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22 outubro 2008

Auditorias da crise

EUA escolhem auditores para plano bilionário de resgate
Agencia EFE - Serviço em português - 21/10/2008

Washington, 21 out (EFE).- O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informou hoje que escolheu as firmas auditoras Pricewaterhousecoopers e Ernst & Young para que "ajudem na execução" do plano de resgate financeiro a Wall Street.

Segundo o Departamento do Tesouro, "as firmas ajudarão com serviços de contabilidade e controles internos necessários para a administração da complexa gama de ativos problemáticos" que serão adquiridas.

A Pricewaterhousecoopers ajudará o Departamento do Tesouro a "estabelecer uma sólida postura de controle interno", enquanto Ernst & Young "fornecerá apoio contábil geral e assessoria ".

Os custos iniciais da contratação destes serviços são de US$ 191.469 para Pricewaterhousecoopers e de US$ 492.006 para Ernst & Young.

No início de outubro, o Congresso americano aprovou um resgate financeiro de US$ 700 bilhões e o Governo dos EUA já anunciou várias utilidades para esse dinheiro, incluindo US$ 250 bilhões para compra de ações de bancos privados.

Argentina e a Crise

Conforme postagem anterior (que apresentava os potenciais países com problemas financeiros), a Argentina estatizou o sistema privado de previdência.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apresentou ontem projeto de lei que prevê a estatização do sistema de previdência privada que há 14 anos vigora no país e que acumula US$ 29 bilhões em ativos. Ao longo do dia, a expectativa em relação ao anúncio provocou uma queda de 11% da Bolsa de Valores de Buenos Aires e uma desvalorização de 7% dos títulos da dívida do país. O risco país aumentou mais de 200 pontos. O projeto deve começar a ser discutido pelo Congresso já na próxima semana. O argumento do governo é que a crise financeira global levou a uma rentabilidade negativa dos fundos administrados pelas empresas privadas de previdência. E essas perdas, na visão do governo, põem em risco as futuras aposentadorias dos argentinos que optaram pelos planos privados no lugar da previdência pública. Críticos, no entanto, dizem que a medida não passa de um confisco de recursos para melhorar a capacidade de o governo se financiar. (...)

Estatização de fundos de pensão derruba a bolsa na Argentina
Valor Econômico - 22/10/2008

(...) A nacionalização recebeu, no entanto, o apoio do mais importante sindicato argentino, a CGT, ligada ao governo. "Ninguém pode garantir melhor o pagamento das aposentadorias aos trabalhadores que o Estado", declarou o secretário-geral da CGT, Hugo Moyano.

Oito das dez sociedades que administram estes fundos estão em mãos de bancos privados, enquanto duas outras são dependentes de uma cooperativa e de um banco público, o Banco Nación, entidade bancária mais importante do país.

Argentina nacionaliza sistema de aposentadorias
Gazeta Mercantil -22/10/2008

(...) A batalha parlamentar em torno do tema promete ser feroz. Se o Congresso aprovar o projeto, o governo embolsará em 2009 mais de US$ 5 bilhões de arrecadação adicional. Além disso, Cristina economizaria o pagamento de US$ 3,5 bilhões que deve desembolsar anualmente às AFJPs relativos ao capital e juros dos títulos que essas entidades tinham em suas carteiras (com a reestatização, o Estado vira credor de si próprio). Com isso, afirmam analistas, Cristina conseguirá cobrir metade dos vencimentos da dívida em 2009. A outra metade seria coberta pelo superávit fiscal. O governo afastaria, dessa forma, rumores sobre um novo calote da dívida.

Nesse cenário, a presidente poderia adiar os planos de renegociação da dívida com os “holdouts” (credores que ficaram de fora da reestruturação realizada em 2005 da dívida em estado de calote desde 2001). Além disso, Cristina contaria com fundos extras para distribuir aos governadores, e assim, garantir respaldo para as eleições parlamentares do ano que vem.

(...) Cristina disse que a medida “é tomada em um contexto internacional no qual os países ricos adotam decisões de proteção generalizada”. “Desaparecem bancos e empresas. Mas os Estados estão ali, e aparecem!”.

Depois, disparou contra os críticos: “Quando medidas estatistas são tomadas pelos EUA e a França, são simpáticas. Mas, quando somos nós...”

Argentina reage à estatização da previdência
Ariel Palacios, BUENOS AIRES
O Estado de São Paulo - 22/10/2008


A reação internacional não foi muito boa. Aqui, o blog Mish´s Global Economic. Aqui, Wall Street Journal

21 outubro 2008

Rir é o melhor remédio





Enviado por Nelma Tibúrcio

Links

Um estudo encontrou que um funcionário perde dois dias (ou 1200 minutos) por ano de trabalho com Spam. Fonte: Aqui

Em defesa da crise de crédito (e da liberalização dos mercados)

Material sobre Imparidade dos Ativos

Livros



Duas imagens sobre Livros.

Sabedoria das massas

Uma das formas mais criativas de previsão é usar o mercado. Defendido no livro Sabedoria das Multidões, o uso do mercado tem-se revelado interessante sob certas circunstâncias.

É por este motivo que as apostas em filmes que irão vencer o Oscar, ganhadores de uma partida de futebol ou previsão de vencedores de uma eleição são consideradas com atenção pelos analistas.

Um dos mercados onde as "apostas" podem ser feitas e tem-se revelado um bom estimador é o Intrade. Entretanto, descobriu-se que as apostas para eleição dos Estados Unidos no Intrade foram manipuladas, em favor de John McCain. Um investidor apostou, mais do que normal, em McCain para presidente, fazendo com que as suas chances no Intrade tornassem melhores.

Mas alguns analistas, como Alex Tabarrok, do Marginal Revolution, consideram que a manipulação pode melhorar (!) estes mercados.

This supports Robin Hanson's and Ryan Oprea's finding that manipulation can improve (!) prediction markets - the reason is that manipulation offers informed investors a free lunch. In a stock market, for example, when you buy (thinking the price will rise) someone else is selling (presumably thinking the price will fall) so if you do not have inside information you should not expect an above normal profit from your trade. But a manipulator sells and buys based on reasons other than expectations and so offers other investors a greater than normal return. The more manipulation, therefore, the greater the expected profit from betting according to rational expectations.

Já o blog Freakonomics (A New Kind of Campaign Advertising?) opta por analisar a notícia sob a ótica de uma nova estratégia de campanhas políticas.

Governança 2

Prejuízos cambiais expõem fragilidade da governança

Algumas empresas têm divulgado perdas superlativas com operações de câmbio. São prejuízos relacionados à depreciação do real como efeito da atual crise financeira global. A magnitude das perdas sugere que tais companhias assumiram riscos superiores aos necessários para proteger fluxos de receitas e custos ou posições patrimoniais em moeda estrangeira contra oscilações do câmbio. Isso causa estranheza, pois tais companhias não são entidades financeiras. Não faz parte dos objetivos sociais assumir riscos dessa natureza. Não lhes seria legítimo, portanto, especular, montando operações em valor superior à necessidade de proteção das operações sociais. A responsabilidade pelas vultosas perdas não pode ser atribuída tão-somente aos diretores financeiros que executaram as operações, mas ao conjunto da administração.

Afinal, aqueles diretores são subordinados, conforme o caso, ao presidente e/ou aos conselhos de administração - havendo ainda os conselhos fiscais, cuja principal atribuição é fiscalizar os atos da administração, especialmente aqueles que possam colocar em risco o patrimônio da companhia. Teria havido, então, no mínimo, omissão. A alegação de desconhecimento seria ainda mais desconcertante, já que companhias do porte das que estamos tratando deveriam ter controles capazes de prevenir ou alertar sobre a assunção de riscos além dos autorizados. Não falamos de intenções, que certamente foram as melhores, mas do uso inadequado e imprudente de meios. Essas ocorrências, na verdade, estão imbricadas com outras disfunções que têm marcado presença no mercado de capitais brasileiro nos últimos anos, tais como: 1) Incorporações de ações, geralmente na seqüência de uma empresa assumir o controle de outra. Os papéis preferenciais (PN) das empresas cujas ações serão incorporadas são o alvo dileto. Essas operações têm ocorrido em vez de oferta pública para aquisição de ações, que seria o meio mais apropriado, por dar oportunidade de o acionista aceitar ou não o preço oferecido. A incorporação deixa o dono de PN encilhado: ou aceita a relação de troca ou se retira da sociedade a um valor aviltado. 2) Transferências relevantes de ações dentro do mesmo bloco de controle: a concentração do poder de mando tem recebido um tratamento casuístico por parte dos reguladores, que ora impõem, ora eximem os controladores remanescentes de fazer oferta pública por alienação de controle. Um observador atento poderia propor o seguinte desafio: "Indique-me uma única companhia que não tenha mudado completamente seu modus operandi depois de uma operação dessas!" Não há. A única diferença é que algumas fizeram oferta de compra de ações aos minoritários; outras, não. 3) "Aquisições originárias": a companhia aberta A incorpora a B, que pertence ao mesmo grupo controlador da empresa aberta C, que passa a ter o controle de todo o conjunto. A incorporação, por não envolver alienação pecuniária de controle, exime o novo controlador da obrigatoriedade de estender "tag along". Não se contesta a legalidade da operação, mas a legitimidade. 4) Fixação de relações de troca não-paritárias, em detrimento de acionistas detentores de ações sem voto, em operações de reestruturação societária. O objetivo é, por exemplo, unificar as classes de ações ou migrar os acionistas de uma empresa para outra do mesmo grupo. 5) Operações estruturadas, por meio das quais o direito de voto do acionista minoritário é diluído. 6) Ofertas públicas com preços e comissões infladas, num contexto de assimetria de informações e despreparo das companhias. 7) Ofertas públicas precedidas de "empréstimos-pontes" concedidos pelos próprios bancos que coordenarão a abertura de capital. Vinculam-se os recursos da oferta à liquidação desses financiamentos. 8) Custos de distribuições secundárias contabilizados nos resultados das companhias. Atribuem-se a todos os acionistas, indistintamente, encargos que deveriam ser só dos acionistas vendedores (já que o dinheiro vai para o bolso deles, sem transitar pelo caixa da companhia). A conservação dos avanços e o desenvolvimento futuro do mercado brasileiro de capitais requerem que questões como essas sejam superadas. Para tanto, são necessárias atitudes mais enérgicas e efetivas por parte dos legisladores, reguladores e auto-reguladores.


Reginaldo Alexandre
(Colaborou Lucy Sousa, presidente da Apimec-SP)
Valor Econômico - 21/10/2008