Segundo notícia da Associated Press, publica no NY Times (S.E.C. Elects to Keep Mark-to-Market Rules, The New York Times – 31/12/2008, Late Edition – Final – 2) os órgãos de regulação dos EUA não irão suspender as regras contábeis que obrigam os bancos a usar os preços correntes de mercado, mesmo que desejem manter os títulos por muitos anos. A notícia baseia-se num relatório da Securities and Exchange Commission que recomenda a marcação a mercado e sugere melhorias.
Mais sobre o assunto, aqui
02 janeiro 2009
Vale Presente
No livro de Teoria da Contabilidade discutimos a questão do vale presente e como contabilizar, sob a ótica da empresa (p. 171, exercício 13). A novidade é o surgimento de um mercado secundário de compra desses vales nos Estados Unidos. A empresa GiveCardRescue (via Marginal Revolution) compra por 175 dólares um vale da Home Depot de 195 dólares.
Observe que este é um bom exemplo para discutir o valor de mercado. Considere uma pessoa que recebeu um valor de 195 dólares da Home Depot. Por não gostar dos produtos da Home Depot, esta pessoa não pretende usar seu vale-presente. Alguns dias depois de tomar esta decisão, o indivíduo descobre que existe uma empresa que comprar este vale-presente. Decide, então, transformar o vale-presente em moeda corrente.
Qual seria o valor do ativo (é um ativo? Verifique o conceito de ativo no livro de Teoria da Contabilidade!) no momento que a pessoa recebeu o vale-presente? Qual seria este valor imediatamente após a decisão de não usar o vale-presente? Por quanto seria contabilizado o vale-presente no instante em que existe a possibilidade de conversão do vale-presente?
Observe que este é um bom exemplo para discutir o valor de mercado. Considere uma pessoa que recebeu um valor de 195 dólares da Home Depot. Por não gostar dos produtos da Home Depot, esta pessoa não pretende usar seu vale-presente. Alguns dias depois de tomar esta decisão, o indivíduo descobre que existe uma empresa que comprar este vale-presente. Decide, então, transformar o vale-presente em moeda corrente.
Qual seria o valor do ativo (é um ativo? Verifique o conceito de ativo no livro de Teoria da Contabilidade!) no momento que a pessoa recebeu o vale-presente? Qual seria este valor imediatamente após a decisão de não usar o vale-presente? Por quanto seria contabilizado o vale-presente no instante em que existe a possibilidade de conversão do vale-presente?
01 janeiro 2009
As Empresas Mais Influentes do Mundo, Segundo a Business Week
1. Wal-Mart
2. Toyota
3. Saudi Aramco
4. JPMorgan Chase
5. Unilever
6. China Mobile
7. Microsoft
8. News Corp.
9. 3M
10. Apple
11. Google
12. Huawei
13. Monsanto
14. YKK
15. Nielsen
16. Jarden
17. Intuit
18. Autodesk
19. HCL Technologies
20. Japan Steel Works
21. Sirius XM
22. Facebook
23. SKS Microfinance
24. Li & Fung Ltd.
25. Craigslist
Fonte: Business Week
É questionável. Brian Ritholtz questiona a Microsoft ser mais influente que Google e Apple (é difícil afirmar) e a presença da China Mobile.
2. Toyota
3. Saudi Aramco
4. JPMorgan Chase
5. Unilever
6. China Mobile
7. Microsoft
8. News Corp.
9. 3M
10. Apple
11. Google
12. Huawei
13. Monsanto
14. YKK
15. Nielsen
16. Jarden
17. Intuit
18. Autodesk
19. HCL Technologies
20. Japan Steel Works
21. Sirius XM
22. Facebook
23. SKS Microfinance
24. Li & Fung Ltd.
25. Craigslist
Fonte: Business Week
É questionável. Brian Ritholtz questiona a Microsoft ser mais influente que Google e Apple (é difícil afirmar) e a presença da China Mobile.
Auditoria e Madoff 3
Maior lesado com fraude de Madoff quer processar PwC
A Fairfield Greenwich, a empresa com maior exposição à fraude financeira aplicada por Bernard L. Madoff está a considerar processar a PricewaterhouseCoopers (PwC), a sua consultora, devido à empresa não ter detectado o esquema fraudulento.
Patrícia Abreu
A Fairfield Greenwich, a empresa com maior exposição à fraude financeira aplicada por Bernard L. Madoff está a considerar processar a PricewaterhouseCoopers (PwC), a sua consultora, devido à empresa não ter detectado o esquema fraudulento.
De acordo com uma notícia hoje avançada pelo Financial Times, a Fairfield, que poderá perder 7,5 mil milhões de dólares com o esquema aplicado pelo ex-presidente da bolsa tecnológica Nasdaq, está a ponderar avançar com uma acção em tribunal, depois de ter sido nomeado um auditor num caso trazido por uma outra vítima.
O mesmo artigo acrescenta que com três das quatro grandes empresas de serviços financeiros – a PwC, a KPMG e a Ernst & Young – a auditarem fundos ligados à empresa de Madoff, é provável que as companhias sejam alvo de acções legais por parte dos seus clientes.
Ontem, o burlão americano, que poderá ser responsável pela maior fraude financeira de sempre, foi condenado a ficar em prisão domiciliária, enquanto a sua mulher teve que entregar o seu passaporte às autoridades.
O New York Law School acusou esta semana a BDO Seidman, na sua acção legal contra a Ezra Merkin e o seu fundo Ascot Partners, que investiam o seu capital em produtos Madoff.
A BDO Seidman já adiantou que a sua auditoria da Ascot Partners é “adequada a todos os standards profissionais e vamos vigorosamente defender-nos contra estas alegações sem fundamento”.
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Sem regulação mais firme, fraude Madoff se repetirá
17 de Dezembro de 2008 - O escândalo Madoff confirma, mais uma vez, que no mundo das fraudes financeiras nada é essencialmente novo. O ex-presidente da Bolsa Nasdaq, Bernard Madoff, respeitável septuagenário com estreitos laços com a aristocracia européia, especialmente a espanhola, respondeu aos agentes do FBI, na porta do luxuoso apartamento nova-iorquino, que não tinha explicação nem defesa. Disse apenas: "Paguei investidores com dinheiro que não existia". Exatamente como Charles Ponzi fizera quando sua "pirâmide" financeira desabou em 1926. A crise das hipotecas de alto risco, as subprimes, apressou o fim da fraude Madoff, mas não a causou absolutamente. A rigor, na atual crise, os investidores foram buscar liquidez, e Madoff não tinha o que devolver. O prejuízo estimado desse escândalo, por enquanto, é de US$ 50 bilhões.
O aspecto mais surpreendente em todo esse affair é a sua monótona repetição. Há mais de ano, a ordem financeira estava sob suspeição e, portanto, órgãos fiscalizadores norte-americanos e europeus obrigatoriamente deveriam ter notado que os juros e a lucratividade oferecida pela Bernard L. Madoff Investment Securities eram altos demais, eram o melhor negócio para grandes investidores, em qualquer comparação. Até meados de novembro, a empresa de Madoff possuía ativos de US$ 17,1 bilhões, segundo a National Association of Securities Dealers. A metade de seus clientes eram hedge funds e o restante eram poderosos bancos internacionais e grandes fortunas pessoais. Em outubro, a empresa foi a 23 entre as formadoras de mercado na Nasdaq e movimentou em média 50 milhões de ações diárias. As maiores companhias americanas operavam no mercado acionário com Masdoff.
Desde quinta-feira passada, no entanto, Masdoff é acusado pela Justiça americana de um novo esquema Ponzi , em que oferecia retornos muito mais altos que os de mercado usando dinheiro pago com a chegada de novos investidores e não utilizando a receita alcançada com as aplicações anteriores. Entre os perdedores na "pirâmide " encontram-se até a fortuna de um prêmio Nobel e inúmeras instituições de caridade. Há uma óbvia e única pergunta frente a essa nova pirâmide: como um esquema tão grande e difundido em tantos países conseguiu perdurar por tanto tempo sem ser descoberto? Os sinais de leniência dos órgãos fiscalizadores são intensos. A Securities and Exchange Commission (SEC) , o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, que regulamenta o mercado acionário nos EUA, não verificou os livros de Madoff desde o registro da companhia na comissão em 2006.
A manutenção da fraude por tanto tempo denota um sério malogro do sistema de fiscalização e deixa sem resposta os que advogam que a atual estrutura regulatória norte-americana é suficiente para impedir fraudes. Durante anos, os retornos oferecidos aos aplicadores, tão superiores aos de mercado, passaram despercebidos sem despertar suspeitas na SEC. Além dessa diferença de lucratividade, outras evidências eram notórias e não chamaram a atenção da fiscalização, como o uso de uma empresa de auditoria muito pequena para um empreendimento daquele porte, sem esquecer que corretagem de títulos funcionava na mesma empresa de auditoria.
O mercado acionário mundial não repetiu o pânico vivido na quebra do Lehman Brothers. Investidores europeus, incluindo grandes bancos não conseguiram esconder as perdas milionárias. O Banco Central espanhol anunciou que abrirá uma investigação, porque naquele país as perdas superaram os 3 bilhões de euros. As autoridades monetárias francesas foram pelo mesmo caminho. É providência atrasada.
Na União Européia, como nos EUA, também há necessidade de medidas reguladoras. Os bancos brasileiros estão institucionalmente isolados desse tipo de fraude. Nesse aspecto, além de signatários dos acordos de Basiléia 1 e 2, o sistema bancário brasileiro é submetido a maior rigor fiscalizatório, atitude previdente que agora demonstra o seu valor.
No Brasil o escândalo Madoff atingiu investidores individuais atraídos pelos rendimentos oferecidos fora do País por private banking ligado à pirâmide. A presidência da CVM afirmou que não conseguia entender como o velho esquema da pirâmide pode fraudar "investidores tão qualificados". A resposta talvez esteja no fato de que Madoff era doador nas campanhas de grandes políticos e, inclusive, foi assessor da SEC em regulamentação de mercado. Ponzi não cumpriu esse papel, mas oferecia lucros igualmente fantásticos. Com um detalhe curioso sobre o pai das fraudes das pirâmides: Ponzi cumpriu pena curta nos EUA e morreu em 1949 no Brasil, como representante de companhia aérea italiana. Provavelmente, a sorte de Madoff será um pouco diferente.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 2)
Enviado por Alexandre Alcantara
A Fairfield Greenwich, a empresa com maior exposição à fraude financeira aplicada por Bernard L. Madoff está a considerar processar a PricewaterhouseCoopers (PwC), a sua consultora, devido à empresa não ter detectado o esquema fraudulento.
Patrícia Abreu
A Fairfield Greenwich, a empresa com maior exposição à fraude financeira aplicada por Bernard L. Madoff está a considerar processar a PricewaterhouseCoopers (PwC), a sua consultora, devido à empresa não ter detectado o esquema fraudulento.
De acordo com uma notícia hoje avançada pelo Financial Times, a Fairfield, que poderá perder 7,5 mil milhões de dólares com o esquema aplicado pelo ex-presidente da bolsa tecnológica Nasdaq, está a ponderar avançar com uma acção em tribunal, depois de ter sido nomeado um auditor num caso trazido por uma outra vítima.
O mesmo artigo acrescenta que com três das quatro grandes empresas de serviços financeiros – a PwC, a KPMG e a Ernst & Young – a auditarem fundos ligados à empresa de Madoff, é provável que as companhias sejam alvo de acções legais por parte dos seus clientes.
Ontem, o burlão americano, que poderá ser responsável pela maior fraude financeira de sempre, foi condenado a ficar em prisão domiciliária, enquanto a sua mulher teve que entregar o seu passaporte às autoridades.
O New York Law School acusou esta semana a BDO Seidman, na sua acção legal contra a Ezra Merkin e o seu fundo Ascot Partners, que investiam o seu capital em produtos Madoff.
A BDO Seidman já adiantou que a sua auditoria da Ascot Partners é “adequada a todos os standards profissionais e vamos vigorosamente defender-nos contra estas alegações sem fundamento”.
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Sem regulação mais firme, fraude Madoff se repetirá
17 de Dezembro de 2008 - O escândalo Madoff confirma, mais uma vez, que no mundo das fraudes financeiras nada é essencialmente novo. O ex-presidente da Bolsa Nasdaq, Bernard Madoff, respeitável septuagenário com estreitos laços com a aristocracia européia, especialmente a espanhola, respondeu aos agentes do FBI, na porta do luxuoso apartamento nova-iorquino, que não tinha explicação nem defesa. Disse apenas: "Paguei investidores com dinheiro que não existia". Exatamente como Charles Ponzi fizera quando sua "pirâmide" financeira desabou em 1926. A crise das hipotecas de alto risco, as subprimes, apressou o fim da fraude Madoff, mas não a causou absolutamente. A rigor, na atual crise, os investidores foram buscar liquidez, e Madoff não tinha o que devolver. O prejuízo estimado desse escândalo, por enquanto, é de US$ 50 bilhões.
O aspecto mais surpreendente em todo esse affair é a sua monótona repetição. Há mais de ano, a ordem financeira estava sob suspeição e, portanto, órgãos fiscalizadores norte-americanos e europeus obrigatoriamente deveriam ter notado que os juros e a lucratividade oferecida pela Bernard L. Madoff Investment Securities eram altos demais, eram o melhor negócio para grandes investidores, em qualquer comparação. Até meados de novembro, a empresa de Madoff possuía ativos de US$ 17,1 bilhões, segundo a National Association of Securities Dealers. A metade de seus clientes eram hedge funds e o restante eram poderosos bancos internacionais e grandes fortunas pessoais. Em outubro, a empresa foi a 23 entre as formadoras de mercado na Nasdaq e movimentou em média 50 milhões de ações diárias. As maiores companhias americanas operavam no mercado acionário com Masdoff.
Desde quinta-feira passada, no entanto, Masdoff é acusado pela Justiça americana de um novo esquema Ponzi , em que oferecia retornos muito mais altos que os de mercado usando dinheiro pago com a chegada de novos investidores e não utilizando a receita alcançada com as aplicações anteriores. Entre os perdedores na "pirâmide " encontram-se até a fortuna de um prêmio Nobel e inúmeras instituições de caridade. Há uma óbvia e única pergunta frente a essa nova pirâmide: como um esquema tão grande e difundido em tantos países conseguiu perdurar por tanto tempo sem ser descoberto? Os sinais de leniência dos órgãos fiscalizadores são intensos. A Securities and Exchange Commission (SEC) , o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, que regulamenta o mercado acionário nos EUA, não verificou os livros de Madoff desde o registro da companhia na comissão em 2006.
A manutenção da fraude por tanto tempo denota um sério malogro do sistema de fiscalização e deixa sem resposta os que advogam que a atual estrutura regulatória norte-americana é suficiente para impedir fraudes. Durante anos, os retornos oferecidos aos aplicadores, tão superiores aos de mercado, passaram despercebidos sem despertar suspeitas na SEC. Além dessa diferença de lucratividade, outras evidências eram notórias e não chamaram a atenção da fiscalização, como o uso de uma empresa de auditoria muito pequena para um empreendimento daquele porte, sem esquecer que corretagem de títulos funcionava na mesma empresa de auditoria.
O mercado acionário mundial não repetiu o pânico vivido na quebra do Lehman Brothers. Investidores europeus, incluindo grandes bancos não conseguiram esconder as perdas milionárias. O Banco Central espanhol anunciou que abrirá uma investigação, porque naquele país as perdas superaram os 3 bilhões de euros. As autoridades monetárias francesas foram pelo mesmo caminho. É providência atrasada.
Na União Européia, como nos EUA, também há necessidade de medidas reguladoras. Os bancos brasileiros estão institucionalmente isolados desse tipo de fraude. Nesse aspecto, além de signatários dos acordos de Basiléia 1 e 2, o sistema bancário brasileiro é submetido a maior rigor fiscalizatório, atitude previdente que agora demonstra o seu valor.
No Brasil o escândalo Madoff atingiu investidores individuais atraídos pelos rendimentos oferecidos fora do País por private banking ligado à pirâmide. A presidência da CVM afirmou que não conseguia entender como o velho esquema da pirâmide pode fraudar "investidores tão qualificados". A resposta talvez esteja no fato de que Madoff era doador nas campanhas de grandes políticos e, inclusive, foi assessor da SEC em regulamentação de mercado. Ponzi não cumpriu esse papel, mas oferecia lucros igualmente fantásticos. Com um detalhe curioso sobre o pai das fraudes das pirâmides: Ponzi cumpriu pena curta nos EUA e morreu em 1949 no Brasil, como representante de companhia aérea italiana. Provavelmente, a sorte de Madoff será um pouco diferente.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 2)
Enviado por Alexandre Alcantara
Auditoria e Madoff 2
Auditoria vira alvo na fraude de MadoffEnviado por ALEXANDRE ALCANTARA
B4(Gazeta Mercantil/1ª Página - Pág. 1)(Silvia Rosa e Vinícius Pinheiro)
Auditorias também podem responder por fraude de Madoff
São Paulo, 22 de Dezembro de 2008 - Além do ex-presidente da Nasdaq Bernard Madoff, a fraude envolvendo perdas estimadas de US$ 50 bilhões em fundos da Bernard L. Madoff Investments Securities parece apontar novos responsáveis. Desta vez, o alvo são as firmas de auditoria responsáveis pelos fundos que aplicavam nos produtos sob a gestão de Madoff, além da própria auditoria responsável pela gestora do ex-presidente da Nasdaq.
A pequena e desconhecida Friehling & Horowitz, com apenas três funcionários no Estado de Nova York, era responsável pela auditoria dos fundos da Bernard L. Madoff Investments Securities e agora está sendo investigada por promotores públicos norte-americanos e pela American Institute of Certificates Public Accountant (AICPA), que responde pela determinação de padrões de auditoria para empresas privadas. A auditoria responsável pela gestora de Madoff não era submetida à supervisão da AICPA desde 1993, por informar durante 15 anos que não executava serviços de auditoria.
Grandes empresas de auditoria, como PricewaterhouseCoopers (PwC), KPMG , Ernst & Young, além de uma divisão da BDO Internacional, responsáveis por auditarem os fundos que aplicavam em produtos da gestora de Madoff, também podem ser alvo de ações legais por parte dos seus clientes.
A Fairfield Greenwich, empresa com maior exposição à fraude financeira aplicada por Madoff, considera a possibilidade de processar a PwC, a sua consultora, pelo fato de a empresa não ter detectado o esquema fraudulento. O New York Law School também acusa a BDO Seidman, responsável pela auditoria do fundo Ascot Partners, em processo aberto contra a sua gestora Ezra Merkin, que aplicava em produtos de Madoff.
Para o sócio do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados, Otto Eduardo Fonseca Lobo, é possível entrar com uma ação de responsabilidade contra empresas de auditoria e mesmo contra os distribuidores dos fundos de Madoff, desde que haja evidências de negligência por parte dessas companhias. "Tudo vai depender do tipo de negligência, se a empresa de auditoria não agiu com cuidado, não teve due dilligence na hora de auditar esses fundos", afirma.
Ao contrário da maioria dos fundos de hedge, o de Madoff era regulado pela Security and Exchange Comission (SEC, órgão norte-americano semelhante à Comissão de Valores Mobiliários, CVM, no Brasil). A própria SEC abriu investigações a respeito do caso Madoff, para descobrir como a fraude não foi detectada antes pela comissão, tendo em vista que o órgão recebeu denúncias anônimas sobre o golpe desde 1999. Lobo afirma que a SEC exerce dois papéis no mercado norte-americano: a de reguladora do mercado de capitais e de policiamento de Wall Street. Ele ressalta, no entanto, que o mercado de hedge funds nos Estados Unidos era pouco regulado. "O que existia era a auto-regulação. Após o caso Madoff, a supervisão sobre esse segmento deve aumentar, podendo possivelmente seguir o modelo europeu."
Lobo afirma que tem recebido muitas consultas de investidores sobre a possibilidade de se entrar com ação judicial para reaver parte dos recursos perdidos com fraude. Segundo ele, nos EUA há um fundo, criado na década de 70 que garante os recursos em caso de fraudes em investimentos, o Securities Investor Protection Corporation (SIPC), mas sua cobertura está restrita às aplicações até US$ 500 mil. "Não se sabe ainda se investidores de fora dos EUA terão direito a esses recursos", diz. O especialista lembra que investidores que se beneficiaram do esquema de pirâmide montado por Madoff podem ter que devolver seus ganhos, caso haja o entendimento de que fazem parte de ganhos ilícitos.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Silvia Rosa)
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