tinha feito investimentos [na região] que foram prejudicados", diz Luiz Otávio Broad, analista da Ágora Corretora.

Nem todas as perdas registradas no balanço da estatal brasileira são irrecuperáveis. É o caso, por exemplo, da Venezuela. Em 2006, o presidente Hugo Chávez decidiu que as empresas privadas teriam, no máximo 40% nos campos explorados, e a estatal petroleira PDVSA ficaria com 60%.

A Petrobras foi obrigada, então, a ajustar sua contabilidade ao novo cenário. Para isso, reconheceu uma "perda sobre investimentos". Foram R$ 119,6 milhões em 2007 e R$ 55,425 milhões no ano passado.

No balanço, a empresa explica que a "recuperação desses investimentos está relacionada à volatilidade do preço do petróleo, às condições econômicas sociais e regulatórias na Venezuela e, em particular, aos interesses de seus acionistas em relação ao desenvolvimento das reservas de petróleo".

A maior dificuldade da estatal brasileira está no Equador. No ano passado, a Petrobras devolveu ao governo do país um bloco exploratório, o que implicou prejuízos de R$ 181,6 milhões. Já tinha sido obrigada em 2007 a fazer uma reserva, conhecida como provisão [sic], de R$ 308,8 milhões para enfrentar a nacionalização das reservas de petróleo e o aumento da tributação aprovados em 2007.

De acordo com as explicações dadas no balanço da estatal, essas mudanças afetaram "a previsão de rentabilidade dos atuais negócios no Equador e a recuperabilidade dos investimentos realizados".

A Petrobras não divulga o volume de investimentos que fará no exterior por país. Questionada sobre a avaliação que faz das aplicações nesses países e se continuará a investir, a empresa informou que "espera manter os investimentos e as atividades nos países em que atua, de acordo com seu posicionamento estratégico e a avaliação de risco de cada região".

O investimento feito pela estatal na América do Sul não raro é alardeado pelo governo como uma ferramenta de política externa para apoiar vizinhos.

O discurso político tem prevalecido nas ações da diplomacia brasileira. No embate com a Bolívia, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou cobranças públicas ao presidente Evo Morales e preferiu uma negociação de bastidores. Lula insistiu em que o Brasil, mais rico, não podia abrir guerra com a Bolívia e precisava entender a realidade do país e a "justeza da atitude de estatização".


Petrobras perde R$ 600 mi em 2 anos na AL
Folha de São Paulo - 5/4/2009
LEANDRA PERES

03 abril 2009

Rir é o melhor remédio

Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e ordenou-lhe:

- Dentro de 6 meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira.

No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:

- Onde está a arca, Noé?

- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros. O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário. Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens Suas, mas eles só queriam saber se eu tinha um “Projeto de Reflorestamento” e um tal de “Plano de Manejo”. Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável" e eu acabei tendo que matá-lo, porque, para este crime a lei é mais branda. Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção. Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita Federal, falando em “sinais exteriores de riqueza“ e também me multou. Finalmente, quando a Secretaria do Meio Ambiente pediu o “Relatório de Impacto Ambiental“ sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil. Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve.

Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava e perguntou:

- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?

- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens. Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde!

Enviado por Matias, grato.

Valor recuperável e Cesp

Valor recuperável dá novo fôlego às ações da Cesp
Gazeta Mercantil - 3/4/2009

São Paulo, 3 de Abril de 2009 - O demonstrativo financeiro de 2008 da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) é um dos melhores exemplos até agora da dualidade que a adoção dos padrões contábeis definidos pela lei 11.638 pode trazer às empresas de capital aberto. Apesar de a companhia ter divulgado um prejuízo de R$ 2,35 bilhões por conta dos ajustes de contabilidade, a resposta do mercado acionário foi a valorização de seus papéis, com alta superior a 7% no pregão seguinte.

Não fossem os ajustes, as operações se manteriam lucrativas, com um avanço de 13,5% da receita e de 12% na geração de caixa, para R$ 1,63 bilhão. Mas não é que o mercado tenha sido tão compreensível assim com o ajuste. Acontece que, também por conta das novas regras de contabilidade, a Cesp exibiu um novo fôlego para a briga de renovação das concessões que opera.

"O resultado operacional ficou dentro das expectativas, mas o que animou o mercado foi a avaliação do valor recuperável dos ativos", afirma Luciana Pazos, analista da Gradual Corretora. Agora, cada usina passa a ter seu valor econômico individual, como unidades de negócios segmentadas e que não afetam uma à outra (positiva ou negativamente). Nesta avaliação, das seis usinas da Cesp, somente a Porto Primavera fica com as contas no vermelho - o que explica justamente o prejuízo contábil final.

"A empresa mostrou um valor de R$ 9,54 bilhões de recuperação dos demais ativos, que deu ao investidor uma percepção de minimização dos riscos de não renovação das concessões. Ou seja, se a companhia devolver os ativos para a União, terá esta remuneração", explica Luciana, ressaltando entretanto que a Cesp não explicitou que taxa de desconto aplicou nessas contas.

O montante daria um valuation de R$ 38 por ação, segundo a equipe da corretora Bradesco - bem melhor que os cerca de R$ 13 em que o papel é negociado atualmente. Nas contas da Ativa Corretora, o valor justo seria de R$ 43 por ação, após o desconto das dívidas. A equipe da Ativa ressalta que a Cesp ainda apresenta alta exposição à variação cambial - 40% de suas dívidas estão em moeda estrangeira, sem hedge. Com o cenário, a corretora Merrill Lynch reiterou a recomendação de compra aos papéis, com preço-alvo de R$ 25 por ação, enquanto as demais corretoras estão revendo suas recomendações.

O prejuízo contábil já impacta de imediato a distribuição de dividendos. Mas segundo analistas, o grande apelo da ação continua sendo a expectativa de privatização - quanto mais perto do vencimento das concessões operadas pela Cesp, que se dará em 2015, maior a possibilidade de um desfecho positivo. "O governo pode ficar encorajado com o novo valuation por ação", diz um analista.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Maria Luíza Filgueiras)

IFRS e Brasil

Mudança contábil exige novo perfil de profissionais
Valor Econômico - 3/4/2009

A implementação das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), aprovada em 2007 no Brasil por meio da Lei 11.638 e que afeta todas as companhias abertas e limitadas de grande porte do país, está causando uma verdadeira revolução na rotina e na carreira de contadores, auditores, controllers e executivos da área financeira. A mudança, que unifica os padrões contábeis para estabelecer critérios de comparação entre empresas internacionais, aumenta significativamente o grau de responsabilidade dos profissionais que elaboram ou analisam balanços, exigindo deles uma visão crítica e conhecimentos mais aprofundados de gestão de negócios, finanças corporativas, questões societárias, planejamento tributário e sistemas de informação.

Os treinamentos, debates e congressos sobre IFRS pipocam por toda parte e lotam auditórios com representantes de empresas, universidades e órgãos públicos preocupados em entender e debater as aplicações das novas regras, já em vigor nos balanços consolidados de 2008 publicados este ano.

Mas, apesar dessa corrida contra o tempo, esta lei é entendida pelo mercado como um grande avanço por transformar as demonstrações financeiras em um instrumento efetivo de gestão do negócio, mais transparente e confiável para os investidores. Já para os contadores, acostumados a figurar em segundo plano na escala das profissões da área financeira, trata-se de uma revolução que os coloca em um novo patamar no mercado. Seu papel, até então restrito aos registros numéricos, sobe para o nível da tomada de decisão.

"Esta é uma grande oportunidade de carreira para o profissional contábil, que sempre foi muito discriminado, visto como um registrador de fatos e dados. Agora, ele é obrigado a fazer parte da estratégia da empresa", diz a contadora-chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vania Borgerth. Para ela, que também é diretora do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) no Rio de Janeiro e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), este é o momento de maior mudança em toda a sua carreira.

Há 16 anos no BNDES, Vania lidera atualmente uma equipe de 50 pessoas. Ao todo, a estrutura da instituição tem 250 contadores, responsáveis por analisar o balanço das empresas que solicitam financiamento. E é da contadora-chefe a missão de capacitá-los em IFRS. Por isso, desde 2006, Vania acompanha de perto as discussões no Brasil e no exterior sobre as normas contábeis internacionais. "Procuramos nos antecipar ao mercado. O próximo passo será certificar internacionalmente todos os nossos contadores", explica ela.

As normas internacionais causam também um impacto importante no ensino, uma vez que exigem mudanças não apenas no currículo dos cursos de ciências contábeis, administração e economia, mas também na mentalidade dos professores e nas metodologias. Afinal, as escolas terão de exigir do aluno um posicionamento mais analítico e não somente o cumprimento de normas pré-estabelecidas. O desafio é grande: segundo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), cerca de 20 a 25 mil contabilistas se formam a cada ano em 1.046 instituições de ensino superior espalhadas pelo país.

Como as regras estão sendo adotadas por etapas e, por isso, há pouquíssimas publicações sobre o tema no Brasil, a responsabilidade de se atualizar e buscar as informações recai sobre todos os profissionais envolvidos com o tema - inclusive os professores. "O conhecimento está se formando e, por isso é muito importante que os professores participem das discussões", diz Sérgio Machado, professor do Ibmec São Paulo. Em relação ao mercado de trabalho, ele acredita que a demanda agora será por contadores que enxerguem a organização de forma mais ampla.

As escolas de ponta no ensino de finanças saem na frente na adequação à nova legislação. A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ligada à Universidade de São Paulo (USP), é uma das líderes do processo no país, e faz parte do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), grupo formado pelas principais entidades do mercado de capitais responsável pelo estudo, adequação e emissão de normas ligadas à Lei 11.638.

Além de promover uma série de workshops e palestras sobre o assunto em parceria com outras entidades e empresas, a Fipecafi já incorporou ao seu currículo todas as normas publicadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "O antigo modelo contábil é mencionado apenas como referência histórica", diz o professor Ariovaldo dos Santos. Para ele, mais do que a questão técnica, o maior desafio é a postura que deverá ser adotada pelos professores, alunos e profissionais de mercado. "É preciso mudar a cabeça das pessoas. Elas terão de reaprender a profissão."

A Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Eaesp) também já reformou a disciplina de contabilidade em seus cursos de acordo com o padrão internacional. A cada nova norma publicada pela CVM, os professores levam artigos e a própria legislação para discutir em sala de aula.

A professora Edilene Santana Santos, do departamento de Contabilidade, Finanças e Controle da FGV, vê impactos importantes tanto na carreira dos contadores, que precisam de conhecimento mais profundo para tomar decisões, como dos analistas de mercado, já que eles são os usuários das informações publicadas e precisam interpretar corretamente os balanços. "Com a adoção do IFRS, há flexibilidade para adaptação em cada empresa. O analista vai se deparar com formas diferentes e, ao ler os relatórios, precisa saber como aquela prática adotada afetou os resultados", explica Edilene.

É o que vive na pele Marco Saravalle, analista da corretora Coinvalores e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). "Foi uma mudança muito sensível para a análise", diz ele, que terá de fazer projeções de mercado para 2009 com as novas alterações. Saravalle acabou de concluir um MBA voltado para o mercado de capitais, porém ainda estudou com base no modelo contábil antigo. "Se eu soubesse (que as regras mudariam tanto) teria esperado mais um pouco para fazer o curso", lamenta. "Nós, analistas, vamos ter que ler muito, buscar informações em palestras e seminários para estarmos atualizados, porque pequenas questões podem ser determinantes na avaliação de uma empresa."

Outro segmento do mercado que tem investido fortemente em capacitação em IFRS são as empresas de auditoria, que têm sido responsáveis por introduzir as novas regras em boa parte das empresas de grande porte no País, além de oferecer treinamento para as equipes internas dessas organizações. Para garantir tal expertise dos auditores, os treinamento no Brasil e exterior são intensivos.

Só na KPMG, foram investidos em 2008 aproximadamente de R$ 4 milhões em treinamentos de IFRS e novos pronunciamentos contábeis. Cerca de 1.800 profissionais da equipe passaram por 280 mil horas de treinamentos presenciais no país e na Europa ou em cursos on-line. "Muitos fatores exigem um grau de subjetividade muito grande, como determinar o valor justo de ativos. São aspectos que exigem maior senioridade dos profissionais", diz o sócio-líder de auditoria da KPMG no Brasil, Charles Krieck. "O processo ficou mais complexo e mais interessante", completa.

A PricewaterhouseCoopers (PwC) também treinou mais de mil funcionários em sessões que variaram de 30 a 100 horas por ano, além de um grupo de cerca de cem "superespecialistas" que fizeram intercâmbio técnico fora do país ou possuem qualificação internacional independente. Além da capacitação interna, a empresa promove constantemente seminários gratuitos para cerca de 400 pessoas sobre a Lei 11.638 e seus impactos nas organizações. "Nossa preocupação é que o mercado todo consiga se capacitar", diz Fábio Cajazeira, sócio da área de mercado de capitais no Brasil.

Há cerca de dez anos, quando a Europa sinalizou a mudança nas regras internacionais, a PwC mundial começou a promover intercâmbios internos para capacitar profissionais dos 154 países em que atua. Cajazeira foi um deles. Passou dois anos no Reino Unido participando de um grupo global especializado em IFRS. Hoje, considerado um "superespecialista", ele acredita que a convergência das regras internacionais é a maior revolução na linguagem de comunicação das empresas com seus diversos públicos. Por isso, o entendimento de quem atua na área não pode ser superficial. "São mais de 40 normas que mudam toda a estrutura de balanço. Não é algo que um curso de cinco horas resolveria." Na opinião dos especialistas ouvidos pelo Valor, o IFRS tende a promover um maior interesse de jovens profissionais para atuar na área contábil.

A demanda já foi identificada pelo Ibmec RJ, por exemplo, que lançou uma graduação em ciências contábeis toda moldada a essa nova realidade. O curso se propõe a formar profissionais que tenham pleno domínio conceitual, funcional e operacional do IFRS e outras questões importantes ligadas à área financeira, mas também traz questões que remetem ao novo papel dos contadores, como gestão de negócios, análise de informações, habilidades de liderança e visão estratégica das atividades contábeis.

Para o vice-presidente de fiscalização do Conselho Federal de Contabilidade, Enory Luiz Spinelli, o pleno ajuste às novas regras deve se dar entre cinco e oito anos. "A história da contabilidade no Brasil, desde a chegada dos portugueses, sempre teve um enfoque tributário, fiscal. Agora, teremos uma contabilidade focada no negócio e no conhecimento."

Investigadores

Procuram-se investigadores de fraudes
Gazeta Mercantil - 3/4/2009

3 de Abril de 2009 - À medida que a crise financeira se alastra, surgem novas suspeitas de fraude - e com elas a necessidade de encontrar provas de má conduta. É por esse motivo que cresce a procura por investigadores de fraudes.

Recentemente, o FBI anunciou que o número de investigações de fraudes com hipotecas superava os 1,6 mil casos no fim do ano fiscal de 2008, que terminou em 30 de setembro, em contraste com as 881 ocorrências registradas dois anos atrás. Em acréscimo, foram abertas 530 investigações de fraudes corporativas, informou a policia federal americana.

A agência está recrutando gente para ajudar nessas investigações, incluindo pessoas com experiência em informática e contabilidade. Os candidatos que falam um idioma estrangeiro e aqueles que são inspetores de fraude certificados também levam vantagem sobre os concorrentes. A certificação é uma credencial oferecida pela Associação de Inspetores de Fraude que indica proficiência e experiência na prevenção, detectação e dissuasão de fraudes.

Fora do âmbito governamental, os investigadores de fraudes trabalham para consultoras de segurança como a Kroll; nos escritórios de contabilidade como o Deloitte Touche and Eisner; e nos escritórios de consultoria empresarial global e de auditoria interna como o Protiviti. Alguns penduram suas próprias placas. Esses escritórios podem ser contratados por escritórios de advocia ou pelas empresas que queiram realizar uma investigação interna.

O número de inspetores certificados cresceu 10% em comparação com o ano passado, segundo a associação, um grupo de classe com sede em Austin, no Texas. A remuneração média para os inspetores de fraude certificados que trabalharam em tempo integral em 2008 foi de pouco mais de US$ 90 mil por ano, informa a associação.

Os investigadores de fraude corporativa dizem que o trabalho exige curiosidade e tenacidade. E advertem que pode ser extenuante e mesmo enfadonho. Por serem contratados com basea na recomendação de advogados corporativos ou externos, eles estão comprometidos com o direito profissional do advogado e não têm poder para processar o autor de um crime. Mesmo assim, eles asseguram, seus esforços podem ser recompensadores.

Recentemente, surgiu um heroi da categoria: Harry Markopolos, que advertiu sucessivamente a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) que Bernard L. Madoff aoperava um esquema de pirâmide gigantesca às custas dos investidores. Markopolos, que trabalhava para uma empresa de investimento quando começou a investigar as atividades de Madoff, saiu do emprego em 2004 para estabelecer sua própria agência de investigação.

Embora a SEC não tenha agido com base nas advertências de Markopolos, ele ajudou a facilitar o caminho para investigações posteriores, que identificaram vários escândalos "mini-Madoff" e outros tipos de fraude.

Embora muitos investigadores tenham experiência em contabilidade forense, auditoria interna e cumprimento da lei, os especialistas dizem que a área também atrai executivos de finanças, assistentes jurídicos, bibliotecários e ex-jornalistas. "O que é realmente necessário é uma grande habilidade para fazer as pessoas falarem", declarou Jules Kroll, o recém-aposentado fundador da empresa que traz seu nome.

Há dois anos, depois de publicar um livro intitulado "Body Brokers: Inside America's Underground Trade in Human Remains", a escritora free-lance Annie Cheney pensou no que faria a seguir. Ela considerou a produção do livro uma experiência incompleta. "Era muita solidão", disse. "Eu precisava de um emprego".Já que ela adora relatórios e solucionar enigmas, Cheney enviou um currículo para a Kroll, empresa de gereneciamento de risco e investigação de fraudes. Contratada como analista, foi recentemente promovida a diretora.

Philip S. Deming, que administra a agência Philip S. Deming & Associates, em King of Prussia, na Pensilvânia, iniciou sua carreira no Departamento do Tesouro e avançou degraus em desenvolvimento e gestão de recursos humanos. Numa caso que investigou, concluiu que um funcionário havia exagerado numa nota de despesas. Em outro, descobriu que uma mulher forjou um diploma universitário.

A necessidade de investigar fraudes hoje em dia é tão grande que Deming viu-se forçado a contratar funcionários temporários - advogados, investigadores particulares e inspetores de fraude certificados - que ganham de US$ 150 a US$ 275 por hora.

A formação de profissionais também pode fazer parte do cotidiano de um investigador de fraudes. Pam Verick, que coordena o sistema de gestão de risco de fraude na Protiviti, também conduz sessões de treinamento para funcionários de clientes. Nessas oportunidades, ela os alerta para as possíveis práticas de esquemas que envolvem propinas, subornos e relatórios financeiros fraudulentos.De quando em quando, durante o intervalo das aulas, um participante da turma a chama de lado e diz: "Estou preocupado, pois algo sobre o que conversamos está ocorrendo".. O assunto é então encaminhado ao consultor juridico interno para investigação na empresa do aluno do curso de treinamento.

Quando Pam conduz suas próprias investigações de fraude, ela se mantém alerta para os detalhes. E a tecnologia que usa para obtê-los ganhou sofisticação. Ela diz que agora recupera provas de celulares, Blackberry, discos rígidos e arquivos de rede. Pam disse por experiência própria que, se a fraude for descoberta, a maior parte das empresas não entram com ação judicial. Em vez disso, elas fazem acordos individuais para que os funcionários envolvidos efetuem a devida restituição.

Os expedientes com duração de 18 horas e as refeições extraídas de máquinas automáticas durante as investigações valem a pena, quando um cliente diz: "Obrigado, nós tínhamos de ouvir exatamente isso".

Dina Blake, estudante formada em contabilidade pela West Virginia University, em Morgantown, na Virgínia Ocidental, espera investigar fraude um dia. Ela pretende seguir a carreira de contabilidade forense e receber um certificado de investigação de fraude. Para tanto, conseguiu um estágio na Ernst & Young, o escritório de auditoria, em Washington enquanto ainda cursava o segundo semestre.

Ela disse que seus estudos lhe deram uma melhor compreensão das dificuldades pelas quais passam as pessoas que perderam as economias de aposentadoria como resultado de fraude corporativa. Dina vê sua nova carreira com idealismo: "Eu vou ajudar a endireitar o mundo dos negócios. Por bem ou por mal".

(Gazeta Mercantil/Caderno D - Pág. 7)(Amy Zipkin The New York Times)

Mudança na MM pelo Fasb 13

EUA: Conselho (fasb) Aprova Flexibilização De Marcação A Mercado
DJ em Portuguese - 2/4/2009

Nova York, 2 - O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB, na sigla em inglês) aprovou o plano que flexibiliza suas controversas diretrizes contábeis de marcação a mercado, permitindo às empresas maior margem de manobra para a avaliação de seus investimentos.

O FASB revisou as regras para permitir que as empresas usem seu próprio julgamento em maior escala na determinação do "valor justo" de seus ativos. O conselho também tornou mais fácil para as empresas evitar ter que assumir custos sobre perdas quanto sofrerem prejuízos em seus investimentos.

As alterações veem na esteira de uma forte pressão de bancos e de seus representantes políticos no Congresso para que as regras de marcação a mercado fossem flexibilizadas. Como estavam, as regras exigiam que as empresas determinassem o valor de seus investimentos durante as altas e baixas do mercado.

Os bancos reclamam que durante a atual crise financeira, quando muitos mercados estão congelados ou sem funcionar direito, as regras empurraram essas avaliações para baixo de forma injusta e forçam os bancos a registrar grandes perdas com base em flutuações temporárias do mercado. Os que apoiam as regras dizem que elas são necessárias para fornecer informações mais acuradas aos investidores e que qualquer mudança poderá permitir que os bancos sobrevalorizem seus ativos.

As alterações do FASB terão efeito sobre as informações financeiras do segundo trimestre para a maioria das empresas. As companhias não poderão aplicar as novas regras de forma retroativa, como algumas queriam. As informações são da Dow Jones. (Ana Conceição)