Na opinião deste blog esta estimativa do custo do IFRS possui dois problemas. O primeiro, considera que os custos de implementação são totalmente variáveis, o que provavelmente não é verdadeiro. O segundo aspecto é que a estimativa diz respeito somente ao custo da empresa que está produzindo a informação, deixando de considerar o custo de treinamento do usuário. Neste custo de treinamento podemos incluir os professores das universidades e os analistas de investimento.
Ademais, nunca é bom esquecer que a fonte da estimativa tem um interesse genuíno na adoção das normas, o que leva a crer que o percentual esteja subestimado.
É difícil de acreditar numa estimativa de custo, inclusive em razão da dificuldade de se calcular este valor nas empresas.
18 novembro 2008
Custo da IFRS: 32 milhões de dólares por empresa
Segundo Sarah Johnson e Marie Leone (SEC: Early IFRS Adoption Will Cost Firms $32M, CFO, 17/11/2008) a SEC estimou que as empresas irão gastar entre 0,125% a 0,13% da sua receita para fazer a transição do US GAAP para o IFRS no seu primeiro ano. No próximo ano, serão 110 empresas que usarão as normas internacionais, segundo o cronograma proposto pela SEC na sexta-feira.
Pela previsão da SEC, estes custos poderão cair nos anos seguintes. No custo previsto estão treinamento e mudança nos sistemas.
Já em IFRS Requires a Soft Touch (Marie Leone, CFO, 17 de novembro) possui um comentário de um especialista da PWC (empresa de auditoria e interessada na adoção da IFRS) de que a IFRS contem muitos conceitos usados no USGAAP e que é necessário aprender a aplicar o julgamento.
Pela previsão da SEC, estes custos poderão cair nos anos seguintes. No custo previsto estão treinamento e mudança nos sistemas.
Já em IFRS Requires a Soft Touch (Marie Leone, CFO, 17 de novembro) possui um comentário de um especialista da PWC (empresa de auditoria e interessada na adoção da IFRS) de que a IFRS contem muitos conceitos usados no USGAAP e que é necessário aprender a aplicar o julgamento.
Uma consequencia da crise seria uma nova governança?
O professor William Eid Jr. Considera que a crise mostrou que o modelo de governança precisa ser repensado:
(...) Isto é, do ponto de vista do investidor, a boa governança nos moldes em que está colocada não faz diferença alguma. A impressão que fica é que o selo de boa governança foi utilizado como tantos outros selos que existem, apenas como instrumento de marketing para a venda de um produto sem diferença dos seus congêneres. Será fundamental repensar os mecanismos de governança se pretendemos que eles sirvam como proteção adicional ao investidor. Isso deve ser feito em conjunto com o desenvolvimento de novas modalidades de controle de riscos, afinal, são aspectos intimamente relacionados.
Após a crise, a governança terá de ser repensada
William Eid Junior
Valor Econômico 17/11/2008
A explicação está no Custo
O gráfico abaixo (retirado de Cost Differences, Mankiw) mostra a razão das dificuldades das montadoras: salário hora comparativo. As três maiores possuem uma média de 72,31 de custo por hora. As japonesas, 44,20. Ou seja, o problema é estrutural.
A visão da GM Brasileira sobre a crise
Foto: flickr
A seguir, texto da Gazeta Mercantil, com a posição da GM Brasileira sobre a crise da montadora nos EUA:
GM espera comportamento das vendas para saber rumo a seguir
Gazeta Mercantil - 18/11/2008
São Paulo, 18 de Novembro de 2008 - O presidente da General Motors no Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, afirmou ontem que a manutenção do quadro de empregos nas três fábricas do grupo - São Caetano do Sul, São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS) - vai depender do comportamento do mercado até o final do primeiro trimestre do ano que vem. O executivo aposta numa reação, mas ainda não tem certeza se ela se concretizará. "Vamos esperar que o mercado determine o que fazer", disse.
Se o mercado não reagir, as primeiras demissões na GM podem ocorrer com o corte dos temporários - os 1,6 mil trabalhadores contratados em abril para o terceiro turno em São Caetano têm contrato de um ano. Ele negou que o programa de demissão voluntária seja corte. "Fazemos isso todos os anos."
Apesar das incertezas, Ardila diz que a GM mantém o cronograma de investimentos - que, além de US$ 1,5 bilhão em andamento, incluiu mais US$ 1 bilhão para renovação da linha até 2012. O executivo afirmou que o recursos estão garantidos em razão de a filial gerar o próprio caixa e estar "blindada" da deficitária matriz nos Estados Unidos.
Ele anunciou ontem, em primeira mão, que um segundo veículo está garantido para produção na fábrica do Vale do Paraíba - o primeiro será lançado em 2009 e o segundo em 2010.
Já outra nova família de veículos, batizada de projeto Viva e que será produzida na Argentina, também já esta assegurada, assim como a fábrica de motores em Joinville (SC).
A General Motors do Brasil também já tem uma segunda certeza depois do furacão que se abateu sobre o setor em outubro. O mercado nacional não mais alcançará as 3 milhões de unidades em 2008, como a montadora previa até 20 dias atrás na abertura do Salão do Automóvel. Para Ardila, as vendas este ano somarão 2,850 milhões de unidades - um crescimento de 15% sobre 2007. A GM deverá vender 575 mil veículos e crescer o mesmo percentual do mercado. O faturamento da empresa atingirá US$ 9,5 bilhões - ante os US$ 11 bilhões previstos anteriormente.
Depois de um outubro ruim - em que caiu mais que o mercado por não bancar com recursos próprios a venda a frotistas, como fez a concorrência - as vendas começam a melhorar com a chegada do crédito disponibilizado pelo governo federal e paulista. Ardila acredita num mercado de 200 mil unidades em novembro, numa resposta à escassez de crédito verificada em outubro, quando os bancos dificultaram os financiamentos.
Para 2009, a General Motors trabalha com dois cenários. Uma primeira projeção, mais conservadora, indica vendas de 2,6 milhões de unidades. A segunda, mais otimista, indica que o mercado deverá atingir 2,9 milhões de veículos - incluindo carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
"Há, neste instante, em todo o mundo, uma conjunção de fatores que são terríveis para a nossa indústria", afirmou ontem na sede da empresa em São Caetano, onde reuniu a imprensa. "Falta de confiança, petróleo caro e dificuldade de crédito têm efeito perverso não só para nós quanto para a construção civil." Por isso, ele elogiou as medidas do governo brasileiro para incentivar a retomada do crédito e não deixar o quadro se agravar no País.
Ardila afirmou que vai apresentar à matriz o projeto para a renovação da linha até 2012 no primeiro trimestre do ano que vem. Ele disse que, apesar de empresa gerar os recursos próprios de US$ 1 bilhão para o programa, tem de submeter o projeto para aprovação da corporação. Ele afirmou que a filial brasileira tem conseguido, com "facilidade" ter consentimento da matriz, já que a GM decidiu priorizar mercados emergentes - a empresa tem 60% de sua receita fora dos EUA.
Ardila afirmou que a GM brasileira, que é uma empresa juridicamente independente da matriz, passou a remeter mais recursos para os Estados Unidos na medida em que melhorou seus resultados no Brasil. Ele não revela o valor, mas diz que são feitos de acordo com o que a legislação brasileira permite.
Ardila disse que tomou a decisão de dar férias coletivas - que em São Caetano terminam hoje - para ajustar os estoques à demanda. Afirmou que busca evitar "pressionar" a rede de revendas com estoque superior a 30 dias.
Ardila afirmou que, nunca viu, em países no qual trabalhou para a GM, uma queda tão brusca quanto a que presenciou em outubro no Brasil pela falta de crédito. "Foi um susto muito grande com a falta de credito. O consumidor também ficou muito desconfiado", disse.
Nos planos para 2009, Ardila disse que trabalha com um dólar entre R$ 1,90 e R$ 2,10. Para ele, se moeda brasileira se estabilizar neste patamar, poderá recuperar as exportações de veículos, que, num primeiro momento devem sofrer com a queda dos mercados.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Wagner Oliveira)
Sobre um potencial problema na matriz, o Valor Econômico apresenta o seguinte texto:
Subsidiária tem atuação independente
Valor Econômico - 18/11/2008
A direção da GM no Brasil está confiante de que o governo dos Estados Unidos vai liberar os recursos para salvar a empresa da concordata e falência. Para o presidente da GM do Brasil, Jaime Ardila, se a ajuda não for aprovada esta semana no Congresso "vai ficar para janeiro", quando o presidente eleito Barack Obama tomará posse. Como em geral, matrizes e subsidiárias mantém negócios independentes, mesmo que a GM venha a passar por um processo de falência ou recuperação judicial não deve estendido para as subsidiárias, segundo advogados especializados na área de falências ouvidos pelo Valor. O fato de serem pessoas jurídicas diferentes e autônomas, do ponto de vista operacional, faz com que não tenham de ser incluídas no processo de recuperação americano, segundo o advogado Nelson Marcondes Machado, da Marcondes Machado Advogados. " Em princípio as controladas têm vida própria e apenas remetem lucros para a controladora, o que faz com que estas possam continuar funcionando normalmente".
Apesar de não entrar em recuperação ou falência com a matriz, o impacto econômico para as subsidiárias pode ser grande, segundo o advogado, resultando em perdas com a imagem abalada. Nada impede também que a matriz mande ordem de encerramento das atividades em subsidiárias ou mesmo venda suas operações para pagar as dívidas, segundo Gilberto Giansante , do Yunes, Giansante & Pereira Lima Advogados Associados. Mesmo com a possibilidade de venda das subsidiárias, Júlio Mandel , do Mandel Advocacia, diz que nem sempre esta é a opção, já que pode ser mais vantajoso receber remessa de lucros do que vender a empresa. A situação das subsidiárias de multinacionais em meio a crise preocupa executivos. Não é assunto debatido abertamente, mas o debate busca formas de evitar que os recursos saiam do país. Segundo um especialista em legislação empresarial, que prefere não ser identificado, em caso de falência da matriz continuam valendo as regras do país em que está a subsidiária, como a lei de recuperação judicial brasileira. O executivo da subsidiária que colocar em risco as operações por conta de uma remessa à matriz pode ser acusado de fraude, pois estaria deixando de cumprir compromissos com os credores no país, por exemplo. Como medida de exceção, a fonte lembra que o governo poderia intervir, como aconteceu no caso da quebra dos bancos da Islândia. O governo britânico bloqueou os bens das subsidiárias das instituições para proteger os clientes. Colaborou Marli Olmos)
Contabilidade da Máfia
Não é a indústria automobilística, nem o turismo. O segmento mais lucrativo da economia da Itália é a Máfia, que tem um faturamento anual de US$ 166 bilhões e um lucro líquido de US$ 89 bilhões, segundo um relatório divulgado ontem pela Confesercenti, uma associação de empresários e comerciantes.
Os negócios da Máfia representam 6% do Produto Interno Bruto (PIB) da Itália e afetam a receita de 180 mil comerciantes italianos. Segundo o relatório, todos os dias, uma enorme quantia de dinheiro sai dos bolsos de empresários e comerciantes e vai para os mafiosos. “Isso representa cerca de 250 milhões (US$ 320 milhões) por dia ou 10 milhões (US$ 12,8 milhões) por hora”, disse o diretor da Confesercenti, Marco Venturi. “E a crise financeira torna a Máfia ainda mais perigosa, já que seus negócios se fortalecem justamente a partir da fraqueza e das incertezas da economia.”
Além de atividades ilegais como tráfico de drogas, extorsão e falsificação, a Máfia italiana também está infiltrada em importantes segmentos do comércio legal: construção, restaurantes, turismo, padarias, açougues, peixarias e até funerárias.
O relatório indica, por exemplo, que na Província de Nápoles, no sul da Itália, foram identificadas 2.500 padarias ilegais, onde o pão é o mais vendido do bairro, apesar de ser mais caro do que em outros estabelecimentos. Cerca de 8.500 peixarias têm negócios com mafiosos, que lucram US$ 2,5 bilhões por ano nesse setor.
A associação revelou ainda algumas práticas de revirar o estômago em estabelecimentos mafiosos, como açougueiros reembalando carne estragada ou padeiros abastecendo seus fornos com madeira de caixões, após a exumação dos corpos.
Assim como o sistema empresarial de cada país, as quatro grandes máfias italianas - Cosa Nostra (da Sicília), Ndrangheta (Calábria), Camorra (Campanha) e Sacra Corona Unita (Puglia) - se subdividem em pequenas e médias empresas, autônomas entre elas, mas com um mesmo modelo hierárquico.
A estrutura salarial da Máfia também foi analisada no estudo. Chefes de clãs recebem de US$ 12 mil a US$ 50 mil por mês, enquanto traficantes faturam a partir de US$ 1.800.
Máfia é o setor mais rentável da economia italiana, mostra estudo
Efe e Reuters, Roma - O Estado de São Paulo – 12/11/2008
É interessante o contraponto com o texto Mafia profiting from the dowturn in Italy, de Guy Dinmore e Giulia Segreti, para o Financial Times de 13/11/2008 (USA Ed1, 08). O texto fala num turnover de 130 bilhões de euros ou 163 bilhões de dólares com atividades comerciais. O lucro da Máfia é estimado pela Confesercenti em 15 bilhões de euros com usura e 59 bilhões com narcotráfico. 150 mil comerciantes pagam o pizzo, ou proteção em dinheiro, produzindo 6 bilhões. As despesas com salários são de 1,76 bilhão de euro. Talvez as divergências dos números sejam em decorrência da taxa de câmbio usada.
Supersimples
Empresas reavaliam Supersimples
Valor Econômico – 14/11/2008
A criação de regimes de substituição tributária ou a reedição de benefícios fiscais de ICMS por alguns Estados do país estão levando as micro e pequenas empresas a reavaliarem sua opção pelo Supersimples, criado pelo governo federal no ano passado para simplificar o recolhimento e reduzir os tributos pagos por elas. Consultores tributários afirmam que o Supersimples ainda é, em geral, o sistema de recolhimento de tributos mais vantajoso, mas as exceções já começam a crescer e devem ser analisadas caso a caso pelas companhias no planejamento de 2009. E há até mesmo quem acredite que as alterações tributárias devem reduzir o número de adesões ao sistema.
O regime de substituição tributária, na opinião do consultor tributário Welinton Mota, da Confirp Consultoria Contábil, tem sido um dos principais entraves para que o Supersimples cumpra seus objetivos. Na substituição tributária, a indústria ou o importador adiantam o recolhimento do ICMS de todas as etapas comerciais seguintes.
Assim, a alíquota do imposto fica embutida no preço do produto vendido ao comércio e incide sobre o valor estimado de venda ao consumidor final. Com isso, o comerciante, mesmo que esteja no Supersimples, já estará pagando uma alíquota de 18% de ICMS - ou seja, não se beneficia das alíquotas de 1% a 3,9% sobre o total do faturamento instituída pelo sistema simplificado. Na tentativa de inibir a sonegação de impostos, os Estados têm ampliado significativamente o número de setores obrigados a aderir ao regime de substituição tributária. Somente o Estado de São Paulo incluiu 13 novos setores no regime em julho do ano passado, e em outubro deste ano mais de 200 itens pertencentes a eles foram incluídos. "O número de empresas que devem deixar de aderir ao Supersimples deve aumentar como reflexo do uso da substituição tributária no setor", acredita Welinton Mota.
Em 2007, quando o Supersimples foi criado, 1,33 milhão de empresas migraram do Simples Federal para o novo sistema e 1,94 milhão de empresas aderiram a ele. Neste ano, houve 527 mil novas adesões. O total de micro e pequenas empresas que recolhem tributos pelo sistema simplificado é hoje de 3,81 milhões. Outra questão a ser levantada para saber se o Supersimples vale a pena para o negócio é que diversos Estados já passaram a conceder novamente isenções de ICMS para micros e pequenas empresas - benefícios que haviam sido suspensos com a entrada em vigor do Supersimples. Entre eles, Rio de Janeiro, Amazonas, Bahia, Sergipe, Paraná, Alagoas, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
Nesses casos, cada empresa também terá que avaliar o que será mais benéfico. Em São Paulo, como não houve a reedição da lei que concedia isenção do ICMS para as empresas que tinham um faturamento de até R$ 120 mil, em geral o Supersimples compensa, segundo Douglas Rogério Campanini, da ASPR Auditoria e Consultoria. Já nos casos em que há isenção estadual de ICMS para micros e pequenas, o consultor afirma que deve ser novamente avaliado o peso do tributo no recolhimento geral da empresa. "Como há uma redução grande das alíquotas no Supersimples, muitas vezes vale a pena se manter no sistema, mesmo sem obter a isenção estadual do ICMS", diz. O fato de a adesão ao Supersimples impedir a compensação de créditos de ICMS também deve ser levado em consideração, de acordo com Brausilene Diniz, consultora de impostos da IOB. Isso porque as empresas que compram das adeptas ao Supersimples não têm direito ao crédito do tributo, o que pode fazer com que ela opte por comprar de outra fornecedora. "A saída é que essas micro e pequenas participantes do Supersimples ofereçam um preço menor, já que são tributadas por alíquotas menores, para compensar os créditos que não poderão ser tomados", afirma.
Segundo Edino Garcia, coordenador editorial de Imposto de Renda (IR) da IOB, em geral o Supersimples ainda é bastante vantajoso para a indústria e o comércio, enquanto para alguns prestadores de serviço pode não ser a melhor opção, pois pode gerar um recolhimento maior do que pelo sistema de lucro presumido. Em breve, setores que não podem aderir ao Supersimples poderão ter essa opção. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal aprovou, no início desta semana, o relatório com emendas ao Projeto de Lei nº 128, de 2008, da Câmara dos Deputados, que altera a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O texto, que tramita em regime de urgência e ainda depende da aprovação do plenário e de nova votação na Câmara, prevê a inserção de algumas categorias - como laboratórios de análises clínicas, serviços de tomografia, ressonância magnética e escritórios de serviços contábeis - no Supersimples.
Assinar:
Postagens (Atom)