O Comitê da Basileia inicia mudanças do Basel II Framework em razão da crise internacional, para melhorar a administração do risco bancária e práticas de avaliação. Segundo o Comitê, isso pode ter contribuído para concentração em produtos ilíquidos. Abaixo a reportagem do Financial Times e publicada na Folha
Bancos terão de enfrentar regulação mais severaTradução de CLARA ALLAIN
Folha de São Paulo - 17/4/2008
Proposta do Comitê de Basiléia reforça endurecimento de regulação para o setor
Mudanças são vistas como esforço para melhorar o acordo de Basiléia 2 e devem obrigar bancos a aumentar reservas na esteira da crise
PETER THAL LARSEN, GILLIAN TETT e JENNIFER HUGHES
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
Os reguladores bancários intensificaram a pressão sobre os bancos ontem, anunciando regras que visam prevenir uma repetição da crise que vem abalando o sistema financeiro.
As propostas divulgadas pelo Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária reforçam a determinação dos reguladores em adotar medidas específicas para endurecer a regulamentação, na esteira da turbulência no sistema financeiro que expôs falhas na estrutura regulatória global. "Estamos sofrendo enorme pressão política para fazer alguma coisa", disse um político sênior dos EUA.
Os planos anunciados exigem que os bancos reservem mais capital para produtos complexos e veículos externos às folhas de balanço e reforcem o gerenciamento de riscos.
A novidade chega quando organismos que determinam os padrões de auditorias estudam propostas para aumentar a transparência na contabilidade dos bancos, exigindo que os credores revelem mais seus interesses pelos balanços.
Sir David Tweedie, presidente do Conselho Internacional de Padrões de Contabilidade Financeira, sugeriu que a contabilidade financeira possa ser modificada para obrigar o fornecimento de listas de instituições sem vínculos oficiais.
Os planos do Comitê de Basiléia representam um esforço para aprimorar as bases do acordo de Basiléia 2, adotado formalmente pela maioria dos bancos do mundo neste ano, após quase uma década de preparativos. Basiléia 2 visa aperfeiçoar a concessão de crédito no sistema financeiro, usando os modelos de riscos dos próprios bancos como ponto de partida para determinar o capital necessário em reservas.
A turbulência, que resultou em perdas no setor, levou alguns políticos a pedir que Basiléia 2 seja descartado. As mudanças propostas provavelmente vão intensificar as pressões para que os bancos reforcem suas reservas.
As mudanças também devem impor limites às técnicas que os bancos utilizam para tentar transferir riscos. "Os incentivos dos bancos para tirar valores de suas folhas de balanço serão enfraquecidos, levando a bancos maiores e mais seguros e a uma securitização menor", disse Jan Loeys, economista sênior no JPMorgan.
Funcionários do FMI propõem limites às entidades autorizadas a lidar com "swaps" de crédito. Gary Stern, do Fed de Minneapolis, pede o impedimento de instituições de fora da rede de segurança de construir posições que criem interconectividade sistêmica.