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02 outubro 2008

FAS 157

SEC facilita norma para que bancos declarem suas perdas no balanço
2/10/2008 - Gazeta Mercantil

2 de Outubro de 2008 - Sob pressão dos bancos e dos legisladores, a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) emitiu a interpretação de uma norma de contabilidade que pode facilitar para os bancos relatar perdas menores, ou talvez mesmo lucros, quando anunciarem os resultados do terceiro trimestre, encerrado na terça-feira passada.

A iniciativa mereceu elogios da Associação Americana de Banqueiros, que havia reclamado com a SEC de que os auditores estavam forçando os bancos a avaliar os ativos a preços irrealisticamente baixos de "queima de vendas", em vez de pelos valores mais altos que os bancos acreditam que os ativos devem valer num mercado ordenado.

Alguns congressistas pressionaram para ordenar a suspensão da regra do valor justo, conhecida como Demonstrativo de Normas de Contabilidade Financeira (SFAS) 157, como parte do projeto de lei de resgate que a Câmara dos Representantes derrotou na segunda-feira, que pode ser ressuscitado nesta semana. O projeto de lei chegou perto disso, mas requeria um estudo da regra e autorizava a SEC a suspendê-la.

No entanto, o elogio imediato dos banqueiros pode reduzir a pressão para retirar a regra e facilitar para alguns legisladores a mudança de seus votos.

A instrução foi emitida conjuntamente pelo contador-chefe da SEC e pela equipe da Junta de Normas de Contabilidade Financeira. Embora a regra tenha sido criticada por muitos bancos, outros têm argumentado que o problema foi causado pela compra de ativos arriscados por parte dos bancos.

Num relatório lançado previamente neste ano, Dane Mott e Sarah Deans, analistas do JP Morgan, argumentaram que "culpar a contabilidade de valor justo pela crise de crédito é como uma pessoa ir ao médico para obter um diagnóstico e culpá-lo por dizer que está doente".

Na terça-feira, eles disseram que não havia "nenhuma novidade" na instrução da SEC mas, para alguns outros analistas, a interpretação pode ser importante. Há muito as empresas são solicitadas a marcar muitos ativos financeiros pelo seu valor justo, mas a norma 157 esclarecia como deveria ser medido, informando que os valores de mercado devem ser usados se estiverem disponíveis.

Muitos títulos lastreados por hipotecas perderam valor, forçando as instituições financeiras a fazerem vastas baixas contábeis desses títulos. Os banqueiros defendem que os preços de mercado vigentes estão bem abaixo dos preços que deveriam ter os títulos, e dizem que eles não devem ser forçados a anexar baixas contábeis que certamente serão revertidas mais tarde.

A regra tinha exceções, informando que "as vendas difíceis" têm de ser usadas como base para o relatório, mas não estava claro com que liberdade isso pode ser interpretado. Alguns auditores argumentaram que mais de uma ou duas vendas a um nível ofereciam um preço de mercado verdadeiro, e assim devem ser usadas para avaliar esse e outros títulos similares.

"Cresce o número de nossos membros que nas últimas semanas levantaram dúvidas de que uma série de escritórios de contabilidade estavam interpretando de modo equivocado a SFAS 157, de uma forma que requeria marcar os ativos para valores de queima de vendas", disse Edward L. Yingling, presidente da Associação Americana de Bancos, enquanto elogiava a SEC pela interpretação. "Essa orientação ajudará os auditores a precificar com mais exatidão os ativos que são difíceis de avaliar pelas presentes condições de mercado."

Pela regra 157, há uma hierarquia de técnicas de avaliação. A primeira é quando há um mercado ativo para um título, que sempre deve ser usado. Se não houver esse mercado, o nível dois se baseia nos preços de títulos similares. Só quando esses não estiverem disponíveis é que se deve usar o nível três, que depende do modelo de valor da empresa na ausência de um preço de mercado utilizável.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Floyd Norris/ The New York Times)

O guru

Para tentar compreender o colapso financeiro atual, os parlamentares americanos estão recorrendo a um veterano de crises bancárias: William Isaac, ex-presidente da Corporação Garantidora de Depósitos Federais (FDIC, na sigla em inglês) nos anos 80, responsável pelo resgate do Continental Illinois National Bank and Trust, nos anos 90. Segundo o “Wall Street Journal”, ele foi contrário à proposta de um pacote de resgate do sistema financeiro e defendeu algumas idéias para combater a crise, durante a maratona de reuniões do Capitólio, no domingo passado.

Isaac propôs, por exemplo, reviver o programa do FDIC dos anos 80, que socorreu as associações de poupança e crédito (agências captadoras de poupança para concessão de empréstimos), emitindo promissórias para sustentar seu capital e permitir que voltassem a emprestar.

Segundo o “Journal”, muitos parlamentares que votaram contra o pacote na segunda-feira creditaram sua posição às visões de Isaac, que hoje trabalha em uma consultoria, e alguns até estão preparando projetos de lei incorporando suas sugestões. Mas ele também tem críticos, sobretudo entre advogados de direitos dos consumidores, que temem flexibilização das regras de contabilidade.

O guru dos parlamentares - O Globo -2/10/2008 - 32


Coincidência ou não, Isaac apareceu aqui ontem, nesta postagem.

Efeitos da crise

A crise nos mercados já levou R$ 513 bilhões em valor de mercado das empresas brasileiras na Bolsa em 2008, segundo estudo da consultoria Economática. Só a Vale e a Petrobras encolheram R$ 85 bilhões cada uma na Bolsa neste ano.

O estudo mostra ainda que o setor financeiro, que está no epicentro da crise global, perdeu R$ 95,8 bilhões em valor de mercado. Na pesquisa, a Economática avaliou os valores das ações de 326 empresas abertas.

Considerado um "retrato momentâneo do preço" de uma empresa caso fosse vendida, o valor de mercado resulta basicamente de duas forças que têm a ver com a expectativa de lucros futuros e com o quanto alguém está disposto a pagar por ela. Segundo Fernando Exel, presidente da Economática, a crise deu um golpe nesses dois vetores: diminui a expectativa de lucros e reduziu o dinheiro disponível do investidor. "O lucro das empresas vai cair porque espera-se um desaquecimento geral. E esse futuro mais magro aparece nas ações."

Para Armando Castelar, economista da Gávea Investimentos, a crise de crédito retirou um "combustível importante" para mover os preços na economia. A isso, afirmou Castelar, somou-se uma incerteza sobre o que de fato vai acontecer com a economia, o que aumenta uma espécie de "taxa de desconto" em que os lucros futuros das empresas são trazidos hoje a valor presente. "Com maior incerteza, a taxa de desconto desse lucro futuro também aumentou. As ações estão refletindo essas duas coisas: perspectivas negativas de lucro e a incerteza que significa descontar mais desse futuro", disse.

(...) Professor de contabilidade da Fipecafi, Alexandre Assaf Neto afirma que a crise provocou um "descolamento" ainda maior entre os valores econômicos -que representa o quanto a empresa gera de riqueza- e o de mercado das empresas.

Assaf lembra que esse descolamento sempre foi maior no Brasil porque a maioria das empresas não têm suas ações completamente pulverizadas, como nos EUA. Essa distorção faz o mercado embutir um desconto pelo prêmio de controle, que é a capacidade de o acionista interferir na gestão estratégica da empresa. Como exemplo, cita o caso da GM, que tem 94% de suas ações no mercado, e os papéis são muito negociados. "Quando o capital é mais diluído e o volume de negociação das ações é maior, esses valores tendem a se aproximar", disse. (...)


Crise varre meio trilhão da Bolsa em 2008 - Folha de São Paulo - 2/10/08 - TONI SCIARRETTA


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01 outubro 2008

Rir é o melhor remédio

Livros de Auditoria

Amilton Paulino Silva fez uma pesquisa interessante (A Percepção dos Profissionais de Auditoria quanto ao Ensino de Auditoria Contábil nos Cursos de Graduação em Ciências Contábeis do Brasil), comparando o profissional de auditoria e o professor da disciplina. Entre os aspectos pesquisados por Amilton destaco questões como semestre que a disciplina deve ser ministrada, pré-requisitos, carga horária, conteúdo, titulação dos docentes e experiência profissional necessária. Amilton mostra que existem divergências importantes entre o professor e o profissional, indicando que as instituições de ensino não conseguem ter a mesma percepção do profissional da área.

Do trabalho de Amilton retirei as informações que constam das duas figuras a seguir. Na primeira, os respondentes indicaram os livros usados como bibliografia na disciplina. O resultado mostra Attie, Marcelo Cavalcante Almeida e Franco/Marra nas três primeiras posições, sendo que Almeida é mais adotado como básica.



A outra figura mostra a bibliografia recomendada. Novamente os três autores se destacam, com uma inversão na primeira posição.

Guru Financeiro

Com ajuda de leituras passadas (e deste link) resolvi dar uma de Guru financeiro e apresento os dez conselhos para agir em tempos de crise.


Investimento em Tempos de Crise

1. Simplifique – em tempos de crise é mais difícil seguir uma carteira com muitos investimentos. A questão da “diversificação reduzindo risco”, máxima da área de finanças, vale pouco nesse período pois existe o risco sistêmico.

2. Desligue a Globo News e esqueça o jornal do dia – nesta situação, tentar acompanhar o mercado pode induzir a decisão errada e de curto prazo. Esqueça o frenesi do mercado e concentre na estratégia de longo prazo. Neste momento, muitas vezes o que importa não é mais ganhar e sim reduzir a perda. Caminhe, pratique esporte, leia um livro.

3. Mas não deixe de certificar que seu dinheiro está seguro. O dinheiro em conta corrente deve estar numa instituição sem risco de quebra. Isto não é problema hoje no Brasil, mas se a crise aumentar pode atingir algumas instituições financeiras.

4. Reduza despesa – momentos de crise não são momentos de gastos. A redução de despesa pode permitir a criação de uma reserva financeira necessária para o futuro. Seja crítico nos gastos e evite cair nas armadilhas do consumo. Podemos dizer que a alternativa seria “economize mais”.

5. Tenha consciência que o risco faz parte do jogo – se você aplicou na bolsa (ou num fundo de ação) e agora está perdendo é necessário saber que isto fazia parte do jogo. Aqui vale a frase do jogador de futebol: um dia a gente ganha, outro dia a gente perde.

6. A decisão de assumir o risco faz parte do passado – esqueça que você usou um dinheiro para comprar um apartamento num fundo de ação. Isto faz parte do passado e é conhecido como custo perdido. Sua tarefa agora não é lamentar a decisão errada que fez.

7. Mas aproveite para aprender – aplicar em investimentos de risco implica em risco.

8. Aproveite para retirar a emoção da sua decisão. Se a ação que você investiu caiu, não tome a decisão de “manter” enquanto o preço atingir novamente o patamar que você comprou. Em alguns casos, o melhor é vender mesmo com perda. Muitas vezes manter uma ação que você comprou por $10 até o momento que o seu preço ultrapasse novamente a $10 é um parâmetro errôneo. Se for o caso, modifique radicalmente a sua carteira.

9. Postergue sua aposentadoria – Momentos de instabilidades reduzem a riqueza dos investidores. Para manter um padrão de vida na aposentadoria é necessário retardar esta decisão. Caso contrário, ou você gastará rapidamente o que poupou ou perderá o padrão de vida que sonhava na aposentadoria.

10. Pense em outras coisas além do dinheiro – A felicidade também pode ser encontrada em pequenos prazeres da vida. Remoer o dinheiro perdido não ajuda em nada.

Links

1. IAS 41 – Agricultura (ainda não regulamentado pelo cpc)

2. Iasb convoca reunião para discutir a crise

3. IFRS 01 – Adoção das normas pela primeira vez (ainda não regulamentado pelo cpc) - Isenções aqui e aqui

4. IASB lança um rascunho para altera a IFRS sobre operações descontinuadas

5. Arte, vinho e carros são investimentos? Não

6. O maior número-primo

7. Uma solução para tragédias dos comuns na pesca do Alasca

8. Dez pessoas mais odiadas no futebol

9. FAS 157 segundo Norris

10. SEC esclarece o FAS 157 (vários links interessantes)

11. IFRS 02 – Pagamento com base em ações(ainda não regulamentado pelo cpc)