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04 novembro 2008

Itaú e Unibanco: razão do negócio

A Gazeta Mercantil arrisca uma explicação para o negócio (Avanço do Santander no País acelerou fusão)

Além de criar um grupo com capacidade de competir internacionalmente, a fusão entre Itaú e Unibanco teve o objetivo de defender a posição das instituições no mercado doméstico contra o avanço dos concorrentes, mais precisamente do Santander.


Não parece ser esta a razão. No Valor Econômico (Itaú e Unibanco anunciam fusão) destaque para detalhes da operação:

(...) Não haverá desembolso de dinheiro na operação que será feita por meio de troca de ações. (...) O presidente do Itaú, Roberto Setubal, e o presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles, iniciaram as conversas há 15 meses e somente informaram a alta cúpula de cada organização quinta-feira passada. No novo banco, Setubal será o presidente executivo; e Moreira Salles vai presidir o conselho de administração. A operação torna o novo banco uma fortaleza no mercado financeiro e teve como objetivo reforçar a presença no mercado doméstico, onde a competição aumentou muito depois da investida do Santander sobre o Banco Real. A posição do Unibanco estava ficando especialmente vulnerável, depois de ter caído para quarta posição no ranking de bancos privados. Mas outro objetivo claro da transação é transformar o banco em uma empresa global. "O Brasil precisa ter um banco internacional para apoiar as empresas brasileiras no exterior", disse Setubal.


(grifo meu). Em Banqueiros despistaram a vizinhança o Valor dá detalhes da operação:

Os banqueiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal são vizinhos. Ambos moram na charmosa praça Pereira Coutinho, na Vila Nova Conceição. Foi ali, no coração deste bairro nobre da capital paulista, na sala de estar do apartamento de Moreira Salles, que os dois aventaram, pela primeira vez, em julho do ano passado, a hipótese de unir seus bancos numa reação ao avanço do Santander no Brasil. Depois disso, embora os edifícios fiquem um de frente para o outro, Setubal jamais cruzou a praça novamente para conversar com Moreira Salles para tratar da fusão entre Itaú e Unibanco, anunciada ontem. As reuniões que selaram o negócio, e mesmo a assinatura dos contratos, se deram vários quilômetros longe dali, numa mansão com um suntuoso jardim, forrado de obras de arte, no bairro do Morumbi. O dono do casarão é Israel Vainboim, o presidente do conselho da Unibanco Holding, que ingressou no banco em 1969 e tornou-se um dos executivos de maior confiança de Moreira Salles.


No mesmo texto, o jornal pode ter antecipado o real motivo da transação:

No domingo, apenas pouco mais de 20 pessoas - acionistas das famílias Moreira Salles, Setubal e Villela e os executivos mais importantes dos dois grupos - participaram da reunião de assinatura dos contratos. Embora os dois bancos tenham informado que as negociações começaram há quinze meses, elas de fato se intensificaram nas últimas semanas. A crise financeira foi um catalisador importante. A saúde financeira do Unibanco vinha sendo alvo de boatos - todos desmentidos. As ações do banco sofreram com isso mais do que qualquer outra grande instituição brasileira, o que levou o Unibanco a antecipar a divulgação dos resultados do terceiro trimestre e, no mesmo dia, lançar um grande programa de recompra dos seus papéis. (...)
No mercado, o Unibanco era visto como uma instituição a ser engolida por alguém maior. Por outro lado, Pedro Moreira Salles sempre relutou em vender simplesmente o banco da família, fundado por seu pai. Segundo pessoas ligadas aos dois bancos, de olho em um movimento estratégico para o Itaú, Setubal aceitou um desenho que deu conforto a Moreira Salles. Dois aspectos do desenho confirmam essa percepção. Em primeiro lugar, porque, embora dividam meio a meio as ONs, o ramo Itaú ficou com 100% das ações preferenciais da IU Participações, empresa que vai controlar a Itaú Unibanco Holding. Além disso, uma participação de 36% das ONs do novo banco, pertencente ao ramo Itaú (Itaúsa), foi deixada de fora da IU.


Grifo meu.

Itaú e Unibanco: dúvidas dos investidores

Em Investidores têm dúvidas sobre o acordo o Valor analisa o negócio sob a ótica do investidor:

"Embora anunciado com fusão de iguais, a impressão que fica é a de que o Itaú comprou o Unibanco", escreveu o analista Victor Martins, do Safra.
O economista João Augusto Salles, da Lopes Filho, concorda. Segundo ele, tecnicamente a operação é uma fusão, pois há o desaparecimento de duas instituições (Itaú Holding e Unibanco) para o surgimento de outra (Itaú Unibanco Holding). "Entretanto, a relação de troca das ações mostra que, na realidade, o Itaú está adquirindo o Unibanco", diz. O modelo societário da transação entre os bancos é velho conhecido dos investidores do mercado brasileiro. As ações ordinárias do Unibanco serão absorvidas com elevado prêmio, enquanto as preferenciais terão tratamento inferior.


Mais ainda

Entre as dúvidas dos investidores sobre a operação está qual será a fatia dos preferencialistas de Unibanco na instituição resultante do negócio. Também ficou pouco claro porque a Itaúsa elevará em 8,3% a quantidade de ações detidas no banco combinado. Para Mônica Araújo, analista da Ativa Corretora, existem várias questões que os bancos ainda precisam esclarecer. Uma é se a operação resultará em benefício fiscal. Outra, segundo Mônica, refere-se a quantos dos seis membros do conselho de administração serão indicados por cada banco. Enquanto o fato relevante do negócio diz que as conversas entre as instituições ocorriam há 15 meses, a sensação dos investidores foi bastante diferente. A leitura foi de que o acordo foi rapidamente fechado - motivo pelo qual, inclusive, não houve vazamento aparente das informações. A impressão era que o cenário para o Unibanco tendia a se deteriorar.

Itaú e Unibanco: reação dos concorrentes

Também no Valor, a noticia de que o Bradesco foi surpreendido (Bradesco é surpreendido e estuda reação)

A diretoria executiva do Bradesco foi chamada ontem para uma reunião de emergência na Cidade de Deus, sede do banco. A idéia era discutir as estratégias de reação à fusão entre o Itaú e o Unibanco, que deixou o Bradesco na incômoda situação de segundo maior banco privado do país. Na sexta-feira, quando os diretores deixaram suas mesas, ninguém poderia sonhar que na segunda-feira teriam tamanha surpresa. O Bradesco sabia da possibilidade de perder a liderança. Bastava que o Itaú comprasse uma instituição de porte médio para ultrapassá-lo em volume de ativos totais.


Afinal, o objetivo da entidade é agregar valor para seu acionista, como afirma a teoria de finanças, ou aumentar o poder de barganha para seus executivos, como sugere algumas pesquisas empíricas sobre comportamento dos administradores? Neste sentido, o texto do jornal continua:

O BB já começou a se movimentar para que o Congresso aprove logo a MP 443, que lhe dá facilidades para aquisição de bancos sem licitação e permite, em seu texto original, o pagamento em dinheiro. Analistas também acham possível que o Bradesco tente se aproximar do Banco Votorantim, da família Ermírio de Moraes. Em uma alternativa mais ousada, o Bradesco poderia propor assumir as operações do Citi no Brasil, oferecendo uma fatia de suas ações como pagamento ao banco americano.


Em Analistas vêem reflexos para pequenos e médios o Valor destaca a possibilidade de consolidação do setor bancário:

O economista João Augusto Salles, da Lopes Filho, acredita que a consolidação no setor bancário deve se intensificar. Se Itaú e Unibanco não devem mais ter apetite, por outro lado, diz, Bradesco, Banco do Brasil e Santander devem sair às compras. Segundo o economista, os bancos pequenos e médios estão enfrentando a concorrência dos grandes nas áreas em que atuam. Além disso, o custo de captação tem aumentado nesse cenário de crise. "A tendência é a de que alguns sejam absorvidos", afirma.

Itaú e Unibanco: Cade

Também na Gazeta (Negócio tem de ser aprovado por BC e Cade) (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Ayr Aliski)

O problema poderá estar no Cade. Uma das regras do órgão é que operações que resultem em concentração superior a 20% são potencialmente lesivas à concorrência e por isso precisam ser analisadas pela autarquia. Isso não é automático pois dependerá da análise completa da operação.
Itaú e Unibanco informaram que o novo grupo nasce com 24% do mercado de previdência privada e que, em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21%, portanto são setores que certamente estarão sobre o pente fino do Cade. O órgão de defesa da concorrência já determinou aprovação de operações com restrições, determinando a venda de parte do negócio, como a venda da Bavária na fusão da Brahma e Antarctica. Cada área de atuação é analisada separadamente, podendo haver ou não restrições.
A Lei de Defesa da Concorrência determina que as operações têm de ser apresentadas para análise em até 15 dias úteis depois da assinatura do primeiro documento vinculativo. Também é obrigatório submeter operações de fusão e concentração nas quais uma das partes tenha faturamento bruto anual superior a R$ 400 milhões, situação que se aplica tanto ao Itaú como ao Unibanco.
Ao contrário do que ocorre com operações de fusões e incorporações de vários outros ramos da economia, casos do sistema financeiro não têm de ser submetidos à Secretaria de Defesa Econômica (SDE), do Ministério da Justiça; e à Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda.


Na mesma linha, o Valor comenta sobre o Cade (Cade dificilmente se oporá a negócio)

A fusão entre Unibanco pelo Itaú será o maior negócio do Sistema Financeiro Nacional a ser analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça, mas, apesar do gigantismo da operação, o órgão antitruste não deverá se opor ao negócio. Nos últimos julgamentos envolvendo o setor financeiro, o Cade concluiu que o mercado é altamente pulverizado no Brasil.
A cota de 20% funciona como uma espécie de "luz amarela" para o Cade. É a partir de 20% de participação num determinado mercado que o órgão antitruste passa a dedicar maior atenção a um negócio.

Itaú e Unibanco

Em "Operação é normal em tempos de crise", a Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Viviane Monteiro) destaca que:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a fusão entre os bancos Itaú e Unibanco deve fortalecer o sistema financeiro nacional e garantir a liquidez de crédito nessas duas instituições, mas reconheceu que a fusão aumenta a concentração no setor. (grifo meu)
Mais adiante o jornal destaca que
No entanto, Mantega reconheceu que a união entre os bancos aumentará a concentração do sistema financeiro brasileiro, que, inclusive, lembrou já é muito concentrado. Apesar disso, considerou a operação positiva, porque ela fortalecerá o setor.

03 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: New Yorker

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10. ARSENAL x Tottenham

Fonte: Trivela, out, 2008, p. 34-45
(Em destaque, a equipe com maior número de vitórias)