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31 outubro 2008

Qual o limite da responsabilidade social?

A The Economist, em Test case (30/10/2008) discute o caso jurídico Bowoto versus Chevron. Larry Bowoto protestou, em 1998, contra uma subsidiária da Chevron na Nigéria. O protesto terminou com duas mortes e Bowoto ferido. O caso irá testar se o sistema legal pode ser aplicado em casos de direitos humanos em outros países.
Junto com o julgamento, outros casos com outras empresas (caso da Yahoo que ajudou o governo chinês a prender um dissidente) serão afetados pela decisão.

Bobagens

O ex-chefe do Federal Deposit Insurance Corporation durante a crise dos anos 80 afirmou que as regras de mark-to-market foram responsáveis pelos problemas financeiros atuais, conforme relata David Katz em Former FDIC Chief: Fair Value Caused the Crisis (CFO, 29/10/2008)

(…) William Isaac, FDIC chairman from 1978 to 1985 and now the chairman of a consulting firm that advises banks, said that before FAS 157, the controversial accounting standard issued in 2006 that spells out how companies should measure assets and liabilities that have been marked to market, took hold, subprime losses were "a little biddy problem."


E acredite se quiser, Isaac afirmou que a inflação estava sob controle, o crescimento econômico era bom, o desemprego baixo e não existia problemas de crédito no sistema bancário (sic). Mas um texto da Gazeta Mercantil de 31/10/2008 (Sucessor de Bush assumirá um país atolado em dívidas) é muito claro sobre a situação dos EUA:

Seja o democrata Barack Obama ou o republicano John McCain, o próximo presidente dos Estados Unidos deverá rever as promessas da campanha eleitoral frente à montanha de dívidas acumuladas para tirar o país da crise financeira.
Os EUA fecharam no final de setembro o exercício orçamentário 2008 com um déficit recorde de US$ 455 bilhões de dólares. Esse déficit poderá superar U$ 1 trilhão durante o exercício 2009 que começou no início de outubro. (...)

Deutsche Bank

Esta instituição financeira alemã apresentou um lucro de 93 milhões de euros no terceiro trimestre graças as mudanças nas regras contábeis. Segundo o NY Times (Accounting Changes Help Deutsche Bank Avoid Loss), as novas regras permitiram que parte dos 22 bilhões de euros de empréstimos do Deutsche fossem avaliados pelo seu valor contábil.

Fonte: Aqui

O texto da Reuters afirma que:

Mudança contábil livra Deutsche Bank de prejuízo
Gazeta Mercantil – 31/10/2008

Frankfurt, 31 de Outubro de 2008 - O Deutsche Bank se esquivou de um prejuízo no terceiro trimestre graças a novas regras contábeis, mas a instituição financeira revelou perdas pesadas com operações imobiliárias diante das turbulências dos mercados globais.
O Deutsche Bank teve um lucro antes de impostos de $93 milhões (US$118,5 milhões) no terceiro trimestre, um resultado que somente foi possível graças à alteração de regras contábeis. As mudanças, aprovadas por legisladores em Bruxelas, permitiram ao banco reduzir baixas contábeis em mais de $ 800 milhões para $1,2 bilhão durante o período. Nos nove primeiros meses do ano, seu lucro líquido foi $ 918 milhões (US$ 1,16 bilhão), 83% a menos que em igual período do ano passado.
As novas regras sancionadas relaxam o sistema anterior que exigia que todos os ativos refletissem preços de mercado. O Deutsche Bank, por exemplo, está sentado sobre mais de $22 bilhões de empréstimos alavancados. As novas regras contábeis permitem agora que o Deutsche Bank mantenha alguns desses empréstimos em seus livros a preços fixos.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Reuters)


Já a CFO (Profit, Not Loss, Thanks to Fair Value Tweak, Marie Leone, 30/10/2008) afirma que os calculos a valor justo da entidade ficaram restritos a 1,5 bilhão de baixa. Além disto, o banco anunciou que o capital (Tier 1), para fins de Acordo da Basiléia, aumentou para 10,3%. As medidas recentes da Comunidade Européia quanto a mensuração de ativos em bancos evitou ajustes de 683 milhões no banco.

Mais sobre o efeito das mudanças contábeis nos resultados dos bancos aqui

Finanças Comportamentais e crise

Um texto de David Brooks para o NY Times discute a crise atual sob a ótica comportamental. O texto enfatiza que a racionalidade não existiu durante a crise (como prova a reação de Greenspan, que estava chocado com o fato do mercado não ter reagido racionalmente). O texto apoia-se no último livro de Taleb (que estou tentando terminar neste momento), que usa as finanças comportamentais para enfatizar sua teoria dos cisnes negros.

CVM e Seguros

CVM coloca em audiência pública minuta de Deliberação sobre Contratos de Seguro em conjunto com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) coloca a partir de hoje, 30/10/2008, em audiência pública, minuta de Deliberação referendando o Pronunciamento Técnico CPC 11, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, intitulado "Contratos de Seguro", que está referenciado à norma Insurance Contracts - IFRS 4, emitida pelo IASB (International Accounting Standards Board).
O objetivo desse Pronunciamento Técnico é especificar o reconhecimento contábil para contratos de seguros por parte de qualquer entidade que emita tais contratos, denominada nesse Pronunciamento como seguradora. Em particular, esse Pronunciamento determina: a) melhorias na contabilização de contratos de seguros pelas seguradoras; b) divulgação que identifique e explique os valores resultantes de contratos de seguros nas demonstrações contábeis de uma seguradora e que ajude os usuários dessas demonstrações a compreender o valor, a tempestividade e a incerteza de fluxos de caixa futuros originados de contratos de seguros.
A audiência está sendo realizada em conjunto com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e com a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, nos termos da Deliberação CVM nº 520/07, e para compatibilizar com o prazo de audiência da Susep, as sugestões e comentários deverão ser encaminhados até 20 de novembro de 2008, sendo considerados de acesso público.


Fonte: Aqui

Defesa do MTM

Já o IBD chama a atitude da SEC com respeito ao mark-to-market (MTM) de entrar numa zona cinzenta. Para o IBD é justamente neste momento que o mercado precisa saber da informação usando o MTM. Veja o trecho:

Editorials & Opinion
Mark-To-Model, Into The Twilight Zone
STEVE H. HANKE AND JOHN A. TATOM

24/10/2008 - Investor's Business Daily

(...) MTM rests on two principles: the social value of market prices and the role of accounting information. First, an asset is only worth its price in the marketplace, which is the only objective measure of value. Second, accounting statements must provide accurate and meaningful information. Investors have a right to accurate and actionable information on the value of their corporate assets.

The transparency of MTM is most critical when a firm is likely to have to sell assets or when it nears bankruptcy. This is precisely the situation in which some firms find themselves. But never mind. Major bank trade groups and some banks argue that these firms should mark asset values to models or to other arbitrary measures.

Forbes chama Mark-to-Market de insanidade

Um editorial da conceituada revista Forbes (Fact and Comment - Fear Will Subside; On why the current crisis was unnecessary, Steve Forbes, 27/10/2008, 21, Volume 182 Issue 8) e escrito pelo próprio Steve Forbes é direto ao ponto com respeito a marcação a mercado: insanidade. A afirmação é mais poderosa quando está no primeiro parágrafo do texto:

Although you'd never know it from market volatility, the financial fever in the U.S. may be about to break. The Treasury, of course, must move with alacrity in removing those impaired mortgages and other exotic instruments off of bank balance sheets. Just as important, the Administration must deal decisively with the insanity of mark-to-market, or so-called fair value, accounting that has forced institutions under severe pressure from regulators and accountants to maniacally mark down to absurdly low levels the value of unmarketable securities and assets, thus destroying entities that have positive cash flows. Congress has made its intent clear: It wants mark-to-market scrapped or at least suspended for a good, long time. Sensible reform here would sharply alleviate the severity of the credit crisis. Foot- dragging on this would be criminal as well as destructive. And the SEC should get its act together on short-selling. (…)