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13 novembro 2008

Inbev e Bud


Acionistas da AB aprovam compra pela InBev
Valor Econômico - 13/11/2008

Os acionistas da cervejaria americana Anheuser-Busch, que controlam, pouco mais de dois terços da companhia, aprovaram ontem a proposta de compra feita pela InBev em julho. Em uma reunião feita em Nova Jersey, nos arredores de Nova York, o negócio de US$ 52 bilhões recebeu 497 milhões de votos favoráveis, o que representa 68,76% das ações em circulação. Cerca de 96% dos acionistas minoritários participaram da assembléia, o que a Anheuser-Busch considerou uma ótimo comparecimento para endossar a transação. (...)

Agora, para que o negócio seja realmente fechado, resta a aprovação das autoridades americanas, européias e chinesas (já que a 27% das ações da China Brewer Tsingtao pertencem à AB). "Não sabemos quanto tempo esse processo irá levar", escreveu Dave Peacock, vice-presidente de marketing da AB e futuro presidente da empresa após a fusão, em um e mail para os funcionários da cervejaria americana. "Há quem aposte em uma finalização para breve. Não podemos confirmar uma data específica, mas nosso cronograma de resolver tudo até o final do ano continua valendo." Isso é o que esperam os bancos que financiam a InBev. A companhia belgo-brasileira tem o compromisso de nove bancos para um empréstimo de US$ 45 bilhões para viabilizar a aquisição. O empréstimo entretanto, ainda não foi sacado. Como esse dinheiro está "reservado" para a InBev, as instituições aguardam ansiosas que a cervejaria saque logo o montante, para começar a cobrar juros e dividendos. (...)


Conforme postagem anterior, a aquisição foi extremamente vantajosa para os acionistas da AB.

Foto: Flickr

Entidade

A questão da Entidade aplicada em pequenos negócios ainda não é uma realidade:

Misturar as finanças pessoais às contas da empresa ainda é um erro cometido por muitos pequenos e médios empresários. De acordo com pesquisa encomendada pela Visa e realizada pela consultoria Nielsen, 39% dos empreendedores não possuem conta corrente empresarial.

Do total das 400 empresas consultadas, 86% têm acesso ao sistema bancário por uma conta pessoa física (veja quadro). A confusão das contas produz um resultado preocupante: metade das empresas admite usar serviços financeiros voltados para pessoa física com fins empresariais.

A Nielsen entrevistou empresas em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre - 18% delas eram informais. Para quem não registrou a empresa, é mesmo impossível abrir uma conta pessoa jurídica no banco. Mas para quem têm um negócio formal, basta apresentar a documentação necessária e comprovar que o nome da empresa está limpo para conseguir se bancarizar.

Para David Kallás, coordenador dos cursos executivos do Ibmec São Paulo, a principal explicação para os empreendedores continuarem a misturar as finanças pessoais e empresariais está no despreparo. “Muitas vezes, por não ter algumas habilidades gerenciais, o empresário encara a abertura de uma conta empresarial como mais um custo, e não como uma forma de organização financeira.”

Essa visão, segundo Kallás, é equivocada. Para ele, não ter conta empresarial pode até custar mais caro. “Os produtos financeiros voltados para pessoa física, como empréstimo pessoal, têm juros e tarifas muito maiores que os direcionados à pessoa jurídica”, observa. “Além disso, usar apenas a conta pessoa física é algo prejudicial à imagem da empresa, pois passa aos seus clientes e fornecedores a sensação de falta de profissionalismo.”

O empresário que mistura as finanças também perde algumas oportunidades. Para Kallás, ao se relacionar com o banco como pessoa jurídica, e não como um cliente comum, ele ganharia uma vantagem importante: poder de barganha. “Ao estreitar os laços com o gerente, ele pode ter mais facilidade ao pleitear condições especiais para crédito, por exemplo”, diz Kallás.

Mas o principal benefício de separar as duas contas é conseguir controlar, com clareza, as despesas e receitas do negócio. “Quem tem uma mesma conta para dois fins distintos fica sem saber qual é a rentabilidade da empresa, quanto de fato lucra por mês”, avisa Fábio Lacerda Campos, gerente de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae-SP (o serviço de apoio ao empreendedor). “E esse descontrole é justamente uma das principais causas de mortalidade dos pequenos negócios.”

A recomendação é separar bem as coisas - e aproveitar as vantagens de produtos desenhados especificamente para atender os empresários. “Com acesso a serviços voltados para pessoa jurídica, o empreendedor consegue simplificar seus processos, organiza sua contabilidade e tem mais flexibilidade financeira”, diz Allen Cueli, diretor de soluções comerciais da Visa.

Empresas ainda usam a conta do dono
Carolina Dall'olio
Jornal da Tarde - 13/11/2008

Filantropia e Custos

Sarah Murray (em Charity begins in the office, Financial Times, 11/11/2008, USA Ed1, 08. Aqui http://money.ninemsn.com.au/article.aspx?id=664131 também) mostra a questão de medidas de eficiência para as entidades do terceiro setor.

O foco no custo indireto como medida de eficiência causa problemas para este setor. A questão é doadores preocupam-se com custos administrativos e geralmente usam uma taxa de 20% como parâmetro, informa Murray. Mas isto impede a aplicação de recursos em sistemas de informação ou planejamento estratégico, pois aumentaria estes custos.

Como investor no Mercado atual?

Um texto da Fortune (Time to Jump In?, Shawn Tully, 24 November 2008, Fortune, 35, Volume 158; Issue 10) discute investir na atual situação do mercado. O melhor a fazer é comprar ações por preços baixos. E a melhor medida, segundo Robert Shiller, é o P/L. Shiller recomenda a média de dez anos, ajustado a inflação. Outra medida é a distribuição de dividendos. O texto lembra que reter lucros para “construir impérios” através de aquisições superavalidas pode ser prejudicial ao investidor. “Pagar dividendos impõe disciplina”.

Assimetria da Informação e Crise

Um artigo muito interessante e claro sobre o assunto:

Uma crise internacional no mercado de abacaxis
Valor Econômico – 12/11/2008
Daniel Augusto Motta
Ano de 1970. O mundo coroava Pelé como o maior jogador de futebol de todos os tempos. No mesmo ano, talvez indiferente ao sucesso canarinho, o economista americano George Akerlof publicava o artigo "The Market for Lemons: Quality Uncertainty and the Market Mechanism" que lhe daria o Prêmio Nobel de Economia em 2001. O seu tema de pesquisa: o complexo mercado de abacaxis! Sob a perspectiva crítica de Akerlof, a atual crise internacional originada pelo colapso dos créditos "subprime" e a agitada feira de automóveis usados no Campo de Marte no bairro paulista de Santana sofrem essencialmente do mesmo problema: os malditos abacaxis! Loucura? Na verdade não. Ambos os mercados estão caracterizados pela existência de assimetria de informações entre os agentes econômicos envolvidos nas transações. Considere inicialmente a animada feira de automóveis usados.

Você deve concordar que o vendedor tem um acesso privilegiado às informações mais relevantes sobre seu automóvel: batidas disfarçadas no martelinho, problemas mecânicos, falhas elétricas, bancos encardidos, embreagem desgastadas, ruídos irritantes, amortecedores maltratados, etc. Ao comprador resta analisar superficialmente a mercadoria para invariavelmente levar "gato por lebre" e concluir que adquiriu um abacaxi espinhoso e azedo com quatro rodadas. Tal assimetria de informações não seria necessariamente um problema, caso os vendedores dos poucos bons automóveis disponíveis pudessem sinalizar aos potenciais compradores a qualidade de seus automóveis por meio de um certificado de qualidade, ou por intermédio de um rating fornecido por uma entidade idônea. A analogia entre o ambiente competitivo das feiras de carros usados e o mercado de capitais internacional é irresistível. Dada a existência de significativa assimetria de informações entre gestores e cotistas de fundos de investimento, estes últimos depositaram forte crença nas agências de rating ao tomarem decisões de alocação de suas carteiras de investimentos. Esqueceram-se apenas que um simples rating custa algumas dezenas de milhares de dólares e que, sob o ponto de vista de tais agências, os grandes bancos internacionais e fundos de investimento são valiosos clientes continuamente demandando ratings para produtos diversos. Durante décadas, as agências de rating têm sido capazes de influenciar opiniões sobre o nível de solvência de países, o nível de risco de uma carteira de investimentos e sobre os títulos emitidos por bancos e empresas, afetando sobremaneira o fluxo internacional de divisas entre países e o humor das bolsas de valores em economias desenvolvidas e emergentes. Seu papel: classificar abacaxis como abacaxis, e nectarinas como nectarinas. Simples? Nem sempre. Mais recentemente, enquanto o mercado imobiliário americano já apresentava sinais claros de colapso, poderosos bancos internacionais e fundos de investimento continuaram comprando ratings favoráveis das melhores agências de rating para seus fundos abarrotados de créditos podres. Curiosamente, tais agências preferiram classificá-los como uma saborosa salada de frutas, ignorando a existência de grandes abacaxis azedos no meio de poucas nectarinas doces, aveludadas e suculentas. Assim como um avião comercial cai por uma combinação infeliz de sucessivas falhas, também uma grande crise financeira internacional sem precedentes raramente é resultado de apenas um problema. A crise internacional dos "subprimes" tem sido essencialmente associadas à securitização de empréstimos fornecidos a clientes insolventes, à queda vertiginosa dos preços dos imóveis nos EUA, à ausência de uma regulação mais severa sobre atuação de bancos de investimento e fundos hedge e à política monetária de baixos juros defendida pelo banco central americano nos últimos anos. Na sombra dos fatos estão as agências de rating, cuja atuação desastrosa ludibriou milhões de investidores em todo mundo. Aos milhares de cotistas de fundos e acionistas prejudicados e amargurados diante das perdas milionárias em seus fundos aparentemente com razoáveis ratings, cabe uma justa pergunta: se o papel das agências de rating era minimizar a assimetria de informações, quais são as penalidades num caso de notória imperícia e irresponsabilidade?

Boa Notícia para o Mercado

CVM fecha acordo
Valor Econômico – 12/11/2008

A falta de publicação de fato relevante sobre a negociação que levou à criação da companhia petroquímica do Sudeste acabou resultando em multa a dois executivos e um ex-dirigente das empresas controladoras da Quattor Petroquímica.

Obama e a Crise

Com respeito a crise e as montadoras destaco três reportagens recentes. Na primeira, informa que Obama trata crise de montadoras como teste de seu governo:

Valor Econômico – 12/12/2008
Líderes democratas no Congresso americano disseram ontem que vão propor uma nova lei na semana que vem para dar ao governo a autoridade para usar o fundo de socorro a Wall Street de US$ 700 bilhões no resgate das montadoras de Detroit. O presidente eleito Barack Obama também determinou que sua equipe de transição avalie meios de socorrer as montadoras antes mesmo de sua posse. As movimentações ocorreram em decorrência das advertências da General Motors de que pode enfrentar uma falta de caixa até o fim do ano. O governo de George W. Bush tem relutado em expandir o socorro de Wall Street às combalidas montadoras, afirmando não ter autoridade específica do Congresso para tal medida.

(...) A General Motors está perdendo caixa tão rapidamente que seu diretor-presidente, Rick Wagoner, alertou esta semana que o resgate não pode esperar até a posse de Obama. A Ford também está numa posição difícil, apesar de a diretoria da empresa ter afirmado semana passada que não enfrenta uma crise no curto prazo.


O segundo texto (Como trocar um pneu, O Globo, 13/11/2008) é de Thomas L. Friedman, que critica uma eventual ajuda para montadoras:

Em setembro, estava num quarto de hotel assistindo à CNBC. Eles estavam entrevistando Bob Nardelli, diretor-executivo da Chrysler, que explicava por que o setor automobilístico, naquele momento, precisava US$25 bilhões em garantias de empréstimos. Não se tratava de um resgate, disse ele. E sim uma forma de permitir às montadoras se reequiparem para investir em inovação. Não pude reprimir um grito indignado: “Temos que subsidiar Detroit (sede das principais montadoras) para que eles inovem? Em que negócio eles estiveram metidos se não o de inovar?” Se dermos outros US$25 bilhões, será que investirão em contabilidade? [sic, grifo meu]

(...) A culpa dessa mancada não é apenas dos executivos do alto escalão, mas também da Câmara e do Senado, que, ano após ano, votou segundo as instruções de Detroit. Isso blindou GM, Ford e Chrysler em relação a preocupações ambientais e com milhagem, além do impacto total da concorrência global, que poderia ter obrigado Detroit a se adaptar há muito mais tempo. De fato, se e quando Detroit morrer, espero que todos os deputados e senadores ajudem a carregar o caixão. E ninguém mereceu mais o título de carregador-de-caixão-mor do que o deputado John Dingell, presidente do Comitê da Câmara de Energia e Comércio, que se esforçou mais do que qualquer outro em proteger Detroit.

Bem, agora que desabafei, o que fazemos? Estou tão apavorado como qualquer um com o efeito dominó sobre o setor e os trabalhadores se a GM falir. Mas, se formos usar o dinheiro do contribuinte para salvar Detroit, então que seja feito segundo as premissas sugeridas pelo “Wall Street Journal” na segunda-feira, por Paul Ingrassia, ex-chefe da seção de Detroit do jornal:

“Em troca de qualquer investimento diretor do governo”, escreveu ele, “o conselho e a diretoria (da GM) deveriam ser afastados. Os acionistas deveriam perder sua polpuda parcela de dividendos. E um interventor apontado pelo governo deveria ter total poder para redesenhar a GM. Isso significará rasgar acordos e contratos atuais com sindicatos, revendedores e fornecedores, fechar algumas operações, vender outras e fazer um downsizing na companhia. Dar à GM um cheque em branco — como Washington está se sentindo tentado a fazer — seria um erro monumental.”

Eu acrescentaria outras condições: qualquer montadora que receba dinheiro do contribuinte deve mostrar capacidade de transformar cada veículo de sua frota em motores híbridos, de modo que possam também rodar com etanol. Por fim, alguém deveria chamar o Steve Jobs (fundador da Apple), que não precisa receber propina para inovar, e perguntar se ele não toparia prestar um dever cívico e dirigir uma montadora por ano. Aposto que não demoraria para ele inventar o iCar da GM.


O terceiro texto é menos polêmico. Mas é a constatação de que existe uma chance razoável do governo dos EUA ajudar as montadoras:

Congresso dos EUA tenta salvar GM
O Estado de São Paulo - 13/11/2008

A informação de que o Congresso norte-americano vai tentar socorrer as montadoras do País, em especial a General Motors uma das que estão em situação mais crítica, com parte do pacote de US$ 700 bilhões do governo federal , deu impulso ontem aos papéis da empresa num dia de queda generalizada de ações em Wall Street.

(...) A presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, afirmou ontem que o Congresso pode se reunir na próxima semana em uma sessão especial para discutir uma ajuda financeira às montadoras. Pelosi quer que essas empresas tenham acesso ao Programa de Aquisição de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês).

“Estou confiante de que o Congresso pode considerar uma medida de assistência emergencial durante uma sessão especial na próxima semana e acredito que a administração Bush vai apoiá-la”, disse. (...)