Translate

04 junho 2008

Beta negativo


O beta é a medida de risco do CAPM. Usualmente o beta está próximo de um, sendo que um valor superior a unidade representa um investimento de maior risco e um valor menor que um seria conservador.

Teoricamente, um beta negativo indica que o investimento caminha na direção contrária ao mercado: quando o mercado cresce, o investimento reduz e vice-versa. Mas dificilmente temos situações práticas com um beta negativo. Greg Mankiw mostra o exemplo acima, apesar da situação desse beta provavelmente ser temporária.

Nesse caso, a direção da cotação é oposta a do mercado. Teríamos, então, um beta negativo.

Valor Justo

Um texto sobre valor justo do Financial Times (‘Fair value’ storm makes banks spell out stance, Jennifer Hughes & Gillian Tett - Financial Times - 30 May 2008 - Asia Ed1 - 15, aqui) mostra que a discussão sobre a adoção do valor justo no sistema financeiro ainda é motivo de discórdia:

In a paper written last month and seen by the Financial Times, the Institute of International Finance, which has 300 banks among its members, proposed to relax some of the classifications for financial instruments and to ease the rules in times of financial stress. It claimed that taking prices in illiquid markets “results in valuations that do not provide a true picture of the financial positions of firms”.

(...) The Financial Times’ reporting of the original paper last week prompted Goldman Sachs to threaten to leave the IIF, calling the proposals “Alice in Wonderland” accounting.

There is growing recognition by regulators that the introduction of fair value accounting on a wide scale has changed the dynamics of how the financial system responds to crises.

A história da venda da Bear Stearns

O jornal Wall Street Journal publicou uma série de reportagens sobre a venda da Bear Stearns para o J.P. Morgan (aqui, aqui e aqui. Veja também aqui)

O texto foi publicado no Brasil pelo Valor Econômico (aqui e aqui).

Destaco, a seguir, alguns trechos:

Os rumores em Wall Street eram de que a Bear Stearns estava precisando de dinheiro.O diretor-presidente garantiu calmamente aos seus subordinados que o Bear Stearns conseguiria suportar a tempestade. "Isso", disse ele "é muito barulho."Na platéia, Michael Minikes não estava tão convencido. O veterano de 65 anos da Bear Stearns havia passado grande parte daquela semana atendendo ligações telefônicas de clientes preocupados. Alguns já haviam sacado grandes somas de suas contas na Bear Stearns."Você tem algum idéia do que está acontecendo?", perguntou Minikes, interrompendo seu chefe. "Nosso dinheiro está voando pela porta. (...)

A queda súbita da corretora foi um lembrete perfeito da fragilidade e ferocidade de um sistema financeiro erguido em grande parte sobre a confiança. Bilhões de dólares em títulos são negociados todos os dias com nada mais que um acordo implícito de que os parceiros nos negócios os pagarão quando solicitados. Quando os investidores começaram a achar que a Bear Stearns não conseguiria liquidar seus negócios com os clientes, essa confiança acabou num segundo.

Sangria de 72 horas derrubou reputação erguida em 85 anos
Valor Econômico – 30/5/2008

Na verdade, equipes do JP Morgan e da J.C. Flowers & Co., empresa especializada em aquisições alavancadas, já estavam na sede da Bear Stearns na Madison Avenue, analisando sua contabilidade.

O resgate era visto como um sinal de fraqueza, em vez de esperança.No fim do dia, quase 190 milhões de ações da Bear Stearns haviam mudado de mãos - 17 vezes mais que a média diária - e o preço havia caído 47% a US$ 30 a ação.

O banco [JP Morgan] havia ficado com medo depois que seus diretores seniores retornaram à Park Avenue após a avaliação da contabilidade da Bear Stearns. Além de perder clientes, a firma estava enfrentando uma série de processos por causa do colapso de dois fundos de hedge seus no verão anterior, e seu grande portfólio hipotecário havia ficado muito exposto a novos problemas no mercado imobiliário.

O negócio foi aprovado, os mercados abriram tranqüilamente e a maioria dos investidores permaneceu feliz, sem perceber as turbulências da semana. Ainda assim, para a Bear Stearns, o governo federal e o JP Morgan, foi um desfecho insatisfatório.Os investidores da Bear Stearns "engoliram o sapo", de uma maneira menos dolorosa que a vislumbrada por Paulson. O Fed conseguiu estabilizar os mercados, mas colocando em risco dezenas de bilhões de dólares e estabelecendo um precedente desconfortável. E o JP Morgan ficou com os clientes, os funcionários talentosos de Bear Stearns e um novo prédio por uma pechincha. Mas agora ele está com obrigações de pelo menos US$ 9 bilhões e a tarefa de integrar duas culturas corporativas muito diferentes.O índice Dow Jones não caiu 2.000 pontos, outras corretoras de valores não quebraram e o sistema financeiro mundial não entrou em colapso - embora tenha respirado com dificuldade. Quanto aos riscos, o moral e outros, que espreitam o futuro, eles terão que tomar conta de si mesmos.


Venda da Bear foi fechada em 48 horas
Valor Econômico - 2/6/2008

03 junho 2008

Rir é o melhor remédio

Uma propaganda da Science World informando que o Japão tem 1500 terromotos por ano. A foto está tremida.

Um motivo para visitar o Paraguai

Onde o preço da cerveja é mais alto e mais baixo.


Fonte: Aqui

Notícias de Portugal

Uma notícia realmente interessante de um jornal português informa que o governo pagará para as empresas que perderem a concorrência de um trem bala, mas que apresentarem boas idéias.

Estado vai dar prémios em dinheiro a consórcios derrotados
Alexandra Noronha
Jornal de Negócios 2/6/2008

O Estado vai compensar os consórcios que percam o concurso para o primeiro troço do TGV, entre o Poceirão e Caia, desde que as propostas sejam boas. Ou seja, as empresas que fiquem bem classificadas receberão um valor, ainda indeterminado, pelos custos de participação no concurso que, entre a aquisição de estudos, caderno de encargos, entre outros, deverão ser elevados.

Carlos Fernandes, administrador da RAVE - Rede de Alta Velocidade, explicou que este processo tem como objectivo principal estimular os privados a apresentar as melhores propostas possíveis e que, com este mecanismo, a concorrência vai aumentar e o Estado será favorecido.

McDonald´s, corrupção e ética

Rede pagou R$ 1,5 milhão a auditores após mudança
Folha de São Paulo - 3/6/2008
LEONARDO SOUZA

Dois dos principais executivos do McDonald's até meados de 2005, os ex-vice-presidentes no Brasil Eduardo Mortari e Jadir de Araújo disseram à Justiça que a matriz da rede de lanchonetes nos EUA sabia da contratação de lobistas para modificar regras tributárias no país em benefício da empresa, no caso conhecido como "venda de legislação" na Receita Federal.

Conforme a Folha publicou em junho de 2005, a rede planejou e obteve alteração na legislação para recolher menos Imposto de Renda.

Para alcançar o objetivo desejado, ela contratou indiretamente os serviços dos então auditores fiscais Sandro Martins e Paulo Baltazar, demitidos da Receita há duas semanas pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) como resultado da investigação sobre a "venda de legislação".

A empresa pagou R$ 4,45 milhões ao escritório de lobby de Brasília RPN, dos quais R$ 1,5 milhão à empresa dos dois auditores, a Martins Carneiro Consultoria, dias depois de a legislação ter sido alterada nos moldes pretendidos pelo McDonald's. O ato administrativo com a mudança foi assinado pelo então secretário da Receita, Everardo Maciel, que nega ter agido para beneficiar a cadeia de restaurantes.

Quando a Folha publicou as primeiras reportagens sobre o envolvimento do McDonald's no escândalo, a empresa negou que a matriz nos EUA tivesse conhecimento da contratação de lobistas ou de auditores da Receita. Pela versão da empresa, a contratação teria sido iniciativa isolada dos executivos no Brasil. Assim, Mortari e Marcel Fleischmann, ex-presidente no Brasil, foram demitidos por justa causa. Jadir teria sido forçado a pedir demissão. Mortari entrou com ação na Justiça do Trabalho contra o McDonald's.

Por meio de sua assessoria, o McDonald's informou que não iria comentar o assunto.

"Que a contratação da RPN não era segredo na reclamada [McDonald's]; que o depoente conversou com o sr. Eduardo Sanches [então presidente do McDonald's para a América Latina] sobre o assunto dedutibilidade de royalties tanto antes quanto após a contratação da RPN", disse Jadir, como testemunha de Mortari, em depoimento ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

Foi Jadir, na condição de vice-presidente-executivo no Brasil, que assinou o contrato com a RPN. "Que o sr. Eduardo Sanches tinha acesso e sabia do contrato, dos valores envolvidos e do objeto da contratação [...]. Que a reclamada possui auditoria interna e externa realizada pela Ernest Young, que reporta todas as verificações ao McDonald's Corporation, afirmando que, caso houvesse firmado tal contrato sem autorização, o fato seria do conhecimento da matriz americana", completou Jadir.

"Que o sr. Eduardo Sanches, no final do ano de 2000, através de uma conferência por telefone com o sr. Marcel Fleischmann [...], autorizou a contratação da RPN para tratar especificamente do assunto dedutibilidade de royalties, afirmando o depoente que estava na sala do sr. Marcel nesta oportunidade", disse Mortari no TRT.

O advogado de Mortari, José Augusto Rodrigues Júnior, afirmou que seu cliente tem provas de que a matriz sabia dos objetivos da contratação da RPN. Citou como exemplo troca de e-mails entre executivos da matriz tratando do tema.

Os R$ 4,45 milhões foram pagos pela cadeia de lanchonetes à RPN -cujo faturamento anual não passava de R$ 79 mil- em 8 de março de 2002, dez dias após a publicação, no "Diário Oficial" da União, do ato administrativo assinado por Everardo. Três dias depois, o R$ 1,5 milhão foi transferido para a consultoria dos auditores.

"Tenho a satisfação de comunicar uma excelente notícia que beneficiará a todos os franqueados: finalmente conseguimos uma posição da Receita Federal reconhecendo a dedutibilidade dos royalties [...]. Esse reconhecimento veio através de "ato declaratório interpretativo" [...] assinado pelo secretário da Receita Federal [Everardo Maciel]", escreveu Jadir exatamente no dia 11 de junho em comunicado aos franqueados da rede no país.

Quando o ato foi assinado pelo ex-secretário da Receita, Sandro Martins exercia o cargo de seu assessor especial no fisco, responsável por elaborar pareceres que embasavam as decisões de Everardo. Nessa época, Paulo Baltazar estava aposentado.

Essa sempre foi a tática dos dois -um ficava na Receita, e o outro, fora, trabalhando na Martins Carneiro. No fisco, eram chamados pelos colegas de "anfíbios" (ora trabalhavam para a Receita, ora para a iniciativa privada contra o fisco).

Segundo documentos obtidos pela Folha em 2005, o objetivo do McDonald's era permitir que os franqueados pudessem deduzir do Imposto de Renda até 5% dos valores pagos por royalty -daí Jadir e Mortari terem dito que ambos trataram com o então presidente do McDonald's para a América Latina a contratação da RPN para resolver a questão da "dedutibilidade de royalties".

Até então, o entendimento na Receita era que a dedução não poderia passar de 1%. Aqueles que deduziam valores acima desse percentual eram autuados pelo fisco. O ato assinado por Everardo passou a ser usado pelos franqueados para contestar as autuações.