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26 março 2009

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Uma lista de postagens interessantes do Alexandre Alcantara e da Cláudia Cruz:

Balanço das Limitadas

Novas Regras para Preço de Transferência

Desafio na análise de balanços com novas regras

Normas: reavaliação ou correção monetária

Estoques baixados como perda

Poder das Marcas

Leasing

Conforme postado aqui, o Iasb e o Fasb estão discutindo novas normas para o arrendamento (leasing).

Conforme afirma Jennifer Hughes (Accounts proposals threaten leasing shake-up, Financial Times, 23/3/2009, Asia Ed1, 16) o objetivo é acabar com a distinção entre leasing operacional e financeiro (vide o capítulo de Leasing do Teoria da Contabilidade onde isto é discutido). Mas existe uma preocupação sobre os efeitos da medida. Existem muitas empresas que não apresentam suas informações de leasing nos balanços, o que distorce a análise das demonstrações, afetada pela falta de comparabilidade.

O setor aéreo é o mais citado. Mas isto naturalmente contraria os interesses das empresas de arrendamento.

Lease accounting should be based on the principle that all leases give rise to liabilities for future rental payments and assets that should be recognized in an entity’s balance sheet. (Fonte: aqui)

Caixa

Administração financeira com falta de caixa
23/3/2009 - (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) Marco Antonio Papini

A administração financeira não tem a obrigação de prever uma desvalorização cambial. Contudo, a ela cabe traçar planos de ação que minimizem os riscos, sendo fundamental diminuir as possibilidades de falta de caixa, por meio de melhores controles internos, de tal forma que as possibilidades de perdas financeiras, por erro ou fraude, sejam ao máximo reduzidas. É aconselhável ainda que se efetuem as projeções de liquidez de curto e médio prazos.

A integração da contabilidade é um aspecto fundamental para o bom funcionamento de todos os processos operacionais. A tomada de decisões não deve apenas focar-se na rentabilidade antes dos impostos, pois minimizar ou postergar o pagamento de tributos e contribuições constitui uma questão extremamente delicada e, por isso, é importante.

(...) Pequenas ações, como implantar um controle de portaria, introduzir a obrigatoriedade de assinatura dupla para pagamentos, implantar um fundo fixo de caixa, introduzir políticas de monitoramento e supervisão já diminuem sensivelmente os riscos de perdas financeiras, seja por erro ou fraude, com a consequente melhoria da governança corporativa e dos padrões éticos. (...)

Nash e sua dissertação

Nash ficou conhecido pelo filme Uma Mente Brilhante. Mas venceu o Nobel de Economia por sua contribuição na área de Teoria dos Jogos. Aqui tem um link para sua dissertação, escrita após a II Guerra Mundial.

Peter Klein o fato do trabalho não ter nenhuma discussão sobre sua aplicação, ser pobre de bibliografia e ter somente 27 páginas. Com estas características, Nash provavelmente não seria aprovado num programa de pós-graduação do Brasil e teria dificuldades de publicar seu trabalho.

AIG e o dinheiro do contribuinte

Agora, quando a mesma AIG paga US$ 165 milhões em bônus - dinheiro que é obrigada a pagar contratualmente - todo o sistema político enlouquece. O presidente Barack Obama diz que encontrará uma forma de anular os contratos e pegar o dinheiro de volta. Um senador dos EUA afirma que os funcionários da AIG deveriam matar-se.

(...) Podemos observar, a partir deste episódio, várias verdades gerais em relação à crise financeira e às tentativas para solucioná-la:

1) Para o processo político, todos os grandes números parecem iguais; acima de certa quantia, o dinheiro torna-se meramente simbólico. O público geral não tem percepção para sentir o peso relativo de US$ 173 bilhões e de US$ 165 milhões. (...)

2) À medida que a crise financeira evolui, sua moral vem sendo simplificada de forma grotesca. (...)

3) A complexidade das questões cruciais da crise paralisa a capacidade dos processos políticos de encará-las de forma inteligente. Não tenho dúvidas de que, quando esta saga terminar, todos saberemos o que ocorreu a cada centavo dos US$ 165 milhões em bonificações pagas e cada um de nós terá sua opinião sobre a moralidade da questão.

Por outro lado, tenho sérias dúvidas se alguma vez entenderemos a moralidade do pagamento de US$ 173 bilhões, um problema muito mais grave. Por exemplo, o Goldman Sachs, que recebeu cerca de 8% do total, declarou publicamente que, para eles, o dinheiro era uma questão indiferente, já que o banco de investimento havia se protegido contra uma possível quebra da AIG - fazendo apostas financeiras contra a AIG.

Histeria coletiva com AIG obscurece verdades óbvias
26/3/2009 - Valor Econômico
Michael Lewis é colunista da "Bloomberg News"

Teste #44

Grau de Dificuldade: **

A mãe de Roberto estava preocupada com o primeiro dia de emprego do filho num grande escritório de contabilidade. Para garantir que o filho saísse bem neste grande dia, a mãe enviou para o celular de Roberto a seguinte mensagem:

6 33´2486 3´ 36 5236 37783736. 6 273´3486 3´ 36 5236 3473486.

Qual a mensagem encaminhada para Roberto?

Resposta do Anterior: César – Remuneração – 900 palavras; Claudia – Fraude – 300; Alexandre – SPED – 600; Marcos – IFRS – 1200

Mercado, Racionalidade e Crise 2

O texto a seguir é uma tradução do Financial Times, comentado na postagem feita aqui.

Crise econômica derruba mitos da teoria financeira
Valor Econômico - 26/3/2009

A crise econômica criou várias subcrises no setor bancário, na área de governança e assim por diante. Mas existe outro queixume sob a superfície: uma crise da teoria financeira.

Vejamos três artigos publicados pelo "Financial Times" na semana passada. O primeiro diz que as autoridades dos Estados Unidos darão aos bancos mais liberdade para avaliar seus ativos financeiros. O segundo diz que a Shell vai gastar um extra de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões para tapar o rombo do fundo de previdência dos funcionários. O terceiro afirma que o ex-presidente da General Electric Jack Welch desistiu de pregar o valor para os acionistas, descrevendo-o agora - no curto prazo e de qualquer maneira - como "uma ideia estúpida".

Os três artigos podem ser remetidos ao mesmo fundamento: a ideia de que o preço de mercado de uma ação ou outro título é de certa forma adequado, ou de outra forma mais adequado do que qualquer outro preço que venham a conseguir.

Isso, por sua vez, repousa sobre a noção, entranhada na teoria financeira no último meio século, das expectativas racionais. Os mercados personificam o balanço das opiniões consideradas e informadas sobre resultados prováveis. Os indivíduos podem ser otimistas demais ou pessimistas demais, mas o mercado não é nenhum dos dois. Os dois se anulam.

Um momento de reflexão nos diz que isso é uma tolice. Tome um único exemplo simples, o dos títulos residenciais "prime" lastreados em hipotecas da Holanda. Eles estão sendo vendidos agora - se você conseguir encontrar um comprador - a cerca de 50 centavos por euro de valor de face. Isso aparentemente implica que 75% dos detentores de hipotecas vão dar calote, e que suas casas vão valer apenas 25% do valor da hipoteca. Como a Holanda perdeu a bolha imobiliária residencial dos últimos anos, ninguém na verdade acredita nisso.

Mas os investidores profissionais, queimados na queda dos mercados, não estão dispostos a apostar seus empregos de que isso é o fundo do poço. Esse medo pode não ser irracional, mas está longe de ser considerado uma opinião estudada.

Isso nos leva de volta às diretrizes emitidas na semana passada pelo Financial Accounting Standards Board dos Estados Unidos (FASB), sobre quando os títulos devem ser marcados a mercado. Em essência, se não há um mercado ativo e há evidências de vendas motivadas por pânico, os títulos podem, em vez disso, serem marcados de acordo com modelos.

A assimetria disso faz pensar. No "boom" pontocom, houve muita compra pressionada de ações da bolha. Assim como aconteceu com os títulos hipotecários holandeses, os investidores em nenhum momento acreditaram nas avaliações do mercado. Mas seus empregos estavam em jogo do mesmo jeito.

A diferença, é claro, é que num mercado em uma fase de alta irracional sempre há giro, enquanto que, numa fase irracional de baixa, não. Portanto, é quase uma ordem contabilizar lucros quando uma ação passa de US$ 10 para US$ 100, mas não perdas quando elas despencam para US$ 1 - como aconteceu com algumas ações do bolha pontocom.

A falta de lógica vai mais adiante quando comparamos o exemplo da Shell. Alguns bancos podem estar hoje de fato insolventes. Se o pior acontecer, seus ativos serão vendidos a preços de mercado, sendo isto justo ou não.

Mas a Shell não está insolvente e seu fundo de pensão terá décadas para se ajustar antes de pagar boa parte de seus benefícios. O número de déficit hoje pode ser uma informação interessante para os investidores. Por que isso deveria exigir um desvio do tão necessário fluxo de caixa da empresa neste momento, é uma questão diferente.

Isso vale para Welch. A administração baseada no valor criado para o acionista - ou baseada no valor, no retorno total para o acionista, ou o que quer que seja - se tornou popular na década de 1980.

Enquanto teoria, ela foi criada sob medida para uma fase de alta do mercado. O sucesso administrativo - e as recompensas - eram medidos pela soma dos ganhos de capital e dividendos. Em outras palavras, ela dizia respeito principalmente ao preço das ações.

A doutrina das expectativas racionais dizia, é claro, que se o preço das ações de uma companhia caía, aquilo somente podia estar acontecendo porque suas perspectivas haviam piorado. A dedução lógica - de que, num mercado em baixa sustentado, todos os administradores devem ser tolos juntos - não foi invocada.

Mais uma vez, essa falta de lógica pode ser levada um estágio adiante. Se o trabalho dos administradores era aumentar o preço das ações, seus objetivos eram os mesmos dos acionistas. Mas, embora os acionistas obviamente soubessem bem menos coisas sobre a companhia, eles ainda eram conclamados a exercer uma maior influência.

Agora, ao que parece, este não é mais o trabalho dos administradores. Portanto, os acionistas, cujos objetivos não mudaram, sabem ainda menos sobre o que a administração deveria estar fazendo. Mesmo assim, eles são exortados por várias partes - incluindo os governos - a enfrentarem a crise exercendo ainda mais influência. Vai entender!

Minha conclusão com tudo isso é a que eu já afirmei antes nesta coluna: é melhor não saber nade de alguma coisa, do que saber um pouco.

Nos anos de alta do mercado, era certo que os preços das ações carregavam informações únicas e objetivas. Essa noção, ao que parece agora, era uma mera confirmação agradável do que estava acontecendo.

Por trás disso tudo, estava um grupo de teorias sobre o comportamento racional do mercado que agora viraram poeira. Não está claro o que as vai substituir, mas estamos melhor sem elas do que com elas.