26 março 2008
Links
1. Preço da pipoca
2. O preconceito da gorjeta no taxi e no restaurante.
3. O mosquitofish sabe contar
4. As pessoas gostam de uma reunião
5. Alan Grenspan reconhece as finanças comportamentais
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4. As pessoas gostam de uma reunião
5. Alan Grenspan reconhece as finanças comportamentais
Quem será o próximo?
Mundo conforme a imprensa
Fantástico link. Didático, mostra a atenção que a imprensa dá a cada país do mundo. Clique no jornal da Austrália e veja como ele é paroquial. Observe o tamanho do Brasil para a imprensa internacional. Seria a nossa dimensão no mundo atual?
Marcação a mercado é problema?
Para David Merkel não. Este assunto tem sido discutido pela volatilidade nas demonstrações contábeis, que pode provocar um certo pânico. Mas Merkel considera que a capacidade de geração de caixa não se altera e, assim, a marcação a mercado não é um problema.
Aqui o blog e aqui um link para o texto completo
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Excesso de Confiança
O excesso de confiança é um dos itens mais interessantes das finanças comportamentais. A pesquisa clássica é a pergunta aos motoristas se eles estão acima ou abaixo da média dos outros motoristas quanto a sua habilidade no volante. Um percentual elevado responde que suas habilidades são superiores a da média, o que revela este excesso de confiança.
O excesso de confiança também pode ser conhecido como Lake Wobegon Effect. A seguir um texto sobre este assunto, publicado no Valor Econômico, e enviado por Ricardo Viana (grato):
O excesso de confiança nas decisões de investimento
Aquiles Mosca
Valor Econômico - 25/03/2008
Excesso de confiança diz respeito à sobreestimação das capacidades pessoais. Esse comportamento é sem dúvida aquele que possui maior número de estudos que confirmam sua existência e, para alguns pesquisadores, chega a ser o elemento de maior influência no processo decisório. Ele é observado em indivíduos que imaginam ter capacidade decisória superior à média da população. Diversas categorias profissionais já foram alvo de estudos sobre excesso de confiança e entre as mais afetadas pelo fenômeno estão psicólogos, juristas, empreendedores e profissionais do mercado financeiro.
A mensuração do excesso de confiança é, via de regra, feita por meio de questionários onde os pesquisados devem responder a algumas perguntas de variado grau de complexidade e, em seguida, avaliar a confiança (expressa em porcentagem) na resposta ou conclusão a que chegaram. Verifica-se excesso de confiança quando em uma população a proporção de respostas corretas é significativamente inferior ao grau de confiança médio.
Um dos pontos mais surpreendentes revelados por tais estudos é que o excesso de confiança cresce com o nível de complexidade da decisão que precisa ser tomada ou da pergunta a ser respondida. Estranhamente, quando as perguntas são muito simples, ou seja, questões que a maioria consegue responder sem problemas, o nível de confiança reportado é geralmente baixo. Os meteorologistas aparecem como a única categoria profissional que é capaz de julgar de maneira justa e correta a exatidão de sua capacidade de previsão e o acerto de seus prognósticos.
No mundo dos investimentos, excesso de confiança faz com que aplicadores acreditem compreender o mercado e serem capazes de antecipar flutuações de curto prazo, mesmo em circunstâncias de volatilidade extrema. Shiller (2000) recorre a um levantamento feito por ocasião da quebra da bolsa em 19 de outubro de 1987 para testar a hipótese de que investidores individuais e institucionais sofrem de excesso de confiança. Na semana seguinte à quebra de 1987, a equipe de Shiller enviou a um grupo de 620 investidores profissionais e amadores um questionário semelhante ao descrito acima. Resultado: 30% afirmaram pensar no dia da quebra do mercado saber exatamente em que nível voltariam a investir na bolsa. Entre os que compraram ações no dia da quebra, 48% acreditavam ser capazes de identificar com precisão o ponto mais baixo de preços para retomar suas compras de ações. Em 88% dos casos, a justificativa para tal certeza não se baseava em elementos objetivos, mas em sua "intuição de investidor".
Hilton, Biais, Mazurier e Pouget (2005) criaram um mercado experimental para estudar a influência desses traços de comportamento sobre a performance de carteiras de investimento. O alvo do estudo foram os estudantes da London Business School e da Universidade de Toulouse. Esse mercado era composto de uma única ação e os investidores precisavam avaliar se no período seguinte o dividendo a ser pago seria de 50 euros, 240 euros ou 490 euros e negociar a ação com base em suas expectativas.
Divididos em dois grupos, os estudantes recebiam uma única informação dizendo qual dos três dividendos não seria pago. Por exemplo, se o real valor do dividendo a ser pago era de 490 euros, a informação recebida por um dos grupos era de que o dividendo não seria de 50 euros. O outro grupo receberia a informação de que o dividendo não seria de 240 euros. Em seguida, abria-se mercado para negociarem a ação em nove pregões sucessivos. A cada negócio fechado, precisavam julgar se haviam feito um bom negócio e o nível de confiança que tinham no resultado obtido. Conclusão: 90% dos investidores acreditava no momento da negociação ter feito o melhor negócio possível, ao passo que os resultados efetivos revelaram que só 36% tiveram uma performance tão positiva, ou seja, houve um excesso de confiança generalizado.
Além disso, o estudo mostrou que, quanto mais um indivíduo sofre de excesso de confiança, pior é a performance de sua carteira quando comparada a outros investidores que possuem um nível de confiança menor e mais em linha com a realidade. No exercício, ao passo que o lucro médio por investidor foi zero (como em qualquer mercado a soma de lucros e perdas é sempre zero), os 25% de participantes melhor "calibrados" quanto à exatidão de confiança tiveram lucro de 131,40 euros. Já os 25% com excesso de confiança tiveram prejuízo de 147,70 euros.
Dentre os malefícios associados à tendência comportamental, temos que o investidor é levado a não utilizar toda informação disponível, confiar na intuição e crenças pessoais. Adicionalmente, o excesso de confiança leva-o a subestimar os riscos associados às modalidades de investimento, à superestimar o potencial de alta e o preço de aquisição, prejudicando a diversificação eficiente da carteira de investimentos.
Dessa forma, na hora de decidir onde e, mais importante, com quem investir, o aplicador deve também avaliar esse aspecto bastante intangível, mas relevante para o processo decisório e, conseqüentemente, para a performance da carteira. Desconfie de analistas e gestores repletos de certezas. A evidência empírica mostra que segui-los cegamente ou deixar-se levar pelo excesso de confiança resulta, apesar da grande sensação de confiança que é gerada no momento da decisão de investimentos, em perdas e arrependimento.
Nova proposta do JP Morgan
J.P. Morgan cede a pressões e eleva valor que pagará pelo Bear Stearns
25/3/2008
Por Robin Sidel, Kate Kelly e Sudeep Reddy
The Wall Street Journal
James Dimon hesitou.
Diante de uma revolta de acionistas e de uma Wall Street cada vez mais nervosa, o presidente do J.P. Morgan Chase & Co. quintuplicou o preço de liquidação que havia negociado apenas dias antes pelo combalido banco de investimento Bear Stearns Cos., de US$ 2 para US$ 10 por ação.
Com o novo acordo, o J.P. Morgan ficou mais próximo de selar sua aquisição do Bear Stearns com novas condições que tornam mais difícil para acionistas furiosos rejeitar a transação, agora de US$ 1,2 bilhão.
O acordo revisado foi definido depois de vários dias tumultuados, nos quais James Dimon, o presidente do J.P. Morgan, chegou à conclusão de que o valor dos negócios do Bear iria cair ainda mais, a não ser que o J.P. Morgan agisse para garantir a aquisição.
Mas isso também exigia que o J.P. Morgan, banco com o segundo maior valor de mercado dos Estados Unidos, reabrisse o acordo de financiamento emergencial que havia fechado este mês com a regional do Federal Reserve (o banco central americano) de Nova York. Pelas condições revisadas, o J.P. Morgan terá de absorver primeiro US$ 1 bilhão em prejuízo de quaisquer dos ativos que estão sendo financiados. O Fed foi criticado pelo perigo moral [RISCO MORAL] que criou ao fornecer US$ 30 bilhões em crédito como parte do acordo. (Perigo moral é a tendência de que o socorro a alguma instituição em dificuldade encoraje o risco futuro.)
Ao mesmo tempo em que grandes acionistas do Bear, como o bilionário britânico Joseph Lewis, diziam que os termos originais da compra eram injustos e ameaçavam lutar ferozmente contra o acordo, outras firmas de Wall Street temiam pela estabilidade do Bear como um parceiro de negócios. O motivo: o acordo do J.P. Morgan para garantir o livro de transações do Bear desapareceria se outro potencial comprador aparecesse. Esse cenário era improvável — mas ainda assim deixou outras firmas de Wall Street nervosas na hora de negociar com o Bear.
Dimon passou boa parte da semana passada sob as críticas de furiosos empregados e acionistas do Bear por causa do valor da aquisição. Lewis chamou o valor original da oferta, de US$ 2 por ação, de "ridículo" e prometeu lutar por condições melhores. Alguns dos rivais do Bear também começaram a sondar empregados do banco de investimento, segundo pessoas a par da situação.
À medida que a semana progredia, ficava cada vez mais claro que algo precisava ser feito para dar um empurrão ao acordo. Na sexta-feira, as duas instituições iniciaram mais ativamente as discussões para renegociar as condições.
James Dimon disse ao Wall Street Journal que o acordo revisado ajudará a eliminar qualquer incerteza. "A coisa mais importante que fará (com que o acordo seja) bom para nós não é apenas o preço", afirmou. "É também uma questão de manter os negócios e o pessoal."
O acordo renegociado, fechado no fim de semana e anunciado ontem, atribui ao Bear Stearns um valor de US$ 1,2 bilhão, com base na cotação das ações do J.P. Morgan ontem à tarde. O J.P. Morgan concordou com uma relação de troca que corresponde a US$ 10 por ação do Bear Stearns, com base no fechamento de quinta-feira.
Mais importante para o J.P. Morgan é que o novo acordo lhe dará uma participação de 39,5% no Bear Stearns já no início de abril. Os novos temos prevêem que o Bear emitirá 95 milhões de ações a serem compradas pelo J.P. Morgan. Isso diluirá a participação dos atuais acionistas, inclusive de oponentes do acordo ao preço original ou o revisado.
Somando com as ações dos membros do conselho do Bear, entre eles James E. Cayne, o presidente do conselho, o J.P. Morgan deve ficar muito próximo da maioria dos votos de que necessita para obter a aprovação dos acionistas ao acordo. Os conselheiros do Bear se comprometeram em votar a favor do acordo. Cayne votou pela aprovação do negócio original, segundo pessoas a par da questão, mas em conversas privadas expressou insatisfação com seus termos.
As ações do Bear chegaram a dobrar na Bolsa de Nova York, antes de fechar a US$ 11,44, com alta de 88,8% em relação aos US$ 5,96 da quinta-feira, antes do feriado da Sexta-Feira Santa. As ações do J.P. Morgan subiram 1,3%, fechando a US$ 46,55, também na Bolsa de Nova York.
O acordo renegociado também altera o acordo com o Fed de Nova York que foi crucial para o fechamento do negócio.
Na conclusão da fusão, o Fed de Nova York vai assumir o controle de US$ 30 bilhões em ativos como garantia para US$ 29 bilhões em financiamento. O Fed fornecerá os recursos a sua taxa de crédito primária, 2,5%, ou 0,25 ponto porcentual acima da taxa dos fundos federais que servem de referência para os juros de curto prazo nos EUA. Pelos novos termos, o J.P. Morgan terá de absorver o primeiro US$ 1 bilhão em prejuízos com esses ativos; o Fed terá direito a quaisquer ganhos.
As discussões sobre a revisão dos termos do acordo de financiamento original começaram logo depois que o J.P. Morgan anunciou a compra do Bear Stearns por US$ 2 por ação, em 16 de março. A revolta dos acionistas do Bear ameaçava descarrilar a transação, ao mesmo tempo em que executivos do J.P. Morgan se preocupavam com os detalhes de um acordo que fizeram às pressas num único fim de semana.
O Fed de Nova York informou a executivos do J.P. Morgan que, se o banco fosse mudar seu acordo original com o Bear Stearns, o Fed também teria de reabrir seu acordo, de acordo com pessoas familiarizadas com as conversações.
As discussões com o Fed continuaram neste último fim de semana, com as linhas gerais do acordo determinadas no domingo. Os advogados e assessores financeiros do Fed de Nova York trabalharam durante a noite, até as 4h30 da manhã de ontem, para colocar os detalhes no lugar. Dimon e o presidente do Fed de Nova York, Timothy Geithner, conversaram às 7h. Por volta de 9h, a firma e o Fed finalizaram o acordo.
Autoridades do Fed de Nova York vêem as novas condições como algo que reduz as chances de que o acordo degringole de uma maneira que ameace a estabilidade do mercado. O acordo renegociado também aumenta as chances de que o banco central saia desse acordo sem perdas. O Fed está ficando com alguns dos ativos mais arriscados do Bear, mas o novo acordo exige que o J.P. Morgan arque com o prejuízo primeiro e também provê financiamento por um horizonte de mais longo prazo.
O Fed de Nova York contratou a BlackRock Financial Management Inc. para administrar a carteira de US$ 30 bilhões "para minimizar os efeitos nos mercados financeiros e maximizar a recuperação de valor", informou num comunicado. Autoridades do Fed buscaram a BlackRock por ver nela uma das poucas firmas sem conflitos de interesse que pudesse cuidar da tarefa no prazo necessário. O Fed não forneceu detalhes da carteira, cujos ativos foram avaliados em 14 de março, mas acredita-se que incluam títulos de difícil negociação atrelados a hipotecas imobiliárias de alto risco.
As condições gerais do mercado continuam frágeis, mas as medidas do Fed nos últimos dez dias — particularmente ao intensificar seu papel de credor de último recurso — amenizaram parte das piores tensões no sistema financeiro. A recuperação das ações do setor financeiro, os menores custos de seguro para a dívida dessas firmas, os preços mais baixos do petróleo e um dólar mais forte são todos indicações de que os investidores estão menos preocupados de que as condições vão piorar ainda mais.
25/3/2008
Por Robin Sidel, Kate Kelly e Sudeep Reddy
The Wall Street Journal
James Dimon hesitou.
Diante de uma revolta de acionistas e de uma Wall Street cada vez mais nervosa, o presidente do J.P. Morgan Chase & Co. quintuplicou o preço de liquidação que havia negociado apenas dias antes pelo combalido banco de investimento Bear Stearns Cos., de US$ 2 para US$ 10 por ação.
Com o novo acordo, o J.P. Morgan ficou mais próximo de selar sua aquisição do Bear Stearns com novas condições que tornam mais difícil para acionistas furiosos rejeitar a transação, agora de US$ 1,2 bilhão.
O acordo revisado foi definido depois de vários dias tumultuados, nos quais James Dimon, o presidente do J.P. Morgan, chegou à conclusão de que o valor dos negócios do Bear iria cair ainda mais, a não ser que o J.P. Morgan agisse para garantir a aquisição.
Mas isso também exigia que o J.P. Morgan, banco com o segundo maior valor de mercado dos Estados Unidos, reabrisse o acordo de financiamento emergencial que havia fechado este mês com a regional do Federal Reserve (o banco central americano) de Nova York. Pelas condições revisadas, o J.P. Morgan terá de absorver primeiro US$ 1 bilhão em prejuízo de quaisquer dos ativos que estão sendo financiados. O Fed foi criticado pelo perigo moral [RISCO MORAL] que criou ao fornecer US$ 30 bilhões em crédito como parte do acordo. (Perigo moral é a tendência de que o socorro a alguma instituição em dificuldade encoraje o risco futuro.)
Ao mesmo tempo em que grandes acionistas do Bear, como o bilionário britânico Joseph Lewis, diziam que os termos originais da compra eram injustos e ameaçavam lutar ferozmente contra o acordo, outras firmas de Wall Street temiam pela estabilidade do Bear como um parceiro de negócios. O motivo: o acordo do J.P. Morgan para garantir o livro de transações do Bear desapareceria se outro potencial comprador aparecesse. Esse cenário era improvável — mas ainda assim deixou outras firmas de Wall Street nervosas na hora de negociar com o Bear.
Dimon passou boa parte da semana passada sob as críticas de furiosos empregados e acionistas do Bear por causa do valor da aquisição. Lewis chamou o valor original da oferta, de US$ 2 por ação, de "ridículo" e prometeu lutar por condições melhores. Alguns dos rivais do Bear também começaram a sondar empregados do banco de investimento, segundo pessoas a par da situação.
À medida que a semana progredia, ficava cada vez mais claro que algo precisava ser feito para dar um empurrão ao acordo. Na sexta-feira, as duas instituições iniciaram mais ativamente as discussões para renegociar as condições.
James Dimon disse ao Wall Street Journal que o acordo revisado ajudará a eliminar qualquer incerteza. "A coisa mais importante que fará (com que o acordo seja) bom para nós não é apenas o preço", afirmou. "É também uma questão de manter os negócios e o pessoal."
O acordo renegociado, fechado no fim de semana e anunciado ontem, atribui ao Bear Stearns um valor de US$ 1,2 bilhão, com base na cotação das ações do J.P. Morgan ontem à tarde. O J.P. Morgan concordou com uma relação de troca que corresponde a US$ 10 por ação do Bear Stearns, com base no fechamento de quinta-feira.
Mais importante para o J.P. Morgan é que o novo acordo lhe dará uma participação de 39,5% no Bear Stearns já no início de abril. Os novos temos prevêem que o Bear emitirá 95 milhões de ações a serem compradas pelo J.P. Morgan. Isso diluirá a participação dos atuais acionistas, inclusive de oponentes do acordo ao preço original ou o revisado.
Somando com as ações dos membros do conselho do Bear, entre eles James E. Cayne, o presidente do conselho, o J.P. Morgan deve ficar muito próximo da maioria dos votos de que necessita para obter a aprovação dos acionistas ao acordo. Os conselheiros do Bear se comprometeram em votar a favor do acordo. Cayne votou pela aprovação do negócio original, segundo pessoas a par da questão, mas em conversas privadas expressou insatisfação com seus termos.
As ações do Bear chegaram a dobrar na Bolsa de Nova York, antes de fechar a US$ 11,44, com alta de 88,8% em relação aos US$ 5,96 da quinta-feira, antes do feriado da Sexta-Feira Santa. As ações do J.P. Morgan subiram 1,3%, fechando a US$ 46,55, também na Bolsa de Nova York.
O acordo renegociado também altera o acordo com o Fed de Nova York que foi crucial para o fechamento do negócio.
Na conclusão da fusão, o Fed de Nova York vai assumir o controle de US$ 30 bilhões em ativos como garantia para US$ 29 bilhões em financiamento. O Fed fornecerá os recursos a sua taxa de crédito primária, 2,5%, ou 0,25 ponto porcentual acima da taxa dos fundos federais que servem de referência para os juros de curto prazo nos EUA. Pelos novos termos, o J.P. Morgan terá de absorver o primeiro US$ 1 bilhão em prejuízos com esses ativos; o Fed terá direito a quaisquer ganhos.
As discussões sobre a revisão dos termos do acordo de financiamento original começaram logo depois que o J.P. Morgan anunciou a compra do Bear Stearns por US$ 2 por ação, em 16 de março. A revolta dos acionistas do Bear ameaçava descarrilar a transação, ao mesmo tempo em que executivos do J.P. Morgan se preocupavam com os detalhes de um acordo que fizeram às pressas num único fim de semana.
O Fed de Nova York informou a executivos do J.P. Morgan que, se o banco fosse mudar seu acordo original com o Bear Stearns, o Fed também teria de reabrir seu acordo, de acordo com pessoas familiarizadas com as conversações.
As discussões com o Fed continuaram neste último fim de semana, com as linhas gerais do acordo determinadas no domingo. Os advogados e assessores financeiros do Fed de Nova York trabalharam durante a noite, até as 4h30 da manhã de ontem, para colocar os detalhes no lugar. Dimon e o presidente do Fed de Nova York, Timothy Geithner, conversaram às 7h. Por volta de 9h, a firma e o Fed finalizaram o acordo.
Autoridades do Fed de Nova York vêem as novas condições como algo que reduz as chances de que o acordo degringole de uma maneira que ameace a estabilidade do mercado. O acordo renegociado também aumenta as chances de que o banco central saia desse acordo sem perdas. O Fed está ficando com alguns dos ativos mais arriscados do Bear, mas o novo acordo exige que o J.P. Morgan arque com o prejuízo primeiro e também provê financiamento por um horizonte de mais longo prazo.
O Fed de Nova York contratou a BlackRock Financial Management Inc. para administrar a carteira de US$ 30 bilhões "para minimizar os efeitos nos mercados financeiros e maximizar a recuperação de valor", informou num comunicado. Autoridades do Fed buscaram a BlackRock por ver nela uma das poucas firmas sem conflitos de interesse que pudesse cuidar da tarefa no prazo necessário. O Fed não forneceu detalhes da carteira, cujos ativos foram avaliados em 14 de março, mas acredita-se que incluam títulos de difícil negociação atrelados a hipotecas imobiliárias de alto risco.
As condições gerais do mercado continuam frágeis, mas as medidas do Fed nos últimos dez dias — particularmente ao intensificar seu papel de credor de último recurso — amenizaram parte das piores tensões no sistema financeiro. A recuperação das ações do setor financeiro, os menores custos de seguro para a dívida dessas firmas, os preços mais baixos do petróleo e um dólar mais forte são todos indicações de que os investidores estão menos preocupados de que as condições vão piorar ainda mais.
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