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06 novembro 2008

Preço de Venda


Pão de Açúcar e Sendas divergem sobre preço de venda
Valor Econômico - 6/11/2008

Antes mesmo do desmoronamento das bolsas, que tornou muito mais incerta a avaliação dos ativos nos processos de aquisição, o grupo Pão de Açúcar e a família Sendas já possuíam fortes divergências sobre quanto vale a Sendas Distribuidora, joint venture que fundiu as duas redes de supermercados no Rio de Janeiro. Depois do dia 15 de setembro - a "segunda-feira negra" - as discordâncias entre as duas partes só tendem a se acentuar e não são pequenas as chances de que a disputa vá parar, pela segunda vez, em um tribunal de arbitragem. Arthur Sendas vendeu metade do capital de sua rede de supermercados, a maior do Rio de Janeiro, para o Pão de Açúcar em 2004, quando a sua empresa enfrentava dificuldades financeiras. Há cerca de dois anos, o empresário decidiu exercer o direito de vender sua participação na Sendas Distribuidora para a sócia paulista. Mas as negociações entre eles têm sido duras.

Após o grupo francês Casino ter elevado para 50% sua participação no Pão de Açúcar, em 2005, Sendas recorreu ao tribunal arbitral por entender que Abilio Diniz havia se desfeito do controle da empresa, o que lhe garantia, por contrato, condições especiais nas negociações envolvendo a venda de sua participação na Sendas Distribuidora. Mas o empresário carioca perdeu a disputa. O Pão de Açúcar entende que o valor de mercado da Sendas Distribuidora é de R$ 480 milhões, o que equivale a 40% das vendas brutas da rede carioca em 2006, de R$ 1,28 bilhão, menos as dívidas da companhia, que somavam R$ 800 milhões.

A família Sendas pensa bem diferente, segundo apurou o Valor. Em 2007, Arthur Sendas acreditava que sua companhia valia R$ 1,28 bilhão. Daniela Bretthauer, analista do Goldman Sachs, afirma que há uma divergência entre as companhias sobre o termo "valor da empresa", que possui um significado mais amplo do que o termo inglês "enterprise value" (valor de mercado mais dívidas). "Estamos discutindo neste momento o preço e a forma de saída [da família Sendas] da empresa", afirmou ontem Enéas pestana, vice-presidente financeiro do Grupo Pão de Açúcar, em conferência com analistas de investimentos.

Além das divergências de preço, a morte de Arthur Sendas, que foi assassinado no mês passado por um ex-motorista, complicou ainda mais o processo de aquisição da rede carioca ao tornar mais complexos os trâmites burocráticos. Enéas admite que o falecimento de Sendas deve provocar um "atraso" no processo. O executivo também não descartou a possibilidade de que a discussão volte para a câmara de arbitragem. "Mas esperamos que as negociações possam ser retomadas em breve e vamos fazer o possível para chegarmos a um acordo amigável", disse Pestana, que espera não precisar recorrer aos árbitros instituídos pelas duas partes quando o acordo foi firmado. Os resultados da Sendas agora são animadores. No terceiro trimestre deste ano, a rede cariocas representou 16% das vendas totais do Pão de Açúcar e gerou uma receita bruta de R$ 801,5 milhões. Nos últimos quatro anos, a operação carioca vinha apresentando fracos desempenhos operacionais.

Esse fato, afirmam fontes do setor, teriam contribuído para azedar as relações de Sendas com o Pão de Açúcar, que passou a ser o gestor dos negócios em 2004. Mas, segundo os executivos do Pão de Açúcar, o relacionamento entre as duas empresas sempre transcorreu sem problemas. No terceiro trimestre deste ano, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da Sendas cresceu 141,5% em relação a igual período de 2007, totalizando R$ 55,8 milhões. A cifra atingiu 8% das vendas líquidas. A margem é equivalente à obtida pelo próprio Pão de Açúcar e é bem superior à registrado em igual trimestre de 2007, quando foi de apenas 3,5%. Com o desempenho do último trimestre, a varejista cumpre uma promessa feita ao mercado quando associou-se ao Sendas, há quatro anos. Naquela época, a sócia paulista acreditava que poderia elevar a rentabilidade da rede carioca em um ano. Não foi o que aconteceu. Pelo contrário, a empresa encontrou um grau de competição no Rio mais alto do que esperava e houve trimestres em que a margem lajida da Sendas chegou a ser de 0,9%. A virada na Sendas é atribuída ao trabalho feita na empresa em 2007 por Claudio Galeazzi, consultor que viria a assumir neste ano todo o comando do Pão de Açúcar. Além de promover uma forte redução nos custos, Galeazzi trancou os cofres da varejista para reforçar a sua estrutura de capital. A empresa, que começou o ano com R$ 700 milhões em caixa, hoje possui R$ 1,4 bilhão, montante superior ao valor de todas as suas dívidas. Segundo Enéas, a companhia "está preparada" para enfrentar cenários econômicos mais adversos.


Fonte da Foto: Ficker

Crise cambial

O FMI e a crise cambial que veio do leste
Valor Econômico - 6/11/2008 - Mariam Dayoub

(...) Nas últimas semanas, os mercados de moedas mostraram movimentos bruscos há tempos não vistos. As moedas emergentes sofreram forte depreciação, enquanto o dólar americano, o iene e o franco suíço se apreciaram. Do nosso ponto de vista, isso reflete a desalavancagem global, o desmonte das apostas baseadas na expectativa de que o crescimento mundial continuaria robusto mesmo com a recessão americana, grande parte financiadas via carry trade, e a liquidação de contratos de derivativos cambiais. Indo além, o fortalecimento do dólar americano desde meados de julho indica a reversão nas tendências de investimento que prevaleceram no período de crédito abundante e barato, crescimento mundial robusto e baixa volatilidade nos mercados. A forte depreciação das moedas locais indica que os países emergentes enfrentarão crises cambiais. Desta vez, não é uma crise cambial na América Latina ou na Ásia, mas uma crise cambial com dimensões globais. O epicentro está nos países do leste europeu, cujo sistema financeiro estava à beira do "derretimento". Como trabalham com bandas cambiais atreladas ao euro, a forte saída de capital estrangeiro aponta para inconsistências entre a política macroeconômica e a política cambial locais, o que leva à forte desvalorização de suas moedas. Com o estouro de crises cambiais, cerca de 12 países estão em negociação com o FMI, que, na 2ª quinzena de outubro, emprestou US$ 2,1 bilhões à Islândia, US$ 16,5 bilhões à Ucrânia e US$ 25,1 bilhões à Hungria. Os problemas advindos da crise financeira dos países desenvolvidos, a desalavancagem dos fundos de hedge e o contágio mais rápido e brutal dos países emergentes são problemas que se retroalimentam.

Conservadorismo e Vida da empresa

Gestão financeira conservadora é pilar de empresas centenárias
Valor Econômico - 6/11/2008

O conservadorismo aplicado na gestão financeira durante séculos de história e uma forte ligação com a família são apontados por companhias tradicionais como os dois principais pilares de sobrevivência no mundo corporativo. Essa foi uma das conclusões do seminário Empresas de Vida Longa, organizado pelo Valor, que aconteceu ontem em São Paulo. No mundo inteiro, segundo Miguel Juan Bacic, professor de economia de empresas Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, 70% das empresas fecham as portas antes mesmo de completarem 20 anos de existência. No Brasil, a realidade é mais dramática: a maioria morre antes de três anos. "Aqui, uma empresa com mais de 30 anos já pode ser considerada longeva." Durante o evento, executivos das seculares Stora Enso, companhia de incríveis 720 anos, da Saint-Gobain, que começou fabricando vidro, na França em 1665, e também do Banco do Brasil, que completou 200 anos no mês passado, ressaltaram a importância da cautela como diretiva de administração.

"No caso do grupo Saint-Gobain, a recomendação não é ser conservadora. Mas sim muito conservadora", disse Laurent Guillot, delegado geral para o Mercosul e Chile da multinacional francesa. Arie de Geus, escritor e ex-diretor da Shell presente no seminário, contou que na década de 80 a Shell elaborou um estudo sobre as companhias mais antigas do mundo, destacando entre outras Dupont, Mitsui, Stora Enso. No total, se encaixaram no estereótipo 27 companhias. Em comum, pelo menos dois princípios de gestão: conservadorismo, proximidade com a comunidade. "Essa empresas relutaram em buscar recursos de terceiros", disse.

É o que acontece, por exemplo, com a fabricante cearense de cachaça, Ypióca. "Somos uma companhia com endividamento zero, que cresce com seus próprios recursos", disse, Aline Telles Chaves, diretora de marketing do grupo, que completou em 2008 162 anos, uma das palestrantes. Como membro da quinta geração da família fundadora da empresa. Aline ressalta também que além do traço conservador, uma base familiar é importante para uma empresa que quer ter vida longa. "A grande maioria das empresas centenárias são também familiares ou pelo menos mistas", afirmou ela. A Cedro Cachoeira, de 136 anos, mistura a gestão familiar e a chamada "profissionalização". "No mundo de hoje, a empresa que quer crescer não pode ficar apenas nas mãos da família que a fundou. É preciso trazer gente de fora, mesclar", disse Renato Bernhoeft, especialista em sucessão empresarial familiar. Fábio Mascarenhas, diretor administrativo e de relação com os investidores da Cedro Cachoeira, concorda. "Ter uma ligação familiar é fundamental pois ela dá aos gestores o sentimento de que o negócio tem de se tornar perene." A Droga Raia é outro exemplo. "Somos uma empresa aberta mas 70% de nosso capital é familiar", afirmou Antonio Carlos Pipponzi, presidente da Droga Raia, empresa com 103 anos. A proximidade com as comunidades que cercam a empresa e a participação nas decisões políticas da região também são outra característica das empresas duradouras. "Muitas delas acabam caracterizando a cidade onde foram fundadas", disse o professor Bacic. É o caso da fabricante de máquinas Romi, de Santa Bárbara D'Oeste (SP). A diversificação dos negócios também é um ingrediente para a longevidade, segundo o escritor Geus. Ele relatou que durante sua passagem pela petrolífera, a dúvida recorrente entre os funcionários era o que fazer quando o petróleo acabar. Segundo ele, foi neste momento, em meados dos anos 30, que a Shell passou a atuar no setor químico. "Depois fomos até para o ramo de energia nuclear. Enfim, diversificação era a palavra de ordem na empresa", lembrou.

Na Stora Enso, a atividade que marcou o início da companhia, em 1288 foi a extração de cobre, passando para o minério de ferro e só depois chegando ao cultivo de florestas. E mesmo este, atual ramo da empresa, é colocado em xeque. "A comunicação eletrônica tem reduzido o uso do papel", diz Otavio Pontes, vice-presidente para a América Latina da Stora Enso. Segundo ele, esta é uma tendência natural, hoje compensada pelo consumo dos países emergentes, com potencial de crescimento. á o Banco do Brasil, projeta para os próximos anos a consolidação do sistema bancário, que na visão de Francisco Djalma Oliveira, gerente-executivo, tende a ser acelerada após a fusão do Itaú e do Unibanco. "Claro que nós e outros competidores, como o Bradesco, vamos nos mexer em busca de oportunidades", observou Oliveira.



Tenho duas observações:
1. Não faz sentido incluir o Banco do Brasil como exemplo já que é uma entidade estatal (e a sobrevivência não depende das forças do mercado e sim de vontade política) e que não possui, efetivamente, 220 anos. (Faliu durante sua história e isto deveria contar)
2. A teoria de Arie de Geus não destaca somente dois aspectos, como apresenta a reportagem. Um dos fatores de De Geus percebeu foi a mudança de rumo das entidades. Este aspecto, inclusive, é ressalvado no texto com os exemplos da Stora Enso e outros.

Aqui uma postagem anterior sobre uma empresa de 1428 anos que fechou em 2007. Aqui sobre a Casio.

Política e Bolsa


O gráfico (fonte aqui) mostra como se comportou o mercado um dia depois do resultado da eleição nos EUA. Foi a pior reação do mercado da história. (Clique na imagem para ver melhor)

O futuro da GM 3

Segundo o Calculate Risk (GM Exec says Next 100 Days "critical") e usando a Dow Jones, um executivo da GM afirmou na quarta que os próximos cem dias serão cruciais para a história da empresa e para a indústria de automóveis nos Estados Unidos.

A solução para empresa depende do governo dos EUA, que poderá ou não evitar a falência das empresas do setor. Os resultados da empresa serão divulgados na sexta.

Previsão pelo Mercado

Zubin Jelveh faz uma comparação do resultado da eleição dos EUA segundo os modelos econométricos, as pesquisas de opinião e a previsão pelo mercado.

O melhor desempenho foi a previsão pelo mercado até o momento.