Translate

25 fevereiro 2009

Rir é o melhor remédio


Quantidade de vezes que um mineiro diz uai Adaptado: Aqui

IFRS e polêmica

Finanças & Mercados
Normas ainda trarão à tona muita polêmica
Gazeta Mercantil - 19/2/2009

São Paulo, 19 de Fevereiro de 2009 - O ciclo de debates iniciado ontem pela Gazeta Mercantil em parceria com a KPMG trouxe à tona mais do que os principais benefícios que o processo de convergência contábil trará às empresas brasileiras. As palestras também deixaram claras as dificuldades a serem enfrentadas até 2010. Esse é o prazo que as companhias listadas em bolsa e as de grande porte têm para preparar seus demonstrativos contábeis consolidados utilizando o modelo International Financial Reporting Standards (IFRS).

O seminário serviu para evidenciar que as dificuldades não se limitam à contabilidade. Como as normas IFRS se baseiam em princípios de transações e negócios para definir a forma de contabilização, haverá mudanças radicais. "É o fim da expressão meramente contábil", disse no evento Eliseu Martins, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Não é mera retórica. Com tantas novidades para serem colocadas em prática - e em meio à crise internacional -, os contadores são apenas uma parte atingida pela convergência. Analistas, auditores e profissionais de relações com investidores estão entre aqueles que já percebem os efeitos das alterações. Aumentou a necessidade de conhecer, em profundidade, o tema. A nova safra de balanços já traz empresas que incorporaram alguns pronunciamentos aprovados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis e pela CVM.

A atenção de analistas estará voltada para uma das principais alterações do IFRS em relação às normas contábeis locais: o conceito de fluxo de caixa futuro. A métrica é utilizada por investidores em suas decisões de aplicação em ativos e empresas.

Se não são os únicos atores do processo de convergência à lei 11.638, que alinha o modelo contábil doméstico ao IFRS, os contabilistas verão sua profissão ser valorizada e ganhar um novo status. No entanto, a capacitação dessa mão-de-obra está sendo colocada em xeque no País. "Estamos muito atrasados no que diz respeito ao ensino de contabilidade internacional no Brasil. No Canadá, os profissionais já saem das universidades treinados pelas normas do IFRS", comparou Vania Borgerth, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), que também ocupa o cargo de contadora-chefe do BNDES.

Segundo a executiva, o processo de adaptação às normas IFRS foi adiado por diversas empresas ao longo do ano passado. As desculpas foram da piora da crise internacional à indefinição da Receita Federal, que somente no final de 2008 publicou uma Medida Provisória garantindo a neutralidade tributária das companhias que adotassem o IFRS.

Mais trabalho

O calendário de normatização das normas internacionais no País será apertado. São cerca de 30 novas normas a serem colocadas em audiência pública. Entre elas as que tratam de imobilizados e propriedades para investimento.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 5)(Luciano Feltrin)

IFRS e educação

IFRS: um alerta aos cursos de contabilidade
Gazeta Mercantil - 19/2/2009

19 de Fevereiro de 2009 - A adoção do modelo de contabilidade conhecido como International Financial Reporting Standards (IFRS) pelas empresas brasileiras é um caminho sem volta. Elas terão de apresentar suas demonstrações financeiras segundo as novas regras em 2010, referentes aos números de 2009. Mas a implementação pode esbarrar em um entrave: a falta de profissionais qualificados para trabalhar sob as normas. O alerta foi feito ontem por Vania Borgerth, vice-presidente-executiva do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), também contadora-chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em evento realizado pela Gazeta Mercantil, com o apoio da firma de auditoria KPMG, que lotou o auditório.

Contando que sua sobrinha está seguindo os passos da tia, em se debruçar sobre os números das empresas, Vania afirmou que a moça já cursou dois semestres de Ciências Contábeis em uma boa universidade no Rio de Janeiro. A aluna já passou todo um ano na faculdade e não aprendeu o que é e como usar o IFRS, nem uma sombra das noções. Quando ela for diplomada e for enfrentar o mercado de trabalho, irá encontrar as companhias em pleno uso das regras internacionais de contabilidade. "A implantação é um trabalho hercúleo, principalmente em termos de formato", disse ela. "E não temos um currículo nas faculdades para a formação de contador em IFRS."

A desventura, no entanto, não se restringe à sobrinha da contadora do BNDES. No Brasil existem mais de 400 mil contabilistas e técnicos ativos, segundo dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de dezembro do ano passado. Mais 69 mil escritórios individuais e sociedades contábeis no mercado. É uma multidão. E boa parte terá de voltar para os bancos escolares para se afinar com as novas regras da contabilidade.

Além disso, existem mais de 1.100 cursos de Ciências Contábeis no País. Se imaginarmos uma média de 40 alunos por sala, serão mais de 40 mil contabilistas saindo do forno fresquinhos todos os anos, para enfrentar o mercado de trabalho. É importante que as universidades despertem para a urgência da implantação das regras do IFRS e comecem já a ministrar a matéria sob pena de o corpo discente sair da sala de aula com o conhecimento completamente defasado.

O professor Eliseu Martins, titular da cadeira de Contabilidade da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), que acaba de assumir uma diretoria na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), afirmou, também no evento, que estava vendo "esse filme" pela segunda vez na vida.

A primeira "exibição", conta Martins, ocorreu logo após a criação da Lei das Sociedades Anônimas, em 1976. As regras contábeis determinadas pela então revolucionária legislação foram publicadas somente em setembro de 1977, para serem aplicadas nos balanços daquele mesmo ano, apresentados à sociedade no início do ano seguinte. "Os balanços publicados eram uma calamidade", recorda o professor, que já formou gerações de contabilistas. "Muitas demonstrações tiveram de ser refeitas." Martins ressalva, porém, que não se pode esperar que tudo seja feito "certinho, sem erros", na primeira elaboração. É claro que haverá muitos erros e acertos, até que contabilistas, administradores, gestores, as empresas enfim, entronizem todos os detalhes da contabilidade internacional.

Ele lembrou que hoje o processo de educação pode ser acelerado e fortalecido, já que a rede mundial de computadores pode ser usada para disseminar os novos conhecimentos. Eu acrescentaria o papel que a mídia impressa tem feito no sentido de mostrar todos os passos que têm sido dados pelos órgãos envolvidos na elaboração e definição das regras, como o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), os órgãos federais e estaduais de representação de contabilistas, de analistas e das companhias abertas, além da própria CVM e do BNDES, que financiou a edição de um CD em português com a totalidade das regras do IFRS, já que uma edição impressa consumiria mais de 5 mil páginas.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) NELSON ROCCO*

Contabilidade Pública

Contabilidade pública terá mudanças
20/2/2009
Valor Econômico

Técnicos do Tesouro levaram ao secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, o primeiro esboço do ajuste na contabilidade pública para a convergência aos padrões internacionais. De acordo com as previsões de Machado, as primeiras mudanças poderão ser realizadas neste ano, mas o sistema deve ficar pronto em quatro ou cinco anos. O foco é migrar do conceito orçamentário de despesa para o de custo associado ao serviço prestado.

Em agosto do ano passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, determinou a criação de comissão para preparar a transição aos padrões internacionais de contabilidade pública. Além do conceito mais transparente do custo, substituto da mera despesa, o objetivo é dar mais importância à variação patrimonial. As contas públicas também vão privilegiar o resultado nominal, o que significa considerar o gasto com juros.

Na avaliação de Machado o atual sistema impõe visão "distorcida e de curto prazo". Explica que a contabilidade de custos é importante para a eficiência das contas públicas. O que existe atualmente, para o secretário, é a cultura da "demonização" dos gastos de custeio. Ele defende uma maior transparência ao conceito de custo associando-o ao serviço prestado, o que já determina a Lei Orçamentária (4.320 de 1964).

A evolução da contabilidade vai mudar a ideia, totalmente distorcida, na sua opinião, segundo a qual despesa de investimento é boa e despesa de custeio é ruim. Machado argumenta que, de acordo com essa distorção, construir um hospital é algo positivo, mas condenável ter médicos, serviços, medicamentos etc. Ele promete que nessa convergência contábil o governo não vai "reinventar a roda" e manterá os três sistemas (Siape, Siasg e Sigplan) de acompanhamento. (AG)