Socorro ao Citi anima bolsas. Agora governo quer mudanças no grupo
David Enrich e Deborah Solomon, The Wall Street Journal
25 November 2008
The Wall Street Journal Americas - 1
O socorro do governo ao Citigroup Inc. reverteu o perigoso declínio de suas ações, mas está aumentado a pressão para que a diretoria e o conselho façam mais para estabilizar o gigante financeiro.
A ação do Citigroup subiu 58% depois que autoridades americanas anunciaram, domingo à noite, um acordo para injetar US$ 20 bilhões no banco e absorver até US$ 249 bilhões em possíveis perdas com empréstimos imobiliários e títulos de dívida em poder do banco.
Os executivos do Citigroup reconheceram ontem que o governo deixou claro durante as negociações do fim de semana que espera que a empresa continue a reduzir seu apetite por risco, e considere seriamente a adoção de medidas mais drásticas, incluindo desmembrar a empresa.
Gary Crittenden, diretor financeiro do Citigroup, disse numa entrevista ao Wall Street Journal que o banco não tem "idéias pré-definidas" sobre a enorme variedade de negócios em todo o mundo e está aberta a mudanças drásticas. "As partes que nos constituem podem mudar", disse ele. "Estamos analisando o tempo todo para determinar se há diferentes combinações possíveis, seja comprar ou vender, que façam sentido para a empresa."
Crittenden não quis comentar os cenários que estão sendo examinados. Executivos e conselheiros discutiram possíveis fusões com outros bancos, ou a venda de divisões importantes, disseram pessoas a par da situação.
"É um adiamento da pena, não um perdão total", disse uma pessoa a par da situação, referindo-se ao plano de socorro do governo. "Ninguém tem dúvidas quanto a isso."
Na sexta-feira, o diretor-presidente do Citigroup, Vikram Pandit, descrevia o modelo de negócios do grupo como "fantástico", negando os boatos de que contemplava mudanças importantes como vender a empresa ou desmembrá-la.
A divulgação do socorro causou forte alta no mercado, com a Média Industrial Dow Jones subindo 396,97 pontos, ou 4,9%, para 8.443,39.
O socorro do governo ao Citigroup é o mais recente de uma série de intervenções públicas no setor bancário. As medidas causaram uma alta no mercado, com investidores respirando aliviados já que um dos maiores bancos do mundo, cujos tentáculos estão enroscados em praticamente todos os sistemas financeiros do planeta, foi tirado da beira do abismo.
Mas alguns banqueiros e investidores ficaram receosos quando à duração dessa calma, e se ela abrirá caminho para outras ações do governo envolvendo grandes bancos.
Embora a recusa em deixar o Citigroup quebrar demonstre que o governo americano está disposto a salvar grandes instituições, muitas dúvidas ainda pesam sobre o setor, inclusive o valor real de créditos podres e o tamanho de perdas futuras.
"Há muitos buracos negros por aí e isso não mudou", disse Nancy Bush, da firma de análise NAB Research LLC. A grande queda nas ações de muitos bancos regionais salienta a incerteza quanto a sua situação financeira e uma "falta de confiança quanto a esses bancos".
Os bancos americanos já viram as perdas com inadimplência dobrar em cada um dos últimos dois anos, segundo Robert Patten, da Morgan Keegan & Co. Para o setor, as perdas médias nos próximos cinco trimestres vão subir para mais de 5,8% da carteira de crédito, o dobro do nível visto durante a crise de crédito do início dos anos 70, segundo a FIG Partners.
No Citigroup, a intervenção do governo alivia algumas das pressões imediatas sobre a companhia, mas não chega a colocá-la no caminho da lucratividade. Na verdade, o escopo do plano, pelo qual o governo vai garantir US$ 306 bilhões em ativos, pareceu contradizer afirmações feitas semana passada por Pandit de que a companhia estava em boa forma apesar da queda nas ações.
De fato, pessoas envolvidas nas negociações para arranjar o resgate governamental disseram ao WSJ que executivos tinham percebido, já na metade da semana passada, que a espiral de baixa nas ações — que caíram 60% na semana — apresentava uma grande ameaça à viabilidade da companhia. Uma pessoa diretamente envolvida nas conversas descreveu os últimos dias como "uma experiência de quase morte".
Tendo segurado a onda, Pandit agora se vê sob intensa pressão — de empregados, conselheiros, investidores, clientes e autoridades do governo — para adotar grandes medidas para estabilizar a companhia. Ele enfrenta um conselho de administração, clientes e acionistas ainda nervosos quanto à estabilidade do grupo, e as autoridades do governo que parecem dispostas a manter a companhia na rédea curta.
Desde que se tornou diretor-presidente em dezembro, Pandit abraçou a estrutura existente do Citigroup, resistindo a solicitações de desmantelamento do grupo.
A companhia enfrenta prejuízos crescentes numa variedade de empréstimos que não são cobertos pelo seguro do governo para US$ 306 bilhões de ativos. Sob o plano, o Citigroup arcaria com os primeiros US$ 29 bilhões em perdas. Depois disso, três agências do governo vão absorver 90% do prejuízo.
O arranjo cobre as carteiras do Citigroup para créditos imobiliários residenciais e comerciais nos Estados Unidos e seus empréstimos alavancados para empresas, entre outros ativos. Não se trata apenas de ativos de alto risco. O governo insistiu em que o acordo cobrisse classes inteiras de ativos, de modo que o Citigroup não possa simplesmente despejar créditos podres no colo do contribuinte.
Entre as notáveis ausências no esquema estão o gigantesco negócio de cartões de crédito do Citigroup, onde a inadimplência tem crescido rápido, e as operações de crédito fora dos EUA, que também estão exibindo sinais de problemas.
Embora o resgate reforce o nível de capitalização do Citigroup, "estamos temerosos de que as perdas possam acabar excedendo o suporte do governo", disse o analista de ações Stuart Plesser, da Standard & Poor's.
Enquanto isso, em troca da cobertura de centenas de bilhões de dólares em possíveis perdas, o Citigroup está emitindo para o governo um total de US$ 27 bilhões em ações preferenciais, em que o governo vai receber dividendos regulares. Esses dividendos darão uma grande mordida nos lucros do Citigroup nos próximos anos.
(Colaboraram Dan Fitzpatrick, Damian Paletta e Matthias Rieker)
27 novembro 2008
Socorro ao Citi
Sobre educação
Foto: Life
Sua pesquisa mostra que as faculdades de pedagogia estão na raiz do mau ensino nas escolas brasileiras. Como?
As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e saem de lá sem ter se livrado delas. Minha pesquisa aponta as causas. A primeira, sem dúvida, é a mentalidade da universidade, que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.
(...) Um estudo da OCDE (organização que reúne os países mais industrializados) mostra que o custo de um universitário no Brasil está entre os mais altos do mundo – e o país responde por apenas 2% das citações nas melhores revistas científicas. Como a senhora explica essa ineficiência?
Sem dúvida, poderíamos fazer o mesmo, ou mais, sem consumir tanto dinheiro do governo. O problema é que as universidades públicas brasileiras são pessimamente administradas. Sua versão de democracia, profundamente assembleísta, só ajuda a aumentar a burocracia e os gastos públicos. Essa é uma situação que piorou, sobretudo, no período de abertura política, na década de 80, quando, na universidade, democratização se tornou sinônimo de formação de conselhos e multiplicação de instâncias. Na prática, tantas são as alçadas e as exigências burocráticas que, parece inverossímil, um pesquisador com uma boa quantia de dinheiro na mão passa mais tempo envolvido com prestação de contas do que com sua investigação científica. Para agravar a situação, os maus profissionais não podem ser demitidos. Defino a universidade pública como a antítese de uma empresa bem montada. (...)
Entrevista: Eunice Durham - Fábrica de maus professores - Monica Weinberg – Veja
Custo da Mala num Avião
Um texto interessante do Wall Street Journal discute quanto custa um mala num avião. Existem formulas de cálculo que determinam este valor. Aqui, um trecho do texto:
Com base em nossa própria estimativa derivada de consultas com executivos da indústria e outras fontes, o custo para transportar a bagagem chega a cerca de US $ 15 a bolsa.
Hoje [nos Estados Unidos] as grandes empresas aéreas cobram $15 cada para a primeira bolsa, $25 para a segunda e algumas $125 para a terceira bolsa ou qualquer uma cujo peso ultrapasse a mais de 50 pounds. (…)
The Middle Seat: What It Costs An Airline to Fly Your Luggage - Scott McCartney
25 November 2008 - The Wall Street Journal - D1
Tamanho da baixa
Na Europa, o total de goodwill das empresas incluidas no Dow Jones Stoxx 600 é de cerca de 1 trilhão de euros, de acordo com o último dado divulgado pelas empresas. (...)
Com as baixas contábeis, o indices de endividamentos das empresas irão aumentar. Isto pode comprometer a habilidade das empresas em tomar emprestado para investimento e crescimento.
IFRS Spells 'Write-Downs' - Nathalie Boschat – 25/11/2008 - The Wall Street Journal - C10
Foto: Life
Fraudes são mais prováveis em empresas em bancarrota
Segundo Sarah Johnson (Deloitte Study Sees Fraud Ties to Bankruptcy, CFO, 24/11/2008) um estudo da Deloitte Forensic Center indicou que uma empresa com problemas financeiros tem mais probabilidades de ter problemas de fraude. Usando o período entre 2000 a 2007, a pesquisa encontrou que 9% das empresas com problemas financeiros incorreram em fraude, contra 3% das outras empresas.
Cartoon: Aqui
26 novembro 2008
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