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11 março 2009

Holística

Bernanke defende regulação "holística"
Gazeta Mercantil - 11/3/2009

Nova York, 11 de Março de 2009 - O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pediu ontem uma ampla revisão do modo como o governo regula o sistema financeiro para prevenir os derretimentos financeiros futuros. Numa palestra para o Conselho das Relações Exteriores (CFR, na sigla em inglês) em Washington, Bernanke disse que o sistema financeiro necessita ser regulado "como um todo, de uma forma holística" e que a supervisão mais rigorosa dos bancos não será suficiente para proteger contra as crises futuras.

"A regulamentação e a supervisão sólidas e eficientes das instituições bancárias, embora necessárias para reduzir o risco sistêmico, não são suficientes por si mesmas para alcançar essa meta", disse Bernanke.

Ele disse que as deficiências dos sistemas de supervisão do governo e do gerenciamento do risco do setor privado contribuíram para precipitar a crise econômica ao não assegurar que o fluxo de capital estrangeiro nos Estados Unidos fosse investido de forma prudente. Os mercados de crédito congelaram e as economias globais começaram a se contrair no que Bernanke chamou de pior crise financeira desde os anos 30.

Mesmo quando o Fed e outros bancos centrais se empenhavam para restaurar a confiança no sistema financeiro e liberar o crédito, Bernanke disse que os formuladores das políticas públicas tinham de olhar adiante para as mudanças de longo prazo no sistema financeiro.

Bernanke afirmou ainda que eles também têm de examinar o problema das instituições consideradas "grandes demais para quebrar" por causa da função que elas desempenham no sistema mais amplo. Grandes instituições como o Citigroup e a seguradora American International Group (AIG) receberam bilhões em ajuda financeira enquanto o governo procurava evitar o colapso no sistema financeiro. "Na presente crise, a questão das instituições grandes demais para deixar quebrar surgiu como um enorme problema", disse Bernanke.

Especificamente, o presidente do Fed pediu supervisão "especialmente rigorosa" das empresas cujo colapso apresenta ameaça sistêmica para a economia mais ampla, e disse que os reguladores têm monitorar zelosamente a tomada de risco e a estabilidade financeira das grandes instituições financeiras, e que elas devem manter os elevados padrões de liquidez.

Bernanke pediu uma revisão das regras de contabilidade que determinam o modo como as empresas avaliam os ativos - um tema importante quando os bancos avançam com dificuldade sob o peso de títulos lastreados por hipotecas cujo valor subjacente tem caído paralelamente à queda dos preços dos imóveis residenciais. Bernanke disse que as regras contábeis e outras regras financeiras não devem amplificar os altos e baixos naturais dos ciclos dos mercados.

"A revisão adicional dos modelos de contabilidade que determinam a avaliação e a provisão para perdas serão úteis, e podem resultar em modificações das regras contábeis que reduzem seus efeitos pró-cíclicos sem comprometer as metas de divulgação e transparência", disse ele.

Numa sessão de perguntas e respostas depois do discurso, Bernanke disse que não era a favor da suspensão dos modelos de contabilidade marcados a mercado, mas disse que a debilidade nas regras vigentes deve ser identificada e corrigida.

Além disso, Bernanke pediu a criação de uma autoridade para monitorar e supervisionar os ricos amplos e sistêmicos, e disse que os formuladores das políticas públicas têm de reforçar as regras que determinam os pagamentos e as negociações de forma que os mercados financeiros possam atuar melhor sob pressão.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(The New York Times)


Não sei qual a razão, mas toda vez que escuto/leio a palavra Holística sinto cheiro de embronação.

Vazamento

Pelo menos cem são suspeitos de vazar balanço da Petrobras
11/3/2009 - Valor Econômico

A Petrobras avalia que pelo menos cem pessoas estão entre as que podem ter sido responsáveis pelo vazamento de informações referentes ao balanço de 2008, divulgado pela empresa no final da tarde da sexta-feira passada. São, entre outros, os técnicos das equipes de contabilidade e de relações internacionais da empresa, membros da auditoria externa e da equipe de tradutores, todos com acesso a todas as fases de elaboração do balanço.

"É uma equipe grande", disse ontem o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, após fazer a apresentação dos resultados da empresa para analistas e acionistas reunidos pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Rio (Apimec-Rio). Sempre falando no modo condicional sobre o ocorrido na tarde de sexta-feira, algumas horas antes da divulgação oficial dos números, Barbassa disse que já está descartada a hipótese de o vazamento ter acontecido no processo de aprovação do balanço pelo conselho de administração, realizado parte com as presenças dos integrantes, parte por videoconferência. A auditoria externa da empresa é a KPMG.

"Não foi por aí, porque o dado que teria vazado era um dado preliminar, do processo de elaboração", disse. Segundo o diretor, os números que lhe foram passados representavam o quadro do balanço na noite de quarta-feira para quinta-feira, mas ressalvou: "Não estou dizendo que o vazamento teria ocorrido de quarta para quinta-feira".

Barbassa mostrou tranquilidade em relação ao ocorrido e não chegou a ser pressionado pelos analistas. "O mais importante é evitar que aconteça de novo, se aconteceu", afirmou. A Petrobras decidiu anteontem formar uma comissão interna para investigar a ocorrência, mas o executivo não soube dizer o prazo que terá para concluir os trabalhos. Ele disse também que até ontem não sabia "exatamente o que vazou".

As preocupações dos analistas durante a apresentação foram mais focadas no baixo lucro operacional da empresa, no forte aumento da dívida e na correlação entre os preços dos combustíveis no mercado interno e no externo. Sobre o lucro operacional, que caiu de R$ 10,8 bilhões no terceiro para R$ 5,04 bilhões no quarto trimestre do ano passado, Barbassa atribuiu à ocorrência de "números não recorrentes" nos últimos três meses de 2008, principalmente resultantes da queda do preço do petróleo no mercado internacional e da variação cambial.

Segundo o executivo, se não existissem essas perdas extraordinárias, como a desvalorização dos estoques provocada pela baixa do óleo no mercado e a perda de economicidade de alguns projetos de exploração e produção de óleo pelo mesmo motivo, o resultado operacional teria sido de R$ 10,8 bilhões, ficando apenas R$ 1,38 bilhão abaixo do número do terceiro trimestre também expurgadas as mesmas rubricas.

Sobre o endividamento líquido da estatal, que cresceu 83% em 2008, passando de R$ 26,7 bilhões para R$ 48,8 bilhões, Barbassa disse que o efeito do câmbio sobre os números em reais foi muito importante (R$ 9 bilhões) e ressaltou que, sendo a Petrobras uma empresa dolarizada, o mais importante é verificar seu endividamento em dólares. Na moeda americana, a dívida cresceu somente 23%, passando de R$ 22,4 bilhões para 27,7 bilhões do final de 2007 para o de 2008.

Barbassa disse que tudo em relação à dívida da Petrobras "está dentro dos planos" e que a atual gestão tem entre os objetivos "manter a empresa dentro de um sólido 'investment grade' (grau de investimento)", condição importante para que as ações da empresa mantenham a atratividade. Ele disse ainda que os números da estatal com base na legislação americana deverão ser divulgados por volta do dia 27 deste mês.

Questionado sobre sua afirmação de que a Petrobras é uma empresa dolarizada, quando 60% da receita vem da venda de óleo diesel, gasolina e gás de cozinha (GLP), produtos cujos preços não estão atrelados ao mercado internacional, o executivo disse que esses preços são também dolarizados, só que no médio prazo e não no curto, como a nafta e o querosene de aviação. Com base no mesmo raciocínio, disse que não há prazo para o reajuste dos preços dos produtos mais vendidos.


Volto a afirmar: fiz uma pesquisa com o volume de negociação da Petrobrás e não constatei nada de anormal.

Balanço da Petrobrás

Sobre o vazamento do balanço da Petrobrás dois dias antes de sua evidenciação, abaixo uma notícia da Folha de São Paulo. É interessante notar que procurei no volume de negociação de alguns dos principais papéis da empresa e não constatei nenhuma mudança significativa no mesmo. Seria então um mistério que uma informação contábil divulgada antes do tempo não tenha propiciado ganhos por parte dos investidores.

Balanço da Petrobras vazou dois dias antes
11/3/2009
Folha de São Paulo

Cem pessoas tiveram acesso antecipado aos dados
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse ontem que dados do mais recente balanço financeiro da companhia, referentes ao quarto trimestre de 2008, vazaram para o mercado financeiro de quarta para quinta-feira, dois dias antes da divulgação oficial havida na sexta-feira à noite.

A companhia constituiu, anteontem, comissão de sindicância para investigar a origem e a extensão do vazamento. Segundo o diretor, mais de cem pessoas podem ter manuseado o relatório preliminar do balanço e originado o vazamento.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que fiscaliza o mercado de capitais, está examinando os negócios com as ações da companhia antes da divulgação do balanço.

A empresa teve lucro de R$ 7,4 bilhões no último trimestre, 32% menor do que o apurado nos três meses anteriores. O desempenho foi afetado pela queda do preço do petróleo no mercado internacional.

Barbassa disse ter sido informado sobre o vazamento minutos antes de fazer a divulgação oficial do balanço. O relatório passa pelas áreas de contabilidade, de relações com investidores, por auditores externos e por tradutores, uma vez que é divulgada versão em inglês.

Segundo ele, a companhia não sabe que informações vazaram, mas seriam dados preliminares e não definitivos.

O jornal "Valor Econômico" noticiou, na edição de ontem, que teve acesso na sexta-feira, antes da divulgação oficial, a um relatório de 44 páginas. O texto era praticamente igual ao distribuído pela empresa após o fechamento do pregão.

Descolamento

O vazamento passou despercebido pela Bolsa de Valores e pela CVM, que souberam do ocorrido apenas anteontem.

A Bovespa, segundo sua assessoria, não detectou anormalidade nos negócios com a Petrobras, na sexta-feira, quando o valor das ações ordinárias, com direito a voto, caiu 1,83% e o das preferenciais (sem direito a voto) recuou 1,26%.

Para o analista de investimentos do Banco do Brasil Nelson Mattos, a queda das ações na sexta-feira foi atípica, porque os papéis da Petrobras vinham em alta desde que a empresa divulgou seu plano estratégico, no fim de janeiro.

Há divergência entre os analistas. Para Luiz Otávio Broad, da Corretora Ágora, a queda das ações da estatal foi compatível com as variações na Bolsa.

Safra e Madoff

Os clientes do Safra Group, que estava envolvido em investimentos do fundo de Madoff, podem receber compensação por suas perdas. Entre os clientes, grandes bancos brasileiros, segundo o Financial Times.

Oposição

Anteriormente já postamos a opinião de Forbes, da revista Forbes, sobre marcação a mercado. Ele se opõe e considera uma das causas da crise financeira. Novamente sua opinião:

(...) The most disastrous Bush policy that Mr. Obama is perpetuating is mark-to-market or "fair value" accounting for banks, insurance companies and other financial institutions. (...)

Mark-to-market accounting is the principle reason why our financial system is in a meltdown. The destructiveness of mark-to-market -- which was in force before the Great Depression -- is why FDR suspended it in 1938. It was unnecessarily destroying banks.

But bad ideas never die. Mark-to-market was resurrected by the Financial Accounting Standards Board and became effective in the fall of 2007 (FASB rule 157) to the approval of the Bush administration, its Treasury Department, and the Securities and Exchange Commission. Even as FASB 157 began to take its toll on financial institutions last year, Mr. Bush refused to kill or suspend it. When Congress voiced displeasure last fall, the administration and regulatory authorities made some cosmetic changes, but the poisonous essence remained.

Obama Repeats Bush's Worst Market Mistakes
Steve Forbes - 6/3/2009 - The Wall Street Journal - A13
Mr. Forbes is chairman and CEO of Forbes Inc. and editor in chief of Forbes magazine.

Confusão

(...) Um desses desafios será fazer com que órgãos reguladores locais, acionistas e o Poder Judiciário se acostumem ao modelo International Financial Reporting Standars (IFRS, na sigla em inglês), que traz como um de seus maiores componentes a ampliação drástica do espaço para julgamentos e interpretações nos demonstrativos das companhias. "Vejo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) bastante avançada no entendimento e nos julgamentos das aplicações do IFRS. Mas o Judiciário tem demonstrado ainda não estar preparado para fazer julgamentos baseados em princípios.

Há sempre aquela necessidade de tipificar as decisões em códigos escritos", critica o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Mauro Cunha.

Na avaliação do executivo, um dos órgãos do Judiciário que tem de se adequar melhor à nova realidade é o conselhinho, vinculado ao Ministério da Fazenda, que permite que decisões tomadas por CVM e pelo Banco Central (BC) sejam revistas.


[sic. uma grande confusão aqui, não?]

Para Teixeira da Costa, o fato de não ocorrer em "céu de brigadeiro" não invalidará as principais vantagens que a adoção do IFRS trará às empresas brasileiras em médio prazo. "O maior benefício será a redução no custo das captações de recursos. O IFRS traz um conjunto de normas que facilitam o entendimento da companhia por todos os agentes de mercado", afirma o especialista.

[Isto naturalmente é um juízo de valor. Acredito não ser possível mensurar isto]
IFRS já traz novos desafios ao mercado

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 5)(Luciano Feltrin) - 5/3/2009 – Via Análise de Balanço

Livros que você leu e livros que você não leu

Sempre que participo de processos seletivos, gosto de perguntar ao entrevistado sobre um livro que leu. As respostas são diversas. Já teve um período onde a maioria das pessoas indicava Código Da Vinci. Mais recente, predomina O Monge e Executivo. Arte da Guerra também é muito citado. (E como moro em Brasília, livros de concurso, quando o candidato é sincero!)

Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha revela os segredos dos livros e sua leitura. Já sabemos que muitas pessoas mentem quando perguntado sobre o livro que leu e gostou, muitas vezes para impressionar as outras pessoas.

Pois bem, Segundo a pesquisa dois terço das pessoas admitem mentir sobre o assunto, conforme revela uma pesquisa do World Book Day.

O mais interessante é a presença de certos livros entre aqueles citados. Começa a lista com um autor inglês, George Orwell, e o clássico 1984. A lista dos dez mais é a seguinte:

1. 1984 - George Orwell (42%)
2. Guerra e Paz - Leo Tolstoy (31%)
3. Ulisses - James Joyce (25%)
4. Bíblia (24%)
5. Madame Bovary - Gustave Flaubert (16%)
6. Uma breve história do tempo - Stephen Hawking (15%)
7. Midnight's Children - Salman Rushdie (14%)
8. Em busca do Tempo perdido - Marcel Proust (9%)
9. Dreams from My Father - Barack Obama (6%)
10. The Selfish Gene - Richard Dawkins (6%)

Fonte: Poll reveals UK's reading secrets

(Já li 1984 e Ulisses. O primeiro tudo bem; mas acreditar que alguém leu e gostou de Ulisses é difícil.)

Mesmo com esta pesquisa, irei continuar perguntando que livro a pessoa leu. Não para entender ou classificar um candidato, mas dar uma pequena parcela de contribuição para leitura num país de analfabetos.