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21 novembro 2008

Antes da Crise, minha remuneração


Uma pesquisa do Wall Street Journal (Before the Bust, These CEOs Took Money Off the Table, Mark Maremont, John Hechinger e Maurice Tamman, 20 November 2008 - A1) constatou que diversos executivos de grandes empresas aproveitaram dos anos de bonança para encher o bolso de dinheiro. O problema é que alguns desses administradores estão comandando empresas que hoje estão desacreditadas no mercado, como a Lehman Brothers e a Bear Stearns. Isto gera uma grande desconfiança do público em geral, que acredita que esses gestores são vilões mal-intencionados.

Um dos problemas é o proprio sistema de remuneração, que incentiva maiores pagamentos quando a situação econômica é melhor. Os exemplos do WSJ são interessantes, mas prefiro usar o caso da Exxon.

Nos últimos anos, esta empresa de petróleo bateu o seu recorde de lucratividade. Mérito dos executivos? Não, pois a lucratividade depende de um fator externo, o preço do petróleo. Como parte da remuneração é variável, dependendo do resultado da empresa, gerenciar uma empresa num momento de alta do seu produto é mais fácil do que roubar um doce de uma criança.

Conforme comente o professor de finanças Roy Smith, “o sistema tende a premiar pessoas que participam das bolhas”. Os executivos defendem sua remuneração, argumentando que a parte variável depende da avaliação que o mercado faz da empresa. Se o mercado achar que a empresa é boa, as ações valorizam e o executivo é premiado.
E o Brasil? Não sabemos, pois a política de remuneração geralmente não é evidenciada. Praticamente não sabemos nada sobre a qualificação dos executivos que trabalham nas empresas nacionais, exceto que uma grande parcela está vinculada, por razões genéticas, ao controlador.

Mas polêmica nunca é demais. A The Economist discute a questão da remuneração e aponta uma expectativa de redução dos bônus em torno de 70% para os executivos das corporações.

Foto: Life, executivo da American Airlines

Aquisição

Um levantamento feito por Heidi Moore (Today’s Deal Strategy: Losing by Winning) mostra algumas recentes ofertas de aquisição e o preço atual de cada ação. É interessante como executivos deixaram passar excelentes oportunidades de vender suas empresas, alardeando a independência. O mais interessante deles:

Microsoft-Yahoo
Oferta: US$ 31 por ação
Preço atual da ação do Yahoo: US$9.13

Banco do Brasil e Nossa Caixa


Com a aquisição da Nossa Caixa pelo BB, o sistema financeiro brasileiro tornou-se mais concentrado. Isto pode aumentar o risco global do sistema já que os dez principais bancos representam 87,1% do total. E a concentração promete continuar.

Aqui notícia do NYTimes sobre o assunto. O BB pretende fechar 30 agências (=menos competição), segundo o Estado de S. Paulo

Aqui o fato relevante e aqui a briga pelo primeiro lugar.

Finalmente, aqui uma opinião sobre o objetivo de uma empresa (aumentar receita ou agregar valor)

Fonte da Fotografia: Life

20 novembro 2008

Rir é o melhor remédio

Sobre a saída do Yang da Yahoo



Fonte: Aqui

Links

1. Raquel Welch aos 68 anos: bons gens ou bons médicos?

2. Raquel Welch na Wikipedia

3. Pegando a Lua – Fotografia Criativa


4. Um estudo de caso sobre o SFAS 141 e a confusão da contabilidade

Qual o objetivo de uma empresa?

Tradicionalmente ensinamos aos nossos alunos que o objetivo de uma empresa, sob a ótica financeira, é maximizar valor. A palavra Valor deve ser o foco de atenção de uma gestão. Na prática, no entanto, parece que isto nem sempre é verdade. Os gestores tendem o focar sua gestão em outro objetivo financeiro: maximizar receita.

Uma possível razão para que isto ocorra talvez esteja nas características comportamentais dos executivos, que consideram os negócios uma competição contra seus concorrentes onde ganha quem tiver a empresa com maior receita.

Na semana passada o mercado financeiro ficou sabendo da aquisição do Unibanco pelo Itaú. Com isto, a nova instituição financeira passou a ser a primeira em certos critérios, deixando o Banco do Brasil em segundo lugar. Qual a reação dos executivos do BB? Em lugar de observar a qualidade dos seus investimentos e preocupar-se com a agregação de valor, o foco passou a ser suplantar o novo líder.

Isto está muito claro na afirmação do presidente da república (lembre-se que o governo brasileiro ainda é o principal acionista do BB), que afirmou:

"O Banco do Brasil era o principal banco do Brasil. Com a fusão do Itaú e do Unibanco, o Banco do Brasil passou a ser o segundo banco e nós queremos que o Banco do Brasil seja muito maior do que qualquer outro banco no Brasil" (Empenhado em fazer BB voltar ao topo, Lula recebe governador de SP, Valor Econômico, 19/11/2008) [Um comentário próximo também saiu na Gazeta Mercantil, em Para Lula, Banco do Brasil tem de ser a maior instituição do País: "Queremos que o Banco do Brasil seja muito maior que qualquer outro banco do Brasil", 19/11/2008, Finanças & Mercados - Pág. 1, Ayr Aliski]


Os acionistas minoritários do BB perceberam que a busca pelo primeiro lugar no ranking pode não ser interessante sob o ponto de vista de valor da empresa (e valorização do preço da ação, por conseqüência):

A União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil (Unamibb) considera que o governo está agindo por vaidade ao decidir a favor da compra do Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. "Com a fusão do Unibanco com o Itaú, Lula não quer que o BB caia do galho, mas crises não se resolvem assim. A crise financeira no mundo está associada à falha de regulamentação e não à falta de estatização", afirma a vice-presidente da Unamibb, Isa Musa.(Governo age por vaidade, diz associação de minoritários do BB , Estado de S. Paulo, 20/11/2008)

O futuro da Yahoo

Sobre o estilo de gerenciamento, um texto mostra como isto pode afetar o futuro de uma empresa:

Durante 17 meses, el cofundador y presidente ejecutivo Jerry Yang trató de enderezar a Yahoo con un simple mantra de gestión: conseguir que los altos ejecutivos dejaran de lado sus diferencias e hicieran lo que es mejor para la compañía. Pero fuentes dentro y fuera de la firma californiana dicen que la incapacidad de Yang para tomar decisiones difíciles en cualquier ámbito, desde temas de productos y acuerdos a cómo definir la compañía de Internet, puso en tela de juicio su competencia e impidió que Yahoo saliera de su oscuro túnel.

(...) La predilección de Yang por dejar que los empleados llegaran a un consenso en vez de tomar decisiones por sí mismo a veces lo perjudicó, creando debates improductivos entre el personal que no se traducían en resultados tangibles.

La junta también está buscando a un líder más involucrado en las discusiones, dicen personas cercanas. Mientras se negociaba con Time Warner Inc. la fusión con AOL, reinaba la percepción de que era reacio a apretar el gatillo, dicen fuentes. “Lo que Yahoo necesita es alguien que pueda tomar decisiones y al que no le incomode tomarlas rápidamente”, dice un ex ejecutivo.

El difícil futuro de Yahoo en la era post-Jerry Yang
Jessica E. Vascellaro y Joann S. Lublin
The Wall Street Journal Americas - 19/11/2008